à saída do inverno… à laia de balanço do inverno 2015/2016, e em 7 invernos já passados com abelhas, assinalo o primeiro ano em que as minhas perdas invernais se situam abaixo dos 5%.
Tenho a certeza, como todos os apicultores, que este inverno não foi “pêra doce”. Os meses de novembro e dezembro foram pouco menos que primaveris tendo provocado um efeito importante e duas consequências mais importantes ainda: a postura das rainhas não abrandou/parou como era costume, o que provocou o natural incremento da varroa assim como um consumo acelerado das reservas invernais. De seguida temos 3 meses de muita chuva, algum frio, que apanhou muitas das minhas colmeias da beira no fio da navalha, sem um nível razoável de reservas e sem grandes condições para aproveitarem alguns pequenos fluxos de néctar que surgem em finais de fevereiro, início de março por aqueles lados. Tudo poderia ter acabado muito mal! Mas se as condições climatéricas estão fora do nosso controle, algumas das nossas acções podem mitigar ou até eliminar os efeitos nefastos de um inverno surpreendente.
O maneio que deu suporte a esta percentagem baixa de perdas teve dois pilares, um já habitual, outro inovador. O habitual foi fazer os tratamentos à saída do verão, após a cresta, com acaricidas que se mostraram uma vez mais continuarem eficazes. A segunda, a intervenção inovadora, foi alimentar de forma massiva, sistemática, calendarizada, todas as minhas colmeias da beira. As do litoral, na zona de Coimbra, não necessitei de o fazer. Muitas centenas de euros foram investidos em fondant, quando nos anos anteriores esse investimento foi de poucas dezenas de euros. Esta opção mais cara, revelou-se custo-efectiva, pelos muito bons resultados alcançados, pois se assim não o tivesse feito acredito que estaria em mãos com a ruína deste projecto apícola. Um inverno para não esquecer as lições que ele trouxe. Aprendemos com os erros, é verdade, mas aprendemos tanto ou mais com os acertos. E é imensamente mais agradável!
… os desdobramentos. Finalizei hoje os primeiros desdobramentos do ano. Foram 20, em Coimbra. Depois de numa primeira fase ter dividido estas 20 colmeias que tinham ninho e sobreninho, com criação em ambas as caixas, com uma grelha excluidora, passados 4 dias, voltei ao apiário para identificar a caixa onde tinha ficado a rainha (a que tinha ovos), e estas foram levadas para a beira a cerca de 150 Km de distância. As filhas ficaram no apiário original, onde hoje introduzi 20 realeiras criadas pelo João Tomé. Espero que as condições climatéricas ajudem durante o seu vôo de fecundação as novas princesas.
Dando tudo certo com estes primeiros 20 desdobramentos praticamente reponho as minhas perdas invernais, causadas maioritariamente por terem ficado zanganeiras.