acerca do futuro próximo da apicultura e seus apoios

Começo por remeter para esta publicação. Se o sector apícola europeu em lugar dos 40 milhões que recebe anualmente da PAC (Política Agrícola Comum), recebesse 1% das mais-valias que incorpora à fileira alimentar, os números seriam muito diferentes: passaria a receber 140 milhões (14 mil milhões/100= 140 milhões). Até por esta razão se verifica que sector apícola europeu está claramente sub-financiado!

Que forças vejo a convergir para que o actual sub-financiamento da PAC ao sector apícola seja alterado e venhamos a assistir a curto-prazo, isto é já no próximo triénio-quinquénio, a um reforço significativo dos apoios concedidos? Vejo três grandes forças a convergir para o desfecho: (i) os negociadores e decisores da distribuição sectorial dos fundos da PAC irão fazer mais ainda nesse sentido, consequência da informação científica disponível acerca da importância crítica do sector apícola enquanto motor da produtividade de muitos dos outros sectores agro-pecuários; (ii) o sector apícola europeu conquistará poder e força na competição por fundos, lado-a-lado com os outros sectores agro-pecuários, resultado de uma percepção dos cidadãos europeus cada vez mais despertos e informados da importância dos polinizadores para a qualidade e preço de uma vasta gama de alimentos que fazem parte da sua dieta diária; (iii) a crise no sector ficará mais visível ainda pelo abandono da actividade apícola e/ou não regeneração da actual geração de apicultores com a entrada de apicultores jovens, pouco motivados e estimulados a fazer a opção pela apicultura no menu de outras escolhas profissionais aparentemente mais aliciantes.

Com mais apoios ao sector como os distribuir?, que grandes eixos priorizar? Deixo algumas sugestões:

Continuação do apoio ao tratamento obrigatório do varroa (esta política parece-me que tem vantagens, se observarmos a mortalidade de colónias na UE por comparação com os EUA);

Apoio a linhas de investigação bem sustentadas e integradas em programas europeus bem planeados (forma de evitar desperdiçar fundos em investigação do tipo céu azul) no desenvolvimento e melhoramento de (novas) ferramentas de controlo de (novas) pragas, como por exemplo a vespa velutina;

Apoio a campanhas para o consumo de mel e outros produtos da colmeia de produção local, enquanto alimento de elevada qualidade, e promotores de serviços ecossistémicos locais;

Apoio ao reforço do rastreamento da qualidade de meis e outros produtos da colmeia oriundos de outros espaços económicos;

Apoios directos, como sucede noutros sectores agrícolas;

Apoios ao rendimento dos apicultores, à imagem do que sucede noutros sectores agrícolas;

Apoios à instalação e desenvolvimento de redes curtas de comercialização;

Apoios a centros de investigação e formação de nível 4 e 5 em cada um dos países-membros;

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