as lições retiradas dos relatórios apícolas dos EUA

Sou um leitor ávido e habitual de relatórios anuais publicados por algumas associações/institutos de apicultura, tendo já publicado um ou outro pelo interesse que encontro nos seus dados (ver por ex. aqui). Acho os relatórios extremamente didácticos pela visão macroscópica que me permitem elaborar, pelo sentido que dão às observações mais fragmentares que vou fazendo nos meus apiários e pelo reforço que dão a algumas das acções basilares no maneio das minhas colónias.

As observações demasiado fragmentares, sem a devida integração e comparação com dados de natureza mais global, são semelhantes ao “olhar de um boi para um palácio”!

Nas duas últimas newsletter (28/12/2020 e 05/01/2021) que recebi do Bee Informed (EUA) é apresentada, na primeira, a análise de vários especialistas regionais acerca das tendências encontradas nas operações apícolas “comerciais” (operações com mais de 500 colónias) e os resultados do Sentinel Apiary Program, na segunda.

Relativamente à primeira newsletter (28/12/2020) chamou-me a atenção a organização e a quantidade de trabalho realizado pelos diversos especialistas que acompanham as operações comerciais e transumância de colónias entre várias regiões, da qual podemos ver um vislumbre no esquema em baixo.

Mapa das regiões das equipes de transferência de tecnologia BIP. Os pontos amarelos representam a base de cada especialista de campo e os pontos laranja identificam os estados onde eles fornecem serviços de supervisão de colónias. As setas indicam os movimentos dos especialistas de campo à medida que seguem as migrações de colónias de abelhas dos apicultores “comerciais” dos EUA durante a temporada de apicultura.

Na Região Noroeste, Ben Sallmann, o especialista de campo dessa região apresenta o seguinte sumário, no qual revejo boa parte dos eventos meteorológicos no território dos meus apiários em 2020: “Em fevereiro passado (2020), as condições climáticas da Califórnia foram ideais para a produção de amêndoas, e as abelhas também tiveram acesso a uma quantidade maior de pastagem este ano em comparação com o anterior. Portanto, as colónias cresceram muito rapidamente e os apicultores constaram muita enxameação. Durante este período, o clima da região noroeste foi chuvoso e muitos destes enxames fracassaram na fecundação das novas rainhas [não tive esta experiência, julgo que em boa medida porque consegui adiar a enxameação para “fora” da época das chuvas, para lá de meados de maio para ser mais concreto]. Não surpreendentemente, os níveis de infestação pelo ácaro Varroa também aumentaram mais cedo este ano. A loque europeia foi menos prevalente em 2020 em comparação com 2019, mas foi observada em algumas das colónias utilizadas para polinizar mirtilos [não sei o que é loque europeia, felizmente] . O mesmo padrão também se verificou nas taxas de infecção por ascosferiose (cria de giz) [doença muito esporádica e rara nas minhas colónias]. Embora os dados do Nosema sejam difíceis de avaliar devido à redução nos testes do Nosema este ano, em geral, as amostras que foram analisadas mostraram contagens de esporos mais baixas em comparação com os dados de 2019 [ao longo dos anos não tenho notado colónias com problemas críticos de nosemose, felizmente]. Neste outono, os níveis regionais de Varroa aumentaram consideravelmente depois que as rainhas começaram a diminuir a sua postura e muitas dessas colónias continuaram a enfraquecer, mesmo após a aplicação de tratamentos de controle de Varroa [sim, este ano constatei o mesmo em cerca de 20% das colónias tratadas]. Por outro lado, observamos menos sintomas visíveis de infecções virais do que anteciparíamos com cargas de Varroa tão altas [vi sinais evidentes e intensos das infecções virais nos 20% das colónias referidas em cima]. No geral, os apicultores que realizaram um tratamento de Varroa no início do verão se saíram muito bem.” fonte: https://beeinformed.org/2020/12/28/the-bee-informed-partnership-field-specialists-report-on-2020-commercial-beekeeping-trends/

Da segunda newsletter (05/01/2021) com os resultados do Sentinel Apiary Program

Em 2020, apicultores com 76 apiários representando 394 colónias participaram no Programa Sentinela. O laboratório da Universidade de Maryland processou quase 2.000 amostras do programa durante a temporada para monitorar Varroa e Nosema! 

… quero enfatizar uma vez mais a importância crítica do mês de agosto para iniciar o segundo tratamento contra o ácaro varroa (ver mais aqui). Também nos EUA este mês adquire, em muitas regiões, a mesma importância para quem deseja controlar efectivamente e a tempo e horas o ácaro. No gráfico em baixo verifica-se que o limiar de 3% de infestação de abelhas adultas (demarcado pela linha tracejada) é ultrapassado no mês de agosto para a média nacional. Estes dados não me surpreendem; já há alguns anos leio relatos no Beesource, por parte dos apicultores mais experimentados, para a necessidade de controlar a varroa nos meses de julho e agosto.

No relatório detalhado podemos ler: “Detectámos Varroa em mais de 70% das amostras do Sentinel recebidas em 2020. A percentagem de amostras contendo Varroa aumentou ao longo da temporada. A partir dessas amostras positivas, a fração das que atingiram o valor limite de 3 ácaros por 100 abelhas também aumentou ao longo dos meses (linha tracejada).

fonte: https://beeinformed.org/2021/01/05/sentinel-apiary-program-2020-wrap-up-and-2021-sign-up/

perspectivando o novo ano apícola

Terminado 2020, um ano inesperado do ponto de vista da saúde pública, contudo relativamente normal no que respeita à minha actividade apícola — os diversos constrangimentos surgidos não alteraram de forma importante o trabalho que fui realizando ao longo do ano nos apiários — proponho-me nesta publicação elencar algumas linhas-de-força do que pretendo para o novo ano, enunciando o que pretendo modificar e aquilo que pretendo manter e até intensificar no maneio das colónias.

Em 2020 fui confrontado com uma taxa de insucesso no segundo tratamento anual contra a varroose, aqui relatada, que me impele a fazer algumas modificações na abordagem que pretendo fazer neste novo ano. O plano está gizado, escreverei sobre ele após a sua concretização e depois de avaliados os primeiros resultados.

Pretendo manter o maneio de prevenção e controlo da enxameação.

Finalmente, pretendo intensificar esta técnica de desdobramento.

Um novo ano com muita saúde para todos!

enfrascando à porta do natal

Esta semana (3ª feira a domingo) tenho andado ocupado com trabalho nos apiários (tema para uma publicação em breve) e com a resposta aos pedidos dos meus clientes do retalho.

Em baixo fica o foto-filme de algumas das etapas do enfrascamento, desde a descristalização do mel, armazenado em potes de 50l, até à rotulagem.

Um dos potes onde armazenei o mel após a extracção.
Cerca de 4 meses e meio após a extracção o mel de montanha está cristalizado. Temperaturas ambiente entre os 5 e 15º C potenciaram a cristalização.
Um dos cordões descristalizadores utilizado, em banho maria para sua limpeza e posterior re-utilização.
Enfrascando o “montanhês”!
Frasco com rótulo e com precinto.
Três cores de rótulos para os 3 tipos de mel que o território paga pelo trabalho.

tratamento com formivar: os dados de um apicultor amigo

Apresento em baixo um documento de trabalho de um apicultor amigo, de grande competência na minha opinião, acerca dos resultados que obteve este ano com a aplicação do Formivar 60%, um medicamento com ácido fórmico. Podem ver aqui o protocolo de utilização. Nunca experimentei, mas segundo o que li e agora re-confirmado por estes dados, tenho a convicção que este tratamento pode ter uma boa eficácia em casos de uma infestação elevada, em casos de re-infestação ou em casos de baixa eficácia com o tratamento principal.

Foram estabelecidos dois grupos de colónias de acordo com o veículo utilizado para veicular o Formivar como se vê na tabela em baixo.

Tabela com os testes de contagem de varroas com açúcar em pó

Legenda: gr – peso das abelhas
nº – número de varroas caídas
% – percentagem de infestação, calculada/fórmula nºx10/gr

Algumas notas de detalhe:

  • Apiário composto por 18 colmeias reversíveis e 3 lusitanas que foram as usadas na aplicação com vaporizador;
  • As colmeias tinham sido tratadas com timol em junho/julho e sofreram, provavelmente, uma reinfestação nos inícios de setembro;
  • Nas colmeias reversíveis, dada a sua menor capacidade, foram utilizados 2,5ml por quadro de abelhas, sendo que nunca foram ultrapassados os 15ml;
  • Foram feitas 3 contagens, a inicial para avaliar o nível de infestação, a segunda ao 8º dia coincidindo com a terceira aplicação nos panos/esponja e a última 30 dias depois do início do tratamento;
  • Nas colmeias lusitanas foi introduzido o máximo da capacidade do vaporizador (entre 100 e 120ml) e com as aberturas a meio. No dia 7/10, as aberturas foram totalmente abertas, quando foi feita 2a contagem;
  • A partir do 8º dia notou-se uma melhoria significativa na qualidade da criação com posturas homogéneas e que se consolida no estado geral quando nasce a 1a geração de abelhas pós-tratamento.

Tiro daqui o chapéu a todos os apicultores que em modo de produção biológica têm perdas por varroose relativamente baixas (entre os 5 e 15%). Creio ser o caso deste amigo, que tenho ouvido com ganhos pessoais, com o objectivo de montar uma estratégia mista, convencional e biológica, para gerir eventuais resistências aos princípios activos dos acaricidas que tenho utilizado regularmente.

modo de produção biológico: excertos do relatório 2011-2013

Apresento alguns excertos de um relatório disponibilizado pela FNAP, a que tive acesso muito recentemente. Numa primeira leitura deste relatório chamaram-me a atenção vários aspectos, dos quais destaco os que apresento em baixo.

“… as explorações com mais de 600 colónias detêm um volume de mão-de-obra total equivalente a uma atividade a tempo inteiro, correspondendo a um volume de trabalho aproximado equivalente a 3 indivíduos.

A análise do volume de mão-de-obra apícola por colónia (UTA/número de colónias), permite verificar que os apicultores não profissionais dedicam um maior tempo à atividade (em média despendem 0,006 UTA por colónia) que os apicultores profissionais (em média, 0,003 UTA por colónia), sendo a diferença estatisticamente significativa (valor de p = 0,015), sem que tal se reflita numa maior produtividade de mel por colónia, como se verá no capitulo seguinte.

Sendo a visita ao apiário uma componente fundamental do maneio apícola, os apicultores foram inquiridos relativamente a esta prática. Por norma, na Primavera/Verão, 49% dos apicultores visitam o apiário semanalmente, 15% visitam-no diariamente, 12% fazem-no 3 vezes por semana e 11% quinzenalmente. No Outono/Inverno, 41% dos apicultores visitam o apiário mensalmente, 33% visitam-no quinzenalmente e 15% semanalmente.” p. 26

“A análise […] permite observar que à medida que a percentagem de perdas diminui com o aumento da dimensão da exploração, verificando-se diferenças estatisticamente significativas, entre apicultores profissionais e não profissionais (valor de p = 0,013).

Analisando a percentagem de perdas geograficamente, verificou-se que a região Centro apresenta, em média, maior taxa de perdas por exploração (38 %), seguindo-se a região Sul (28%); na região Norte as perdas são de 26%. Contudo estas diferenças não são estatisticamente significativas.

Quando analisada a relação entre as percentagens de perdas e o associativismo, verifica-se que os apicultores não associados têm percentagens de perdas na ordem dos 50%, enquanto que para os apicultores associados, essas perdas são, em média, apenas de 27%. Porém esta diferença não é estatisticamente significativa, atendendo à variabilidade encontrada nos dois grupos.

Foram analisadas outras variáveis, como o tipo de maneio (número de visitas ao apiário, realização de análises às abelhas, realização de tratamentos contra a varroa e a alimentação artificial), a formação em apicultura, a idade e o nível de instrução do apicultor, não se tendo verificado que estas influenciassem, de forma estatisticamente significativa, a percentagem de perdas do efetivo.” p.30

“A maioria do mel em MPB comercializado a granel é efetuada através de intermediários (79% do mel) ou da cooperativa/agrupamento com cerca de 20%. Quanto ao mel em MPB embalado, os canais de venda assumem posições mais equitativas: as lojas especializadas (37% do mel), a venda direta a particulares (23%), o comércio tradicional (19%), os intermediários (14%), e por fim, as grandes superfícies e o canal HORECA, com peso de 3%. Os preços praticados são também bastante diferenciados. No caso do mel a granel, a cooperativa/agrupamento destaca-se pela negativa, com valores de 0,34€/kg abaixo dos praticados pelos intermediários. Quanto ao mel embalado, o canal Horeca e comércio tradicional praticam os preços mais favoráveis, sendo a venda a grandes superfícies a menos lucrativa com um diferencial máximo, em média, de 0,35€/kg.

Os baixos preços obtidos pelos apicultores que optam por escoar o mel através da cooperativa/agrupamento talvez explique o porquê da comercialização do mel ser feita essencialmente de forma individual (75% dos apicultores opta por esta forma de comercialização), e apenas em 15% dos casos de forma coletiva (4% dos produtores fazem-no das duas2 formas). A dificuldade na criação de uma rede de comercialização é frequentemente apontada como dos principais entraves ao desenvolvimento da atividade empresarial em Portugal, designadamente no setor agrícola.” p. 43

” O modelo 1 mostra que a idade do apicultor, o montante despendido com despesas de exploração, o número de anos de atividade certificada e a utilização de colmeia lusitana têm uma influência positiva, estatisticamente significativa, na produção de mel por colónia. Especificamente, um acréscimo unitário no número de anos do apicultor traduz-se num acréscimo de 0,16kg na produção de mel por colónia, mantendo todas as outras variáveis e o erro constantes. Da mesma forma, cada ano adicional de atividade certificada implica um acréscimo de 0,80kg na produção de mel por exploração. Estas variáveis refletem os benefícios da experiência adquirida, que permite aos apicultores aprender com a prática. Por outro lado, a diferença na produção de mel por colónia entre utilização de colmeia lusitana ou outro tipo de colmeia é de 3,1 kg, mantendo-se tudo o resto constante. Pelo contrário, a variável Colmeia_reversível mostrou ter uma influência negativa, estatisticamente significativa, sobre a produção de mel por colónia; sendo a diferença na produção de mel por colónia entre utilização de colmeia reversível ou outro tipo de colmeia de -3,7 kg, mantendo todas as outras variáveis e o erro constantes. Também o número de apiários tem um impacto negativo na produção de mel por colónia, traduzido num decréscimo de 0,40kg por cada acréscimo unitário no número de apiários, indicando a existência de um decréscimo na produtividade com o aumento da área geográfica da exploração.” p. 47-48

o cheiro/odor da criação diminui a esperança de vida das abelhas obreiras

Em outubro de 2017, referi-me aqui às características fisiológicas distintivas entre as abelhas de primavera-verão e as abelhas de outono-inverno. Foi referido que a quantidade do composto proteico vitelogenina é um dos componentes críticos que distingue a fisiologia destes dois tipos de abelhas. As abelhas de outono-inverno apresentam uma maior quantidade de vitelogenina. Mais recentemente, nesta publicação, abordei a relação entre o envelhecimento das abelhas e a necessidade de alimentarem a sua criação. Estribado no estudo realizado pela equipa de Gro Amdam, acerco-me agora dos indutores primários, os “gatilho” basilares envolvidos no processo de envelhecimento das abelhas.

A longevidade das abelhas, na minha opinião, é um aspecto relevante para a apicultura, pela sua determinância na sobrevivência invernal e bom arranque da colónia no final do inverno. Deixo em baixo o texto que descreve o percurso da equipa de Gro Amdam, desde a curiosidade inicial, passando pelo processo investigacional, até às conclusões retiradas sobre o impacto do cheiro/odor da criação na esperança de vida das abelhas obreiras.

“Durante algumas semanas cruciais a cada primavera, as abelhas são os trabalhadores mais essenciais do planeta, polinizando muitas das principais produções de frutas do mundo: sua sobrevivência durante o inverno é, portanto, fundamental para a agricultura. 

Percebendo que a sobrevivência do indivíduo era a chave para o sucesso de uma colónia, Gro Amdam ficou intrigado com a longevidade das abelhas. A esperança de vida das abelhas operárias tende a ser de apenas algumas semanas; no entanto, Amdam clarifica que um novo tipo de abelha desenvolve-se no final do verão, conhecido como abelhas diutinus*. Estas abelhas têm uma vida útil surpreendente de 6 meses ou mais e garantem a sobrevivência da colónia durante o inverno. Curiosa para saber o que limita a longevidade das abelhas operárias e permite o desenvolvimento das abelhas diutinus, Amdam começou a investigar a longevidade das abelhas.

Lendo a literatura, ela percebeu que uma proteína do ovo, a vitelogenina, poderia ser essencial para a longevidade da abelha diutinus: o que é curioso, porque as abelhas diutinus são na sua maioria estéreis, não produzem ovos e não precisam da proteína do ovo. Outra coisa que ficou clara foi que a presença de criação aberta numa colónia era suficiente para evitar que as abelhas operárias se tornassem veteranas longevas. ‘A criação está para as abelhas diutinus como a criptonite está para o Super-homem’, ri Amdam ao sumariar o tema. A princípio, Amdam pensou que o trabalho árduo de alimentar as larvas evitava que as abelhas operárias aumentassem seus níveis de vitelogenina e se transformassem em abelhas diutinus. Mas então ela leu um relatório de que o cheiro do fermento afeta a vida das moscas-da-fruta. O odor da criação – feromona da criação – pode afetar a longevidade das abelhas? A feromona poderia impedir que as operárias aumentassem seus níveis de vitelogenina e se tornassem abelhas diutinus de vida longa? Amdam decidiu investigar se a feromona da criação poderia ser a chave para a curta vida das abelhas operárias.

Trabalhando com Claus Kreibich e Margrethe Brynem, a aluna de Amdam – Bente Smedal – preparou 12 colmeias onde a equipe poderia controlar cuidadosamente os níveis de cria e feromona da criação para descobrir se os baixos níveis de vitelogenina das abelhas operárias e a curta esperança de vida eram devidos ao odor da feromona da criação. Fornecendo às abelhas operárias em cada colmeia uma rainha enjaulada (que não podia produzir cria) para que Smedal pudesse controlar os níveis de criação e feromona de cada colónia, ela assumiu o controle do suprimento de criação da colmeia, fornecendo às abelhas: cria; feromona sintética de criação; tanto criação como feromona sintética; ou nem cria nem feromona. Monitorando os níveis de vitelogenina das abelhas 3-4, 7-8 e 23-24 dias após o estabelecimento das colmeias, ficou claro que estar perto da criação reduzia os níveis de vitelogenina das abelhas operárias. Mas a exposição à feromona da criação isolada também reduziu os níveis de vitelogenina das abelhas na mesma quantidade. E quando Smedal observou os níveis de vitelogenina nas abelhas com 23-24 dias de idade, as abelhas que foram privadas de criação e da sua feromona tinham os níveis mais altos de vitelogenina, tal e qual as abelhas de outono que iniciam a invernagem na colónia. O trabalho duro de cuidar da criação não explica os baixos níveis de vitelogenina das operárias.

E quando Brynem verificou as colmeias 200 dias depois para descobrir quais as colónias que sobreviveram e quais as que morreram, as colónias que não tiveram cria ou feromona sobreviveram melhor, enquanto as colmeias que receberam cria e feromona tiveram as piores taxas de sobrevivência. Era o odor da criação – feromona da criação – que regulava os níveis de vitelogenina e a longevidade das abelhas.”

fonte: https://jeb.biologists.org/content/212/23/i.2?utm_source=TrendMD&utm_medium=cpc&utm_campaign=J_Exp_Biol_TrendMD_0

* diutinus é a palavra do latim para “longa duração”. As abelhas diutinus são, portanto, abelhas de longa duração. São as abelhas que, nas regiões temperadas, mantêm a colónia desde o outono-inverno até aos dias mais quentes do início da primavera.

alimentar abelhas com açúcar granulado seco: aspectos gerais e aspectos de pormenor

Em 2014, num apiário próximo de Coimbra, decidi experimentar colocar açúcar branco granulado seco, o vulgar açúcar de mesa, por cima das pranchetas de várias colmeias do modelo Langstroth e Lusitana. Foi uma experiência relativamente informada e induzida pelas leituras que referiam a sua utilização por vários apicultores norte-americanos. Em língua inglesa há diversas menções a este método com o nome Mountain Camp (ver aqui uma publicação de Rusty Burlew acerca: https://www.honeybeesuite.com/mountain-camp-feeding/). Os apicultores que aderiram a esta forma de alimentar as suas colónias no período invernal destacam estas vantagens: a rapidez de utilização, a barateza e a absorção da humidade gerada nas colónias nos dias frios de inverno. No caso por mim experimentado encontrei que uma porção significativa deste açúcar estava derramado no fundo da colmeia, sobre o estrado, e algum espalhado no exterior da colmeia, à frente da mesma. Na altura entendi, mal ou bem, que naquele apiário e naquelas colónias faltou humidade ambiente e humidade interna, esta originada pela respiração das abelhas, para humedecer os cristais de açúcar e facilitar a ingestão dos mesmos pelas abelhas. Neste caso as abelhas trataram os grãos de açúcar como habitualmente tratam outros objectos estranhos de que não gostam colocando-os no exterior da colmeia. Foi esta a conclusão que tirei tentando pensar na minha cabeça o que se terá passado na cabeça das abelhas — tenho cada vez mais a noção que este exercício antropomórfico para tentar compreender as abelhas pode ser extremamente enganador em diversas situações.

Em consequência dos resultados desta experiência, avaliados como negativos por mim, resolvi passar a comprar pasta de açúcar (fondant) para alimentar as minhas colónias no período outono-inverno. Aqui, podem ver o relato mais detalhado e circunstanciado desta prática, num dos anos em que andei próximo de me tornar um “big boy” : ).

Chegado aqui, vou fazer a pergunta de um milhão, que também estará na cabeça daqueles que agora me lêem e dão alguma importância ao que por aqui vou escrevendo: será que alimentar com açúcar de mesa devidamente humedecido (o factor que julgo que foi o limitante na minha experiência) comparado com a alimentação com o fondant é uma melhor opção? Em rigor não sei e tenho dúvidas que alguma vez o venha a saber. Surgem-me desde logo duas grandes dúvidas: 1) será que todo o fondant que se comercializa em Portugal tem o mesmo impacto benéfico na longevidade das abelhas? O IPB e a UTAD fizeram estudos controlados e concluíram que não. Seria importante conhecer a(s) marca(s) que não provocaram uma redução do tempo de vida das mesmas; só estas me interessam; 2) sendo muito consensual que o açúcar branco refinado é um excelente alimento para as abelhas, será que a sua administração em seco, ou mesmo humedecido, em cristais grandes, não terá efeitos não desejados num insecto que tem uma clara preferência por alimentos líquidos?

Em baixo deixo a tradução do sumário de um estudo publicado já este ano, que li pela primeira vez há poucos dias, e que avalia alguns efeitos da alimentação com cristais secos de açúcar. Um debate num dos grupos do FB acerca da alimentação com açúcar de mesa estimulou-me a fazer alguma pesquisa, porque não acho o tema estéril nem bizarro e, sobretudo, continuo curioso acerca do mesmo.

Uma nota à parte: uma vez mais ler ciência deixa-me maravilhado, pela oportunidade que me dá de aprender, entre outras coisas, o significado de palavras novas e identificar novas ramificações da ciência e, sobretudo, a convicção que a melhor ciência se está a fazer nas fronteiras de diversas ciências, com a partilha de intuições esclarecidas/informadas de vários ramos e origens. Saibamos nós, apicultores, replicar esta atitude.

O probóscide (língua) de uma abelha melífera.

Os hábitos alimentares dos insetos podem ser influenciados pela abundância de alimentos, nutrição, forças físicas e muitas outras variáveis, por isso este assunto é multidisciplinar e perenemente fascinante. Embora as abelhas se alimentem principalmente de néctar líquido, elas também se podem alimentar de açúcar seco; no entanto, o mecanismo de alimentação para se alimentar de substâncias secas por um inseto que se alimenta principalmente de fluidos permanece inexplorado. Observamos que, quando as abelhas podem aceder tanto ao açúcar seco quanto ao néctar líquido, elas preferem alimentar-se deste último. Para elucidar a preferência alimentar, realizamos um estudo comparativo entre a alimentação com açúcar seco e a extração de néctar líquido, a partir da cinemática e configuração dinâmica da língua*, força de atrito, durabilidade glossal** e eficiência alimentar. Usando uma câmera de alta velocidade, descobrimos que a língua com pêlos da abelha melífera faz movimentos de vaivém para criar sulcos nos pedaços de açúcar seco, e simultaneamente com a saliva vai dissolvendo o açúcar. Verificamos que a frequência de lapidação da língua no açúcar seco se reduz de 4,5 Hz para 1,6 Hz*** quando comparada à alimentação com dieta líquida; isto é uma diminuição de 64% na velocidade média da língua. Por meio de testes tribológicos****, revelamos que as forças de atrito ao alimentar-se de açúcar seco é aproximadamente 5 vezes maior do que a da imersão no néctar, e os pêlos glossais se desgastam 4 vezes mais rápido quando se alimentam de açúcar seco em comparação com a solução de sacarose. Construímos um modelo matemático para preencher a lacuna entre a taxa de ingestão de energia e a dinâmica da língua desses dois modos de alimentação. A taxa teórica de ingestão de energia líquida na alimentação com açúcar seco é 50% menor do que na alimentação com soluções de sacarose. As descobertas experimentais e teóricas revelaram que, embora as abelhas se possam alimentar de substâncias secas, a seleção natural moldou as estruturas da língua principalmente para uma dieta líquida. Este estudo combinou testes comportamentais e mecânicos com modelagem matemática, o que destaca as vantagens do uso de abordagens multidisciplinares para descobrir a fisiologia alimentar de insetos.

fonte: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32446764/

A glossa do aparelho bucal de uma abelha melífera.

*A Cinemática (do grego κινημα, movimento) é o ramo da física que se ocupa da descrição dos movimentos de pontos, corpos ou sistemas de corpos (grupos de objetos), sem se preocupar com a análise de suas causas.

** Glossa pode referir-se a várias coisas: ▪ glossa, uma palavra grega que significa “língua” ou “linguagem”.

*** O hertz (símbolo Hz) é a unidade de medida derivada do SI para frequência, a qual expressa, em termos de ciclos por segundo, a frequência de um evento periódico, oscilações (vibrações) ou rotações por segundo (s−1 ou 1/s). 

**** Tribologia (do grego τρίβω ‘tribo’ significando ‘esfregar, atritar, friccionar’, e λόγος ‘logos’ significando ‘estudo’) foi definida em 1966 como “a ciência e tecnologia da interação de superfícies em movimento relativo e assuntos e práticas relacionados” (“the science and technology of interacting surfaces in relative motion and of related subjects and practices”).

o processamento do néctar pelas flores e abelhas: aspectos básicos

O néctar é secretado por glândulas na base das flores, conhecidas como nectários. Estes são classificados como florais ou extra-florais, de a acordo com a sua localização. De forma simples o néctar é a resposta evolutiva que as plantas angiospermas encontraram para atrair e recompensar os animais que promovem a sua fecundação, geração de sementes e frutos.

Esquema básico do orgãos reprodutivos de uma planta angiosperma, do qual os nectários fazem parte.

Como sabemos as abelhas coletam o néctar das flores no campo. Nesta fase, o néctar apresenta alto teor de sacarose com um pouco de frutose (levulose) e glicose (dextrose) e alto teor de humidade. Também há vestígios de outras substâncias como minerais, vitaminas, pigmentos, substâncias aromáticas, ácidos orgânicos e compostos de nitrogénio. As abelhas convertem esse néctar em mel através de uma série de etapas. Quando o néctar é coletado, é armazenado na vesícula nectarífera ou papo da abelha que retorna à colmeia.

Os órgãos do sistema digestivo são: papo ou vesícula nectarífera – o órgão responsável pelo transporte de água e néctar, utilizado na formação do mel. O papo possui grande capacidade de expansão e ocupa quase toda a cavidade abdominal quando está cheio. O seu conteúdo pode ser regurgitado pela contração da musculatura, movimento que propicia a desidratação do néctar, além de o conduzir para as glândulas hipofaríngeanas, onde receberá novas secreções para se transformar em geleia real. Do papo para o ventrículo ou estômago verdadeiro, só passa o necessário para a nutrição da abelha. No ventrículo acontece a digestão e processa-se a nutrição, devido a uma alta ação enzimática. A ação destas enzimas sobre o alimento prepara-o para ser absorvido no intestino delgado. As excrecções vindas do estômago juntam-se com as excreções nitrogenadas provenientes dos tubos de Malpighi e são eliminadas pelo reto.

Uma enzima chamada invertase é adicionada ao néctar enquanto está na vesícula nectarífera da abelha. A invertase converte o néctar, principalmente uma solução de sacarose, numa solução onde predominam a glicose e a frutose. 

O néctar amadurecido é depois armazenado nas alvéolos de cera de abelha, onde o teor de humidade é reduzido para 13–18% pela manipulação e ventilação das abelhas. Quando o mel está maduro, as abelhas operculam os alvéolos com cera de abelha.

Quadro com mel operculado.

Deixo duas notas finais acerca de dois erros frequentemente cometidos por quem escreve sobre as abelhas, apicultores e não-apicultores:

  • o néctar não é regurgitado pelas abelhas a partir do seu estômago, mas sim da vesícula nectarífera, um tipo de orgão dedicado, que não existe por ex. no nosso corpo e talvez por essa razão cause equívocos quando se fazem analogias apressadas sobre o local onde esteve armazenado o néctar regurgitado pelas abelhas;
  • o açucar que damos às abelhas, sob a forma de açúcar seco, em pasta ou diluído não carece ser previamente invertido para a sua digestibilidade e assimilação pelas abelhas. Assim como o néctar, que frequentemente tem uma predominância de sacarose, também o açúcar branco refinado (99% de sacarose ou mais) é quebrado por acção da invertase produzida pelas abelhas.

fontes: https://www.dpi.nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0018/532260/Feeding-sugar-to-honey-bees.pdf

https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/veterinaria/morfologia-da-apis-melifera/22902

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nectário

um inverno quente é bom para as abelhas? alguns dados

Em dezembro de 2016 publiquei a minha linha de pensamento e actuação, suportada em dados não publicados na altura, para enfrentar aqueles invernos quentes no território onde tenho os apiários (ver aqui). Escrevi na altura “As abelhas, em geral, invernam melhor quando a temperatura exterior mantém o cacho invernal tranquilo e a consumir muito pouco mel.” Nesta publicação, suportada na leitura de ScientificBeekeeping.com, chegou a altura de publicar alguns dados, números e suas inter-relações que dão suporte a este pensamento.

Cacho invernal numa colmeia com ninho e sobreninho (foto do ScientificBeekeeping.com).

Dados apresentados por Southwick (1982) indicam que as colónias de abelhas melíferas são surpreendentemente eficientes, no que respeita à necessidade de produzirem energia, com temperaturas ambiente entre os 0º e 10˚C — com um valor óptimo nos 4ºC. Fora desta faixa de temperaturas as abelhas aumentam a produção de energia e consequentemente o consumo de reservas aumenta também . O gráfico em baixo relaciona as temperaturas ambiente (eixo das abcissas) com a taxa de energia metabólica produzida, em Watts, por quilograma de abelhas (eixo das ordenadas) — um quilograma de abelhas contém aproximadamente 10 mil abelhas e este número de abelhas cobre cerca de 5 quadros do ninho no modelo Langstroth. Por exemplo, a taxa metabólica mais baixa (entre 5 e 10) é alcançada em torno dos 5ºC de temperatura ambiente.

Em baixo é apresentado o consumo estimado de mel para um aglomerado de abelhas com 2,25 Kg de peso (cobrem cerca de 10 quadros sem aglomeração de abelhas) ao longo de um período de 152 dias, de 1 de novembro a 1 de abril, na taxa metabólica indicada no gráfico acima (cálculos de Randy Oliver). O consumo de mel também aumenta muito à medida que a colónia começa a ter um bom número de larvas presente.

  • Para uma taxa metabólica de 10 o consumo invernal é de cerca de 16 kgs de mel durante o inverno;
  • Para uma taxa metabólica de 15 o consumo invernal é de cerca de 24 kgs de mel durante o inverno;
  • Para uma taxa metabólica de 20 o consumo invernal é de cerca de 32 kgs de mel durante o inverno.

Aplicação prática: de acordo com Randy Oliver, um inverno mais quente, menos amigável, ocorre por volta dos 13-16˚C, quando não está suficientemente quente para forragear, não está suficientemente frio para formar um cacho invernal compacto, mas está quente o suficiente para desenvolver muita criação precocemente. Muita energia é desperdiçada à medida que a colónia quebra o cacho formado durante a noite, a cada dia, preparando-se para uma possível e frequentemente infrutífera coleta de alimentos.

fonte: http://scientificbeekeeping.com/understanding-colony-buildup-and-decline-part-13a/

o que observo nas minhas abelhas, nos meus apiários, nos respectivos territórios…

Esta publicação vem a propósito das “verdades” apícolas que todos, sem excepção, transportamos dentro de nós, aplicamos no nosso maneio e, algumas vezes, desejamos convencer outros apicultores a aplicá-las, defendendo convicta e teimosamente que são o único e melhor caminho para uma prática apícola bem sustentada. Entre outros aspectos, esta atitude imperativa e impositiva, assumida por alguns apicultores, ainda que cheios de boa vontade na divulgação da sua “verdade universal” que lhes parece tão óbvia, esquece dois aspectos fundamentais:

  1. toda a apicultura é local. Para mim, isto quer dizer que apesar dos diferentes enxames de abelhas apresentarem uma vasta gama de comportamentos e necessidades bastante universal e semelhante, os momentos, épocas do ano, em que os apresentam pode diferir de local para local semanas ou até meses. Na minha opinião, um exemplo bastante elucidativo deste caso é o ciclo anual de desenvolvimento e declínio da população de uma colónia de abelhas, um aspecto básico para um maneio pertinente das colónias.
  1. sem um grupo de controlo que permita testar devidamente hipóteses explícitas e/ou implícitas — acerca das vantagens deste ou daquele tipo de maneio, desta ou daquela peça de equipamento, desta ou daquela opção para alimentar e nutrir as colónias, desta ou daquela… — as conclusões retiradas destas experiências “ingénuas” em rigor pouca ou nenhuma validade têm.

A este propósito chamo, uma vez mais, a atenção para as lacunas formativas no nosso país, ultrapassáveis com centros apícolas devidamente sustentados e orientados, onde as conclusões retiradas de experiências devidamente controladas com a nossa abelha autóctone e em territórios representativos da diversidade edafo-climática do todo continental e insular, serviriam de referência para as opções que os apicultores tomariam.

Será esta lacuna e ambição para a superar exclusiva do nosso tempo e do nosso país? O texto em baixo, com mais de um século, de um apicultor de nome Flint, do Michigan (EUA), recentemente trazido à luz por P.B. no fórum Bee-L, e respectivo comentário de Randy Oliver, ScientificBeekeeping.com, mostram que nem a lacuna é recente nem local, e a ambição de a superar não é exclusiva deste humilde escriba — que vai referindo com frequência que o que observa é nas suas abelhas, nos seus apiários, nos respectivos territórios — e que teme todos os dias que as suas opções de maneio sejam vistas como receitas universais e devidamente testadas. Que fique claro, uma vez mais, que não são nem uma coisa nem a outra. Quem deseje e procure “o receituário” este não é o local indicado para o encontrar.

Nem todo apicultor é “talhado” para ser um experimentador. É necessário uma pessoa com espírito judicioso, que esteja perfeitamente disposta, por assim dizer, a que uma experiência prove a verdade. Muitos de nós temos a tendência de primeiro tomar uma decisão e depois trabalhar e tentar provar aquilo em que já acreditamos. Esta atitude não vai responder ao necessário.

Um experimentador deve estar totalmente desinteressado nos resultados, isto é, estar disposto a que uma experiência teste ambos os lados da questão. Custa dinheiro, tempo e abelhas para experimentar. O apicultor médio não pode dar-se ao luxo de dispensar muitos destes recursos sem uma suposição razoável de que haverá um retorno em dinheiro. Se ele deseja experimentar, será confrontado com a pergunta, será que vale a pena? A menos que haja boas perspectivas de retorno em dinheiro, a motivação para experimentar será abandonada. Estes não são os únicos motivos pelos quais seria aconselhável ter apicultores competentes contratados pelo governo para se encarregarem dos apiários experimentais. A REVISÃO DOS APICULTORES. FLINT, MICHIGAN, 10 DE JULHO DE 1893.

fonte: Bee-L, P.B., 5 dezembro, 2020

Comentário/reposta de Randy Oliver:

Pouco mudou desde 1893:) É tão frustrante ouvir apicultor após apicultor dizer-me “testei esta e aquela coisa”, mas que não se preocupou em fazer um grupo de controle. Você não pode aprender sem um grupo de controle.” 

fonte: Bee-L, Randy Oliver, 5 dezembro, 2020, ScientificBeekeeping.com