“84% das espécies vegetais e 75% da produção alimentar na Europa dependem da polinização das abelhas. O relatório adotado pela Comissão da Agricultura estima que elas produzem uma mais valia económica de 14 mil e 200 milhões de euros por ano.
Considerando que a Europa alberga aproximadamente 10% da diversidade mundial de abelhas; que, segundo o Instituto Nacional Francês de Pesquisa Agropecuária, a mortalidade das abelhas custaria 150 biliões de euros, o equivalente a 10% do valor de mercado dos alimentos, demonstram a necessidade de proteger estes insetos polinizadores.
Considerando que, em 2014, a Comissão atribuiu aos programas apícolas nacionais, em benefício exclusivo da apicultura, 32 milhões de euros por ano, um número que, em 2016, aumentou para 36 milhões de euros, mas ainda está longe de ser suficiente (representa apenas 0,0003% do orçamento da PAC).”
fonte: http://www.europarl.europa.eu/doceo/document/TA-8-2018-0057_ES.html?redirect
Reflexão: sabendo tudo isto… o bom decisor político deverá querer proteger este activo (as abelhas e o sector apícola), independentemente das conjunturas do momento, independentemente de o número do efectivo estar a aumentar ou a diminuir, independentemente do mercado dos produtos apícolas estar em alta ou em baixa, independentemente do sector estar bem ou mal organizado … as abelhas e outros polinizadores são um bem em si mesmas independentemente das conjunturas. Um bom decisor político não esperará que um sector com esta importância entre em crise para lhe acorrer. Este sector deverá estar sempre protegido. Um bom decisor político deverá conhecer a informação técnico-científica, consensual, isenta e objectiva para decidir a distribuição dos dinheiros públicos, mesmo que a rua esteja silenciosa. Há coisas que o bom decisor político deve fazer mesmo sem barulho nas ruas, mesmo sem alarido mediático. Um bom decisor político deverá decidir num horizonte de médio e longo prazo tendo em vista a sustentabilidade e preservação dos factores basilares do ecossistema, dos quais as abelhas e outros polinizadores fazem parte. Deve ter a coragem de fazer opções que têm um âmbito e uma projecção muito para além dos ciclos eleitorais.
Se o sector apícola português está a passar por uma crise o mau decisor político virá provavelmente dizer que os dados de que dispunha não lhe permitia antecipar a crise. Dirá que o números de existências estavam a subir, que o sector aparentava estar saudável e a crescer. Dirá que os apoios directos por colmeia, os apoios às perdas invernais e o acesso a gasóleo verde por parte dos agentes profissionais do sector não se justificavam.
O que ouvi no último fórum nacional de apicultura, em Castelo Branco, foi um representante do GPP focado e satisfeito com o aumento do efectivo apícola nos últimos anos. Ouvi o mesmo representante utilizar estas estatísticas, tão satisfacientes para ele e outros, mas provavelmente erradas, para justificar a ausência de apoios directos aos apicultores.
Não ouvi os representantes da FNAP e da CAP presentes na mesa sublinhar que entre os 36 milhões que a UE atribui ao sector e os 14 mil e 200 milhões de mais valias que o sector apícola aporta aos restantes sectores económicos estão muitos zeros de diferença. Não ouvi aos representantes da FNAP e da CAP salientar que para além de justiça elementar se trata de uma medida de inteligência económica apoiar mais seriamente este sector.