as flores, as abelhas, o armazenamento… o tempo é agora

Rubus ulmifolius (silva).
Jasione montana.
Digitalis purpurea.
O meu enxame mais belo (a subjectividade é, por vezes, a melhor forma de objectividade)!
A postura de uma rainha oferecida por um criador amador. (by David Marques)
O armazenamento numa caixa colocada por cima de uma excluidora. Felizmente as minhas abelhas não leram o capítulo do livro de apicultura que diz que as excluidoras de rainhas são também excluidoras de néctar!
Venha a terceira que a segunda está feita… apesar de conformada à “regra não mais de 6” durante o período da enxameação reprodutiva! As minhas abelhas sorriem ao Farrar… há já vários anos.

Notas: As fotos são de ontem, 02.06.2021, tiradas em dois apiários situados a 600m de altitude.

“Agora é o único tempo que conheço”( by Fever Ray).

um território de marcavala

A marcavala.

É num território de marcavala, cheio de promessas, que estou a re-activar o meu quarto apiário. Foi neste local que tudo se iniciou para mim na apicultura e onde regresso sempre, mais ou menos por esta altura do ano.

Com as marcavalas (Echium lusitanicum) a iniciar a floração, só faltavam as abelhas para completar o trinómio território-abelhas-apicultor.

Agora já por ali andam.
Muitas centenas de milhar de abelhas se lhes juntarão nas próximas semanas.
Os enxames prometem, o território também e o apicultor tem ilusão!

Hoje, a parte da manhã passei-a colocar as primeiras meias-alças sobre uma série de ninhos chegados recentemente ao território da marcavala.

Se as abelhas se querem saudáveis, o apicultor será o seu cuidador, já o território, esse, quer-se abundante.

Nada existe isoladamente, tudo se interliga e complementa e, neste jogo vital de interdependências, os ciclos sucedem-se.

transitando: do modo de enxameação para o modo de produção

No dia de ontem transitei entre os 4 apiários que tenho activos neste momento — na terça-feira re-activei o quarto.

Vista parcial do quarto apiário.

E com este transito procuro acompanhar a transição entre o modo de enxameação reprodutiva, a terminar no território, e o modo de produção.

Para ilustrar a gestão que faço nesta época de transição, nada melhor que mostrar o que faço actualmente com colónias que me serviram para realizar desdobramentos pela técnica Doolittle — durante o período da enxameação reprodutiva.

Hoje a maioria dessas colónias permanece com a configuração ninho, excluidora de rainhas e sobreninho — com boa parte delas com uma meia-alça sobre o sobreninho.

Configuração actual das colónias que foram utilizadas para os desdobramentos pela técnica Doolittle.

A gestão da transição nestas colónias passa por um maneio simples: nos sobreninhos, onde antes colocava quadros com criação retirados do ninho da própria e/ou de outras colónias, coloco agora e de forma gradual quadros com cera laminada, que estão a ser puxados para as abelhas aí armazenarem o néctar recolhido.

Quadro colocado recentemente no sobreninho, já semi-puxado e parcialmente preenchido com o néctar recolhido nestes dias.

E assim vou fazendo a minha apicultura, transitando ao ritmo das abelhas. E sinto-me bem a acompanhar este transito e este ritmo. As abelhas recentram-me como ser natural, impelindo-me e lembrando-me que tudo nelas é feito em ciclos de desenvolvimento anuais: primeiro há que fazer a prevenção e o controlo da enxameação, para depois, e só depois, pensar em orientar as colónias para o armazenamento de néctar e mel para crestar — no caso concreto destas colónias o armazém do néctar/mel tem a dimensão de um sobreninho. As abelhas — as minhas ao menos —antes de pensarem em armazenar para o inverno pensam em reproduzir-se. Levei anos para compreender, aceitar e, sobretudo, encontrar soluções para integrar este facto natural na abordagem global de maneio das minhas colónias de abelhas!

os criadores de rainhas e o caso das rainhas da madeira

Entre os criadores de rainhas tenho maior simpatia por uns que por outros. E isto para mim conta, pois por princípio só adquiro rainhas aos criadores com quem simpatizo. E no caso das rainhas não agradarem a simpatia continua mas as compras acabam. Afirmo, portanto, que a minha disponibilidade para adquirir rainhas a alguns criadores é zero ou lá muito próximo. Não atino com aqueles criadores de rainhas que mal surge uma questão um pouco mais básica nos grupos de apicultores do Facebook, gozam, diminuem e sistematicamente mandam o novato fazer uma formação; não atino com aqueles criadores de rainhas que habitualmente apresentam vídeos ao estilo circense, com as rainhas a passear nas suas mãos e que, ao mesmo tempo que se expressam com muita humildade, estão nas entrelinhas e de forma latente constantemente a afirmar que são os maiores artistas cá do bairro; não atino com os criadores que, vindos do estrangeiro prometendo linhas seleccionadas e melhoradas, me enviam rainhas iguais e piores que todas as outras e que chegam mortas ou moribundas dentro das gaiolas; não atino com criadores de rainhas que ontem diziam cobras e lagartos das ibéricas por serem uma raça enxameadora, e hoje as criam e comercializam deixando implícito que são linhas que não enxameiam, num percurso cheio de contradições e falsidades; não atino com os criadores de rainhas que amuam porque gostei das rainhas de um concorrente, e esperam uma fidelidade canina…

À entrada de segunda semana de março, estabeleci contacto com três criadores de rainhas, com quem simpatizo, para me fornecerem uma pequena quantidade de rainhas fecundadas. O André Silva foi na altura aquele que as tinhas disponíveis de imediato. Enviou-me algumas fecundadas e, na mesma encomenda, o mesmo número de virgens. O foto-filme em baixo ilustra o desempenho de uma fecundada (à data de 26-04) e o de uma virgem, que já fecundou em terras serranas, à data de hoje.

Imagem geral da colónia, ontem 26-04, em que introduzi rainha fecundada no dia 19-03. De lá para cá, foi fortalecida com dois ou três quadros com criação fechada, e ontem apresentava o ninho praticamente cheio de abelhas e 8 quadros com criação (nestas rainhas do ano não aplico, habitualmente, a regra não mais de 6).
Coloquei a 1ª meia-alça, ontem.

Agora imagens da colónia onde introduzi a 19-03 uma rainha virgem.

À data de hoje, transferi esta colónia do núcleo onde cresceu para uma caixa de 10 quadros.
Apresentava 5 quadros com um padrão de postura digno de se ver!
Passei-a para caixa-colmeia e aproveitei para lhe doar um quadro mais com criação operculada.

Algumas das rainhas do André Silva estão, até ao momento, a dar-me bons sinais. Naturalmente vou continuar a observá-las, porque o seu percurso ainda está muito no início. Vou ficar atento para ver como vão responder a um conjunto de questões: o que vão produzir? como vão responder à varroose? como vão ultrapassar a invernagem? como vão arrancar no próximo ano? como se comportarão no período de enxameação reprodutiva? qual será a sua longevidade? Cada questão terá o seu momento próprio para ser respondida.

Nota: ao contrário do que se costuma ler nos filmes, qualquer semelhança entre o descrito no primeiro parágrafo com a realidade não terá sido mera coincidência.

o início do fluxo do mel claro e a expressão das rainhas

No passado dia 15, ao sacudir abelhas dos quadros para fazer desdobramentos, vi o néctar do futuro mel claro a escorrer generosamente dos quadros pela primeira vez este ano. O fluxo iniciou-se dentro da data prevista e, correndo tudo normalmente, vai manter-se durante os dois próximos meses, umas semanas mais intensamente outras menos, com origem em diversas florações.

Néctar sobre o travessão superior de alguns quadros que escorreu dos quadros sacudidos.

Em baixo deixo imagens do padrão de postura das rainhas, de várias colónias que abri ontem para conformar à regra “não mais que seis”, e que tendo passado pela minha aprovação durante o último mês e meio para prosseguirem temporada adentro, se expressam nos quadros de ninhos Lusitana desbloqueados da forma que as fotos ilustram.

São colónias com estas rainhas testadas em ambiente real que os meus clientes de enxames levam ano após ano.

Com o início do fluxo é chegada a altura de ir convertendo gradualmente as colónias preparadas até aqui para doarem quadros com criação e abelhas para os desdobramentos, em colónias direccionadas para a produção de mel.

Estas colónias Lusitana vão receber gradualmente quadros com cera laminada no sobreninho, que continuará separado do ninho por uma grelha excluidora de rainhas. O néctar será armazenado nestas ceras novas. Tal permitirá obter mel com as características organolépticas tão apreciadas pelos meus clientes e amigos, muitos dos quais o têm eleito como primeira opção nos últimos dez anos.
Mel cristalizado da produção de 2020. É o resultado que obtenho da parceria com as minhas abelhas, que se mantém vai fazer este ano uma dúzia de anos. Este é produto íntegro que os meus clientes pagam para degustar. Desde 2010!

o erro… a sua correcção

No passado dia 8 coloquei, no mesmo dia, um sobreninho e uma excluidora de rainhas numa colmeia do modelo Lusitana. O objectivo era configurar esta colónia de forma a utilizá-la esta semana para desdobramentos pela técnica Doolittle.

Foto de ontem do ninho da colónia. Oito quadros com criação e abelhas a cobrirem os 10 quadros.

Nesse mesmo dia coloquei um quadro com criação fechada no sobreninho, transferido do ninho da mesma. Hoje fui encontrar o quadro com criação como a foto em baixo ilustra.

As novas abelhas a emergir estão claramente enfraquecidas por falta de aquecimento. A falta de limpeza dos alvéolos logo após a nascença, comportamento atípico em condições normais, também denuncia essa fraqueza.

O meu erro foi ter “esticado a natureza”, isto é, ter pedido a uma colónia ainda que forte para aquecer de imediato um quadro com criação que estava no andar de cima e separado por uma excluidora. A meteorologia, com noites ainda abaixo do 8ºC, também não foi amiga — nem tem de ser, é o que é. De forma cristalina só posso afirmar que este maneio não foi prudente, que foi um erro!

Habitualmente o processo de preparação destas colónias passa por uma abordagem mais gradualista. Numa primeira fase do processo coloco o sobreninho apenas com quadros puxados vazios e/ou com ceras laminadas. Uma a duas semanas depois, caso a rainha tenha subido ao sobreninho para aí fazer postura — o que acontece frequentemente — confino-a ao ninho com recurso à excluidora, e deixo no sobreninho um ou dois quadros com criação da mesma. Só cumpridas estas etapas e observados estes pré-requisitos passo a utilizá-la para os desdobramentos pela técnica Doolittle. Este maneio é prudente e, na minha opinião, o correcto nesta altura do ano.

E foi assim que corrigi o erro. Noutra colónia confinei a rainha, que já andava em postura no sobreninho, ao ninho.

Esta rainha andava em postura neste quadro do sobreninho. Foi colocada junto com o quadro no ninho, e lá vai ficar confinada nos tempos mais próximos.
Ninho da colónia com excluidora que me permite passar a utilizá-la para efectuar os desdobramentos pela técnica Doolittle.
Nesta colónia em questão coloquei o sobreninho em 29-03, e só hoje coloquei a excluidora. Vou utilizá-la nas próximas semanas como doadora de quadros e/ou abelhas para os desdobramentos que ainda pretendo fazer. O quadro com a criação a emergir enfraquecida foi colocado neste sobreninho.

Lição re-aprendida: numa época do ano em que as temperaturas mínimas ainda podem descer abaixo do 8-10ºC, só nas colónias que naturalmente já subiram ao sobreninho e, preferencialmente, onde a rainha já ande em postura, devem ser utilizadas para este fim. Aprende Eduardo que eu não duro para sempre!

a colocação das primeiras meias-alças/alças meleiras da época

Ontem da parte da manhã, apesar do aguaceiro ligeiro, tive de marcar presença nos meus dois apiários a cotas mais baixas para partir as patilhas de 20 gaiolas com rainhas virgens introduzidas a 5 e 6 deste mês. Uma vez que tinha de lá passar, aproveitei e levei algumas meias-alças/alças meleiras, para colocar sobre algumas das poucas colmeias lusitanas que estão dedicadas à produção de mel.

Colocação das primeiras meias-alças/alças com quadros com cera puxada.

Contudo, antes da colocação destas caixas, que visam armazenar o néctar que espero que comece a ser trazido de forma abundante nas próximas semanas, fiz uma avaliação rápida da força das colónias para re-confirmar a justeza deste maneio.

Uma das colónias onde coloquei a primeira meia-alça/alça meleira.
O padrão de postura compacta desta colónia.
Um dos quadros com cera laminada colocado cerca de 48h antes.
Após cerca de 12 semanas de permanência no ninho da colónia, as tiras de Apivar foram retiradas momentos antes da colocação da meia-alça/alça meleira (por ex. nos EUA este maneio teria de ser feito 15 dias antes da colocação das alças meleiras. Felizmente na Europa seguiu-se outro protocolo experimental para testar a presença de resíduos de amitraz e seus metabolitos nos produtos da colmeia, e a nossa regulamentação é mais conforme à realidade que a dos EUA ).
Outra das colónias que foi alvo do mesmo maneio no dia de ontem.

O fluxo até agora tem sido frouxo. Não estou muito preocupado porque o histórico diz-me que ele se torna muito abundante a partir da terceira semana de abril. Assim o vento amaine um bocado para que os efeitos destes aguaceiros recentes perdurem por mais tempo e se expressem em nectários cheios, onde as abelhas recolherão a sua recompensa, assim como quem as ajudou a sobreviver até esta altura do ano.

o trabalho num apiário e a sua dimensão lúdica

Ontem, um dia em que as previsões meteorológicas indicavam aguaceiros a seguir ao almoço, levantei-me por volta das 7h00 com o plano de fazer um maneio profundo no meu apiário de Lusitanas a 600 m de altitude. Neste apiário, onde no início de março estavam estacionadas 5 colónias, estão neste momento 78, 34 em caixas de 5 quadros, as restantes em caixas de 10 quadros.

Vista geral do apiário. Terei chegado ao apiário por volta das 9h15 e por lá andei fruindo do trabalho com as abelhas até cerca das 14h15.

Comecei por transferir 4 colónias em caixas de 5 quadros para caixas de 10 quadros e efectuar o maneio de controlo da enxameação numa das colónias (ver aqui a técnica que estou a utilizar nestes casos).

Na colónia com a velha dama que aqui referi, uma vez que a orfanei no passado dia 3 e ofereci a rainha ao João Gomes para lhe servir como matriarca, dividi-a em duas com o aproveitamento de alguns mestreiros abertos presentes em dois quadros.

Deixei intactos os dois mestreiros abertos e destruí o mestreiro fechado logo por cima.
Núcleo formado com os mestreiros da linha da velha senhora.

Outra tarefa prevista passou por colocar em núcleo outra velha senhora também de 2018, esta a nº 8.

João arranja mais um espacinho num dos teus apiários para esta senhora. Desta também vou querer umas quantas filhas.

A principal tarefa de ontem foi fazer a prevenção da enxameação com a conformação das colónias à regra “não mais de 6“.

Saem dois quadros com criação e/ou reservas e…
… entram dois quadros com cera laminada.

Os quadros retirados foram canalizados para dois tipos de colónias: para colónias armazém e para colónias com rainhas virgens introduzidas em gaiola e já fecundadas e em postura.

Colmeia armazém formada ontem para receber alguns quadros com criação.
Núcleo formado a 16-03 para introduzir rainha virgem em gaiola a 19-03. Em 05-04 verifiquei que tinha rainha em postura. Ontem coloquei um quadro com alguma criação para acelerar o seu desenvolvimento.

Foi uma agradável manhã passada na excelente companhia das minhas abelhas, num exercício de criatividade apícola, a encaixar as peças do puzzle, cuja dimensão lúdica me dá um enorme prazer e procuro repetir cada vez mais.

E ao final da tarde choveu… 5 minutos!

longevidade de abelhas rainha: um caso

São vários os determinantes da longevidade das abelhas rainha. Desde os anatómicos e fisiológicos mais comumente referidos, como o número de ovaríolos ou o volume da espermateca, aos menos conhecidos como o número de espermatozoides utilizados para fecundar cada óvulo, indo da utilização de dois ou três espermatozoides por óvulo aos dez a quinze por óvulo. Numa outra perspectiva, a longevidade de uma rainha nas nossas colmeias depende se enxameia ainda durante o primeiro ano ou se o não faz ano após ano — porque não manifesta essa tendência ou porque o maneio do apicultor na prevenção ou no controlo da enxameação foi efectivo. Sob um outro ângulo ainda a longevidade de uma rainha depende da manipulação cuidadosa dos quadros para não lhe causar um dano que provoque a sua substituição pelas abelhas, ou ainda da gestão do apicultor que opta pela eliminação de todas/ maioria das rainhas de acordo com um calendário rígido — elimina as rainhas com mais de um ano, por exemplo. Outros aspectos e pontos de vista poderão ser adicionados a esta lista de determinantes da longevidade da rainha mãe, mas para o propósito desta publicação os que mencionei são suficientes.

Muitas vezes se lê e ouve que as abelhas rainha entram em declínio acentuado após o seu segundo ano de vida. Nas minhas colónias não tenho dados confiáveis que confirmem ou infirmem esta ideia. Para o poder fazer com rigor teria de começar, desde logo, por marcar as rainhas, um projecto que é sempre adiado para o ano seguinte. Este ano estou convencido que vou mesmo levá-lo por diante!

Contudo tenho algumas rainhas marcadas, muito poucas. Foram rainhas virgens que adquiri já marcadas. Não tenho muitas porque a grande maioria seguiram nos enxames que tenho fornecido aos meus clientes. Fui, no entanto, ficando com umas poucas. E nestas poucas marcadas a maioria, três em concreto, são todas do mesmo ano e do mesmo criador. O ano é de 2018!!! — sim verdade… rainhas com 4 anos —e o criador é o João Gomes que as comercializa com a marca Apicant Queen Bees.

Por si só, a longevidade destas rainhas já é digno de menção. Contudo, tão ou mais surpreendente que sua a longevidade é o seu desempenho actual. Sobre este aspecto deixo o foto-filme em baixo que ilustra o desempenho de uma destas ilustres seniores à data de ontem, 31 de março.

Colónia do modelo lusitana da velha dama! Em 9 de março foi deslocada de um apiário a 900m de altitude para outro a 600 m de altitude e, dada a sua força, coloquei um sobreninho. Ontem, 31-03, tinha três quadros com criação no sobreninho.
O ninho apresentava 7 quadros com criação.
Um dos quadros com criação.
A dama vermelha andava calmamente em postura no sobreninho,…
… transferi-a e confinei-a ao ninho.
Telhado com notas.

O ano passado esta rainha e as outras duas “irmãs”, já debaixo de olho, serviram-me de semente para uma parte dos desdobramentos que realizei. Ainda que não seja um grande crente na heritabilidade fácil e garantida de um conjunto de traços de interesse apícola, à cautela vou fazendo assim sempre que é possível e oportuno… não vá estar enganado!

Nota: acerca da variação do número de espermatozoides utilizados para a fecundação dos óvulos ver mais aqui: https://digitalcollections.sit.edu/cgi/viewcontent.cgi?referer=https://www.google.com/&httpsredir=1&article=1916&context=isp_collection

as rainhas e os seus casos

Só pontualmente sou um “terminator” de rainhas. Eliminar rainhas não é um procedimento que utilize com frequência. Não é por incapacidade de avaliar o seu desempenho (já escrevi sobre esse assunto com algum detalhe aqui, aqui e aqui). Também não é por ter pena, e tenho alguma, de as eliminar. Na maior parte das vezes as abelhas antecipam- se e ajuízam melhor a necessidade e a oportunidade para eliminar a sua mãe. Raras vezes assumo esse papel e, quando o faço, escolho habitualmente esta altura do ano, à saída do inverno/entrada da primavera, para realizar algo que é necessário para o normal e completo desenvolvimento da colónia.

Este é um padrão de postura frequente nas rainhas por mim produzidas, com muito pouco de mim no processo! (foto de 23-03).

Contudo, ainda que raramente, nesta altura de crescimento pujante e rápido das colónias, surge um caso ou outro de uma rainha com um padrão de postura de má qualidade — este ano e até à data detectei-o em 2 das 135 colónias.

Padrão de postura de má qualidade (foto de 23-03).
Dado o bom número de abelhas nesta colónia, ainda que uma das mais fracas do apiário, a a avaliação do mau padrão de postura não é definido pela população de abelhas (foto de 23-03).
Encontrada a rainha e observada por um minuto em cima do quadro decidi eliminá-la. Apresentava uma dificuldade de locomoção provocada por uma deficiência na pata traseira esquerda (foto de 23-03).
Foto magnífica, com créditos ao meu amigo Lino João, ilustrativa de um momento relativamente frequente numa colónia de abelhas — a substituição da velha rainha mãe pelas abelhas — e que poucas vezes temos a oportunidade de observar.