nova estirpe de vírus mais virulenta espalha-se pelas colónias de abelhas na Europa

Os vírus são das principais causas de mortalidade em espécies sociais (ver o caso da recente pandemia COVID-19). Também as colónias de abelhas são afectadas por vírus, e entre outros destaca-se o Vírus das Asas Deformadas (VAD), que pela sua virulência e ubiquidade está fortemente associado ao colapso de muitos enxames de abelhas melíferas europeias. Como sabemos, um dos mais importantes vectores do VAD entre as abelhas são os ácaros varroa.

Devemos estar cada vez mais conscientes que os vírus em geral, e o VAD em particular, são uma bomba de destruição massiva de colónias de abelhas. As abelhas infectadas com este vírus apresentam dois sintomas, um que afecta as asas e outro o sistema nervoso:

  • as asas das abelhas afetadas pelo VAD encolhem e deformam-se, as abelhas ficam impedidas de voar e com a vida substancialmente encurtada;
  • noutros casos os vírus atacam o sistema nervoso das abelhas, a tal ponto que acabam por perder o sentido de orientação. Resultado, elas não conseguem encontrar o caminho de regresso à sua colmeia.

Estes fenómenos provocam, obviamente, o despovoamento acelerado das colmeias, que é confundido com a deserção/abandono das abelhas da colmeia por muitos apicultores.

Uma nova estirpe de vírus mais virulenta ocupa o lugar da anterior estirpe

Como sabemos da nossa recente experiência pandémica, os vírus sofrem mutações frequentes, das quais emergem novas estirpes mais ou menos virulentas, algumas das quais tendem a tornar-se prevalentes na população dos hospedeiros. Ora foi o que aconteceu recentemente com o VAD: sofreu uma mutação, mutação essa que está a tomar o lugar da estirpe anterior (VAD-A), a tornar-se prevalente nas colónias de abelhas pela Europa fora. Infelizmente esta nova estirpe (VAD-B) é mais virulenta: transmite-se mais facilmente e mata mais rapidamente os seus hospedeiros (em regra em 48h). Com esta nova estirpe as colónias de abelhas estão em maior risco do que estavam num passado recente.

Como referido no artigo Virus des ailes déformées (DWV-B) : le variant mortel qui menace les abeilles dans le monde entier, publicado em 2022: “Em entrevista à Bee Culture (revista americana de apicultura), os autores do estudo* apontam que a nova variante (DWV [VAD]-B) mata as abelhas mais rapidamente e é transmitida com mais facilidade que o DWV [VAD]-A. Eles identificam claramente o DWV [VAD] como a maior ameaça às colónias de abelhas“.

(fontes: https://www.blog-veto-pharma.com/virus-des-ailes-deformees-dwv-un-nouveau-variant-mortel-menace-les-abeilles-dans-le-monde-entier/; https://www.apiculture.net/blog/un-nouveau-virus-menace-les-colonies-d-abeilles-n410)

* Paxton, Robert J., et al. “Epidemiology of a major honey bee pathogen, deformed wing virus: potential worldwide replacement of genotype A by genotype B.” International Journal for Parasitology: Parasites and Wildlife 18 (2022): 157-171.

Na ausência de tratamento para este e outros vírus que fragilizam e reduzem de forma significativa a longevidade e funcionalidade das abelhas fazendo perigar a sobrevivência das colónias, a solução para reduzir o impacto desta ameaça passa por baixar a presença dos seus vectores, neste caso o ácaro varroa. Para tal o apicultor deve fazer os tratamentos atempadamente, com eficiência e eficácia, para salvaguardar o estado sanitário das abelhas, em particular as de inverno que começam a ser criadas no final de agosto/princípio de setembro em muitas das nossas colónias.

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