precios miel — campaña 2022/2023

No documento “Precios miel — campaña 2022/2023”, publicado em julho de 2023, encontramos, entre outros, os valores médios a que têm sido comercializados a granel os méis de meladas e multiflorais em Espanha até há uns poucos meses atrás. Desejando que de lá para cá os valores médios tenham subido, transcrevo em baixo o primeiro parágrafo do documento e apresento dois dos quadros lá constantes com a evolução dos preços nas últimas 3 campanhas.

“Respecto a, en primer lugar, las MIELES A GRANEL, en la primera que se analiz, la miel de mielada, se constata un inicio tranquilo de campaña, ya que se mantienen los precios en 4,33 €/Kg hasta prácticamente la mitad de la misma. A partir de septiembre, los precios muestran altibajos, de tal forma que los picos mínimo y máximo se encuentran en este período (los meses de septiembre y octubre registran el pico máximo ―4,22 €/Kg―, si bien, en el mes de febrero, alcanzando el final de la campaña, se registra el mínimo ―4,14 €/Kg―). Todo lo anterior se traduce en una variación del -3,42 % en el precio de la miel de mielada, si comparamos los dos puntos inicial y final de la campaña. Por su parte, la miel variedad multifloral muestra un comportamiento distinto, pues sus precios van en un aumento, ligero pero constante, hasta el mes de octubre, donde se registra un precio máximo de la campaña de 3,93 €/Kg, para terminar la campaña en un descenso, también ligero pero constante, anotando precisamente su precio mínimo al cierre de la misma (3,41 €/Kg). En este caso, la variación porcentual del precio de la miel multifloral a granel de la
campaña 2022/2023 es del -3,76 %.”

fonte: https://www.mapa.gob.es/gl/estadistica/temas/novedades/informesectorialmiel22-23_tcm37-656294.pdf

avaliar a prevalência no mercado de mel adulterado com açúcares na UE

Nesta publicação não levantei suspeitas acerca da qualidade analítica do mel de linha branca identificado na foto. Como poderia? Não fiz análises fisico-químicas ao mesmo, portanto sobre este aspecto calei-me como devia. Falei do que devia: para os apicultores europeus, entre os quais os portugueses, é insustentável concorrer com o mel comprado a 1,50€ aos apicultores mexicanos e argentinos. Disse mais, os apicultores mexicanos e argentinos também sofrem com esta cotação nos mercados grossistas internacionais porque são valores que não lhes permitem pagar os seus custos de produção. Sumariamente, os mercados grossistas internacionais estão a asfixiar o sector apícola um pouco por todo o lado, sector que já se debate com outras dificuldades de monta e dispensava bem esta “ajuda” de parceiros de negócio.

Dito isto, digo que o mercado grossista de mel não tem uma boa imagem e por razões válidas. Pode pôr a melhor fragância mas é um sector que cheira mal. Evidências de adulteração de mel importado são muitas. Entre outras, uma acção recente de fiscalização levada a cabo por entidades da UE, bem coordenada e com os meios necessários, conclui uma vez mais que este sector ligado à importação-exportação de mel está parcialmente apodrecido, chegando ao ponto do sector contratar os serviços de laboratórios credenciados para saber como adulterar o mel de forma a que passe nas análises físico-químicas convencionais. Suspeito que não são os apicultores mexicanos, argentinos, ou outros, a adulterar o mel da sua produção. Os grossistas depressa o detectariam, porque estas adulterações ao nível do apicultor são grosseiras e facilmente “apanhadas” nas análises feitas ou pedidas pelos grossistas antes da compra dos bidões de mel. Suspeito que é ao nível de alguns dos grossistas que se fazem adulterações e de forma sofisticada. Por exemplo, como fazer para alcançar o melhor racio 13C/12C de sacarídeos, ou que percentagem de açucares C4 ou C3 adicionar ao mel por forma a passar nas análises que são feitas mais rotineiramente. E passam!

Vejamos o que diz o relatório recente da UE a propósito das acções inspectivas que conduziu junto de importadores de mel com origem no espaço extra-comunitário.


Em 2021, a Comissão Europeia organizou a ação coordenada da UE denominada “From the Hives” para avaliar a prevalência no mercado de mel adulterado com açúcares.

A ação coordenada incluiu três etapas:

  1. Recolha de amostras de mel nas fronteiras da UE e sua análise pelo Centro Comum de Investigação da Comissão (JRC), em Geel – Bélgica.
  2. Recolha pelos Estados-Membros e pela equipa de Fraude Alimentar da DG SANTE do local de destino das remessas controladas e informações sobre operadores suspeitos (operações anteriores de importação registadas no sistema TRACES, incumprimentos e suspeitas de fraude alimentar já registadas no Alerta e Rede de Cooperação).
  3. Investigações pelos Estados Membros e autoridades dos Estados da EFTA com apoio investigativo do Organismo Europeu Antifraude (OLAF)EN••• no local de importação, processamento, mistura e embalagem na UE.
A linha de tempo das acções levadas a cabo neste âmbito

Conclusões da ação da UE
A ação coordenada confirmou a suposição inicial de que uma parte significativa do mel importado para a UE é suspeita de não cumprir as disposições da “Diretiva do Mel” (46% com base em 320 amostras).

Esta taxa foi consideravelmente superior à obtida em 2015-17 (14%). O maior número absoluto de remessas suspeitas veio da China (74%), embora o mel originário da Turquia tenha a maior proporção relativa de amostras suspeitas (93%). O mel importado do Reino Unido teve uma taxa de suspeita ainda maior (100%), provavelmente o resultado do mel produzido em outros países e misturado no Reino Unido antes de sua reexportação para a UE.

Mais de metade (57%) dos operadores tinham exportado remessas de mel suspeitas de estarem adulteradas com açúcares estranhos e mais de 60% (66), dos operadores importaram pelo menos uma remessa suspeita.

Até à data, 44 operadores da UE foram investigados e sete foram sancionados. As investigações forenses realizadas pelos Estados-Membros e pelo OLAF com base em inspeções no local, amostragem e exame minucioso de computadores e registos telefónicos demonstraram cumplicidade entre exportadores e importadores e as seguintes práticas ilícitas:

  • utilização de xaropes de açúcar para adulterar o mel e baixar o seu preço, tanto em países terceiros como no território da UE;
  • análise em laboratórios credenciados para adaptar as misturas de mel/açúcar para evitar a possível detecção por clientes e autoridades oficiais antes das operações de importação;
  • uso de aditivos e corantes para adulterar a verdadeira fonte botânica do mel;
  • mascaramento da verdadeira origem geográfica do mel, falsificando informações de rastreabilidade e removendo pólens.
  • Com base no exposto, há uma forte suspeita de que grande parte do mel importado de países não pertencentes à UE e considerado suspeito pelo CCI de ser adulterado permanece presente e não detectado no mercado da UE.

fonte: https://food.ec.europa.eu/safety/eu-agri-food-fraud-network/eu-coordinated-actions/honey-2021-2022_en

mercado internacional do mel: a insustentável barateza do mel?

Quais são as razões que explicam que o mel de marca branca possa estar a 3,49€ o frasco de meio quilo? Foi esta a pergunta que me coloquei a mim próprio quando ontem vi o que a foto em baixo retrata.

Diz que é mel de flores… uma mistura da Argentina, Cuba, Espanha, Ucrânia e México.

Sei por experiência que a produção de mel a uma determinada escala, a escala das toneladas, coloca o apicultor português que não tem um estabelecimento certificado (a maioria dos apicultores) e, simultaneamente, uma estrutura comercial que lhe permita escoar essas toneladas de mel da sua produção (a imensa maioria dos apicultores), na contingência de escoar o seu mel a granel, em bidões de 300-320 kgs. E, nesta escala, o mel português concorre com o mel proveniente de zonas distantes do mundo, entre outras as atrás referidas. A concorrência deixa de ter a escala da rua, da aldeia ou da vila, como acontece para as pequenas produções, a concorrência passa a ter a escala de países e continentes. E assim sendo, importa-me perceber como conseguem os apicultores de outros cantos do mundo, por exemplo, os da a Argentina e os do México (dois dos maiores produtores mundiais de mel ) conviver neste mercado de preços insustentavelmente baratos. Pelo que consegui perceber convivem muito mal. Não me surpreende!

Neste artigo é referido que os apicultores argentinos vendem o seu mel a 400 pesos argentinos o kg (1,53€) para o mercado internacional e, neste outro artigo, indica-se que os apicultores mexicanos não conseguem mais que 28 pesos mexicanos (1,50€). Com estes valores pagos ao produtor, os intermediários têm uma boa margem comercial, assim como o distribuidor que vende ao cliente final o quilograma de mel a 7€.

O facto de mercado internacional pagar 1,53 € por kg de mel argentino e a 1,50 € por kg de mel mexicano tem um efeito estrangulador e sufocante na apicultura profissional destes dois países: no México “En este mes de Abril, con la floración en pleno, los precios van de 25 a 28 pesos el kilo, por lo que entre los propios apicultores recomiendan no vender. Incluso ofrecen tambores para almacenar y trabajar en red y no venderle a los a acopiadores, ya que el precio es muy bajo y ni siquiera cubre el gasto de la cosecha.”; na Argentina ” Bichos de Campo levantó el velo sobre el preocupante estado de esta actividad: durante casi dos años los productores de miel vieron el precio de su producto planchado, al tiempo que sus insumos aumentaron más de un 300%. Con una inflación anual del 100%, esa actividad entró en rojo.”

Este mercado do mel, que não serve os apicultores exportadores, não serve também os apicultores dos países importadores europeus, entre outros os apicultores portugueses. Concorrer com valores internacionais de 1,5€ o kg é ruinoso. Uma solução está nos mercados de nicho. Mas os mercados de nicho não recebem mel envasado em bidões e/ou enfrascado fora dos assépticos estabelecimentos certificados e fora de uma estrutura comercial sofisticada, como é o caso da imensa maioria das explorações apícolas do nosso país. Outra alternativa está nas cooperativas, para assim se ganhar escala e estabelecer contratos com as grandes distribuidoras. Não faço ideia como estão as cooperativas de mel em Portugal, pouco ou nada oiço acerca delas. Espero que estejam bem e que sejam uma boa alternativa para este contexto intoxicante do mercado internacional de mel.

mel de Portugal: uma razão para o escolher

No mercado português existe mel de diversas nacionalidades à disposição do consumidor. Sendo este o contexto, encontro diversas razões para o consumidor preferir mel produzido em Portugal. Esta publicação serve o propósito de enfatizar esta ideia básica: a opção por mel português contribui de forma decisiva para a preservação do número de colónias de abelhas no nosso país, já a opção por mel de outras nacionalidades não soma esta virtualidade. Não esqueço que o aspecto económico é decisivo para continuar a ver abelhas domésticas nos nossos campos. Sabendo que os apicultores profissionais em Portugal detêm cerca de 50% das colónias e que estes tenderão a preservar as suas abelhas enquanto a actividade for razoavelmente rentável, a decisão de consumo dos portugueses por mel do nosso país é um factor relevante para a sustentabilidade económica da actividade.

E que importa ao consumidor não apicultor que as abelhas domésticas continuem a voar por aqui e por ali, poisando nas plantas que o rodeiam?

Momento da extracção de mel português. Este mel tem associado um valor inestimável: melhorou o território português.

O mel produzido em Portugal provém de colónias de abelhas que no seu labor acabam por polinizar as plantas, os arbustos e as árvores de nossos campos. Este serviço ecossistémico é de importância crítica para a produção de sementes de muitas espécies vegetais. A reprodução e manutenção destas espécies são uma peça chave na preservação da qualidade dos solos e na retenção da água das chuvas nos diversos territórios do país que habitamos. Facilmente concluímos que abelhas são um elo da cadeia que combate a erosão e o empobrecimento dos solos e ajudam a água a infiltrar-se na terra, não se perdendo no mar.

Este aspecto deve ser tido em conta pelo consumidor: ao comprar mel português está não só a comprar um alimento de grande qualidade mas também a contribuir para a melhoria ou preservação da qualidade do ambiente próximo que o rodeia.

produção de pão de abelha — uma nova fonte de rendimento para os apicultores?

A actividade apícola permite a produção e comercialização de vários produtos da colmeia, do mel ao própolis passando pelo pólen, entre outros. O pão de abelha, um produto de grande valor nutricional, tem estado afastado do radar dos apicultores enquanto um produto mais que pode ser alvo de produção e comercialização. A propósito da produção e comercialização deste magnífico alimento traduzo o sumário de uma publicação científica recente (maio de 2021).

Legenda: (a) pedaço de favo com pão de abelha; (b) máquina de colheita de pão de abelha; (c) máquina de secar pólen de abelha; (d) pão de abelha limpo – pronto para venda.

Resumo
O pão de abelha, ou seja, o pólen floral coletado e parcialmente processado pelas abelhas, é uma fonte de muitos compostos benéficos para a saúde humana. Até agora, o nível de produção de pão de abelha em apiários tem sido baixo devido a vários fatores. No entanto, o desenvolvimento dessa produção pode ser uma nova fonte de rendimentos para os apicultores. Na primavera de 2015, foi iniciado um estudo de três anos para determinar a escala de produção de pão de abelha em colónias de abelhas e avaliar a eficiência económica dessa produção. A experiência incluiu 28 colónias de abelhas em cada ano; as colónias foram divididas em quatro grupos. Cada grupo testou diferentes configurações de ninhos e diferentes estruturas na entrada da colmeia e foi avaliada a quantidade de pão de abelha colhido. Foram calculados todos os custos, incluindo a mão-de-obra, relacionados com o processo de produção do pão de abelha. Dependendo do grupo, foi possível colher de 0,51 a 1,23 kg de pão de abelha por colónia. A produção média foi de 0,7 kg, e todo o apiário deu 20 kg de pão de abelha anualmente. Os custos anuais relacionados com a produção de pão de abelha ascenderam a 679,5 EUR, enquanto o rendimento estimado das vendas ascendeu a 1110 EUR. Assim, o lucro foi de 430,5 EUR, ou seja, 21,5 EUR por 1 kg de pão de abelha colhido. Os maiores custos estão ligados à mão de obra e podem constituir um fator limitante para o desenvolvimento da produção de pão de abelha em apiários.

fonte: https://www.mdpi.com/2077-0472/11/6/468/htm

vendo mel claro da colheita de 2021 enfrascado

Dou inicio à comercialização do mel de minha produção de 2021 na modalidade enfrascado. A origem: flores silvestres na fronteira do Parque Natural da Serra da Estrela. Destino: consumidor que valoriza a qualidade do mel que coloca à sua mesa.  Os frascos ao dispôr são de 1Kg, 0,5Kg e 0,25 Kg.

Deixo a tabela de preços* aos interessados:

1 Kg = 6,40 €;

0,5 Kg = 3,70 €;

0,25 Kg = 2,30 €.

* (ao qual acresce o IVA à taxa de 6%)

Aceitam-se encomendas para quantidades não inferiores a 36 Kg, a entregar dentro dos limites do distrito da Guarda e/ou distrito de Coimbra. Para quantidades inferiores e/ou para fora dos limites destes dois distritos os encargos com o transporte são da responsabilidade do comprador.

Estou disponível neste endereço electrónico para receber as encomendas e detalhar o que entenderem necessário: jejgomes@gmail.com

As fotos em baixo foram tiradas na minha UPP em 26.07.2021 e retratam etapas do processo de extracção e enfrascamento.

meias-alças com cera puxada: vendo

Estou vendedor de 100 meias-alças com quadros com cera puxada do modelo Langstroth.

Vendo em lotes mínimos de 20 meias-alças.

O valor unitário de cada meia-alça é de 13 €.

Este valor é fixo, não é negociável.

As meias-alças são pintadas e na sua maioria são de 8 quadros (ver fotos em baixo representativas).

Os interessados deverão entrar em contacto comigo através da caixa de comentários. Os contactos não serão tornados públicos, para manter a privacidade dos interessados.

enfrascando à porta do natal

Esta semana (3ª feira a domingo) tenho andado ocupado com trabalho nos apiários (tema para uma publicação em breve) e com a resposta aos pedidos dos meus clientes do retalho.

Em baixo fica o foto-filme de algumas das etapas do enfrascamento, desde a descristalização do mel, armazenado em potes de 50l, até à rotulagem.

Um dos potes onde armazenei o mel após a extracção.
Cerca de 4 meses e meio após a extracção o mel de montanha está cristalizado. Temperaturas ambiente entre os 5 e 15º C potenciaram a cristalização.
Um dos cordões descristalizadores utilizado, em banho maria para sua limpeza e posterior re-utilização.
Enfrascando o “montanhês”!
Frasco com rótulo e com precinto.
Três cores de rótulos para os 3 tipos de mel que o território paga pelo trabalho.

o crash do sector apícola neo-zelandês

Na Nova Zelândia, a terra do mel mais caro do mundo, o mel de manuka, o sector apícola está a atravessar uma dura crise. A história conta-se em poucos parágrafos.

Nos primeiros anos de 2000, um pouco antes do mel de manuka começar a subir de preço, existiam na Nova Zelândia cerca de 200.000 colmeias. Na altura o sector apícola estava em declínio, com baixas margens de lucro, e muitos apicultores estavam velhos e a aposentar-se. Eram poucos os novos apicultores a entrarem no sector. A maioria das diferentes variedades de mel tinha o mesmo preço, de modo que não havia estímulo para distinguir os diferentes tipos de mel e não havia regras para isso.

Então o mel de manuka ganhou reputação e tornou-se cada vez mais valioso, muito valioso mesmo. Os embaladores de mel que vendiam o mel de manuka por muito dinheiro descobriram que se fosse diluído 50/50 com outro mel, poderiam continuar a chamá-lo de manuka, quem saberia da fraude??, e teriam 2 frascos com preço alto em vez de um.

Mel de Manuka: preços médios de 300 € o kg

A competição entre os embaladores para comprar mel não manuka dos tipos adequados para fazer a mistura inflaccionou o preço de todo o mel na Nova Zelândia. Os apicultores aumentaram os seus efectivos para produzir mais e mais, ganhando muito dinheiro, independentemente do tipo de mel que estavam produzindo. Houve apicultores que se viram milionários da noite para o dia. Este dinheiro todo que o sector estava a gerar atraiu novos atores, e o número de colmeias subiu para cerca de um milhão.

Os problemas começaram a surgir quando os clientes estrangeiros começaram a perceber que nem todo o mel de manuka pelo qual estavam pagando muito dólares/euros era um artigo genuíno. Para proteger a reputação e a base de clientes, o governo interveio e obrigou a testes para determinar a pureza do mel de manuka. Todo o mel de manuka exportado passou a ser testado em laboratório. Isso reduziu enormemente a procura de mel não manuka do dia para a noite e, com todas as colmeias extras, a Nova Zelândia confrontou-se com um excesso de produção e colmeias.

Como resultado, a maioria dos apicultores está sendo forçada a vender sua colheita não manuka das últimas temporadas por preços abaixo do custo de produção, ou até não a consegue vender.

Até os produtores de manuka atravessam dificuldades, porque a única opção agora é tentar produzir manuka, ou seja, qualquer lugar com um pedaço de manuka está sendo bombardeado por um grande número de colmeias pertencentes a apicultores desesperados e neste cenário a produção por colmeia está muito abaixo do que era há poucos anos atrás.

Nota: post inspirado num post publicado no beesource por OT, um apicultor veterano neo-zelandês.

a indústria do mel mal explicada

Narrativa vegana sobre a indústria do mel

Os seguidores da ortodoxia vegana não consomem mel. Até aqui nada a criticar nem a exorbitar. Comem o que entendem que devem comer. O que já não é aceitável é que alguns deles defendam essa opção alimentar sustentados num conjunto de mentiras, meias-verdades, omissões e generalizações. No vídeo em cima podemos ver um exemplo dessa narrativa ignorante, canhestra e ofensiva para a grande maioria da apicultura nacional. Desmontemos alguns pontos dessa narrativa:

  • ao contrário do que se diz as rainhas são na sua grande maioria fecundadas naturalmente;
  • ao contrário do que se diz muitos apicultores produzem as suas próprias rainhas, não necessitando de as comprar on-line;
  • ao contrário do que se diz a maior parte dos apicultores não corta as pontas das asas às rainhas;
  • ao contrário do que se diz muitos apicultores não marcam as rainhas;
  • ao contrário do que se diz as abelhas não transportam o néctar no seu estômago, mas sim no saco nectarífero;
  • ao contrário do que se diz a colheita de mel não provoca a morte de centenas de abelhas;
  • ao contrário do que se diz não são os neonicotinoides a maior causa de mortalidade de abelhas, é a parasitação pelo ácaro varroa. São os apicultores que eliminam este ácaro, mantendo as colónias de abelhas saudáveis, impedindo assim a sua provável extinção.

Para terminar uma pequena nota: há uma nova fronteira na biologia, botânica e neuro-ciências a ser desbravada, designada de neurobiologia das plantas. Esta entusiasmante nova área científica está a fazer o seu caminho e vai, para já, afirmando que as plantas têm neurotransmissores e mecanismos que funcionam de forma análoga aos mecanismos neuronais dos animais. Vamos esperar mais um pouco, mas não me surpreenderia nada que, em breve, se torne consensual na comunidade científica que o mundo vegetal é também sensível à dor. Quando tal acontecer estarei atento às reacções dos veganos mais ortodoxos e extremistas. Acerca deste tema ver: https://www.pbs.org/video/university-place-plant-neurobiology/