São vários os determinantes da longevidade das abelhas rainha. Desde os anatómicos e fisiológicos mais comumente referidos, como o número de ovaríolos ou o volume da espermateca, aos menos conhecidos como o número de espermatozoides utilizados para fecundar cada óvulo, indo da utilização de dois ou três espermatozoides por óvulo aos dez a quinze por óvulo. Numa outra perspectiva, a longevidade de uma rainha nas nossas colmeias depende se enxameia ainda durante o primeiro ano ou se o não faz ano após ano — porque não manifesta essa tendência ou porque o maneio do apicultor na prevenção ou no controlo da enxameação foi efectivo. Sob um outro ângulo ainda a longevidade de uma rainha depende da manipulação cuidadosa dos quadros para não lhe causar um dano que provoque a sua substituição pelas abelhas, ou ainda da gestão do apicultor que opta pela eliminação de todas/ maioria das rainhas de acordo com um calendário rígido — elimina as rainhas com mais de um ano, por exemplo. Outros aspectos e pontos de vista poderão ser adicionados a esta lista de determinantes da longevidade da rainha mãe, mas para o propósito desta publicação os que mencionei são suficientes.
Muitas vezes se lê e ouve que as abelhas rainha entram em declínio acentuado após o seu segundo ano de vida. Nas minhas colónias não tenho dados confiáveis que confirmem ou infirmem esta ideia. Para o poder fazer com rigor teria de começar, desde logo, por marcar as rainhas, um projecto que é sempre adiado para o ano seguinte. Este ano estou convencido que vou mesmo levá-lo por diante!
Contudo tenho algumas rainhas marcadas, muito poucas. Foram rainhas virgens que adquiri já marcadas. Não tenho muitas porque a grande maioria seguiram nos enxames que tenho fornecido aos meus clientes. Fui, no entanto, ficando com umas poucas. E nestas poucas marcadas a maioria, três em concreto, são todas do mesmo ano e do mesmo criador. O ano é de 2018!!! — sim verdade… rainhas com 4 anos —e o criador é o João Gomes que as comercializa com a marca Apicant Queen Bees.
Por si só, a longevidade destas rainhas já é digno de menção. Contudo, tão ou mais surpreendente que sua a longevidade é o seu desempenho actual. Sobre este aspecto deixo o foto-filme em baixo que ilustra o desempenho de uma destas ilustres seniores à data de ontem, 31 de março.






O ano passado esta rainha e as outras duas “irmãs”, já debaixo de olho, serviram-me de semente para uma parte dos desdobramentos que realizei. Ainda que não seja um grande crente na heritabilidade fácil e garantida de um conjunto de traços de interesse apícola, à cautela vou fazendo assim sempre que é possível e oportuno… não vá estar enganado!
Nota: acerca da variação do número de espermatozoides utilizados para a fecundação dos óvulos ver mais aqui: https://digitalcollections.sit.edu/cgi/viewcontent.cgi?referer=https://www.google.com/&httpsredir=1&article=1916&context=isp_collection