dez anos de ensaios com ácido oxálico

Ainda que neste inverno só tenha encontrado duas colónias mortas por efeitos diferidos da varroose, valor que representa pouco mais que 1% das colónias, estou a estudar, a aprender e a planear novas técnicas que poderão vir a fazer parte da minha estratégia de tratamentos para a próxima época apícola de 2023 (a de 2022 já está definida e será apresentada no III encontro de apicultores do distrito da Guarda) .

Os que me seguem mais assiduamente já terão notado que estou a dar uma atenção particular à estratégia de paragem artificial da postura da rainha conjugado com a utilização de tratamentos baseados no ácido oxálico — foi em 2016 que tomei conhecimento desta estratégia, através das referências que alguns apicultores italianos lhe foram fazendo no fórum Beesource. Ainda este ano conto fazer alguns ensaios preliminares para testar não apenas a sua eficácia contra a infestação por varroa e vírus associados mas também a carga de trabalho associada à sua aplicação no terreno, assim como o impacto na população das colónias, na produção de mel e na enxameação.

Como é meu hábito, tenho lido documentação variada acerca desta estratégia e, entre outra, vou destacar este excelente dossier técnico publicado pelo INRA, ITSAP e 3 ADAs, que sintetiza os resultados de ensaios com “mais de 40.000 medições (varroas/100 abelhas) realizadas pelas ADAs durante os últimos dez anos e agrupadas pelo INRA num banco de dados com as “cargas de Varroa” em diferentes regiões francesas, em diferentes operações apícolas e estações do ano.

Irei fazer mais algumas publicações sobre esta estratégia no futuro próximo, contudo, deixo o link para quem quiser ler o documento na íntegra. Boa leitura!

Clique na imagem para aceder ao dossier.

terceiro encontro de apicultores do distrito da Guarda: reagendamento

O terceiro encontro de apicultores do distrito da Guarda foi reagendado para o próximo dia 20 de Fevereiro. Serão bem-vindos apicultores de qualquer região de Portugal.

Encontram o link para fazer a vossa inscrição aqui: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdumNwkqYeOAEayxsulwGLsaVDL-my9jXePWWisWtiuRnKvdA/viewform

Mais uns momentos para continuarmos esta conversa inesgotável sobre as abelhas e a relação que vamos tendo com elas.

varrox eddy: um sublimador inovador

No seguimento da publicação anterior, o Varrox Eddy, um sublimado/vaporizador inovador, poderá ser a minha escolha para colocar em prática uma nova estratégia de tratamento das minhas colónias: interrupção artificial da postura+sublimação de ácido oxálico. Antes vou ensaiar o método por gotejamento, infinitamente mais económico do ponto de vista do custo de equipamentos, com o objectivo de avaliar os efeitos sub-letais do ácido oxálico em solução açucarada nas minhas colónias.

O primeiro e único vaporizador de ácido oxálico que funciona com uma bateria incluída! Não há necessidade de andar com equipamentos pesados como geradores de energia ou baterias de carros. Varrox Eddy é leve, prático e pesa cerca de 0,5 kg, incluindo a bateria. Uma única tecla pressionada no dispositivo é suficiente para iniciar o processo de vaporização/sublimação. As baterias permitem tratar cerca de 10-15 colmeias de cada vez. O processo de tratamento de cada colónia ronda os 2-3 minutos.

interrupção artificial da postura da rainha para aumentar a eficácia do tratamento da varroose: que eficácia?

Há cerca de um ano atrás escrevia nesta publicação: “

“Todos nós sabemos que a existência de criação operculada nas colónias diminui a eficácia dos tratamentos contra a varroose, em particular a eficácia dos tratamentos “flash” ou de curta duração. Por exemplo, os tratamentos com ácido oxálico, na forma gotejada ou sublimada, são muito eficazes quando a colónia não apresenta criação fechada, contudo essa eficácia fica seriamente comprometida quando ela está presente. 

Algumas técnicas apícolas, ao alcance de todos, permitem promover a interrupção, total ou parcial, da postura. Em baixo deixo a descrição de uma destas técnicas, a partir de uma proposta de Randy Oliver: 

  • Dia 1: Com recurso a quadros confinadores de rainha*, confinar a rainha a um quadro normal, que servirá de “quadro armadilha para o varroa”;
  • Dia 14: Solte a rainha;
  • Dia 21: Remover o “quadro armadilha para o varroa” e gotejar (ou sublimar) com ácido oxálico as abelhas da colónia.”
* Exemplar de um quadro confinador de rainha, fabricado por Randy Oliver.

Esta técnica foi amplamente investigada por Ralph Büchler e colegas, durante duas épocas apícolas, em 10 países europeus, num total de 370 colónias. Os resultados obtidos divergiram de acordo com o modo de aplicação do ácido oxálico, contudo dois deles são demasiado promissores para não lhes dar atenção: “A eficácia do enjaulamento da rainha dependeu do modo de aplicação do ácido oxálico e variou de 48,16% a 89,57% de remoção de ácaros. As maiores eficácias foram alcançadas com gotejamento de solução a 4,2% (89,57%) e com a sublimação de 2 g de ácido oxálico (média de 88,25%) no período sem criação. […] Concluímos que a aplicação adequada de um dos métodos de interrupção de criação descritos pode contribuir significativamente para um controle eficiente de Varroa e para a produção de produtos apícolas atendendo aos mais altos padrões de qualidade e segurança alimentar. […] Embora os apicultores possam ficar preocupados com os efeitos negativos do enjaulamento de longo prazo naa rainha, nenhum aumento da mortalidade de rainhas devido ao tratamento de enjaulamento foi observado durante as duas estações da experiência. […] O controlo da Varroa com a técnica de enjaulamento da rainha durante o início da estação (final do inverno/início da primavera) foi capaz de reduzir a taxa de infestação sem causar repercussões negativas na colheita de mel ou no desenvolvimento e desempenho sazonal da colónia. Além disso, o enjaulamento da rainha pode ser utilizado como técnica para controlar o desenvolvimento da colónia ao longo do ano, por diversos motivos, como regular o desenvolvimento da colónia de acordo com o fluxo de néctar ou para controlar a enxameação. […] O enjaulamento oportuno da rainha, considerando a floração do fluxo principal de verão, poderá libertar parte da força de trabalho das abelhas que cuidam da criação para se dedicar à coleta de néctar. Infelizmente, os efeitos das técnicas testadas na produtividade do mel não foram medidos no nosso estudo. Um efeito positivo da remoção de crias durante o fluxo principal na colheita de mel nos 14 dias seguintes foi relatado na Alemanha (Buchler & Uzunov, 2016), mas as diferenças regionais e sazonais devem ser consideradas.[…] Um fator importante que limita a adoção generalizada destes métodos pode ser o tempo necessário para localizar a rainha e o nível individual de experiência necessário para lidar com a rainha. No nosso estudo, com um grupo heterogéneo de pesquisadores com diferentes níveis de experiência em apicultura e sob condições de apicultura variáveis, uma estimativa média realista de menos de 20 minutos é a estimativa para o tempo de trabalho necessário para aplicar o método de gotejamento de solução a 4,2%.

fonte: https://www.researchgate.net/publication/343181331_Summer_brood_interruption_as_integrated_management_strategy_for_effective_Varroa_control_in_Europe

crescimento da população de abelhas e da população de varroas no hemisfério norte

A animação em baixo representa o crescimento teórico de uma colónia de abelhas saudável sem tratamentos para os ácaros varroa em regiões do hemisfério norte com um inverno de 3 meses. Deixo a descrição desta animação, um excelente instrumento didáctico que nos permite observar, numa perspectiva anual e global, as interacções que se estabelecem entre o crescimento destas duas populações.

Nas colónias de abelhas a população no inverno é composta predominantemente por abelhas adultas de inverno (população representada a azul escuro na animação) com muito pouca criação de operárias (representada a castanho claro na animação) e baixas populações de varroa (representadas pelos pontos vermelhos).

No final do inverno/início da primavera, à medida que novas abelhas vão surgindo, a colónia aumenta rapidamente a sua população de abelhas adultas (representada a amarelo) e criação. No final do inverno/início da primavera a colónia inicia a criação de zângãos* (representada a castanho escuro) que, sendo preferida pela varroa, permite um aumento rápido da população do parasita.

No final da primavera/início do verão, após a época de enxameação, as abelhas param de criar zângãos, forçando a varroa a reproduzir-se na criação de abelhas. À medida que os níveis de ácaros aumentam, uma única larva é co-infestada por várias varroas fundadoras. Neste casos de co-infestação a taxa de reprodução de cada varroa é menor, mas a taxa de produção de descendentes femininos fertilizados aumenta. Por outro lado esta co-infestação permite acasalamentos cruzados, isto é a hibridação entre diferentes famílias de varroas, ao qual está associada a potencial disseminação de resistência a acaricidas.

No final do verão, tanto a população de abelhas quanto a área de criação contrai-se, e as infestações de varroa tem um aumento proporcional súbito e dramático na população de abelhas adultas, podendo ultrapassar rapidamente os limites de acção dos tratamentos acaricidas que, desejavelmente, devem fazer regredir a população de varroas para um patamar abaixo das 50 por colónia**.

No final de verão/início do outono as colónias iniciam a criação de abelhas de inverno (representada a azul claro), de vida longa (representada a azul) com uma camada extra de gordura corporal, da qual a varroa se alimenta.

No outono/inverno, à medida que a colónia pára de criar novas abelhas, a varroa não tem onde se reproduzir e sua população diminui — isto no caso de a colónia não ter sucumbido à entrada do outono/inverno pelos danos causados pelas varroas e pelos vírus que veiculam, em particular os vírus das asas deformadas e os vírus da paralisia aguda.

Crescimento teórico de uma colónia saudável sem tratamentos de ácaros varroa em regiões do hemisférios norte com um inverno de 3 meses (clima temperado).

fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S147149222030101X#bb0500

* Este ano, em algumas colónias mais fortes encontrei nesta semana alguma criação de zângãos! Este facto, muito atípico neste território, promete tornar a luta contra a varoose um enorme desafio este ano.

** Foi o que não consegui obter na colónia em baixo, que morreu esta semana devido aos efeitos de um controlo insuficiente da população dos ácaros com o tratamento de verão que efectuei no ano passado. Até à data, no inverno 2021-2022 e nos meus apiários morreram duas colónias por efeitos diferidos da varroose (um pouco acima de 1%).

Colónia a ser pilhada no dia 10-01-2022.
Neste quadro vi alguns ovos, o que significa que a pilhagem se terá iniciado neste dia ou um ou dois dias antes.

estudo de sensibilidade/resistência de Varroa destructor ao amitraz

Li, não me recordo onde, que alguém assumiu que tinha varroas resistentes porque uma vez viu uma varroa a passear sobre as tiras de Apivar. Esta afirmação ou era uma piadola ou, se era a sério, mostra muito desconhecimento — o desconhecimento em si mesmo não é questionável, mas é questionável fazer uma parangona/soundbite a partir de uma afirmação ignorante como se fosse uma evidência sólida. Esta publicação tem sobretudo como objectivo elucidar-nos sobre a complexidade e rigor do método de testagem da sensibilidade/resistência preconizado pelo The COLOSS BEEBOOK, Volume I e II: standard methods for Apis mellifera research, e elucidar-nos que se nem tudo tem a complexidade da investigação espacial, da mesma forma muito na apicultura não tem o simplismo de colocar o nariz fora da porta para ver se faz frio. Os resultados e as conclusões, que também aproveito para apresentar, devem ser lidas com alguma prudência sabendo que este teste foi realizado em 2016 em França (ver aqui um estudo mais recente).

“Desde 2007, a FNOSAD realiza testes anuais de eficácia em duzentas a trezentas colónias com o objetivo de verificar o percentual de eficácia da maioria desses medicamentos, sua velocidade de ação e o número de varroa residual após o tratamento. No entanto, o que acontece à eficácia de uma droga se a população de parasitas desenvolve resistência à substância acaricida que entra na sua composição? Recordamos os fenómenos de resistência observados ao Apistan (Tau-fluvalinato). Em relação ao Apivar, o feedback de observações de campo por apicultores experientes pode sugerir, para certos lotes de medicamentos, falta de eficácia ou fenómenos de resistência sem que nenhum estudo possa invalidar ou confirmar estas impressões.

O Apivar é hoje o fármaco homologado mais utilizado na França, porém poucos estudos com o objetivo de testar a sensibilidade/resistência de populações de varroa ao amitraz foram realizados. Para suprir essa carência, a FNOSAD coordenou um estudo realizado pelo Laboratório Departamental de Análises do Jura, cujos resultados estão aqui resumidos.

Apresentação do método
O estudo de resistência consiste em determinar a concentração letal para 50% (CL50) de uma população de ácaros varroa suspeitos de serem resistentes e compará-la com uma CL50 de referência determinada para uma população de ácaros não resistentes ou sensíveis. O método utilizado neste estudo é o recomendado pelo Coloss Beebook para moléculas lipossolúveis agindo por contato. O amitraz é incorporado em diferentes concentrações em cápsulas de parafina. O intervalo de concentrações utilizado é de 0,1 ppm (partes por milhão) a 5.000 ppm. Os ácaros são então postos em contato com a parafina tratada e, após um determinado período de tempo, a mortalidade de ácaros é quantificada.

Os ácaros Varroa foram retirados de quadros de criação (o equivalente a dois quadros de ninhada por apicultor, dando preferência à criação de zângão) fornecidos por apicultores voluntários de 18 apiários espalhados pelo território.

Localização dos diferentes apiários que forneceram amostras de criação.

As amostras, foram colhidas entre 21 de maio de 2016 e 2 de agosto de 2016. Os ácaros varroa foram colhidos com uma escova e com uma pinça fina após desoperculaçao dos alvéolos. Dos 18 apiários amostrados, 17 receberam tratamento de final de verão (2015) com amitraz e um com tau-fluvalinato. Apenas três apiários receberam um tratamento adicional de inverno (2015/2016) à base de ácido oxálico. Apenas indivíduos/ácaros do sexo feminino maduros foram recolhidos para o estudo. Dez ácaros foram colocados em cada cápsula (correspondente a cada concentração de amitraz a ser testada) durante quatro horas: esta é a fase de contaminação durante a qual os ácaros varroa são colocados em contato com parafina impregnada de amitraz. Eles são depois observados com uma lupa binocular antes de serem transferidos para placas de Petri. Quando observados com uma lupa binocular, os Varroa foram classificados em três categorias: móveis, paralisados ​​ou mortos. As observações foram repetidas após 24 h e 48 h. Os ácaros Varroa foram alimentados com larvas/pupas de abelhas durante toda a experiência. Para cada concentração testada, o efeito percentual do acaricida é calculado da seguinte forma: (número de ácaros paralisados ​​+ número de ácaros mortos – número de ácaros perdidos ou mortos acidentalmente) / (número de ácaros iniciais – número de ácaros perdidos ou mortos acidentalmente) .

Resultados
Das 18 amostras recebidas, os resultados dos testes realizados só puderam ser considerados em 13 delas. Para todas as populações de varroa, o efeito (paralisia ou mortalidade) é total em t0 + 4h para todas as concentrações maiores ou iguais a 100 ppm [partes por milhão]. E após 24 horas, o efeito é completo para todas as concentrações maiores ou iguais a 10 ppm. Para as 13 populações estudadas, as CL50s obtidas variam entre 0,08 e 1,66 ppm, sendo a média de 0,49 ppm. Os 13 Intervalos de Confiança sobrepõem-se e, portanto, não há diferença significativa na sensibilidade ao amitraz nestas 13 populações de ácaros testadas.

Discussão – Conclusão
Embora originárias de colónias de abelhas com diferentes níveis de infestação, as 13 populações de varroa testadas não apresentaram diferença marcante na suscetibilidade ao amitraz.
O resultado obtido para todas as 13 amostras pode constituir uma referência LC50 para uma população de ácaros sensíveis em torno de 0,5 ppm, ou 15,5 ng/cm2 de parafina. Como indicação, as tiras comerciais de Apivar têm um teor de amitraz entre 4,2 e 6,4 x106 ng/cm2, (ou seja, cerca de 30.000 vezes mais do que o valor de CL50 para uma população de ácaros varroa suscetíveis determinada por este estudo).
Para tornar este valor de LC50 ainda mais robusto, seria necessário multiplicar estes testes na zona de 0,5 ppm. Mas para isso precisamos de mais ácaros varroa. Se o método de coleta favos com criação e sua entrega por correio ao laboratório se mostraram satisfatórios, a coleta de ácaros varroa dentro dos alvéolos é entediosa e muito demorada …
Este é o primeiro estudo para pesquisar a possível resistência dos ácaros varroa ao amitraz realizado usando um dos métodos recomendados pelo Coloss Beebook. Assim, é possível obter pela primeira vez um valor de referência LC50 para uma população de ácaros varroa suscetíveis.

Esses resultados interessantes, apesar do número relativamente pequeno de amostras estudadas, levantam questões sobre as falhas de eficácia por vezes observadas com as tiras do medicamento Apivar. É certo que o método de teste de sensibilidade/resistência foi realizado aqui por contacto com a substância amitraz e não após contato direto com as tiras de Apivar. Estes vários elementos tenderiam a nos levar a pensar que as falhas de eficiência observadas estariam antes ligadas a questões de formulação do medicamento (galénica*), um medicamento que, como vimos, teoricamente contém substância ativa suficiente.”

fonte: https://www.apiservices.biz/documents/articles-fr/etude_sensibilite_resistance_amitraz_varroa.pdf

* Galénica é o processo que transforma uma substância activa num medicamento pronto a administrar, que pode ser doseado conforme necessário. O medicamento compreenderá um contentor da substância ativa (comprimido, creme, suspensão, solução), excipientes (ingredientes inativos como a lactose), e embalagem/dispositivo de administração (blister, frasco, inalador, frasco para injetáveis seringa pré-cheia).

Reflexão: Como sempre disse uma coisa é o amitraz, o princípio activo, outra coisa é o Apivar, o medicamento. Uma possibilidade forte que coloco actualmente é que a galénica do Apivar não é a mais eficaz para responder a alguns ganhos eventuais de resistência das varroas nas minhas colónias, para as relações que se estabelecem entre as dinâmicas populacionais das minha colónias de abelhas e populações de ácaros que hospedam e para o influxo de ácaros de colónias vizinhas. Por essa razão este ano vai para o banco de suplentes como afirmei aqui e vou substituí-lo, no tratamento de verão, por um outro medicamento baseado no amitraz mas com uma galénica diferente: o Amicel.

medicamentos contra o Varroa: resultados dos testes de eficácia em 2020

Escrevia em 2016, nesta publicação: “Em França verificar a eficácia dos medicamentos utilizados na luta contra o ácaro varroa é, desde 2007, uma atribuição coordenada pela FNOSAD (Fédération Nationale des Organisations Sanitaires Apicoles Départementales) que reúne a grande maioria dos OSAD (Organisations Sanitaires Apicoles Départementales), representando mais de 30.000 apicultores, profissionais e amadores.

Estes tratamentos/acaricidas que beneficiam de homologação são testadas anualmente por forma a mostrarem que garantias dão no controle da infestação pelo ácaro varroa abaixo dos limites considerados  prejudiciais às colónias de abelhas. Os principais parâmetros avaliados por estes testes são a eficácia global, avaliado através dos ácaros residuais encontrados após os tratamentos, assim como a velocidade de ação desses mesmos tratamentos sobre os ácaros.”

Em 2020, e como habitual, a mesma Federação testou novamente um grupo de medicamentos acaricidas: o Apivar, o Apitraz, o Apistan, o Apiguard e o Oxybee, este último um medicamento recente baseado em ácido oxálico.

Protocolo de teste de eficácia de 2020.

Eficácia dos medicamentos testados

Sabendo que para os medicamentos sintéticos (neste caso o Apivar, o Apitraz, o Apistan) se considera atingirem o limiar de eficácia desejável acima dos 95% de mortalidade das varroas, enquanto para os medicamentos não sintéticos (neste caso o Apiguard e o Oxybee) se considera atingirem o limiar de eficácia desejável acima dos 90% de mortalidade das varroas, apresento em baixo os resultados de 2020, tendo como referência estes critérios:

  • Para o Apivar e Apistan, o limiar de eficácia de 95% é alcançado apenas em 49% e 45% das colónias, respectivamente. Isto significa que em mais da metade das colónias estes dois medicamentos não apresentam a eficácia desejável .
  • Para o Apitraz, a percentagem de colónias nas quais o limiar de 95% é atingido é de 67%, portanto em mais de um terço das colónias a eficácia é insuficiente.
  • Nota: com uma aplicação de apenas seis semanas o Apitraz (duração prevista na Autorização de Introdução no Mercado francês, portanto a bula submetida a homologação), o percentual de eficácia foi satisfatório em apenas 7% das colónias.
  • Em relação aos medicamentos à base de substâncias de origem natural, os resultados também não são satisfatórios.
  • Com o Apiguard, o limiar de 90% de eficácia não foi atingido em nenhuma das 20 colmeias testadas. Em 2019, o limiar de 90% de eficácia foi atingido em 26% das colónias.
  • Com o medicamento Oxybee, o limiar de 90% de eficácia só é atingido por 39% das colónias. Na medida em que este fármaco foi aplicado após o enjaulamento da rainha por vinte e cinco dias, portanto a aplicação deste medicamento foi realizada na ausência de cria. É surpreendente obter esta percentagem baixa, longe dos valores alcançados em 2015, 2016 e 2017 com o mesmo método, mas com outro medicamento ((o Api-Bioxal) com a mesma substância ativa (o ácido oxálico).

Velocidade média de acção dos medicamentos testados sobre a mortalidade de varroas

Uma vez mais os dados deste ano confirmam que a velocidade média de acção sobre a varroa difere entre os diversos medicamentos. Julgo ter sido este blog a trazer, em primeira mão, para a língua portuguesa o conceito de acaricidas lentos e acaricidas rápidos.

Gráfico com a velocidade de queda de varroas ao longo dos dias de aplicação do medicamento
  • Em termos médios, o medicamento mais rápido deste teste é o Oxybee, com aplicação por gotejamento e com rainha previamente enjaulada para criar uma condição de criação ausente, tão necessária para aumentar a eficácia deste método. Quatro dias após o gotejamento, quase 50% dos ácaros varroa caíram e foram contados. Esta velocidade de ação também se caracteriza pela sua brevidade, já que uma semana depois a percentagem de varroa caída atingirá um total de 56%, patamar que não ultrapassará nas semanas seguintes.
  • Quatro dias após a aplicação das tiras Apivar, Apitraz e Apistan, a percentagem de ácaros caídos é de apenas 21, 11 e 27%, respectivamente, do total de ácaros (que caíram durante todo o tratamento — tratamento teste e tratamento de controle).
  • Após quatro semanas de aplicação, esse percentual sobe para 57%, 53% e 74%, respectivamente.
  • Para ultrapassar uma queda de 80% dos ácaros Varroa, temos que esperar oito semanas com Apivar, sete semanas com Apitraz e seis semanas com Apistan.
  • Notemos que com o medicamento Apitraz, após seis semanas (tempo de aplicação previsto na Autorização de Introdução no Mercado francês, isto é o período de tempo de utilização recomendado na bula do medicamento), a mortalidade média é de 77%.
  • Esses resultados confirmam que a libertação do ingrediente ativo é lenta e prolongada, seja nos medicamentos com base de amitraz ou tau-fluvalinato.
  • No caso do medicamento Apitraz, estes testes mostram que o tempo de aplicação previsto, seis semanas, é insuficiente no contexto dos testes.

Maior volatilidade dos resultados

Os resultados de 2020 confirmam que os níveis de eficácia são muito heterogéneos entre as colónias, mas sobretudo que uma alta percentagem delas não está devidamente protegida após o final dos tratamentos de verão.
Notamos também a grande volatilidade dos resultados de um ano para o outro, conforme ilustrado pela eficácia do Apivar, por exemplo. Na tabela em baixo, podemos observar que 94% das colónias testadas em 2016 ultrapassaram o limiar de 95% de eficácia. Nos quatro anos seguintes, esta percentagem tem descido, ainda que de uma forma irregular.

fonte: https://www.sante-de-labeille.com/docs/resultats_tests_efficacite_varroa_2020.pdf

porquê é tão difícil criar abelhas melhores? parte 2.

Já estava em dívida com esta publicação há demasiado tempo. Nesta publicação referi: “Existem três bloqueios principais na estrada para manter populações bem controladas – haplodiploidiapoliandria e panmixia – além de algumas outras pequenas complicações.” A poliandria e a panmixia foram aí abordadas. Nesta publicação vou abordar a haplodiploidia, um fenómeno mais complexo de descrever. Vou procurar ser claro e simplificar o mais possível e, ao mesmo tempo, procurar evitar o simplismo e reducionismo.

Os cromossomas, a diploidia e a haploidia

Os cromossomas são as estruturas que contêm os genes de um organismo. As abelhas têm cerca de 15.000 genes. A maioria dos animais normalmente possui dois conjuntos de cromossomas. Um conjunto vem da mãe e outro do pai. São chamados de diplóides. Di significa dois e plóide significa cromossoma. Nas pessoas, temos 46 cromossomas, 23 do óvulo da mãe e 23 do esperma do pai. As abelhas têm um número diferente de cromossomas. As fêmeas, operárias e rainhas têm 32, 16 provêem dos óvulos da rainha e 16 vêm dos espermatozoides dos zângãos. São, por esta razão, diplóides . Como os zângãos nascem de ovos não fertilizados, eles têm apenas os 16 cromossomas que estavam no óvulo. Os zângãos são haplóides porque possuem apenas um conjunto de cromossomas.

Partenogénese

Partenogénese refere-se ao crescimento e desenvolvimento de um embrião sem fertilização. Na sociedade das abelhas ocorre este fato curioso: tanto os óvulos fecundados como os não fecundados podem originar novos indivíduos. As rainhas e as operárias resultam do desenvolvimento de óvulos fecundados, sendo, portanto, diploides.

Os zângãos são haploides, uma vez que resultam do desenvolvimento de óvulos não fecundados. Os zângãos, originando-se de óvulos não fecundados, herdam todos os genes que possuem da “mãe”(rainha), uma vez que não têm “pai”. Geneticamente os zângãos apenas têm avós paternos, isto é, temos de recuar uma geração para encontrarmos a ascendência genética masculina directa. O esquema em baixo é um pouco simplista, mas ilustra este fenómeno de forma clara.

A rainha (Queen), herdou um dos cromossomos de sua mãe (Queen mother) e um do companheiro de sua mãe (Queen father). Os zângãos (drones), podem ser uma cópia de seu avô ou uma metade dos cromossomas de sua avó.

Implicação: Se desejamos escolher os zângãos a selecionar para o nosso programa de alegado melhoramento de abelhas será mais avisado considerar a colónia avó/avô daqueles zângãos. Dito de outra maneira, o valor genético desses zângãos no que respeita, por exemplo, ao comportamento higiénico, observa-se melhor na colónia avó, mais semelhante geneticamente aos zângãos, do que na colónia mãe.

A recombinação genética: os zângãos de uma colónia não são clones da rainha sua mãe

Apesar de os zângãos receberem exclusivamente os seus cromossomas de sua mãe, isto não faz deles um clone (indivíduo geneticamente igual) da mãe. A razão está no processo de recombinação genética que ocorre na produção de gâmetas (espermatozoides e óvulos).

Na recombinação genética ocorrem quebras nos cromossomos e trocas de pedaços entre os seus filamentosEstas quebras podem ocorrer em qualquer ponto do cromossoma e com igual probabilidade. O resultado é que os genes de cada pai podem aparecer no organismo haplóide (o zângão neste caso) de uma forma bastante aleatória. Os ovos, dos quais resultam os zângãos, são resultado da “mistura” aleatória de genes, mistura esta que não é idêntica à mistura genética de sua mãe.

Controlar o lado paterno não acelera necessariamente o processo de melhoramento de rainhas

Dada a natureza haplodiploide dos acasalamentos no mundo das abelhas podemos ser levados a pensar que uma vez que cada rainha obtém apenas 50% do material genético de sua mãe e 100% do material de seu pai, ela será “basicamente” 75% como seu pai. Em consequência, podemos ser levados a pensar que ao controlar a paternidade das rainhas, podemos ver um aumento mais rápido dos traços que desejamos. É melhor não apostar.

Mesmos que através da inseminação instrumental controlemos os outros dois fenómenos que introduzem aleatoriedade no processo de melhoramento, a panmixia e a poliandria, os zângãos doadores de esperma filhos de uma mesma rainha não são gémeos idênticos. Assim como os zângãos não podem ser clones da rainha, cada zângão não é necessariamente idêntico a seus irmãos devido aos eventos de recombinação e segregação genética aleatória que ocorre na produção dos gâmetas. Ainda assim pode pensar-se que as probabilidades de obter uma genética muito semelhante aumentam se trabalharmos com zângãos irmãos enquanto doadores de esperma para o nosso processo de inseminação instrumental. Sim aumentamos, mas em que medida? Sabendo que a intensidade/frequência da recombinação genética nas abelhas é cerca de 100 vezes superior à de muitos outros animais, as garantias de estarmos a trabalhar com “material” genético quase idêntico descem muito.

A possibilidade de estarmos a fazer tudo ao contrário ou a deitar fora ouro

Finalmente os nossos bem intencionados esforços de melhoramento podem ter um final infeliz. A maior parte dos traços que interessam ao apicultor (produtividade, comportamento higiénico, baixa enxameação, prolificidade, frugalidade, mansidão, …) são geneticamente multideterminados. Sabemos que ao seleccionar para dois traços, apenas cerca de 2% das colónias os irão apresentar na população original (tema a desenvolver em breve, espero eu!). Portanto no afã de seleccionar para melhorar isto e aquilo podemos ser tentados a “deitar fora” 98% da variabilidade genética nos nossos apiários. Ora todos estes três mecanismos naturais, panmixia, poliandria e haplodiploidia, foram desenvolvidos pelas abelhas, ao longo de milhões de anos, para aumentar a diversidade genética, não para a restringir. É altura de perguntar se sabemos mesmo o que estamos a fazer e com que consequências no futuro. Outro ponto: a rainha “ranhosa” de uma colónia insatisfatória, pode ter uma genética de ouro. Não nos precipitemos a esmagá-la. Pode, por exemplo, vir a ser uma excelente rainha-mãe de zângãos, e assim que estes acasalem com uma linha em que os seus genes raros e de natureza recessiva, aditiva e epistática, não observáveis até aí, se combinem em boa harmonia com os genes de uma rainha e aquela genética rara e escondida emirja e brilhe, como ouro num campo florido.

Esta publicação foi muito trabalhosa de fazer. Mas se for útil para alguns de nós não caírem no canto de sereia dos marketeers de rainhas ou enxames que da elevada produção à frugalidade, passando por um excelente comportamento higiénico e baixa enxameação, tudo anunciam ter alcançado, controlado e estabilizado, já valeu a pena.

fontes: https://www.perfectbee.com/learn-about-bees/the-science-of-bees/honey-bee-genetics; http://www.glenn-apiaries.com/principles.html; https://pt.wikipedia.org/wiki/Partenogénese; https://www.beesource.com/threads/why-arent-drones-clones.316929/page-2; https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/cromossomos-homologos

inquérito BIP: perdas de colónias de abelhas nos Estados Unidos em 2020-2021

Bons velhos hábitos são para manter e, assim sendo, continuo a ler os relatórios anuais sobre perdas de colónias. Escrevi há um ano atrás nesta publicação “Sou um leitor ávido e habitual de relatórios anuais publicados por algumas associações/institutos de apicultura, tendo já publicado um ou outro pelo interesse que encontro nos seus dados (ver por ex. aqui). Acho os relatórios extremamente didácticos pela visão macroscópica que me permitem elaborar, pelo sentido que dão às observações mais fragmentares que vou fazendo nos meus apiários e pelo reforço que dão a algumas das acções basilares no maneio das minhas colónias.” Este esforço de pesquisa — que se traduz em mais conhecimento para mim e que vou partilhando com os leitores —, associado a trabalho, proactividade, mudança e reflexão, contribuem para que a mortalidade de colónias por varroose neste verão/outono de 2021 tenha sido um redondo zero nos meus apiários. Não foi fácil… nunca é com este inimigo!

Na sequência deste velho hábito não pude deixar de ler os dados preliminares obtidos pelo inquérito conduzido pelo The Bee Informed Partnership a perdas de colónias de abelhas nos Estados Unidos em 2020-2021. Vejamos alguns números globais:

  • forneceram respostas validadas ao inquérito 3.347 apicultores com 192.384 colónias;
  • o inquérito cobriu o período de um ano, entre abril de 2020 e abril de 2021;
  • durante o inverno de 2020-2021 (1 de outubro de 2020 – 1 de abril de 2021), cerca de 32,2% das colónias nos Estados Unidos foram perdidas (Fig. 1);
  • durante o verão de 2020 (1 de abril de 2020 – 1 de outubro de 2020), cerca de 31,1% das colónias foram perdidas nos Estados Unidos (Fig. 1);
  • durante todo o ano (1 de abril de 2020 – 1 de abril de 2021), os apicultores nos Estados Unidos perderam cerca de 45,5% de suas colónias de abelhas (Fig. 1). Esta é a segunda maior perda anual já registada, 1,8% maior do que a perda anual estimada do ano passado (43,7%), e um aumento de 6,1% sobre a taxa média de perda (39,4%) nos últimos 10 anos.
Fig. 1: a amarelo as perdas de verão; a azul as perdas de inverno; a vermelho as perdas anuais totais.

Os apicultores que responderam foram solicitados a identificar até às três principais causas da perda de colónias nas suas operações. Apicultores de todos os tipos de operação relataram que o ácaro parasita Varroa destructor foi a principal causa da perda de colónias durante o inverno (Fig. 2), com os apicultores “comerciais” (com mais de 500 colónias) a referirem problemas com as rainhas em segundo lugar. As razões relatadas para as perdas de verão foram ligeiramente diferentes, com problemas de rainha, seguido pelo ácaro varroa, listado como o mais e o segundo mais importante em todos os tipos de operação de apicultura, respectivamente. A nosemose é a causa menos referida.

Fig.2 : Causas de mortalidade identificadas pelos apicultores que responderam ao inquérito. A primeira e segunda causa mais identificadas são, respectivamente, varroose e problemas com rainhas. A nosemose é a causa menos referida, o que de alguma forma confirma os dados de um estudo controlado que podem ver aqui. ( Backyard, apicultor com até 50 colónias; Sideliner, apicultor com mais de 50 colónias até 500 colónias; Commercial, apicultor com mais de 500 colónias).

Um outro grupo de dados que chamou a minha atenção: apenas metade dos apicultores de quintal (backyard) entrevistados substituíram rainhas nas suas colónias durante o verão de 2020 (49,9%; n = 3.019). Em contraste, a maioria dos “sideliner” (89,3%; n = 84) e virtualmente todos os apicultores comerciais (97,1%; n = 35) introduziram novas rainhas durante este período (Fig. 3).

Fig. 3: Proporção de apicultores que introduziram uma nova rainha (Sim) nas suas colónias durante o verão de 2020 de acordo com o tipo de operação de apicultura.

Interrogações: sabendo que são os apicultores “comerciais” que substituem na totalidade, ou perto disso, as rainhas com 1 ano de vida, como se explica que seja este mesmo grupo a identificar mais problemas com as rainhas durante o verão? Será pelo desgaste rápido das rainhas que decorre da extensão dos períodos de postura por força dos contratos de polinização que este grupo de apicultores assina ano após ano, ou pelos impactos sub-letais causados pelas longas viagens até aos pomares da Califórnia nestes indivíduos mais longevos da colónia, ou… ? Se o desejarem, podem deixar as vossas propostas de explicação na caixa de comentários.

fonte: https://beeinformed.org/wp-content/uploads/2021/06/BIP_2020_21_Losses_Abstract_2021.06.14_FINAL_R1.pdf

o que mata mais colónias de abelhas: varroa, nosema, imidacloprida, ou tudo isto junto?

O estudo “Single and interactive effects of Varroa destructor,Nosema spp., and imidacloprid on honey bee colonies (Apis mellifera)” [Efeitos únicos e interativos de Varroa destructor, Nosema spp. e imidacloprid em colónias de abelhas (Apis mellifera)] descreve uma experiência, levada a cabo durante dois anos, para avaliar os efeitos isolados e em sinergia na mortalidade de colónias de abelhas por Varroa destructor, Nosema spp. e e imidacloprida (um insecticida da família dos neonicotinóides). Deixo a tradução do sumário:

“As grandes perdas de colónias de abelhas nas últimas décadas são uma grande preocupação social e económica e são vistas como um sinal da vulnerabilidade do meio ambiente, incluindo o serviço de polinização nas lavouras, e do setor apícola. Não há uma causa única para as perdas da colónia, mas muitos setressores contribuintes podem agir em conjunto. A infestação por Varroa destructor é reconhecida como uma importante causa dessas perdas. Os papéis da infestação por Nosema ceranae ou exposição a inseticidas são controversos. Interações entre a exposição a pesticidas e V. destructor ou Nosema spp. já foram implicados. Em dois anos de experimentação de campo, estudámos os efeitos e as possíveis interações entre os setressores infestação por V. destructor, infestação por Nosema spp. e exposição subletal crónica a uma dose realista do inseticida imidacloprida no desempenho e sobrevivência de colónias de abelhas. As colónias altamente infestadas por V. destructor eram 13% menores em tamanho e apresentaram 59,1 vezes mais probabilidade de morrer do que as colónias infestadas com baixos níveis de V. destructor. Infestação com altos níveis de Nosema spp. levou a uma diminuição de 2% no tamanho e a probabilidade 1,4 vezes maior de morrer em comparação com colónias com baixos níveis de Nosema spp. . Nenhum efeito da exposição subletal crónica ao imidacloprida no tamanho da colónia ou na sobrevivência foi encontrado neste estudo. A exposição a V. destructor e imidacloprida levou a uma fração ligeiramente maior de abelhas infestadas com Nosema spp., mas em contraste com as expectativas, nenhuma interação resultante foi encontrada para o tamanho da colónia ou sobrevivência. As colónias, como superorganismos, podem muito bem compensar ao nível da colónia os efeitos negativos subletais dos setressores nos seus indivíduos. No nosso estudo experimental sob exposição realista de campo a setressores, V. destructor foi de longe o mais letal para colónias de abelhas.

fonte: https://esajournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ecs2.2378

A Arte da Guerra, é um tratado militar escrito durante o sec. IV A.C..

Já Sun Tzu, no lendário livro A Arte da Guerra, escrevia que temos de conhecer bem o inimigo para sairmos vitoriosos na guerra. Na minha opinião, este artigo dá-nos uma luz sobre quem é o GRANDE inimigo e em que sector do campo de batalha devemos colocar a cavalaria para sairmos vitoriosos ano após ano.