limpar o mercado do mel (parte 1)

Na publicação anterior, fiz o upload do vídeo de Bernhard Heuvel, presidente da associação de apicultores profissionais europeus, e apresentei as implicações que se fazem sentir na apicultura profissional europeia em consequência da inundação do mercado europeu por méis falsificados.

É um vídeo muito recente (25/09/2024) e cujo conteúdo exorto a ser visionado por todos: consumidores, apicultores, responsáveis pelas associações e federações apícolas, decisores e políticos, investigadores, ASAE, DGAV, … .

Nesta publicação apresento uma primeira parte dos conteúdos chave para aqueles que tenham dificuldades no inglês.

Nos últimos dois anos os apicultores europeus têm encontrado grandes dificuldades na venda do seu mel a granel/por grosso, devido à inundação do mercado com “mel” barato de origem muito suspeita. Os armazéns estão cheios, as prateleiras estão repletas de “mel” barato. Neste contexto poucos compram mel a granel a preço justo e produzido pelas abelhas.

(Uma nota à parte: conheci o Bernhard em 2014, através do Beesource, onde trocámos opiniões e lhe coloquei algumas dúvidas. Rapidamente fiquei cativado pelo seu enorme conhecimento do maneio de colónias de abelhas, o que me permitiu avançar mais rapidamente e de forma confiante no maneio das minhas colónias.)

As restrições impostas pelos EUA em 2021/2022 fizeram diminuir em 50 mil tonelada a importação de “mel” barato. Ao mesmo tempo as importações europeias de “mel” barato aumentaram 50 mil toneladas.
O princípio dos EUA para barrarem a importação de “mel” barato é simples e evidente: “A esse preço, ninguém no planeta Terra consegue produzir mel!”
O cálculo reverso/inverso do “mel” barato mostra que o “apicultor” recebe menos de 80 cêntimos, em alguns casos menos de 50 cêntimos por Kg de mel, e tudo isto num cenário de existir apenas um comerciante entre o apicultor e o cliente retalhista, o que é improvável. Por este preço ninguém consegue produzir mel verdadeiro!
Em março de 2023 um relatório submetido ao Parlamento Europeu concluiu que 46% do mel importado de países não-UE era suspeito de não cumprir a legislação europeia. Em junho desse ano fiz esta publicação com a tradução de excertos desse relatório.
A compra de xaropes de açucar para fabricar “mel” barato está à distância de um clique e à vista de quem quiser.
Os fornecedores destes xaropes garantem que passarão nos testes laboratoriais habituais de autenticação do mel: LC/MS; HRMS; NMR, …
O Bernhard, contactou várias companhias de mel falso/adulterado que vendiam este “mel” que “fintava” testes sofisticados de autenticação como o NMR (espectroscopia por ressonância magnética nuclear). Só tinha que escolher a cor, o aroma, a textura!
Passar os testes de laboratório (fintar) significa que a fraude não é detectável quando se utilizam os teste habituais, mesmo os mais sofisticados.
E este “mel” barato e adulterado, comprado em vários supermercados alemães em 2024, foi submetido a testes habituais de laboratório,… e passou!!! De acordo com os parâmetros utilizados, o “mel” cumpre os requisitos legais (Directiva da UE 2001/110/EC).

E, CONTUDO, É MEL FALSO!!! (como veremos na parte 2, em breve)

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