Deixo em baixo o testemunho de um amigo e cliente de enxames, a quem tenho dado consultoria gratuita no último ano e meio — os meus clientes de enxames contam com essa ajuda, sempre que a requerem. Este amigo pediu-me para não o identificar, por essa razão o seu nome não aparece na publicação. O timing da publicação, 15 de Agosto de 2021, parece-me muito ajustado ao conteúdo.
2019 não foi uma época apícola brilhante, pelo menos para mim. A produção de mel ficou aquém, mas o pior estava para vir. Com tratamentos atrasados e falta de monitorização perco cerca 70 das 80 colónias no inverno. Depois da frustração foi tempo de refletir o que tinha feito de errado. Concluí que o tratamento da varroose foi feito tardiamente e já pouco havia a fazer.

2020 e 2021 foi ano de começar basicamente do zero. Em 2020 com cerca de 50 colónias tinha de evitar o que se tinha passado na época anterior. Foi nessa altura que conheci o Eduardo, que me fala de manter sempre a varroa o mais controlada possível e não perder 10 para ganhar 5. O que quero dizer com isto é não sujeitar as colmeias a recolherem mais 2/3 kg de mel e com isso atrasar o tratamento. O maneio estava claro para mim, seria “ acabar “ a época de mel mais cedo, isto na zona de Trás-os-Montes. Em 2020 acabei a época em meados de Agosto; retirei todas as meias alças e procedi ao tratamento com Apivar. Com o tratamento já nas colónias foi tempo de proceder a várias inspeções. A cada 2 semanas abri rigorosamente todas as colónias e ajustei as tiras na câmara de criação: se a câmara de criação se contrai para o centro as tiras ajustam-se também. As tiras andam neste tempo em conformidade com a criação: onde está a criação estão também as tiras.
Era tempo também de não fechar os olhos às colmeias mais fracas que por algum motivo não estavam tão fortes quanto a maioria. A decisão foi fazer a junção dessas colónias que achava que não tinham grandes condições de passar o inverno. Com isto feito foquei-me nas inspeções de outono, que servem para efectuar uma inspeção visual quer dos níveis de varroa quer da criação, quer da população de abelhas, e proceder ao ajuste das tiras. Depois deste trabalho feito, e sem nunca faltar alimento às colónias, esperava que o inverno passasse para ter uma noção clara de quantas colónias tinha para a nova época. O resultado foi este: 52 colónias invernadas; 1 colónia morta; 3 colónias fracas. Em relação à época anterior a passagem do inverno para a primavera tinha sido 200% melhor. Encarei a época apícola de 2021 com bons olhos.
Para mim tudo isto se deve ao facto de o tratamento ter entrado nas colónias mais cedo. Defendo que as inspeções de outono são importantíssimas pois permite-me ver a olho nu sinais de varroa, como foi o caso de uma colónia onde vi várias abelhas com as asas deformadas. Actuei de imediato e, segundo sugestão do Eduardo, coloquei mais 2 tiras de apivar ficando com 4 tiras. Esta colónia mostrou melhorias e passou o inverno com sucesso.

Na apicultura não sendo tudo sempre igual — o que é este ano para o próximo pode não ser —, são estes os pilares que quero manter neste próximo outono/inverno:
- Tratamento cedo;
- Ajustamento de tiras aos quadros com criação;
- Inspeções de Outono.
Sem dúvida que para mim a passagem do inverno 2020-2021, foi um sucesso. Espero no inverno de 2021-2022, com os pilares que referi, obter os mesmos resultados.