Na sequência do seu trabalho de doutoramento, Gabrielle Almecija tem vindo a publicar diversos artigos com os resultados que obteve na sua pesquisa de avaliação da resistência ao amitraz (princípio activo dos medicamentos comercializados com o nome Apivar e Apitraz, por exemplo) e ao tau-fluvalinato (princípio activo do medicamento comercializados com o nome Apistan), em algumas regiões de França nos anos de 2018 e 2019.
Apresento em baixo alguns dos dados obtidos.
Do primeiro quadro podemos ver que o fenómeno de resistência moderada e resistência forte para o amitraz e para o tau-fluvalinato é heterogéneo entre regiões e, inclusivamente, na mesma região. Há apiários com uma predominância de populações de varroas sensíveis ao amitraz ou ao tau-fluvalinato e outros apiários onde predominam populações de varroas moderadamente ou fortemente resistentes ao amitraz ou ao tau-fluvalinato. Ainda que as minhas observações sejam a olho, sem qualquer carácter científico (avaliar a susceptibilidade vs. resistência das varroas a este ou aquele princípio activo segue um protocolo muito complexo, que não está ao meu alcance), também encontro esta heterogeneidade nos resultados finais, isto é, o Apivar colocado da mesma maneira, na mesma altura, resulta melhor nuns apiários que noutros, resulta melhor numas colónias que noutras do mesmo apiário. Das minhas observações resulta melhor, em regra, em colónias que foram desdobradas, em enxames novos, em enxames mais pequenos, por exemplo em núcleos de 5 quadros.
Da comparação dos dois gráficos em baixo destaco a maior percentagem de populações de varroas sensíveis ao tau-fluvalinato, 50%, por comparação com as populações de varroas sensíveis ao amitraz, 29%. Uma explicação possível, com base científica, pode ter a haver com o fenómeno de “reversão para a sensibilidade”. O tempo necessário para se passar de uma população resistente a susceptível é denominado “período de reversão”. Para os ácaros varroa, poucas informações sobre a duração do período de reversão são conhecidas hoje. Levará entre 4 e 6 anos para uma população de ácaros altamente resistentes ao tau-fluvalinato recuperar sua sensibilidade (Norberto Milani e Vedova 2002). Até ao momento, nenhuma informação é conhecida sobre o período de reversão do amitraz. No meu caso, e como o último ano em que tratei com tau-fluvalianto (Apistan) foi em 2011, este medicamento está novamente em cima da minha mesa de opções para ser utilizado em 2022.
fonte: https://www.apinov.com/wp-content/uploads/2021/08/Lutte-contre-le-varroa-Gabrielle-Almecija.pdf
Nota: agradeço ao meu amigo João Gomes por me ter posto na pista do trabalho e publicações de Gabrielle Almecija. Tenciono fazer mais publicações sustentado na tese de doutoramento desta jovem doutora, pois quero partilhar muito do sumo do seu trabalho com os meus leitores.
Olá Eduardo,
“… Das minhas observações resulta melhor, em regra, em colónias que foram desdobradas, em enxames novos, em enxames mais pequenos, por exemplo em núcleos de 5 quadros. …”
Confirmo esta observação. Este ano tive 5 colmeias que não enxamearam nem foram desdobradas. Achei que tivesse feito um excelente trabalho na prevenção da enxameação. Tornaram-se colmeias fortes e com uma produção de mel bem superior às desdobradas. No entanto quando fiz o tratamento em agosto para a varroa com Apivar notei perda de população nestas colmeias. Por fim 2 delas acabaram por morrer e as 3 ainda recuperam mas estão mais fracas que as outras que foram desdobradas ou com enxames novos. Ou seja nestas 5 colmeias o tratamento praticamente não surtiu efeito ao contrário das outras.