vespa velutina: categorias de armadilhas e determinantes das escolhas

“Todas as técnicas […] têm seus prós e contras, e podem ser divididas em duas categorias principais: aquelas que afectam o ninho da V. velutina e larvas (por ex. “técnica Judas”, triangulação para localizar ninhos, colocação de sensores no vespão, localização de ninhos com recurso a drones, radar harmónico, iscos envenenados, controlo biológico, siRNA, Crispr-Cas9 ) e aqueles que só afectam as vespas obreiras (raquetes, todas as armadilhas de captura de obreiras, redes à entrada das colmeias, etc.). Considerando que um ninho de V. velutina abriga 1.500 a 2.500 vespas e produz 12.000 a 15.000 vespas durante uma estação, é óbvio que métodos destinados a localizar ou destruir os ninhos à distância devem ser privilegiados em termos de eficiência (Rome et al. 2015).

As opções de escolha dependem se se é um apicultor em busca de soluções simples, rápidas e baratas, ou um cidadão incomodado pela V. velutina ou sensível à ameaça atual aos polinizadores, ou mesmo um decisor político que deve tomar decisões estratégicas. De fato, uma combinação de várias das técnicas descritas aqui geralmente é a melhor escolha.


No que diz respeito aos apicultores, o custo do tratamento (ácaros, traças, cria podre, etc.) já é bastante alto, e é difícil prever investimentos adicionais em armadilhas ou dispositivos caros. Portanto, muitos deles usam armadilhas caseiras ou iscas envenenadas. Essas armadilhas não são muito seletivas e eficazes, e até contraproducentes, se colocadas perto das colmeias. Se um apicultor insistir em colocar armadilhas, seria útil colocá-las distantes do apiário. De fato, parece que as vespas são atraídas pela isca, mas rapidamente se concentram nas abelhas. As iscas de carne/peixe envenenadas por biocidas são mais seletivas, pois atraem apenas insetos carnívoros, se não acessíveis a animais carnívoros terrestres ou aves. No entanto, sua principal desvantagem é que eles podem levar à disseminação dos biocidas utilizados. Embora o nível de biocidas disseminados por estas práticas esteja bem abaixo do que geralmente é usado no tratamento das culturas, as larvas contaminadas podem entrar na cadeia alimentar se os ninhos não forem removidos após serem envenenados. Assim, neste caso, os biocidas de baixa premanência devem ser preferidos.

Os cidadãos confrontados com os vespas ou conscientes de seus danos devem ter em mente que o pouco que podem fazer sem arriscar ameaçar a entomofauna ou o meio ambiente é, em caso de descoberta de ninhos, informar sua administração local […]. No entanto, em caso de grande inconveniente, podem equipar os jardins com uma armadilha o mais seletiva possível (armadilhas caseiras com saídas para os insetos menores), […], mas devem estar cientes de possíveis efeitos colaterais na entomofauna. O uso de armadilhas envenenadas não é recomendado, pois apresenta riscos para os utilizadores, mas também para possíveis vítimas colaterais (animais selvagens, animais domésticos, crianças). As raquetes elétricas comerciais normalmente destinadas a mosquitos podem ser eficazes nas operárias, mas é necessário esmagá-las, pois elas recuperam rapidamente.

Por fim, no que diz respeito aos decisores, há que recomendar que invistam muito rapidamente na pesquisa e na busca de soluções para destruir de maneira limpa os ninhos de vespas. De fato, essa estratégia é de longe a mais eficiente, a mais barata e a mais segura para o ambiente, […] Esperemos que as instituições nacionais e europeias tomem consciência rapidamente da extensão deste problema e invistam seriamente para limitar a disseminação de vespas de patas amarelas que já ameaçam toda a Europa.”

fonte: Options for the biological and physical control of Vespa velutina nigrithorax (Hym.: Vespidae) in Europe: A review

Nota: Na próximas publicação irei apresentar propostas e hipóteses de novas armas e novas estratégias para fazer frente à velutina. Em regra estas novas armas pressupõem um investimento pesado em Inovação e Desenvolvimento, e portanto exigem a coordenação e fundos que deverão ser europeus para evitar replicar trabalho e gasto de recursos de forma desnecessária. Entre estas novas armas, umas mais desenvolvidas que outras, destacam-se as armadilhas com feromonas específicas, localização de ninhos com recurso a drones e sensores, radar harmónico para localização de ninhos, controlo biológico, siRNA e Crispr-Cas9.

Armadilha com recurso a feromonas sexuais específicas para atrair machos de vespa velutina.

vespa velutina: novas armas precisam-se

“Outra omissão notável da lista da União Europeia de espécies exóticas invasoras é a vespa asiática de patas amarelas, Vespa velutina nigrithorax (ver J. Pergl et al. Nature 531, 173; 2016). Desde sua chegada à Europa, há mais de uma década, esse voraz predador de abelhas já causou mortes humanas por causa de sua picada (ver K. Monceau et al., J. Pest. Sci. 87, 1–16; 2014).
O impacto do vespão é severo nos países do Mediterrâneo, onde a apicultura é uma fonte crucial de renda. Os apicultores locais têm seus próprios métodos de erradicação improvisados (como armadilhas caseiras), mas que matam também outros insectos polinizadores.
A espécie precisa ser oficialmente classificada como invasora em todos os países europeus, para que fundos possam ser aplicados no seu estudo e controle. As campanhas públicas são essenciais para aumentar a consciencialização e a compreensão das pessoas sobre essa ameaça – por exemplo, sobre as diferenças entre espécies de vespas, muitas das quais são vitais para as funções e serviços do ecossistema.
Precisamos urgentemente de um plano coordenado da UE para controlar esta invasão de vespas e mitigar seus impactos económicos e ecológicos potencialmente graves.”
Frederico Santarém, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO-InBIO).

… para deixarmos de andar a lutar com fisgas (as nossas armas de momento) contra carros de assalto (as velutinas). Até ao momento a expansão pelo território europeu tem sido imparável, o que demonstra bem que outro arsenal é necessário para a controlar e até erradicar. Para tal é necessário investir seriamente em soluções diferentes, alternativas e complementares, resultantes de inovação e desenvolvimento.

os impactos económicos, ambientais e sociais da vespa velutina em França

“Os desafios relacionados com o controlo deste predador [vespa velutina] são de vária ordem:

(i) económico: os serviços de polinização de abelhas são estimados em 1,5 mil milhões de euros/ano e a perda direta dos apicultores é calculada ultrapassar os 100 milhões de euros/ano, ambos apenas para a França;

(ii) ambiental: danos às abelhas, polinizadores e fauna endémica de insectos; e

(iii) saúde pública: vários óbitos/ano, embora o número de casos não pareça adequar-se completamente à expansão de V. velutina (de Haro et al., 2010; Viriot, Sinno-Tellier & de Haro, 2015).

Se hoje é ilusório tentar eliminar esta espécie, é claro que um controle focado poderá reduzir sua expansão e, portanto, seu impacto. Atualmente, não existem estudos disponíveis sobre o impacto da predação por V. velutina na atividade das colónias de abelhas europeias. No entanto, um estudo realizado na China mostrou que a presença deste predador poderá reduzir a atividade de forrageamento até 79% (Tan et al., 2013). […]

[…] o controle atual do vespão asiático é baseado na localização visual e supressão dos ninhos. Este controlo é limitado porque a sua localização preferida, no alto das árvores e baixa visibilidade na primavera-verão devido à folhagem, de modo que menos de 5% do ninho de vespas são avistados (Robinet, Suppo, Darrouzet e Diekotter, 2017). Esse controle direcionado deve limitar fortemente a predação exercida pela V. velutina em apiários e em locais sensíveis (escolas, mercados de peixe/carne, praias etc.) e, portanto, limitar seu impacto económico e social.[…]

Apesar das advertências da comunidade científica (Salles, 2016), as autoridades francesas e europeias não parecem muito preocupadas com a progressão deste predador (Santarém, 2016). Apenas alguns programas de pesquisa sobre o controle de V. velutina (Decante, 2015; Milanesio et al., 2016) (IRBI-Universidade de Tours, França; Universidade de Turim, Itália; INRA- Bordeaux, França; MNHN-Paris, França ) e algumas iniciativas institucionais locais (notavelmente o “Plano Frelon 06” do Conselho de Departamento dos Alpes Marítimos) com o objetivo de localizar e destruir ninhos foram financiadas até agora. Enquanto isso, nossos colegas da Nova Zelândia lançaram grandes projectos de pesquisa com o objectivo de reduzir a população de V. germanica e V. vulgaris (Barlow et al., 1998; Beggs et al., 2008; Fan et al., 2016; Fan et al., 2016; Ward, 2014) , cuja ameaça provavelmente não é tão grande. Isso enfatiza o facto de que investimentos sérios em pesquisa devem ser feitos rapidamente.” (sublinhado meu)

fonte: Options for the biological and physical control of Vespa velutina nigrithorax (Hym.: Vespidae) in Europe: A review

opções para o controle biológico e físico de Vespa velutina nigrithorax na Europa: uma revisão

Inicio uma série de publicações de revisão de algumas das mais populares opções utilizadas para o controle da vespa velutina, também conhecida por vespa asiática, socorrendo-me deste artigo: Options for the biological and physical control of Vespa velutina nigrithorax (Hym.: Vespidae) in Europe: A review (agradeço ao Prof. Paulo Russo de Almeida e ao Dr. João Gomes a ajuda dada).

“Sumário : Recentemente, o economista ambiental JM Salles (Salles, 2016) declarou que “o vespão asiático provavelmente era o inseto invasor mais ameaçador em França”. Treze anos após a introdução acidental em França, o vespão asiático (Vespa velutina nigrithorax) invadiu a maioria dos países da Europa Ocidental. Até agora, pouco foi feito para limitar sua progressão e seu impacto económico, ecológico e social. Embora seja ilusório tentar erradicar essa espécie, sabe-se que um controle direcionado limitará sua tendência ameaçadora. O atual controle da V. velutina na França baseia-se principalmente em (i) captura voluntária em larga escala pelos cidadãos e (ii) detecção voluntária do ninho. A avaliação das estratégias de armadilhas desenvolvidas até o momento para controlar a expansão de V. velutina destacou sua falha e demonstrou a necessidade de otimizar as técnicas de detecção de ninhos e investigar novas estratégias de controle. Esta revisão descreve a maioria dos meios destinados a controlar a predação e expansão de V. velutina, independentemente de terem sido cientificamente avaliados ou testados apenas em campo com razoável sucesso . Métodos de controle prospectivo publicados e técnicas de controle biológico também são apresentados.”

vespa velutina: impacto das armadilhas de primavera num concelho da Galiza

Apresento em baixo extractos de uma notícia acerca dos resultados muito positivos alcançados em 2018 num concelho da vizinha Galiza na luta contra a velutina. A estratégia passou pela colocação de inúmeras armadilhas para capturar o maior número possível de fundadoras, com a participação alargada dos munícipes/fregueses, e com a intervenção/assessoria técnica de uma empresa especializada. Neste ano de 2019 a estratégia vai ser melhorada com a colocação de armadilhas mais selectivas (com entradas de 8 mm) para evitar o mais possível os impactos negativos desta prática na restante entomofauna.

Estes dados aparentemente divergem dos dados apresentados pelos especialistas e autoridades francesas acerca do impacto das medidas de colocação massiva de armadilhas para capturar fundadoras à saída da invernagem. Este tipo de divergência aparente é muito frequente quando as realidades observadas não são exactamente iguais (por ex. se as populações avaliadas já atingiram o seu ponto de equilíbrio), os períodos de recolha de dados não são os mesmos, a extensão geográfica das áreas avaliadas não é equivalente, quando os protocolos de acção e de observação/quantificação são diferentes e/ou por um conjunto de outras variáveis ainda desconhecidas. Nesta área falta conhecimento sólido porque em grande medida falta também investimento na criação de equipas de especialistas com as ferramentas e pré-requisitos necessários à produção desse conhecimento.

No imediato, quem desejar contribuir para a captura das vespas fundadoras deve, na minha opinião, ter em consideração um dado que é consensual: as armadilhas devem ser o mais selectivas possível por forma a minimizar os impactos negativos sobre os insectos não-alvo que uma utilização massiva implica.

“No ano 2017 retiramos máis de 400 niños e houbo unha afectación moi importante sobre a produción de mel no municipio. Por iso o ano pasado decidimos actuar desde o Concello. Puxemos case 300 trampas. Fixémolo directamente, con persoal de Protección Civil, pero asesorados tecnicamente pola empresa Serpa. Era o primeiro ano que trampeabamos, foi como unha experiencia piloto, e os resultados foron moi positivos. Pasamos de retirar máis de 400 niños en 2017 a só 73 no 2018. É certo que foi un peor ano para elas polas condicións climatolóxicas que se deron, pero aquí ao lado, no concello de Viveiro non trampearon e, coa mesma superficie que O Valadouro, uns 110 quilómetros cadrados, retiraron 529 niños[…].

Un dos efectos negativos do trampeo masivo é a captura doutras especies de insectos que, a diferenza da vespa asiática, son positivos. Para tratar de minimizar estas consecuencias sobre a biodiversidade reduciron ao máximo o tamaño dos orificios de entrada. “O importante no trampeo é facelo o máis selectivo posible. Cun oco de 8 milímetros de diámetro evitas que entren mariposas ou outros insectos beneficiosos[…].

Para activar de novo este ano o programa de captura de raíñas, o Concello celebra este sábado unha xuntanza formativa á que está convidada toda a veciñanza. Da parte técnica encargarase José María Vázquez, xerente da empresa Serpa, especializada na loita contra a velutina.”

fonte: http://www.campogalego.com/apicultura/o-valadouro-un-concello-que-logrou-reducir-un-83-a-presenza-da-vespa-velutina/?fbclid=IwAR0tWiQKCPh-QToWTSvjAvueV6CDDQEWkeNCJzQwdLRo1KDONcG5rlD5eJU

vespa velutina: impacto das armadilhas de primavera

Em algumas regiões de França, a monitorização do impacto no número de ninhos resultante da utilização de armadilhas para a captura das primeiras velutinas fundadoras e obreiras não são animadores. A minha esperança é que estes dados estejam errados. Caso estejam correctos, parecem apontar para uma estabilização do número de ninhos ao longo dos anos independentemente de uma maior ou menor intensidade nas acções de captura de fundadoras à saída da invernagem.

Rede de monitorização e controlo montada na região de Pays-de-la-Loire
Outono de 2008: 1 vespão identificado no sul de Vendée.
Início de 2009: montagem de uma rede de monitorização e controle (organização e treino, supervisão de caçadores, perícia, coleta de informações confiáveis).
Primavera de 2009: captura de fundadoras com um número limitado de “armadilhas seletivas de cerveja” num raio de 30 km em torno da área onde foi identificado o primeiro adulto em 2008.
Balanço 2009 => Nenhuma fundadora capturada, 12 ninhos descobertos
2010: distribuição de 400 armadilhas “seletivas” entre caçadores treinados e apicultores voluntários. Armadilhas colocadas perto de apiários. Ampla informação pública.
Avaliação 2010 => 6 fundadoras capturadas, 195 ninhos identificados.
2011: renovação do plano de vigilância e luta de 2010.
Balanço de 2011 => aprox. 10 fundadoras capturadas, 485 ninhos identificados.

Operação de armadilhagem intensiva na cidade de Bordeaux
(Rome et al., 2013)
Desde 2007: Implantação de uma alta densidade de armadilhas de fevereiro a abril (exemplo: 15.000 armadilhas / 550 km2 em 2009)
Balanço final => Vários milhares de fundadoras capturadas em cada ano, mas o número de ninhos encontrados permanece estável: 300 / ano

2007 a 2011: muitas experiências semelhantes foram realizadas a uma escala comunal ou departamental (Dordogne, Gironde, Morbihan, etc.)
Balanço => densidade de ninhos encontrados estável.

2007 a 2009: nenhuma campanha de captura maciça em Lot-et-Garonne
Balanço => número de ninhos detectados é metade em 2007/2008 (609 para 267). Ligeira recuperação do número de ninhos em 2009.

Conclusão: Nenhuma campanha de armadilhagem na primavera parece eficaz na redução da densidade de colónias de vespas asiáticas.
As diminuições são devidas ao clima (inverno) e à estabilização natural das populações.

Feedback sobre outras vespas invasoras
Vespa germânica (Vespula germanica) introduzida na Nova Zelândia.

Única forma de diminuir a densidade = destruição quase total de todos os ninhos.
Armadilhas de captura de fundadoras (outono ou primavera) = ineficaz
Cálculo da taxa de mortalidade dos diferentes estágios de desenvolvimento das colónias de vespas (Vespula germanica e V. vulgaris):
1% das fundadoras poderão fundar uma colónia no ano seguinte
95% de mortalidade no inverno + 4% de mortalidade na primavera (competição).
Usurpação de ninhos primários muito comuns em vespas (30% das colónias com ninhos usurpados).
Em média, 12 mudanças de fundadoras por ninho.
Frequência de usurpação aumenta com a densidade das fundadoras no local.”

fonte: https://www.concarneau-cornouaille.fr/files/ACTUALITES-2018/04-Avril/FrelonAsiatique_AChevallierV2018red.pdf

vespa velutina : uma armadilha muito selectiva

Apresento em baixo uma outra solução [uma grande esperança entre alguns apicultores franceses] para capturar as rainhas das vespas velutinas após a saída do período de hibernação e que, segundo os seus proponentes (Denis Jaffré e outros), apresenta uma elevada selectividade, a caixa autónoma de captura preventiva e selectiva.

Fig. 1. Caixa autónoma de captura preventiva e selectiva

Os módulos de acesso selectivos ou JABEPRODE (acrónimo francês pelo qual são conhecidos) vão ser fixados na Caixa autónoma de captura preventiva e selectiva dos vespões asiáticos.

Fig. 2: Vista aproximada do JABEPRODE

A extremidade mais fina e seletiva da pirâmide de malha, no interior da caixa permite a fácil passagem fácil das rainhas velutinas e deve estar perfeitamente calibrados para a envergadura destas e, simultaneamente, impedir a passagem de rainhas crabro (vespão europeu). Para conseguir este objectivo a secção na passagem deve ser superior a 6 mm e inferior a 9 mm.

O JABEPRODE  tem a forma de um funil de forma piramidal e é fixo a uma base de cerca de 1 cm por meio de cola (cola de resina de poliuretano ou de neopreno de suporte de plástico) na caixa. A malha deste funil (com mais de 3mm e menos de 5mm) permite a passagem/fuga para o exterior de abelhas e outros insetos de menor tamanho que os vespões asiáticos.


Fig. 3. : Vista superior de uma caixa autónoma de captura preventiva e selectiva onde podemos ver dois JABEPRODE instalados

A profundidade da pirâmide e sua estrutura totalmente ventilada é longa o suficiente para impedir que o vespão asiático encontre a saída (princípio básico da armadilha). As experiências realizadas em 2017 constataram que nenhuma rainha que entrou entrou conseguiu sair.

A caixa autónoma de captura preventiva e selectiva independentemente da sua forma, natureza ou capacidade (caixa de vinho de madeira, caixa de plástico, colmeia …) é sempre composto de quatro elementos: o recipiente para o isco, o JABEPRODE com o maior comprimento possível para otimizar a circulação dos odores do isco, a gaiola de captura e o fundo que é coberto com uma malha fina (1 a 2 mm). A ampla abertura garante a atração, recepção e captura de todas as rainhas velutinas no ambiente envolvente a distâncias muito grandes (várias centenas de metros). A eficácia destas armadilhas será avaliadas em 2019.


Fig. 4. : Colmeia, sem enxame, que funciona como caixa autónoma de captura preventiva e selectiva.

Tipos de iscos: Aqueles que, até agora, mostraram a melhor eficiência e eficácia consistem em ceras de opérculos com mel e/ou quadros quebrados de mel que devem imperativamente ser protegidas por uma rede de arame fino (tipo rede de arame de aço inoxidável) ou redes de própolis que impeçam acesso das abelhas ao isco.

Figs. 5 e 6: Imagem da rede que impede o acesso das abelhas e outros insectos à zona/caixa onde é colocado o isco com ceras dos opérculos e/ou quadros com algum mel.

Três razões para a colocação da rede de malha fina:
1- A necessidade de uma saída rápida de insetos não-alvo (porque eles não podem chegar ao isco) é óbvia e para evitar que eles se tornem presas das velutinas já presentes na caixa.


2- Evitar o risco potencial de transmissão de patogenos pela contaminação de abelhas por via de esporos de loque americana que podem estar presentes em ceras (ou suco de cera) e/ou quadros com algum mel. No verão, é possível usar iscos de carne ou restos de peixe cru (que devem ser substituído a cada dois / três dias), ou o Nuöc Màn (suco de peixe fermentado) parece também dar bons resultados . Os restos de peixes gordos, crustáceos e moluscos são um isco muito apreciados pelas velutinas. Para aqueles que não têm ceras com mel, a mistura de xarope de frutas vermelhas, sidra artesanal saturada com açúcares à qual podemos adicionar as sobras de geléias ou potes de mel esquecidos no fundo do armário funcionam muito bem. Pedaços de esponja embebidos destes sucos são também bons difusores destas fragrâncias olfativas.

3- A necessidade de não alimentar as vespas cujo metabolismo diminuirá muito rapidamente como resultado. Sua temperatura diminuirá rapidamente e sua morte geralmente ocorre após as 36 h (segunda noite). Por outro lado, mesmo sendo uma praga estes insetos não devem sofrer desnecessariamente.

Fig. 7: Vista superior de uma caixa autónoma de captura preventiva e selectiva onde podemos ver dois JABEPRODE instalados, com o isco de restos de cera com mel devidamente protegidos por uma rede de malha fina.

fonte: https://www.labeilledefrance.com/lutte-preventive-contre-le-frelon-asiatique-jabeprode/

vespa velutina: manual de boas práticas na destruição de ninhos

Um manual útil, bem escrito e com diversas propostas de intervenção para as equipas especializadas na destruição de ninhos de vespa velutina… e que todos os apicultores e restantes cidadãos devem ler.

fonte: http://fnap.pt/web/wp-content/uploads/VVManual-Destruição-de-Ninhos_Dezembro2018.pdf

vespa asiática: uma estratégia alternativa para a colocação de armadilhas

Apresento esta estratégia alternativa para ser conhecida. Não a defendo nem deixo de defender, porque desconheço os seus méritos ou deméritos. Conheço alguns estudos, realizados em França, que desaconselham também a eliminação prematura das fundadoras, e preconizam que se deixe a natureza/competição interespecífica entre as fundadoras eliminar um bom número das mesmas quando saem da hibernação. Repito que não advogo esta posição nem deixo de advogá-la, estou apenas a dar a conhecê-la. Como Pilatos, lavo as minhas mãos… façam o que entenderem melhor para proteger as vossas abelhas! Eu farei o mesmo!

“Nós neste gráfico estabelecemos o período em que se deve usar as armadilhas para capturar as fundadoras …

Fig. 1: O calendário alternativo para colocar armadilhas para eliminar as fundadoras e primeiras obreiras V. velutina (a amarelo). A vermelho o número de rainhas decresce acentuadamente entre fevereiro e março, resultado da luta feroz pelo território entre fundadoras.


Após a saída da hibernação (quando os dias ultrapassam os 13º-15ºC) as velutinas fundadoras desenvolvem uma luta feroz entre elas pelo território e ninhos em construção. Esta luta desenrola-se em duas ou três semanas, e as 20.000 velutinas fundadoras (que representamos na figura) caiem para pouco mais mais de cem no início de março, e será esta centena de fundadoras a responsável pela construção dos ninhos secundários, tantos quantos os do ano anterior.

Portanto, a nossa estratégia de armadilhagem pressupõe que devemos deixar a natureza fazer seu trabalho primeiro.

Em março, quando já não vemos velutinas no ambiente é que a nossa tarefa começa, devemos agora sim colocar as armadilhas.
Como dizemos, é possível que num raio de quilómetro e meio a dois quilómetros, em torno do nosso apiário, exista apenas um pouco mais de uma centena de velutinas fundadoras, mas é esta centena de ninhos que está agora em construção que fará aumentar exponencialmente a população meses mais tarde. Portanto, agora cada velutina caçada é um ninho a menos e muitos milhares de velutinas obreiras mais adiante.
[…]
Neste período raramente as veremos, mas uma parte dessas cem velutinas visitará o seu apiário nos próximos três meses: março, abril, maio.
Não se desespere se as suas armadilha capturam apenas alguns exemplares, deve persistir e manter as armadilhas ativas ao longo desse tempo, porque cada velutina caçada agora será um ninho menos. Com esta captura vai eliminar os ninhos mais próximos do seu apiário, e, portanto, os que mais dano lhe causariam se atingissem a maturidade (a fase de ninho secundário).

No final de maio/ início de junho, as velutinas fundadoras que conseguiram sobreviver às armadilhas deixam de sair do ninho e começam a surgir as primeiras obreiras. A caça a estas primeiras obreiras é essencial: subtrair dez obreiras de um ninho ainda incipiente, com trinta irmãs, é subtrair 30% da força de trabalho necessário ao crescimento desse ninho. Isso atrasará/ evitará a explosão geométrica de indivíduos no ninho no final do verão.

Se executar bem a captura das fundadoras e primeiras obreiras durante a primavera no seu apiário, observará como a população de velutinas no verão pouco o afetará. […]

Por outro lado a administração local deve fazer o mesmo, com uma rede de armadilhas selectivas distribuídas em todo o território municipal, armadilhas selectivas municiadas com ambos os atrativos, doce e proteína, para capturar o punhado de rainhas que, mais cedo ou mais tarde as visitará. Observe que estamos falando de um período considerável de tempo que pode chegar a três meses.
Esta estratégia não é para caçar grandes quantidades de velutinas, esta é a proposta para capturar os indivíduos essenciais à próxima geração e que neste período são poucos. Em nossa opinião, é altura do ano mais vulnerável da espécie e, portanto, quando podemos fazer mais danos.

Nós pensamos que este período é de extrema importância, a batalha contra a VELUTINA ou se ganha nos meses de março, abril ou maio, ou NÃO se ganhará.”


Finalmente, também consideramos a captura de rainhas no final do outono praticamente inútil, se no exemplo que demos, existem 20.000 velutinas que vão hibernar, qual é o sentido de matar 5, 10, 15.000 velutinas, até 19.500 velutinas? se apenas cem serão suficientes para cobrir todo o território novamente.

Portanto, consideramos, sob nossa humilde opinião, uma perda total de tempo e dinheiro a armadilhagem do outono, não somos contra a captura nessas datas, simplesmente consideramos uma perda de tempo e dinheiro.”

fonte: https://sanve.weebly.com/el-trampeo.html

vespa velutina: se eu fosse investigador…

É verdade, sou apicultor a tempo inteiro. Contudo, se fosse investigador, e só soubesse o que sei hoje, esta seria a minha linha de investigação: criar um atraente/isco específico para a vespa velutina. Como?

Sabemos que a vespa velutina adulta, que vai aos apiários caçar as abelhas, o faz para conseguir o tórax das nossas amigas. Com este pedaço de proteína vai para o ninho onde o entrega às larvas famintas. Estas, por sua vez, fornecem-lhe um líquido claro, rico em aminoácidos, que contribui substancialmente para a sua nutrição e que, paralelamente, estabelece um vínculo indestrutível de interdependência, que condiciona pelo reforço positivo o comportamento de caça assanhado na vespa adulta.

Fig. 1: Vespa velutina trucidando uma abelha melífera para lhe retalhar o seu tórax. A natureza também é isto… não é feita apenas de animaizinhos fofinhos e peludinhos!

Este comportamento é característico de todas as vespas pertencentes à superfamília Vespinae, isto é, estas vespas ao invés de consumirem as presas que caçam, trucidam-nas e alimentam com elas as suas larvas.

O mais importante e relevante para este post, e para a minha hipotética linha de investigação, é este dado: a composição exacta dos aminoácidos presentes no tal líquido claro fornecido pelas larvas varia substancialmente entre as espécies de vespas. Confirmado que no caso das vespas velutinas este líquido as atrai exclusivamente ou muito próximo disso, o passo seguinte seria fazer a sua análise e posterior síntese.

Correndo tudo pelo melhor teríamos o tão desejado atraente selectivo. Fica a ideia…