Hoje, com o Nuno Capela, prosseguimos e demos seguimento às tarefas realizadas na anterior visita de campo (ver aqui).
À chegada ao apiário a manhã já ía relativamente quente, a rondar os 12ºC, e o Nuno agarrou na motoroçadora que levou para abrir uma passagem entre silvas e que muito nos irá facilitar o acesso ao apiário.
Enquanto o Nuno se entretinha a com a motoroçadora, fui fazendo o que tinha ficado agendado da visita anterior: colocar medicamentos de actuação lenta e prolongada (neste caso o Apitraz) numa altura em que as colónias apresentam, na sua maioria, taxas de infestação abaixo dos 2%.
Como a próxima semana promete chuva do início ao fim, renovámos o fondant em algumas colmeias.
Deixámos 4 colmeias por tratar, com vista a abertura e teste de novos caminhos no controlo da varroa. Outros caminhos se estão a abrir, é um imperativo.
Eduardo Gomes: serviços de formação presencial e on-line, consultoria presencial e on-line e apoio técnico em apiário (contactos: 935 251 670; jejgomes@gmail.com)
Hoje, acompanhei o Nuno Capela, investigador no Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, a dois dos apiários experimentais que estabeleceu nas proximidades de Coimbra.
Os objectivos desta saída para o campo eram fundamentalmente três:
avaliar a taxa de infestação por varroa em amostras de 300 abelhas adultas;
“abrir os ninhos” que estivessem bloqueados por mel, néctar ou pão de abelha;
colocar sobreninhos sobre as colmeias mais desenvolvidas.
Relativamente ao primeiro ponto, passados dois meses e meio sobre a conclusão do último tratamento (com Apitraz, aplicado do início de setembro e concluído em finais de outubro) as taxas de infestação encontradas situavam-se entre 1,3% (4 varroas) e 3% (9 varroas).
Quanto ao segundo ponto, “abrimos” aproximadamente 70% dos ninhos.
No que respeita ao terceiro ponto colocámos 13 sobreninhos em colónias muito fortes, num universo de 46.
Como é habitual, nesta visita de campo fui brindado com uma surpresa relativa: uma colónia com uma rainha nova, não marcada, com postura recente, o que me faz levantar a hipótese de ter sido fecundada em Dezembro.
Eduardo Gomes: serviços de formação presencial e on-line, consultoria presencial e on-line e apoio técnico em apiário (contactos: 935 251 670; jejgomes@gmail.com)
Ontem, numa manhã muito agradável, acompanhei o Marcelo Murta nas várias tarefas planeadas fazer no seu apiário onde tem instaladas 14 colónias em colmeias do modelo Langstroth.
Entre outras tarefas voltámos a testar a taxa de infestação através da lavagem em álcool de amostras com cerca de 300 abelhas adultas. Nas 8 amostras que retirámos de 8 colónias, uma “largou” 2 varroas, outra uma varroa, e as restantes 6 amostras não “largaram” varroa alguma.
Numa das colónias onde a queda de varroas na amostra foi zero, uma colónia com ninho e sobreninho, com criação no ninho e criação no sobreninho, em suma uma colónia forte, fiz o corte de dois pedaços de favo com criação de zângão. Trouxe esses pedaços de favo para casa e coloquei-os no congelador. Hoje meti mão à obra e desoperculei cerca de 50 + 35 larvas/alvéolos nesses favos à procura de varroas. Encontrei zero varroas.
Este exercício visou refutar a testagem em abelhas adultas. Não o consegui. Caso o número de alvéolos de zângão infestados tivesse sido superior a 8-10 poderia ficar um pouco céptico em relação à fiabilidade dos números de varroa obtidos por lavagem de abelhas adultas. Claramente não foi o que aconteceu neste caso particular, esta segunda verificação confirma a fiabilidade da testagem em abelhas adultas desta colónia.
Em baixo deixo fotos deste procedimento um bocado entediante: contar o número de alvéolos de zângão infestados por varroa. São estes exercícios entediantes que muitas das vezes nos permitem deixar de trabalhar na dimensão da auto-ilusão, do “opinismo” fracote, para pisarmos com mais solidez a dimensão da realidade.
Na passada sexta-feira o Armando Monteiro convidou-me para ir aos seus dois apiários situados nas proximidades de Coimbra. Pretendeu 1) mostrar-me o efeito quase imediato das suas harpas combinado com a utilização de rede na redução da pressão das velutinas sobre as suas colónias de abelhas; 2) ajuda na medição da taxa de infestação por varroa em abelhas adultas.
Relativamente ao ponto 1) e começando pelo princípio, dizer que o Armando teve o cuidado de desligar as harpas cerca de uma hora antes de eu chegar ao seu apiário, para que pudesse ver ao vivo a rapidez da dissuasão das mesmas. Assim, quando cheguei ao apiário estavam 20-30 vespas a pairar nas proximidades das colónias, com as abelhitas paralisadas de medo no interior e entradas das colmeias. Ligadas as harpas observei rapidamente o seu efeito: velutinas “chocadas” de forma dolorosa (a dor tem um efeito aversivo sobre todos os animais) e até letal (muitas delas morriam ou ficavam com as asas queimadas) por aqueles fios. Após 10-15 minutos estarem ligadas, a presença de velutinas reduziu-se para próximo do zero.
Quanto ao ponto 2), depois de nos livrarmos das velutinas estávamos a abrir as colmeias passados cerca de 15 minutos a nossa entrada no apiário. O primeiro passo foi localizar o quadro onde andava a rainha nas colmeias que nos serviram de amostra. Esse quadro era posto de lado por momentos enquanto procedíamos à recolha de abelhas em quadros com criação. Das abelhas recolhidas e lavadas libertaram-se duas varroas, número que dá uma taxa de infestação de 0,6%.
O meu amigo Armando compara a mortalidade de colónias que teve o ano passado por varroose, cerca de 50%, com a mortalidade deste ano, 0%. Quando o questionei sobre o que estava a fazer de diferente este ano, referiu-me que no ano que corre decidiu introduzir um tratamento intermédio. De forma generosa disse-me que este blog o influenciou nesta mudança no regime de tratamentos deste ano.
Nota: 1) nesta publicação relato a experiência do meu amigo Fernando Moreira com as harpas e nesta outra a experiência do meu amigo Marcelo Murta com a monitorização da taxa de infestação por varroa em abelhas adultas.
Ontem, acompanhei o Marcelo Murta na realização de duas tarefas nas colónias que tem assentes no seu apiário nas proximidades de Coimbra: 1) avaliação da taxa de infestação por varroa em abelhas adultas; 2) aplicação por gotejamento de ácido oxálico diluído em xarope de açucar.
Como referi nesta publicação, no dia 19 de Julho o Marcelo fez a avaliação da taxa de infestação e deparou-se com 8,14% e 8,4% de infestação em duas colónias (13% das colónias no apiário).
Como é um apicultor munido de um bom arsenal de conhecimentos e forte motivação, sabia que tinha que fazer descer essa taxa para abaixo dos 2% com o objectivo de garantir abelhas saudáveis e ficar tranquilo com os desafios que as suas colónias vão enfrentar no final do verão e na entrada do outono. E com essa motivação iniciou o terceiro tratamento do ano nos últimos dias de julho. Utilizou o Amicel em três rondas, com espaçamento de 12 dias entre as duas primeiras aplicações da tira de Amicel e de 8 dias para a terceira tira.
Ontem, 31 de Agosto, os resultados da medição da actual taxa de infestação nas colónias anteriormente avaliadas em julho são muito positivos: 0,86% e 1,02%.
Ainda que as taxas de infestação actual não sejam preocupantes, o meu amigo decidiu aproveitar a ausência de criação ou a pouca criação nas suas colónias para as gotejar com ácido oxálico diluído em xarope de açúcar. Como diz o Marcelo não devemos ser reactivos, sim pró-activos. E deste princípio os seus ganhos são evidentes: neste ano e até à altura a mortalidade por varroose é zero.
Entre as diversas trocas de impressões disse-lhe que esta opção me fazia lembrar um apicultor norte-americano com +3000 colónias, que tem como princípio não esperar que a taxa de infestação chegue aos 3%, para ele um limiar já demasiado alto e com riscos de os tratamentos falharem; prefere tratar para ter os níveis de infestação abaixo ou igual a 1%: trata não para fazer descer os níveis de infestação mas para evitar que eles subam; não confia cegamente em nenhum medicamento, acredita neles todos, na sua utilização frequente e diversificada**.
Assim como para a prevenção da enxameação é necessário andar um mês à frente das colónias, também o controlo da varroose nos obriga a estar, não um, mas dois meses à sua frente.
O meu amigo Fernando Moreira enviou-me fotos da sua cresta. Pedi-lhe autorização para as utilizar numa publicação e generosamente acedeu ao pedido. Deixo-vos aqui algumas delas, assim como as respostas que me deu a umas quantas informações que lhe pedi relativas ao seu trabalho de condução das colónias e condições ambientais que explicam e enquadram os resultados obtidos até agora.
Pedi-lhe: “Manda-me os seguintes detalhes: floração principal, zona aproximada para não localizar exactamente os apiários, média de produção, factores ambientais mais significativos este ano, aspectos do maneio que desejes realçar e média de produção.”
O Fernando deu-me estas informações: “Então a zona é: beira alta, bem encostado ao Douro. Floração predominante urze, rosmaninho, silva e castanheiro. Quanto à média está, mais coisa menos coisa, nos 18 kilos, mas ainda vou a meio. Pelo que tenho constatado as 50 colónias que ainda me faltam crestar estão bem compostas. Factores ambientais mais importantes este ano foram as abundantes chuvas de Inverno e noites amenas. Quanto ao maneio o principal culpado deste sucesso foste tu!!!! Com a regra não mais de 6!”
Obviamente que o Fernando foi bem sucedido com o seu maneio, e o sucesso deve-se a ele. Dito isto, fico muito satisfeito que a operacionalização da regra não mais de 6 também resulte a cerca de 80 km a norte, numa zona onde a Beira Alta começa a escorrer para o Douro.
Ontem, no seu apiário nas proximidades de Coimbra, o Marcelo Murta fez a avaliação da taxa de infestação por varroa em abelhas adultas.
Nesta avaliação utilizou o álcool para fazer soltar as varroas do corpo das abelhas. Fez a avaliação em duas colónias (13% das colónias no apiário). As taxas de infestação foram 8,14% e 8,4%.
Neste apiário, em zona de eucalipto, as colónias estão a todo o gás desde o início do ano. Até ao momento, e neste verão relativamente ameno, não houve um abrandamento significativo na criação de abelhas. O Marcelo fez dois tratamentos para a varroose desde o início do ano. Ontem, depois dos resultados obtidos decidiu fazer o terceiro tratamento deste ano. Bom trabalho e sucesso neste combate, ao Marcelo e todos os apicultores!
Na passada segunda-feira o Marcelo Murta, comigo a dar uma mãozinha, fez a cresta das colmeias que tem no seu apiário nas proximidades de Coimbra. Deixo em baixo algumas fotos que ilustram o trabalho que efectuámos.
Das 20 meias-alças foram extraídos 180 kgs de mel, a melhor produção que alcançou nos anos que leva de apicultura. Uma das razões que encontra passa por ter utilizado este ano de forma mais sistemática e planeada as colmeias armazém que lhe permitiram desbloquear mais eficientemente os ninhos no período da enxameação reprodutiva (março e abril este ano e nesta zona). A utilização das grelhas excluidoras também deu o seu contributo, porque permitiu crestar todas as meia-alças, inclusivé as primeiras logo sobre o ninho, onde se encontravam muitos quadros com mel a encher os alvéolos, quando 45 dias antes se encontravam ocupados com criação.
Ontem, o Marcelo desafiou-me a ir ao seu apiário para o acompanhar e ajudar na realização de duas tarefas: colocar grelhas excluidoras em todas as colónias do apiário, com a óbvia excepção de alguns enxames novos que se mantêm no ninho, e aproveitar a oportunidade para marcar e remarcar algumas rainhas de 2023 e de 2022, respectivamente.
E porque está o Marcelo a universalizar a utilização das excluidoras? Porque também neste litoral está a ver o que eu via na beira. As excluidoras são peças fundamentais para ter ninhos muito organizados, com quadros desbloqueados, com excelentes áreas para excelentes padrões de postura, quadros com o pólen/pão de abelha nas bordaduras e não espalhado um pouco por toda a superfície dos mesmos, meias alças preenchidas de néctar/mel sem a presença de indesejável criação e/ou pólen/pão de abelha.
Estou consciente que iniciei uma renovação/outra forma de fazer e pensar em vários aspectos do maneio de colónias de abelhas no nosso país, por ex. com as colmeias armazém, a regra não mais de 6, os desdobramentos com recurso à técnica Doolittle. No caso das excluidoras parece-me que os apicultores estão a acreditar e a experimentar cada vez mais as virtualidades da utilização adequada das mesmas, a ultrapassar preconceitos como este por exemplo: estou a criar turbo-rainhas que põem um mínimo de 4 mil ovos/dia e não as quero limitadas! WTF bro!!
A foto da excluidora em baixo, é a testemunha silenciosa de um acontecimento inesperado. Uma rainha que passa através dela como água por areia fina. Defeito da excluidora? Não nos parece, nem ao Marcelo nem a mim. Esta já é a segunda excluidora que colocamos nesta colmeia, porque também com a excluidora anterior a rainha passava do ninho para as meias alças e novamente para o ninho. Na altura e apesar não vermos nenhum defeito nessa excluidora decidimos trocá-la e colocar esta da foto em baixo. Ontem decidimos trocar esta por uma nova. Para ver o resultado numa próxima oportunidade.
Até à próxima visita a um apiário, do Marcelo ou de outro companheiro que deseje que o acompanhe neste prazeroso trabalho, ficam-me na retina e na memória o muito que as abelhas me mostraram e ensinaram… juntamente com o que aprendi dos vários Mestres com quem tive a felicidade de me ir cruzando.
Ontem o Marcelo Murta teve a gentileza de me convidar a fazer com ele a inspecção pré-cresta das colónias de seu apiário, situado nas proximidades de Coimbra. Meti no carro o fato, as luvas, as botas e ala-que-se faz-tarde.
Deixo em baixo algumas fotos que fui tirando durante esta visita às abelhinhas. Obrigado Marcelo pelo convite e as cerca de 3 horas que trabalhámos lado a lado, abrindo colmeias, confirmando a madureza do mel, o padrão de postura das novas rainhas, o estado sanitário dos enxames.