Nos posts anteriores fiz menção a um conceito que importa decompor e explicar dado a sua elevada importância no contexto da escolha do biocida para construir cavalos de tróia na luta contra a vespa asiática/velutina. O conceito em questão é o de larvicida.
O que é um larvicida?
Entre os diversos insecticidas/biocidas que podemos utilizar na preparação dos cavalos de tróia alguns têm um efeito larvicida outros um efeito adulticida. Um insecticida-larvicida é aquele que apresenta uma actividade sobre as larvas dos insectos evitando que estas se desenvolvam e cheguem à fase de pupa. Desta forma o larvicida interrompe o ciclo de vida do insecto uma vez que as larvas não chegam a transformar-se em insectos.
Fig. 1: Ciclo de vida de uma mosca: ovo, larva, pupa, insecto adulto.
Todos os insectos com metamorfose completa (moscas, abelhas, vespas e outros) seguem este mesmo esquema desenvolvimental. Todos passam por uma fase larvar antes de atingirem a fase pupal. Assim um larvicida interrompe a passagem de larva a pupa. Como?
Os insectos desde a sua fase de ovo até à fase adulta realizam uma série de modificações. No final de cada modificação revestem-se de uma capa protectora, o exoesqueleto. Na passagem da fase larvar à fase pupal a quitina é um elemento fundamental à formação do exoesqueleto. Os larvicidas impedem a síntese desta quitina. Sem a deposição da quitina o exoesqueleto não se forma, a larva não termina o seu desenvolvimento, rompe-se assim o ciclo de vida do insecto.
De um ponto de vista teórico (e a teoria deve iluminar a prática) a utilização de cavalos de tróia com larvicidas para diminuir a predação das velutinas parece-me que tem pés para andar, em especial pelo efeito perdurável que tudo indica possa ter. Ao contrário, os biocidas adulticidas, aqueles que matam os insectos adultos, mas com pouco ou nenhum efeito nas larvas, têm um efeito mais rápido mas menos perdurável. Com a utilização exclusiva de adulticidas passadas uma a duas semanas desconfio que iremos ter novas velutinas a massacrarem as nossas abelhas. Como aconteceu no estudo realizado no País Basco.
Entre muitos outros larvicidas destaco o s-methoprene e o pyriproxyfen, uma vez que estão numa marca comercial bem conhecida, o Frontline Plus e o Frontline Gold, conjugados com fipronil, um adulticida.