Desde 2014/2015 que, tendo entendido melhor a dinâmica que se estabelece entre o ciclo de vida do ácaro varroa e o desenvolvimento populacional de uma colónia de abelhas, passei a realizar o segundo tratamento para a varroose não à entrada do outono como até aí, mas sim a meio do verão. Desde que introduzi este novo calendário para o território onde estão assentes as minhas colónias, e de 2017 para cá, tive uma colónia morta por varroose num universo de cerca de 4 mil tratamentos aplicados.
Como tive a oportunidade de defender na palestra que fiz no dia 9 de fevereiro deste ano no âmbito do II Encontro de Apicultores do distrito da Guarda, a dinâmica da relação entre o número de pupas de abelhas e o número de varroas ao longo de um ano, e supondo a realização de um primeiro tratamento muito eficaz à saída do inverno, evolui aproximadamente desta forma:
- cerca de meio do ano (maio/junho) atinge-se o número máximo de pupas a serem criadas pelas abelhas: 15 mil;
- nesta mesma altura o número de varroas rondará os 1500;
- em meados/finais de setembro o número de pupas caiu significativamente para cerca de 2500;
- e nada tendo sido feito até à data para controlar o número de varroas estas rondarão as 5 mil;
- em conclusão temos temos cerca de 5 mil varroas a infestarem cerca de 2500 larvas/pupas. Nesta altura a colónia é um morto-vivo. Qual o tratamento para um morto-vivo?
Como as designações das coisas são o seu melhor sumário deixei de falar e pensar em tratamento de outono para passar a pensar e falar em tratamento de verão. Em boa hora o fiz!
O timing do tratamento é a parte mais importante do mesmo, é a conclusão a que chego. Mas pode não ser suficiente, ou os seus efeitos positivos podem ser potenciados se atendermos a alguns detalhes na sua aplicação. No caso da aplicação das tiras de Apivar (o tratamento que tenho utilizado recorrentemente nestes últimos anos) tenho tido grande cuidado ao colocar as tiras: sempre entre quadros com criação. Isso exige-me ver quadro a quadro do ninho para identificar o início da câmara de criação e o seu fim, em cada ninho de cada colónia. E foi isso mesmo que hoje estive a fazer a partir sensivelmente das 7,15h e até às 10,00h em 36 colónias (média aproximada de 5 minutos dispendidos por colónia). Aproveitei também esta oportunidade para recentrar no ninho a câmara de criação.



Mais adiante, dentro de 3 a 4 semanas, estes ninhos serão novamente inspeccionados para ajustar as tiras a uma câmara de criação que entretanto terá evoluído, se terá modificado, e muito provavelmente se terá comprimido em várias destas colónia. Será também a altura para fazer uma primeira avaliação visual da eficácia do acaricida no controle da varroose.
Este trabalho de re-inspecção foi ontem realizado num apiário onde iniciei o tratamento há cerca de 3 semanas atrás e os sinais que observei são muito positivos. Espero que assim continue por mais um tratamento, sem que possa confirmar o que alguns afirmam convictamente:
- varroas resistentes ao acaricida;
- volatilidade do princípio activo em consequência do calor;
- pouco contacto das abelhas com as tiras porque aquelas estão à entrada da colmeia a refrescarem-se;
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