ajudas à renovação do efectivo apícola… em França

Em França, país com uma realidade apícola próxima da nossa, em particular no que respeita a médias de produção e às dificuldades decorrentes do actual contexto meteorológico, os decisores atrevem-se a cometer a “heresia” de dar ajudas forfetárias e a fundo perdido aos apicultores que desejam efectuar a renovação do efectivo apícola.

Que me desculpem alguns campeões da apicultura portuguesa, que desdenham desta tipologia de ajudas, vir aqui falar novamente do “bizarro” caso francês… A razão é simples: pretendo comparar o que é razoavelmente comparável.

Não comparo com os EUA, onde os serviços de polinização dos amendoais são pagos a +200€/colónia; não comparo com o Canadá onde são habituais médias de +100kg/colónia nos campos de canola; não comparo com a Nova Zelândia onde mercado paga o mel de manuka a +400 €/kg; não comparo com a China onde o mel é maturado em fábricas; … comparo com França, com uma realidade próxima, onde os apicultores não desdenham destas ajudas, agradecem-nas e utilizam-nas.

Programa francês de ajuda à renovação do efectivo apícola, com recursos comunitários e nacionais

Ajuda forfetária para compras realizadas entre 01/08/2021 e 31/12/2022

Colmeias novas vazias: 20€
Núcleos novos vazios: 13€
Nucléolos: 8€
Enxames: 40€
Enxames Bio certificados: € 55
Pacotes de abelhas sem rainha: 32€
Rainhas: 8€

fonte: https://www.franceagrimer.fr/Autres-filieres/Apiculture/Accompagner/Dispositifs-par-filiere/Programme-apicole-europeen-PAE-2020-2022/Repeuplement-du-Cheptel

bem-hajam e mais umas coisas

A propósito desta publicação no mural do FB, o meu bem-haja aos que, das mais diversas formas, manifestaram a sua solidariedade e conforto.

Pretendi com esta publicação:

1) chamar a atenção para que num incêndio como este da Serra da Estrela a onda de morte não se resume às florestas e matos. Muita fauna e entomofauna, doméstica e selvagem, morre num primeiro momento ou fica com a sua vida muito dificultada e em perigo nos próximos tempos;

2) ilustrar o que se terá passado em dezenas ou centenas de apiários espalhados pela Serra por via do que se passou no meu;

3) antecipar que a ajuda que o estado possa vir a dar a todos os apicultores que perdem colónias nos incêndios, se a vier a dar, deve ir além do habitual fornecimento de alimento.

Deixo algumas notas justas:

Nota 1: agradeço a todos aqueles que se prontificaram de forma franca a doar-me enxames. Na minha opinião essa ajuda será melhor direccionada a outros companheiros que terão perdido uma parcela maior do seu efectivo.

Nota 2: não sendo especialista em ordenamento florestal, pergunto se este não seria um desastre anunciado. Com tanto combustível no território, com tanta continuidade de floresta e matos, estava escrito por toda a Serra que o incêndio seria gigantesco se a intervenção inicial de combate falhasse, como veio a falhar.

Nota 3: não sendo perito em conservação de parques naturais, pergunto como pode a conservação fazer-se ao arrepio dos interesses sociais e económicos da população lá residente.

Nota 4: como pode o representante da Protecção Civil pretender defender-se com uma análise Macro do que se passou neste incêndio? A análise Macro que possa querer fazer é evidente para todos: o incêndio que começou no extremo Sul da Serra, terminou no extremo Norte da mesma. Mais Serra houvesse mais Serra arderia.

vespa velutina: anestesia de um ninho com recurso a algodão embebido em gasolina

Neste vídeo, Fred Soulat, descreve os procedimentos para levar a cabo a destruição de um ninho primário de vespas asiáticas em 01-08-2022 por introdução na entrada do ninho de algodão embebido em gasolina.


“Os vapores anestesiam as vespas, só resta colocá-las no congelador para matá-las…” diz este apicultor francês.

a invasão da Austrália pela varroa: o ponto de vista de Randy Oliver

Tenho conversado diariamente com um dos dois apicultores cujas operações estão infestadas, assim como outros do setor.
Até agora, mais de 1000 de suas colónias foram sacrificadas, com muitas outras com planos para serem queimadas. Como se pode imaginar, isto é muito difícil para os apicultores, que também foram impedidos de vender os seus enormes stoks de mel armazenados.

O Departamento de Indústrias Primárias (DIP) australiano parece estar a fazer um bom trabalho de “rastreamento de contatos” (links epidemiológicos) e, até agora, todas as detecções estavam ligadas a estas duas operações. A questão-chave é definir o perímetro até onde os ácaros se afastaram destas colónias infestadas. Meu próprio rastreamento de abelhas marcadas indica que há uma deriva considerável de abelhas de colmeia em colmeia para pelo menos 800m, e algumas para 1500m. Sem mencionar que uma abelha carregando um ácaro pode forragear a distâncias de vários quilómetros de distância de sua colmeia e talvez até esbarrar com outra abelha não infestada numa flor.

As perguntas óbvias são se os ácaros saíram da zona de contenção ou se estabeleceram na população silvestre de abelhas. Se ainda estiverem limitados a uma pequena zona, há uma chance viável de erradicação. A preocupação é que atualmente é inverno na Austrália, e algumas das colmeias infestadas tinham contagens de ácaros já muito altas sendo óbvio que tiveram varroa desde pelo menos o início do verão passado. Isso teria dado tempo para uma deriva considerável, talvez para o setor de hobistas em Newcastle.

Aqueles de nós que viveram as invasões de ácaros da traqueia e varroa entendem a futilidade da erradicação se um ácaro já estiver bem estabelecido. A prole de mesmo uma única fêmea de ácaro pode-se espalhar de forma relativamente rápida por um continente, especialmente se auxiliada por transporte inadvertido por humanos.

Para uma melhor triagem de detecção, o DIP acaba de receber uma grande remessa de estrados sanitários dos EUA (que deixei claro que são mais eficazes na detecção de infestações baixas do que as lavagens com álcool). Eles também estão a trabalhar para obter tratamentos de colónias registrados no país. Nos últimos dias, conversei com um fornecedor na América do Norte, cujo telefone tocava sem parar com pedidos de casas de suprimentos de apicultura australianas.

Quando me pediram há vários anos pelo Departamento recomendações para seus planos de incursão, afirmei que se eles não estivessem dispostos a tomar medidas fortes — incluindo o uso de iscas de fipronil para matar colónias silvestres* — suas chances de erradicação seriam zero.
Embora só tenha tido comunicação indireta com o DIP durante esta incursão, estou encorajado que eles estejam de fato se preparando utilizar estas iscas.

Os apicultores profissionais do país estão bem cientes de que a possibilidade de erradicação completa é pequena, mas é claro que a agência, com base na falta de detecções fora da zona de contenção, sente que ainda tem uma chance de lutar.

Uma vez que os apicultores em breve terão de começar a deslocar as colónias para polinizar os pomares de amendoeiras, será necessário impor restrições à circulação, para evitar a dispersão da varroa pelo país. Todos sabemos que basta um único apicultor para estragar tudo num continente inteiro, então vamos cruzar os dedos para que ninguém o faça!

Os apicultores australianos gostam de ter seu mel e cera de abelha livres de acaricidas. Foram feitas sugestões para o tratamento de todas as colmeias que vão para a polinização de amêndoas com tiras de Apivar. É claro que é um retrocesso, já que os apicultores não querem resíduos nos seus produtos de colmeia.

Uma grande dúvida é se a linhagem de ácaros da incursão é resistente a algum acaricida, por isso estão a ser realizados testes. Se os ácaros introduzidos são sensíveis ao amitraz, isso pode ser uma consideração que vale a pena, já que tal tratamento em minha própria operação sem amitraz realmente elimina completamente todos os ácaros de uma colónia.

Se houver algum apicultor australiano que leia isto, aqui estão algumas sugestões:

  • Mantenha a cabeça fria. O DPI parece estar bem informado e fazendo um bom trabalho. Eu elogio-os por tentarem agir com transparência e manterem o público informado. Os apicultores podem ajudá-los cooperando plenamente, especialmente porque haverá agentes não familiarizados com as abelhas.
    Como a maioria dos apicultores australianos não estão familiarizados com os ácaros, eles devem ver fotos de ácaros em lavagens com álcool ou em estrados sanitários, para treinar o seu olhar a reconhecê-los. Eles são difíceis de serem vistos por olhos destreinados, e você não quer perder nenhum!

  • Lavagens com álcool ou shakes de açúcar de 300 abelhas podem não identificar uma infestação leve. Uma contagem com estrados sanitários, usando ácido fórmico, amitraz de libertação rápida ou até mesmo açúcar em pó numa colónia inteira, terá menos falsos negativos.
  • Falando como alguém que realiza milhares de lavagens de ácaros, a melhor recuperação é com álcool a 90% ou detergente Dawn Ultra** (que preferimos, pois oferece mais fácil recuperação, é barato e não inflamável). Eu recomendo usar Dawn em vez de álcool. Requer muito pouca agitação e muito menos trabalho por parte do apicultor.
  • Embora a possibilidade de erradicação desta incursão de varroa seja pequena, ainda é possível e vale a pena fazer o esforço.
  • Os apicultores que são obrigados a sacrificar suas colónias serão compensados*** e devem considerar o sacrifício como um esforço heróico para salvar sua indústria. A Austrália inevitavelmente será infestada pela varroa, mas quanto mais tempo puderem evitá-la melhor para os apicultores. Vamos todos torcer pelo sucesso nesta contenção e erradicação desta incursão!” — Randy Oliver

* Ainda penso que teria sucedido com a expansão da Vespa velutina se os franceses em 2005 tivessem utilizado medidas mais radicais — fipronil, ou inibidores ou reguladores do crescimento da quitina e outros insecticidas em iscos proteicos, colocados massivamente em 2005 e na região de Bordéus.

** Dawn Ultra é um detergente de louça. Desconheço se esta marca em particular é comercializada em Portugal.

*** Espero que o DIP australiano seja conhecedor do caso canadiano no que diz respeito à compensação dos apicultores. No Canadá como as compensações dadas aos apicultores para a eliminação de colónias, aquando das primeiras deteções de varroa naquele país, eram baixas teve como efeito alguns apicultores não declarem a presença de varroa nas suas colónias. O desfecho desta “avareza” é o conhecido.

tratamento da varroose neste verão

Entre as 6h00 e as 7h15 de hoje andei ocupado a colocar o medicamento acaricida que escolhi para o verão deste ano, isto nas colónias Lusitanas do apiário a 600 m onde concluí a cresta anteontem.

Para este tratamento de verão estou a utilizar pela primeira vez o Amicel, decisão que referi em março nesta publicação. Espero, com a mudança das tiras de plástico do Apivar para as tiras de cartão do Amicel, obter resultados melhores nesta época do ano em que o crescimento das taxas de infestação nas abelhas adultas e na criação de abelhas é rapidíssimo — por via da diminuição da população de abelhas e criação, em particular a de zângãos.

Deixo em baixo o foto-filme dos principais procedimentos de preparação e aplicação do Amicel, que ilustram alguns cuidados que considero relevantes para seguir com o maior rigor possível o protocolo definido pelo fabricante.

O recipiente com 1 l de acaricida; as tiras de cartão; a seringa doseadora.
10 ml de solução a aplicar por tira de cartão. Esta dose contém 250 mg de amitraz, metade da quantidade de amitraz presente em cada tira de Apivar.
De acordo com o protocolo do fabricante preparei as tiras cerca de 12 horas antes de as aplicar nas colmeias. Nestas 12 horas estiveram sobre esta rede metálica para escorrer algum excesso de líquido — obrigado Pires Veiga pelas redes de metal.
O protocolo define a colocação de uma tira por colónia durante 12 dias e após este período colocar uma segunda tira. O fabricante pretende que o tratamento cubra um período de 24 dias, para abranger também o tempo de criação dos zângãos.
A tira de cartão com o acaricida foi dobrada a meio sobre o travessão superior do quadro central do ninho. Os acaricidas de contacto, como este e outros, querem-se bem centrados no ninho em contacto muito próximo com as zonas onde há criação.

mel de Portugal: uma razão para o escolher

No mercado português existe mel de diversas nacionalidades à disposição do consumidor. Sendo este o contexto, encontro diversas razões para o consumidor preferir mel produzido em Portugal. Esta publicação serve o propósito de enfatizar esta ideia básica: a opção por mel português contribui de forma decisiva para a preservação do número de colónias de abelhas no nosso país, já a opção por mel de outras nacionalidades não soma esta virtualidade. Não esqueço que o aspecto económico é decisivo para continuar a ver abelhas domésticas nos nossos campos. Sabendo que os apicultores profissionais em Portugal detêm cerca de 50% das colónias e que estes tenderão a preservar as suas abelhas enquanto a actividade for razoavelmente rentável, a decisão de consumo dos portugueses por mel do nosso país é um factor relevante para a sustentabilidade económica da actividade.

E que importa ao consumidor não apicultor que as abelhas domésticas continuem a voar por aqui e por ali, poisando nas plantas que o rodeiam?

Momento da extracção de mel português. Este mel tem associado um valor inestimável: melhorou o território português.

O mel produzido em Portugal provém de colónias de abelhas que no seu labor acabam por polinizar as plantas, os arbustos e as árvores de nossos campos. Este serviço ecossistémico é de importância crítica para a produção de sementes de muitas espécies vegetais. A reprodução e manutenção destas espécies são uma peça chave na preservação da qualidade dos solos e na retenção da água das chuvas nos diversos territórios do país que habitamos. Facilmente concluímos que abelhas são um elo da cadeia que combate a erosão e o empobrecimento dos solos e ajudam a água a infiltrar-se na terra, não se perdendo no mar.

Este aspecto deve ser tido em conta pelo consumidor: ao comprar mel português está não só a comprar um alimento de grande qualidade mas também a contribuir para a melhoria ou preservação da qualidade do ambiente próximo que o rodeia.

minimizando riscos do trabalho apícola

Assim como outros apicultores procuro o mais possível evitar os riscos habituais desta profissão ou, não sendo possível, tento minimizá-los. Entre outros cuidados, raramente sou picado e muito raramente me cai carga nos caminhos de acesso aos apiários.

Nesta publicação vou focar-me noutras medidas que visam minimizar os riscos nesta altura da época apícola. Uma destas medidas é planear o dia por forma a trabalhar no apiário com temperaturas inferiores a 25ºC. Hoje por exemplo, entre as 8h00 e as 10h30, estive ocupado a inspeccionar cerca de 80 colónias com o objectivo de identificar quais as que estavam a pedir mais uma meia-alça. Acabei por colocar mais 37. Por volta das 10h30 a temperatura estava a chegar aos 25ºC, isto a 900 m de altitude, e foi a hora em que iniciei o regresso a casa com o trabalho concluído.

Imagem parcial do apiário a 900 m.
Meia-alça praticamente cheia e…
… colocação de mais uma meia-alça.

Antes, no dia de hoje e por volta das 6h00, entrei no apiário das Lusitanas a 600 m de altitude para efectuar a cresta dos sobreninhos ali presentes. E a este respeito, aproveito para referir o segundo cuidado para minimizar riscos. Na cresta destes sobreninhos divido os quadros por várias caixas. A intenção é não ter de levantar mais de 15 kgs. Com 12 anos de apicultura a tempo inteiro, até agora não tenho problemas cervicais ou lombares. Assim espero continuar, tendo este e outros cuidados!

Na altura da cresta destes sobreninhos a máxima é dividir para vencer. Afinal é de apicultura mobilista que se trata.

mel claro: início da cresta de 2022

Hoje, o meu dia começou às 5h10m. 

Por volta das 6h00 estava a entrar no apiário de Lusitanas a 600m, território das 1000 flores, para iniciar a cresta dos méis claros deste ano. O plano era crestar as meias-alças lá presentes. Por volta das 7h15 estava de regresso a casa, com a carga que tinha planeado trazer. As imagens são do início da extracção deste néctar prístino, intocado, que fluiu de forma natural e primitiva entre as abelhas.

A todos nós que iniciámos a cresta, ou a vamos iniciar, desejo uma boa cresta e colheita. Que o semeado ao longo de meses tenha agora correspondência no que colhemos.

ficar ou partir: as pistas que as varroas seguem para fugirem de uma colónia que está a colapsar

Nas colónias colapsadas por altas taxas de infestação por varroa encontramos mais frequentemente os excrementos das mesmas nas paredes dos alvéolos do que as próprias varroas — sobre a autópsia e sinais de uma colónia que morreu devido à varroose já escrevi diversas vezes (ver, por exemplo aqui), sendo que a guanina/excrementos das varroas é uma pista inequívoca da sua presença num passado recente.

E o que terá sucedido às varroas que infestavam a colónia? Nas minha opinião, as duas hipóteses mais sólidas são: (i) no período que decorreu entre as visitas do apicultor uma parte da população de varroas terá morrido por velhice ou por desnutrição, caído nos estrados das colmeias e acabaram como alimento de formigas e outros necrófagos; (ii) a outra parte da população terá saído às costas de abelhas forrageiras que derivaram para colónias mais saudáveis.

Sendo este comportamento das varroas, transferirem-se das abelhas mais novas para as abelhas mais velhas, as que lhes oferecem “boleia” para outras colónias vizinhas, uma estratégia vencedora do ponto de vista da sua sobrevivência enquanto espécie, quais são os mecanismos subjacentes e as pistas que as varroas seguem para decidirem partir, fugirem de uma colónia prestes a colapsar que nada mais tem para lhes dar?

Deixo em baixo a tradução de um artigo de divulgação científica que traz luz sobre as pistas que as varroas poderão seguir, ficando uma vez mais claro como este parasita está perfeitamente moldado ao ambiente interno das colónias de abelhas, como se ajusta como uma luva aos diversos aspectos biológicos inerentes às colónias e assim consegue prosperar.

Os ácaros varroa geralmente preferem alimentar-se de abelhas ama, as que cuidam da criação, porque lhes dá mais oportunidades de transitarem e parasitarem as larvas das abelhas. No entanto, estas abelhas amas ficam geralmente dentro da colmeia, então os ácaros precisam apanhar boleia noutras abelhas para infestar outras colmeias.

Então, como sabem os ácaros quando ficar e quando ir? Depois de levar uma colmeia próximo do colapso, os ácaros são confrontados com um dilema: ficar parado e perecer com a colónia ou preparar-se para infestar outra colmeia vizinha mais saudável.

Investigadores em Itália acham que têm uma resposta para esta pergunta, e os resultados de seu estudo foram publicados no Journal of Experimental Biology.

Rita Cervo e seus colegas da Università degli Studi Firenze testaram as preferências dos ácaros para se alimentarem nas abelhas ama que não saem da colmeias ou forrageadoras itinerantes, incluindo abelhas ladras de outras colónias. Estes investigadores observaram que os ácaros das colmeias com baixas taxas de infestação preferiam transitar sobre abelhas ama. No entanto, à medida que as taxas de infestação de ácaros nas colmeias aumentaram, os ácaros se tornaram menos exigentes e pareciam igualmente satisfeitos em transitar em forrageadoras e amas.

A equipe analisou a mistura de substâncias cerosas que revestiam a superfície quitinosa das abelhas e descobriu que em colmeias com baixas taxas de infestação por ácaros, a cera das amas era muito diferente da cera das forrageadoras – aspecto que os ácaros provavelmente são capazes de detectar.

No entanto, as misturas de cera em amas e forrageadoras em colmeias com altos níveis de infestação pelo ácaro Varroa foram mais semelhantes, tornando mais difícil para os ácaros distinguir entre amas e forrageadoras. A presença dos ácaros alterou os revestimentos cerosos das forrageiras.

Quando a abundância de ácaros aumenta na colónia, a falta de diferenças nas pistas químicas entre amas e forrageadoras provavelmente não permite que os ácaros discriminem abelhas com tarefas diferentes e faz com que os ácaros montem em ambas”, escreveram.

Ao perder a capacidade de distinguir entre amas e forrageadoras quando as taxas de infestação são altas, os ácaros aumentam as possibilidade de obter uma boleia de uma forrageira que deriva para outra colmeia, aumentando as suas hipóteses de sobrevivência quando sua colmeia atual enfrenta a extinção.

fonte: https://entomologytoday.org/2014/08/29/how-do-varroa-mites-know-when-to-leave-honey-bee-hives-its-all-in-the-bees-wax/

as abelhas sabem melhor

Sou um leitor assíduo do blog The Apiarist. Esta assiduidade deve-se a três características que ali encontro regularmente: qualidade do conteúdo, qualidade na forma como esse conteúdo é apresentado, pertinência do conteúdo.

Na última publicação o autor, David, escreve sobre os dados de um estudo que abordei em 2016, nesta publicação que intitulei pobres rainhas de emergência. É reconfortante verificar que o David também destaca os dados deste estudo: Worker regulation of emergency queen rearing in honey bee colonies and the resultant variation in queen quality  (Insectes soc. 46, 372–377 (1999)).

A construção não aleatória de mestreiros.

Em torno dos dados, David destaca na sua publicação que as abelhas no processo de construção de mestreiros/realeiras de emergência:

  • Elas escolhem predominantemente ovos.
  • Quase 70% das realeiras iniciadas foram iniciadas quando o alvéolo continha um ovo, em vez de uma larva. Além disso, a maioria dos ovos escolhidos tinha três dias de idade.
  • Se você considerar que havia 6 escolhas possíveis (ovos de 1, 2 ou 3 dias e larvas de 1, 2 e 3 dias), é impressionante que 34% de todas as realeiras produzidas eram de ovos de 3 dias.
  • Na verdade, verifica-se que apenas cinco escolhas foram feitas, pois nenhuma das realeira foi iniciada a partir de larvas de 3 dias.
  • Além disso, mais de 60% das realeiras produzidas a partir de larvas de 2 dias foram subsequentemente demolidas.
  • As abelhas escolhem fazer rainhas a partir dos ovos mais velhos ou das larvas mais jovens.