Como está a correr? é uma pergunta que alguns amigos me vão colocando e que eu reciprocamente vou colocando também.
Do lado de lá as respostas têm sido, regra geral, desanimadoras. Elevada mortalidade de colmeias (com fome, abelhas que desapareceram…), enxames fracos, condições climatéricas madrastas, são as respostas que mais tenho recebido à pergunta “como está a correr?”.
Até me custa a falar do meu caso (pensei diversas vezes se deveria ou não fazer este post) pois sei muito bem que o sucesso dos outros se pode tornar muito pesado, até massacrante, num contexto em que as coisas não nos correram de acordo com o desejado. Mas cortar-me a própria palavra seria uma auto-censura que me parece desnecessária porque acredito que os que me lêem são suficientemente adultos para aceitarem realidades diferentes e até contrastantes das suas.
Pois à pergunta “como está a correr?” posso dizer sincera e humildemente que a minha realidade é diversa. Este foi o ano com menor mortalidade desde que tenho colmeias (abaixo dos 5%). Muito fondant depois, muitos euros gastos, é verdade! mas os resultados na taxa de sobrevivência das minhas colónias foram muito positivos. Este ano apenas me morreu uma colmeia por fome. Os tratamentos contra os ácaros da varroa continuam a ser eficazes. Mudo o princípio activo de ano e meio em ano meio. A verdade é que a resistência aos princípios activos não dei por ela. À saída do inverno tinha cerca de 435 colmeias e agora estou próximo das 600. Ah, e não faço translarve. Há quem acredite que com 10 colmeias só será um apicultor bem sucedido se fizer translarve. Onde foram buscar essas ideias é fácil de saber: vejam os cursos de criação de rainhas que se multiplicam por todo o lado, a somar ao que se vai escrevendo na blogosfera apícola, e depressa se perceberá como um apicultor novato depressa ficará condicionado por esta ideia e um crente devoto da ideia que o sucesso apícola está na criação de rainhas por translarve.
Dizer que o caminho mais seguro para uma apicultura de sucesso é o bom e frequente maneio das colmeias (é preciso trabalhar!), o investimento em alimentação e tratamentos adequados (é preciso gastar dinheiro!), ter um bom sistema de informação sobre cada colmeia (mais trabalho e mais tempo a dispender!) a juntar a uma ou outra inovação já bem testada por outros e muito reflectida por nós (ler e reler!) não tende a colher muitos adeptos. Mas é este o caminho que tenho seguido e julgo que este ano será mais um ano compensador. Pelos sinais que tenho até agora o mais compensador de todos!
Se alguém tiver boas referências para o valor do mel a granel para este ano agradeço que me/nos informe através dos comentários. Neste link espanhol podemos constatar que as ofertas rondam entre o 4€ e os 5€ por Kg. E por cá?
P.S. Neste link encontramos os valores médios praticados na campanha passada em Espanha quer no mercado a grosso quer no mercado retalhista (abril de 2015 a março de 2016) http://www.magrama.gob.es/es/estadistica/temas/novedades/preciosmiel2015-2016_tcm7-421520.pdf