a timeline das colmeias armazém ao longo da época

Num processo continuo e circular para decidirmos onde se situa o seu início temos de o pontuar. Com o desiderato de apresentar, com a limpidez que me é possível, a timeline das operações efectuadas nas minhas colmeias armazém ao longo da época, decido pontuar o início deste processo continuo e circular nestes dias que agora correm. E é nestes dias, os dias do castanheiro, em que desbloqueio alguns ninhos de jovens colónias, retirando-lhes aqueles quadros mais velhos bloqueados com mel e pólen, que tendo sido úteis aquando da introdução de rainhas virgens ou mestreiros com rainhas prestes a emergir, se tornam agora um peso, um travão, ao seu mais rápido desenvolvimento, que dou origem às colmeias armazém.

Vista de uma pequena parte do apiário ao fundo, ornada pela folhagem e candeias da árvore mais linda do meu mundo.
Origem de uma colmeia armazém: estes quadros escuros, bloqueados com mel e pólen, sairam do ninho de uma jovem colónia. São armazenados neste sobreninho até que venham a ser colocados durante o outono-inverno em colónias com as reservas em baixo.
Quadro com poucas reservas que foi substituído por outro com reservas mais abundantes (foto 27.02.2020).

No final do inverno/entrada da primavera estas colónias armazém vão evoluindo gradualmente, respondendo às necessidades decorrentes do crescimento linear das colónias dedicadas à produção. Passam a armazenar os quadros semi-bloqueados e com criação predominantemente operculada, retirados daquelas.

Colmeia armazém (foto de 15-04-2020).
Exemplo de um quadro semi-bloqueado, típico do ninho de uma colónia dedicada à produção, à saída da primeira quinzena de fevereiro (foto de 17-02-2020).

Uma a duas semanas após a colocação destes quadros nas colmeias armazém, inicio os desdobramentos com recurso à técnica Doolittle.

Colocação da grelha excluidora com a rainha no ninho.
Um caso de aplicação da técnica Doolittle para desdobrar. Em primeiro plano o núcleo para onde transferi as abelhas e 3 quadros com criação e 2 com reservas retirados do sobreninho

Com o avançar da época, para o meio da primavera estas colónias vão sendo gradualmente adaptadas ao fluir da época. Deixam de estar direccionadas para os desdobramentos e evoluem para a produção de mel.

Estas colónias Lusitana vão receber gradualmente quadros com cera laminada no sobreninho, que continuará separado do ninho por uma grelha excluidora de rainhas. O néctar será armazenado nestas ceras novas. Tal permitirá obter mel com as características organolépticas tão apreciadas pelos meus clientes e amigos, muitos dos quais o têm eleito como primeira opção nos últimos dez anos.
Foto de ontem (27-06) de um quadro de um sobreninho de uma colónia armazém.
Quando tudo é feminino… o melhor mesmo é terminar a publicação. Melhor fim não conseguirei, nem que escreva 100 anos acerca de uma linha de tempo, que parecendo linear sempre foi circular. Naquele recanto do apiário, com vista de uma pequena parte do apiário ao fundo, ornada pela folhagem e candeias da árvore mais linda do meu mundo, continuo, agora, a tirar a mesma fotografia.

duas novidades e… mais do mesmo

Hoje, dia 26 de junho, à entrada do verão voltei às abelhas. Após quase 15 dias de férias, voltei! Por lá andei das 10h00 às 13h00, a fazer o maneio que me apeteceu fazer, que devia fazer e que não me cansou fazer; isto tudo num assento com cerca de 40 colónias, entre núcleos, colónias novas em desenvolvimento não dirigidas à produção e colónias orientadas para a produção. Para o final da tarde iremos às restantes 50 estacionadas neste apiário.

O assento com 40 colónias.
A primeira novidade: “Sem ternura a vida não é lá grande coisa!” (“Meu pé de laranja lima”- José Mauro de Vasconcelos)
O tratamento intermédio… porque a varroa não dorme, não tem fins-de-semana, nem tira férias.
Palmerização de núcleos e fortalecimento de colónias em produção.
Com a marcavala a secar e as silvas e candeias do castanheiro a abrir, é tempo de colocar mais meias-alças/alças.

o comportamento das abelhas no interior da colmeia: imagens inéditas

Muito recentemente foi publicado na revista Plos One um artigo muito interessante com o título Honey bee behaviours within the hive: Insights from long-term video analysis. Como o próprio título indica com recurso a imagens de vídeo foi observado e analisado o comportamento das abelhas no interior da própria colmeia. Esta publicação apresenta em baixo alguns desses vídeos. Só para amantes!

O equipamento utilizado.
O momento da oviposição.
A eclosão da larva a partir do ovo.
Alimentação boca-a-boca de uma larva.
A produção de escamas de cera e a construção do favo.
Descarga, armazenamento e humidificação do pólen.
Comportamento de higiene das abelhas: o consumo de varroas imaturas.

fonte: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0247323#pone.0247323.s001

o programa apícola francês ou je suis français

Como em Portugal, o setor apícola francês beneficia de apoio financeiro no âmbito de um programa europeu, regido pelo regulamento (UE) 1308/2013 (OCM única), regulamentos (UE) 2015/1366 e 2015/1368 e pela decisão do Diretor-Geral da FranceAgriMer INTV SANAEI 2019-17.

Como o programa apícola português, definido para um triénio, o programa apícola francês prevê ajudas de carácter colectivo, que têm como objectivo a implementação de ações que visem a melhoria da produção e comercialização dos produtos apícolas:

  • assistência técnica e formação;
  • a luta contra agressores e doenças da colmeia;
  • pesquisa aplicada;
  • análises de mel;
  • melhoria da qualidade do produto.

Contudo, ao contrário de programa apícola português, o programa francês prevê ajudas directas aos apicultores nestas duas rubricas:

  • racionalização da transumância;
  • ajuda para manter e reforçar o efectivo apícola.

Por exemplo, os apoios à transumância têm como objetivo financiar equipamentos para modernizar os apiários e reduzir a árdua tarefa inerente às operações de transumância, sendo investimentos elegíveis para apoio os abaixo descriminados:

  • Grua;
  • Empilhadores todo terreno de 4 rodas ou esteira;
  • Reboque;
  • Plataforma elevatória;
  • Layout da plataforma do veículo;
  • Paletes;
  • Moto-roçadora ou roçadora com rodas;
  • Preparação de locais de transumância;
  • Balanças eletrónicas controláveis ​​remotamente.

As taxas de ajuda podem atingir 40% no máximo do montante, excluindo impostos sobre o investimento elegível efetivamente realizado. O tecto de investimento está definido a três anos:

  • Até 150 colmeias declaradas: € 5.000 sem impostos;
  • Mais de 151 colmeias declaradas: € 23.000 sem impostos.

Por cá, o estado paternalista, com pelo menos 95 anos — 48 antes do 25 de abril e 47 anos depois do 25 de abril—, continua a achar que os cidadãos não sabem onde, como e quando investir e aplicar o dinheiro dos apoios. E vai fazendo cada vez mais o papel de um pai esclorosado e demente!

por detrás deste blog estás tu, meu filho.

Por detrás deste blog estás tu, meu filho. Foste tu que, com a tua mestria e dedicação, me permitiste materializar esta vontade de escrever umas linhas sobre apicultura. És tu que, fora do palco, me ajudas a ultrapassar prontamente alguns problemas técnicos que vão surgindo a espaços. Sem ti, este blog seria uma frequente dor de cabeça, um aborrecimento, um peso…

Sobre ti posso dizer-te duas ou três coisas que considero essenciais neste momento em que as escrevo. 

A minha vida e o meu sentir mudaram no momento em que nasceste. Logo ali, naquele momento único e irrepetível, senti uma mudança interior. Foi logo ali que senti que o jogo da minha vida tinha passado para outro patamar, que a responsabilidade agora tinha entrado noutro campeonato. Agora a missão era criar-te. Missão mais exigente e arriscada, mas mais nobre e cheia de significado. A minha vida ganhou outra tração. 

Sobre ti, posso ainda dizer que consegues fazer praticamente tudo em que te empenhas verdadeiramente. Pouco ou nada te atemoriza, pouco ou nada te tolhe. Tens a inteligência e as ganas para seguir o TEU caminho. Tens a coragem e o instinto para cumprir o teu destino, traçando-o e construindo-o, não te submetendo a ele. Na tua área de trabalho, muito específica e inovadora, estás entre os melhores do mundo. Vivendo em Portugal, és genuinamente um cidadão do mundo. 

Dizer apenas mais isto… o teu coração é equilibrado pela tua razão, e tua razão não é sem teu coração. O que fazes faze-lo de forma apaixonada, planeada, devidamente ponderada, quase até à tua exaustão, e faze-lo porque o QUERES fazer assim. O teu combustível é a paixão que te obrigas a colocar em quase tudo o que fazes! Vives o teu dia-a-dia numa dimensão volitiva, de desejo intenso, de vontade focada, puxado pelos teus motivadores intrínsecos e fluindo, como o voo de uma abelha num campo florido, entre os teus motivadores extrínsecos. 

Como te AMO e como me sinto orgulhoso em ser teu pai! Um beijo, daqueles que os pais dão, meu filho!

Gostas de música e és muito eclético nas tuas escolhas, o que me revela bem a tua complexidade interior. Partilho algumas das que gostas: 

o plano reprodutivo pode mediar os efeitos da seleção ao nível da colónia no comportamento individual de forrageamento em abelhas

Nesta publicação apresento o sumário e um pequeno excerto de um artigo que procura esclarecer, do ponto de vista genético e evolutivo, o que determina o polietismo* presente em diversos insectos sociais, como no caso da abelha melífera. Este estudo sugere que o polietismo é função de genes com características pleiotrópicas** derivados de um plano reprodutivo básico. À imagem dos insectos solitários, o polietismo nos insectos sociais será a expressão sequencial das fases do ciclo reprodutivo que, estando inibido ao nível individual nas obreiras estéreis, não deixa de se manifestar e expressar na plasticidade e na sequência de tarefas que as abelhas melíferas vão realizando ao longo de sua vida, ao nível da colónia. As obreiras evoluem na realização de tarefas ao longo de sua vida, seguindo uma determinada sequência, de acordo com um determinismo genético, que mimetiza comportamentalmente um plano reprodutivo básico.

Sumário: O fenótipo ao nível da colónia de uma sociedade de insetos emerge de interações entre um grande número de indivíduos que podem diferir consideravelmente na sua morfologia, fisiologia e comportamento. Os mecanismos imediatos e finais que permitem a formação desse sistema integrado e complexo não são totalmente conhecidos, e a compreensão da evolução das estratégias de vida social é um tópico importante na biologia de sistemas. Em insetos solitários, comportamento, sintonia sensorial e fisiologia reprodutiva estão ligados. Essas associações são controladas em parte por redes pleiotrópicas que organizam a expressão sequencial das fases do ciclo reprodutivo. Aqui, investigamos se associações semelhantes dão origem a diferentes fenótipos comportamentais numa casta de obreiras eussociais. Nós documentámos que a rede genética pleiotrópica que controla o comportamento de forrageamento em operárias melíferas funcionalmente estéreis (Apis mellifera) tem um componente reprodutivo. Associações entre comportamento, fisiologia e sintonia sensorial em operárias com diferentes estratégias de forrageamento indicam que as arquiteturas genéticas subjacentes foram projetadas para controlar um ciclo reprodutivo. Os circuitos genéticos que constituem o “plano básico” regulatório de uma estratégia reprodutiva podem fornecer blocos de construção poderosos para a vida social. Sugerimos que a investigação deste plano básico (ground plan) desempenha um papel fundamental na evolução das sociedades de insetos sociais.

[…]

Acredita-se que a pleiotropia desempenhe um papel importante na integração fisiológica e comportamental. A pleiotropia facilita a expressão coordenada de fenótipos temporais complexos ao longo do ciclo de vida de insetos solitários por meio de interruptores reguladores capazes de controlar um grande número de genes. Pelo menos em parte por causa desse mecanismo, os diferentes estágios do ciclo reprodutivo feminino, ou seja, a fase pré-vitelogénica, vitelogénese, oviposição e cuidado da cria (se aplicável), constituem uma sequência coordenada de eventos comportamentais e fisiológicos associados. Em alguns himenópteros sociais, a divisão temporal do trabalho parece ser sobreposta a um ciclo de desenvolvimento do ovário rudimentar em que indivíduos jovens dedicados à criação têm ovários levemente desenvolvidos ou poem ovos tróficos, e ovários pouco desenvolvidos estão associados ao forrageamento. Isso pode indicar que os circuitos reguladores subjacentes à divisão temporal do trabalho em insetos eussociais são derivados de um plano reprodutivo básico [isto é, o plano básico ovariano sugerido por West-Eberhard].

fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC509206/

Polietismo*: a mudança de função/tarefas é idade-dependente e é um dos traços mais característicos das sociedades das abelhas melíferas, Apis mellifera L. 

**Pleiotropia (do grego pleio = “muito” e tropo = “mudança”) é o conjunto de múltiplos efeitos de um  gene. Acontece quando um único gene controla diversas características do fenótipo que muitas vezes não estão relacionadas. […] Ao efeito inverso, quando múltiplos genes controlam a mesma característica, dá-se o nome de Hereditariedade poligénica, Interacção génica ou, ainda Herança quantitativa. Um caso de interação gênica é a epistasia. Epistasia é quando um par de alelos inibem a ação de um outro par, impedindo assim que a característica seja formada. in https://pt.wikipedia.org/wiki/Pleiotropia

fazendo ovos das omeletes

Em diversas situações o meu caminho, estratégia e maneio vai em sentido contrário ao saber estabelecido. Esta publicação serve para deixar explícito que estou muito consciente, que estou a par e conheço relativamente bem esse saber estabelecido. Serve ainda o propósito de afirmar que dar o primeiro passo para fora dessa zona de conforto, entrar numa zona onde a magia acontece, foi uma grande vitória pessoal. Foi em boa medida este o percurso que sustenta meu sucesso como apicultor; apicultor que vive exclusivamente da apicultura há mais de dez anos. E o meu sucesso dependeu e depende de duas coisas simples, ao alcance de todos: muita transpiração e alguma inspiração/imaginação.

Num ano que muitos rotulam de escasso, com pouco mel, este é o resultado de 90% de transpiração e 10% de inspiração. Tudo se encaminha para que seja um dos meus melhores anos em termos de produção média por colónia.

Vejamos agora dois casos concretos que ilustram este caminho, várias vezes ao arrepio do saber estabelecido:

  1. O caso das colmeias armazém: cerca de 10% do meu efectivo (langstroth e lusitana) passa o outono-inverno na configuração ninho+sobreninho.
Verifiquei na inspecção de 4 de março que esta colónia Langstroth, que passou o outono-inverno na configuração ninho+sobreninho, tinha a rainha em postura no sobreninho. Um indicador que poderia “aguentar” com a colocação de excluidora depois de previamente colocar a rainha no ninho, coisa que fiz no dia 9.

Hoje estava assim, de baixo a cima:

2. O caso dos núcleos doadores de quadros a colónias em produção: em baixo a ilustração da palmerização de um núcleo, que doa quadros com criação fechada às colónias em produção, ou a colónias com rainhas fecundadas muito recentemente.

Este quadro é de uma colónia estabelecida num núcleo de 5 quadros. A postura é da responsabilidade de uma rainha emergida de um mestreiro de enxameação que enxertei cerca de um mês e meio atrás. Este quadro tem de um lado e do outro cerca de 7 mil abelhas para emergir nos próximos dias — um núcleo bem povoado tem uma população de cerca de 10 mil abelhas. Foi desta rainha e da sua utilização que um idiota credenciado gozou no Facebook para promover as suas rainhas. Ele que mostre o que faz como eu mostro o que faço, e que se deixe de garotices.

aspectos do maneio à entrada do verão ou tratar de forma desigual o que é desigual

Um enxame de abelhas pode ser analisado a diversos níveis, os mais usuais são o nível do indivíduo e o nível do super-organismo. Como cada abelha per si não tem potencial de sobrevivência, uma boa parte das análises são feitas ao nível do enxame — super-organismo. O nível do enxame é também onde, como apicultor, me coloco na observação e maneio das minhas colónias.

Chega a altura este ano de tirar as grelhas de entrada das minhas colónias a 900m de altitude. Até cerca dos 25-27 ºC de temperatura máxima por norma deixo estar as grelhas. Sobre a ventilação das colónias sei muito pouco, e creio que a ignorância é geral, apesar de todos termos opiniões e preferências — é dos temas mais complexos da apicultura mobilista. Se no inverno estas grelhas são essenciais para evitar que os ratinhos do campo entrem nas minhas colmeias, até as temperaturas rondarem 13-15ºC nocturnos e os 25-27ºC diurnos (e as temperaturas mínimas mandam muito no meu maneio, num território com grandes amplitudes térmicas) tenho observado que contribuem frequentemente para ter criação até ao fundo dos quadros, por comparação com colmeias sem as grelhas, onde observava pouca criação na parte inferior dos quadros.
Sobre a ventilação superior tenho optado por esta solução na última meia-dúzia de anos. Tapo 2/3 do óculo da prancheta. O ar quente vindo debaixo sai na mesma e, ao mesmo tempo, as abelhas têm possibilidade de tapar esta pequena fresta se assim o desejarem. Elas, melhor que eu, sabem o que fazer. Tenho verificado que há colónias que propolizam totalmente o terço de abertura que fica, outras pouco propolizam, e outras deixam um pequeno buraco do tamanho de corpo de uma abelha no meio de uma massa de própolis por onde vejo sair uma ou outra abelha. Que concluir desta diversidade comportamental? Para já apenas isso, que é diversa, que não há uma e melhor solução igual para todas as colmeias, mesmo estando no mesmo apiário!
Colocação das redes de captura do própolis — o produto da colmeia mais nobre, ideia que cresceu em mim neste ano de Covid.
Verificação da quantidade de geleia de obreira disponibilizada às larvas.
Quadro com algumas reservas, à esquerda — mel e pão de abelha —, substitui um quadro seco numa jovem colónia. Numa colónia madura, já estabelecida, estaria muito provavelmente a fazer o contrário.
Com tanta abelha para nascer e tanta larva para nutrir este cuidado faz muito sentido para mim numa colónia jovem, com pouco tempo de vida para apresentar um nível confortável de reservas de mel e pão-de-abelha .
A colónia que foi sujeita à técnica Demaree, observada ontem à entrada do verão.
Mel no sobreninho da colónia submetida à técnica Demaree, muito provavelmente de Erica arborea. Falta ainda o fluxo do castanheiro e a melada da azinheira para se lhe juntar. O produto final é complexo e raro! Esta colónia que esteve à beira de enxamear, que por essa razão foi sujeita a uma abordagem diferente, prepara-se para produzir 25-30 kgs de mel.
Compacidade na postura de uma rainha de uma linha precoce (há quem lhes chame linha de enxameação). Estas, pelas suas características mais explosivas, precisam de ser drenadas de quadros com criação um pouco mais frequentemente. Este quadro foi transferido para uma colónia em produção. As linhas precoces a produzirem mel, ainda que indirectamente, pela grande quantidade de abelhas prestes a nascer que dão às colónias em modo de produção! Este quadro tem perto de 6 mil abelhas para nascer.

Tratar de forma igual o que é igual, tratar de forma diferente o que é diferente, é um principio orientador no maneio que vou fazendo por estes dias, assim como também noutras épocas do ano.

a regra não menos de 8

Nesta época do ano, e no território onde se situam os meus apiários, as principais florações nectaríferas têm um período relativamente curto. A da marcavala dura aproximadamente 2 a 3 semanas e a do castanheiro sensivelmente o mesmo. Por esta razão as colónias devem estar muito bem povoadas para aproveitarem estes fluxos intensos mas de curta duração.

Tendo já passado o período crítico da enxameação reprodutiva, deixo de seguir a regra não mais de 6, para passar a seguir a regra não menos de 8 quadros de criação no ninho. Para a alcançar utilizo cada vez mais aqueles núcleos com enxames que foram feitos na primeira ou segunda semana de maio. Servem-me de fonte para aí retirar quadros com áreas extensas de criação operculada que são de imediato colocados em colmeias dedicadas à produção de mel.

Núcleo que doou um quadro com criação operculada e recebeu um quadro com cera laminada.
Colónia em produção que recebeu o quadro com criação operculada.
De forma cada vez mais sistemática os meus apiários são formados com colónias dedicadas à produção de mel, núcleos doadores e colmeias armazém.
Formação de uma colmeia armazém. Os quadros de cera laminada irão sendo colocados gradualmente nos núcleos à velocidade a que estes forem chamados a doar quadros repletos de criação a emergir. As colónias armazém que formo nesta altura do ano receberão os quadros bloqueados ou semi-bloqueados com pólen e mel.
Nesta colónia dedicada à produção de mel o quadro da esquerda foi substituído pelo da direita.
Nos núcleos doadores — que estou a palmerizar — decidi pela primeira vez avançar já com o tratamento contra a varroose. Como não vão produzir mel, pretendo que os quadros com criação levem o menor numero possível de varroas para as colónias em produção que os vão receber.
Colónias Langstroth que estão no território há pouco mais de duas semanas. Ontem coloquei a segunda meia alça na maioria delas. Correndo normalmente o resto do fluxo da marcavala, assim como o do castanheiro, que vai iniciar-se dentro de cerca de 10 dias, conto colocar na maioria delas a terceira meia alça para a encherem.

as flores, as abelhas, o armazenamento… o tempo é agora

Rubus ulmifolius (silva).
Jasione montana.
Digitalis purpurea.
O meu enxame mais belo (a subjectividade é, por vezes, a melhor forma de objectividade)!
A postura de uma rainha oferecida por um criador amador. (by David Marques)
O armazenamento numa caixa colocada por cima de uma excluidora. Felizmente as minhas abelhas não leram o capítulo do livro de apicultura que diz que as excluidoras de rainhas são também excluidoras de néctar!
Venha a terceira que a segunda está feita… apesar de conformada à “regra não mais de 6” durante o período da enxameação reprodutiva! As minhas abelhas sorriem ao Farrar… há já vários anos.

Notas: As fotos são de ontem, 02.06.2021, tiradas em dois apiários situados a 600m de altitude.

“Agora é o único tempo que conheço”( by Fever Ray).