o peso político do sector apícola em França

Em baixo deixo dois gráficos retirados de um documento intitulado L’apiculture à travers les questions adressées au gouvernement par les députés (Apicultura através das questões dirigidas ao governo pelos deputados).

A partir da legislatura de 2002-2007, a apicultura “entrou” na Assembleia Nacional Francesa. Nessa legislatura os deputados colocaram cerca de 300 questões sobre o sector ao governo. Na legislatura seguinte o número de questões atingiu o pico, chegando perto das 700. De lá para cá o número tem descido e na última legislatura, de 2017-a 2022, as questões aproximaram-se das 300. Com uma taxa de resposta superior a 90% a partir da 12.ª legislatura, a apicultura é um tema sobre o qual o Governo mais responde às questões colocadas pelos deputados. A título de comparação, 78% de todas as questões escritas produzidas durante a 15ª legislatura tiveram resposta do Governo.
Na última legislatura (2017-2022) verifica-se uma alteração na temática das questões colocadas pelos deputados, que se re-orientaram para uma partilha entre questões sanitárias e questões económicas.


Hipótese de explicação: Nestes anos mais próximos, a multiplicação de episódios climáticos extremos (geadas tardias, precipitações, secas, etc.) resulta em episódios de escassez de alimentos para os enxames de abelhas, devido à redução do pasto alimentar. As consequências são económicas e de saúde. Traduzem-se num aumento dos custos de produção com a alimentação das abelhas e na renovação dos efectivos, redução do rendimento das colónias, tanto mais significativo quanto a gestão sanitária é crescentemente mais exigente. Actualmente, observam-se altas taxas de mortalidade no final da invernada, que também podem ser causadas por outros fatores epidemiológicos. Também contribuem o aparecimento de novos bioagressores (Vespa orientalis, aethina thumida), o reforço da pressão dos já existentes (Vespa velutina nigrithorax) ou as consequências do stress químico, ligado à utilização de pesticidas nas culturas ou na pecuária que implicam uma alta taxa de mortalidade de colónias e um enfraquecimento dos apiários, principalmente entre os apicultores amadores. Em termos de questões parlamentares, isto traduz-se em questões sobre as medidas previstas pelo Governo para apoiar a economia apícola e reduzir os factores de stress das abelhas.

Por cá, em Portugal, o diagnóstico faz-se rapidamente: as questões dos deputados ao governo são próximo do inexistente. A atenção dos governos mais recentes ao sector tem sido nenhuma.

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