medidas de controlo dos inimigos: vespa velutina e varroa

Na passada sexta-feira o Armando Monteiro convidou-me para ir aos seus dois apiários situados nas proximidades de Coimbra. Pretendeu 1) mostrar-me o efeito quase imediato das suas harpas combinado com a utilização de rede na redução da pressão das velutinas sobre as suas colónias de abelhas; 2) ajuda na medição da taxa de infestação por varroa em abelhas adultas.

Relativamente ao ponto 1) e começando pelo princípio, dizer que o Armando teve o cuidado de desligar as harpas cerca de uma hora antes de eu chegar ao seu apiário, para que pudesse ver ao vivo a rapidez da dissuasão das mesmas. Assim, quando cheguei ao apiário estavam 20-30 vespas a pairar nas proximidades das colónias, com as abelhitas paralisadas de medo no interior e entradas das colmeias. Ligadas as harpas observei rapidamente o seu efeito: velutinas “chocadas” de forma dolorosa (a dor tem um efeito aversivo sobre todos os animais) e até letal (muitas delas morriam ou ficavam com as asas queimadas) por aqueles fios. Após 10-15 minutos estarem ligadas, a presença de velutinas reduziu-se para próximo do zero.

O apiário, com harpas colocadas de 7 em 7 colmeias, envoltas numa rede de plástico com uma malha de 13mm, que cai à frente apenas até 20 cm do solo com a intenção de permitir a entrada rápida das abelhas nos voos de homing (voos de regresso a casa). O Armando diz-me que neste sistema as poucas velutinas que entram para o interior desta muralha de rede, quando apanham uma abelha tendem a subir, batem no tecto de rede, e acabam por tentar sair pela lateral… onde chocam literalmente nas harpas.
A rede chega até cerca de 20 cm do chão, para que esteja sensivelmente à altura das rampas de voo, com a intenção de facilitar o voo de saída e entrada das abelhas. A passagem das velutinas por debaixo das harpas está impedido.
Uma das várias velutinas mortas ou incapazes de levantar voo.

Quanto ao ponto 2), depois de nos livrarmos das velutinas estávamos a abrir as colmeias passados cerca de 15 minutos a nossa entrada no apiário. O primeiro passo foi localizar o quadro onde andava a rainha nas colmeias que nos serviram de amostra. Esse quadro era posto de lado por momentos enquanto procedíamos à recolha de abelhas em quadros com criação. Das abelhas recolhidas e lavadas libertaram-se duas varroas, número que dá uma taxa de infestação de 0,6%.

O meu amigo Armando compara a mortalidade de colónias que teve o ano passado por varroose, cerca de 50%, com a mortalidade deste ano, 0%. Quando o questionei sobre o que estava a fazer de diferente este ano, referiu-me que no ano que corre decidiu introduzir um tratamento intermédio. De forma generosa disse-me que este blog o influenciou nesta mudança no regime de tratamentos deste ano.

Nota: 1) nesta publicação relato a experiência do meu amigo Fernando Moreira com as harpas e nesta outra a experiência do meu amigo Marcelo Murta com a monitorização da taxa de infestação por varroa em abelhas adultas.

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