os gigantes estão a chegar? previsão do potencial de propagação e impactos da vespa gigante asiática (Vespa mandarinia, Hymenoptera: Vespidae) nos EUA

Vespa mandarinia, um gigante entre gigantes.

A tradução do sumário em baixo, de um artigo recente sobre uma preocupação recente, acerca da invasão da Vespa mandarinia de territórios da América do Norte, tem o propósito de reflectir sobre dois aspectos:

  • a minha suspeita que os autores acreditam que a sensibilização dos decisores políticos para o problema passa por fornecer-lhes dados fiáveis do impacto económico da invasão, em especial nos serviços de polinização;
  • aproveitar para relevar novamente a importância económica das colónias de abelhas nos serviços de polinização que prestam ao sistema agro-pecuário — US $ 101,8 milhões, o que equivale a uma mais-valia de mil dólares por colónia.

Teremos alguma coisa a aprender na Europa sobre como fazer a sensibilização de políticos? Seguramente que sim, e esta publicação poderá ajudar a ilustrar como o fazer: enfatizando perdas económicos mais gerais, em particular as decorrentes do empobrecimento de todo o sector agro-pecuário, se a luta contra a V. velutina não se traduzir em melhores resultados que os alcançados até à data.

Sumário

Contexto: As invasões biológicas são uma preocupação global na agricultura, produção de alimentos e biodiversidade. Entre as espécies invasoras, sabe-se que algumas vespas causam sérios efeitos sobre as abelhas, como as encontradas durante a invasão da Vespa velutina na Europa. As recentes descobertas de indivíduos Vespa mandarinia no estado de Washington, na costa oeste dos EUA, levantaram o alarme em todo o país. Aqui nós estimamos o potencial de propagação de V. mandarinia nos EUA, analisando seus impactos potenciais nas colónias de abelhas, perdas económicas na indústria de abelhas e áreas de cultivo polinizadas por abelhas.

Resultados: Descobrimos que a V. mandarinia poderia colonizar os estados de Washington e Oregon na costa oeste e uma proporção significativa da costa leste. Se esta espécie se espalhar por todo o país, poderá ameaçar 95.216 ± 5551 de colónias de abelhas, ameaçando uma renda estimada de US $ 11,9 e 101,8 milhões para produtos derivados de colmeias e produção de colheitas polinizadas por abelhas, respectivamente, quando colonizar 60.837,8 km2 de plantações polinizadas por abelhas.

Conclusão: Os nossos resultados sugerem que V. mandarinia terá graves efeitos nos EUA, aumentando a necessidade de ações de monitorização e planeamento imediatos em diferentes níveis administrativos para evitar sua potencial disseminação.

fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/ps.6063

modo de produção biológico: excertos do relatório 2011-2013

Apresento alguns excertos de um relatório disponibilizado pela FNAP, a que tive acesso muito recentemente. Numa primeira leitura deste relatório chamaram-me a atenção vários aspectos, dos quais destaco os que apresento em baixo.

“… as explorações com mais de 600 colónias detêm um volume de mão-de-obra total equivalente a uma atividade a tempo inteiro, correspondendo a um volume de trabalho aproximado equivalente a 3 indivíduos.

A análise do volume de mão-de-obra apícola por colónia (UTA/número de colónias), permite verificar que os apicultores não profissionais dedicam um maior tempo à atividade (em média despendem 0,006 UTA por colónia) que os apicultores profissionais (em média, 0,003 UTA por colónia), sendo a diferença estatisticamente significativa (valor de p = 0,015), sem que tal se reflita numa maior produtividade de mel por colónia, como se verá no capitulo seguinte.

Sendo a visita ao apiário uma componente fundamental do maneio apícola, os apicultores foram inquiridos relativamente a esta prática. Por norma, na Primavera/Verão, 49% dos apicultores visitam o apiário semanalmente, 15% visitam-no diariamente, 12% fazem-no 3 vezes por semana e 11% quinzenalmente. No Outono/Inverno, 41% dos apicultores visitam o apiário mensalmente, 33% visitam-no quinzenalmente e 15% semanalmente.” p. 26

“A análise […] permite observar que à medida que a percentagem de perdas diminui com o aumento da dimensão da exploração, verificando-se diferenças estatisticamente significativas, entre apicultores profissionais e não profissionais (valor de p = 0,013).

Analisando a percentagem de perdas geograficamente, verificou-se que a região Centro apresenta, em média, maior taxa de perdas por exploração (38 %), seguindo-se a região Sul (28%); na região Norte as perdas são de 26%. Contudo estas diferenças não são estatisticamente significativas.

Quando analisada a relação entre as percentagens de perdas e o associativismo, verifica-se que os apicultores não associados têm percentagens de perdas na ordem dos 50%, enquanto que para os apicultores associados, essas perdas são, em média, apenas de 27%. Porém esta diferença não é estatisticamente significativa, atendendo à variabilidade encontrada nos dois grupos.

Foram analisadas outras variáveis, como o tipo de maneio (número de visitas ao apiário, realização de análises às abelhas, realização de tratamentos contra a varroa e a alimentação artificial), a formação em apicultura, a idade e o nível de instrução do apicultor, não se tendo verificado que estas influenciassem, de forma estatisticamente significativa, a percentagem de perdas do efetivo.” p.30

“A maioria do mel em MPB comercializado a granel é efetuada através de intermediários (79% do mel) ou da cooperativa/agrupamento com cerca de 20%. Quanto ao mel em MPB embalado, os canais de venda assumem posições mais equitativas: as lojas especializadas (37% do mel), a venda direta a particulares (23%), o comércio tradicional (19%), os intermediários (14%), e por fim, as grandes superfícies e o canal HORECA, com peso de 3%. Os preços praticados são também bastante diferenciados. No caso do mel a granel, a cooperativa/agrupamento destaca-se pela negativa, com valores de 0,34€/kg abaixo dos praticados pelos intermediários. Quanto ao mel embalado, o canal Horeca e comércio tradicional praticam os preços mais favoráveis, sendo a venda a grandes superfícies a menos lucrativa com um diferencial máximo, em média, de 0,35€/kg.

Os baixos preços obtidos pelos apicultores que optam por escoar o mel através da cooperativa/agrupamento talvez explique o porquê da comercialização do mel ser feita essencialmente de forma individual (75% dos apicultores opta por esta forma de comercialização), e apenas em 15% dos casos de forma coletiva (4% dos produtores fazem-no das duas2 formas). A dificuldade na criação de uma rede de comercialização é frequentemente apontada como dos principais entraves ao desenvolvimento da atividade empresarial em Portugal, designadamente no setor agrícola.” p. 43

” O modelo 1 mostra que a idade do apicultor, o montante despendido com despesas de exploração, o número de anos de atividade certificada e a utilização de colmeia lusitana têm uma influência positiva, estatisticamente significativa, na produção de mel por colónia. Especificamente, um acréscimo unitário no número de anos do apicultor traduz-se num acréscimo de 0,16kg na produção de mel por colónia, mantendo todas as outras variáveis e o erro constantes. Da mesma forma, cada ano adicional de atividade certificada implica um acréscimo de 0,80kg na produção de mel por exploração. Estas variáveis refletem os benefícios da experiência adquirida, que permite aos apicultores aprender com a prática. Por outro lado, a diferença na produção de mel por colónia entre utilização de colmeia lusitana ou outro tipo de colmeia é de 3,1 kg, mantendo-se tudo o resto constante. Pelo contrário, a variável Colmeia_reversível mostrou ter uma influência negativa, estatisticamente significativa, sobre a produção de mel por colónia; sendo a diferença na produção de mel por colónia entre utilização de colmeia reversível ou outro tipo de colmeia de -3,7 kg, mantendo todas as outras variáveis e o erro constantes. Também o número de apiários tem um impacto negativo na produção de mel por colónia, traduzido num decréscimo de 0,40kg por cada acréscimo unitário no número de apiários, indicando a existência de um decréscimo na produtividade com o aumento da área geográfica da exploração.” p. 47-48

tabuleiro divisor: fase final do maneio

Hoje, entre outras tarefas, transferi alguns dos últimos enxames produzidos este ano com recurso ao tabuleiro divisor para caixas-núcleo ou caixas-colmeia. Procuro sempre colocar estes novos enxames em caixas completamente independentes ao longo da estação e antes da invernagem. Assim, evito as dificuldades na alimentação do enxame situado na caixa inferior e a eventual entrada de humidade excessiva por entre o tabuleiro divisor.

Configuração da colmeia: a colónia 1 habita o ninho inferior com entrada no sentido oposto ao visível; tabuleiro divisor com entrada no sentido visível a separar as duas colónias; e colónia 2 no ninho superior.
Vista interior da colónia 2 que ocupa cerca de 5 quadros.
Transferência dos 5 quadros para uma caixa-núcleo; a rainha foi transferida sobre este segundo quadro.
O tabuleiro divisor.
Vista interior da colónia 1 que habita a caixa inferior.
Vista do exterior logo após a transferência dos quadros para a caixa-núcleo, caixa que irá permanecer no local original durante uns dias, antes de ser transferida para outro apiário.
Vista exterior 15-20 minutos após a transferência.

Deixo um vídeo muito interessante do apicultor profissional Bob Binnie, que conjuntamente com sua esposa Suzette, possui e opera a Blue Ridge Honey Co. em Lakemont, Geórgia, uma operação apícola com 2.000 colónias. Bob Binnie também faz uso dos tabuleiros divisores e descreve aqui as vantagens que observa da sua utilização. Binnie foi eleito o “Apicultor do ano” pela Associação de Apicultores da Geórgia em 2003 e tem uma operação apícola com quase quatro décadas.

expansão da Vespa velutina no noroeste da Espanha: influência da altitude, fatores meteorológicos e efeito da armadilha de isca em organismos vivos alvo e não alvo

Fica a tradução do resumo de um estudo, realizado na vizinha Galícia, acerca dos factores abióticos que parecem condicionar a expansão da V. velutina naquela região e do efeito das armadilhas de isca não selectivas na espécie-alvo e nas espécies não-alvo de acordo com as características dos locais de captura.

Resumo

A vespa de patas amarelas, Vespa velutina, é uma espécie invasora recente na Galiza (noroeste da Espanha). Sua invasão tem um importante impacto socioeconómico porque ataca abelhas (Apis mellifera) e outros insetos polinizadores cruciais. A dispersão desta espécie deve ser monitorada para minimizar os danos que causa e tomar as ações de controle necessárias. Os objetivos deste estudo foram determinar organismos vivos alvo e não alvos capturados por armadilhas de isca e comparar os padrões de distribuição de V. velutina e da autóctone V. crabro. A altitude e as condições climáticas desempenharam papéis importantes no comportamento das vespas. As armadilhas colocadas em áreas costeiras de baixa altitude continham uma maioria de vespas de patas amarelas. Em contraste, as vespas autóctones surgiram em números relativamente maiores nas armadilhas colocadas em áreas de grande altitude. Altas temperaturas mínimas, orvalho, humidade relativa alta e baixas temperaturas máximas favorecem a ocorrência e disseminação de V. velutina. Essas condições são comuns nas áreas costeiras deste território e promoveram a rápida dispersão desta praga. As armadilhas de isca usadas não eram seletivas, então muitos outros organismos artrópodes foram capturados juntamente com o vespão. Portanto, o uso de iscas seletivas para a espécie é necessário para o controlo ecologicamente correto desta praga de inseto.

fonte: https://link.springer.com/article/10.1007/s10340-018-1042-5

Imagens de um estudo sul-coreano acerca da competição interespecífica entre a V. velutina (invasora) e 5 outros vespões nativos daquela região, entre elas a V. crabro.

padrões de invasão da Vespa velutina em Portugal utilizando dados crowdsourced

Em baixo deixo a tradução do resumo de um estudo português publicado recentemente (04.2020) acerca da colonização do território continental pela Vespa velutina.

Vista dorsal (em cima) e ventral (em baixo) de uma Vespa velutina nigrithorax

Resumo
A vespa invasora de patas-amarela (Vespa velutina) foi detectada pela primeira vez em Portugal continental em setembro de 2011. A falta de informação sobre os processos de propagação da espécie tem dificultado o desenvolvimento de medidas adequadas para mitigar o potencial impacto deste predador invasor.

Dados coletados, ou seja, informações oportunamente relatadas pelos cidadãos, podem facilitar a coleta de registros de ocorrência de espécies em grandes escalas espaciais, o que pode ser valioso para compreender a expansão de espécies invasoras. Aqui, utilizando dados crowdsourced validados sobre a localização precisa de 49 013 ninhos, nós: (i) atualizamos a informação sobre a distribuição de V. velutina em Portugal; (ii) estimamos a taxa de expansão da espécie; e (iii) analisamos os padrões de distribuição de ninhos a uma escala nacional e local.


A espécie encontra-se actualmente distribuída por uma área de cerca de 57 000 km2, o que corresponde a 62% do território continental. Estimamos uma taxa média de 37,4 ± 13,2 km / ano para a expansão de V. velutina. A distribuição e densidade dos ninhos de Vespa velutina a uma escala local urbana foi estimada em 5,4 ± 3,3 ninhos / km2. A diminuição observada na distância entre ninhos vizinhos ao longo dos anos sugere que a densidade dos ninhos não atingiu seu limite.

Defendemos que o desenvolvimento de um método barato e rápido para detecção de ninhos e o estudo numa escala fina dos mecanismos que que levam à dispersão de V. velutina são etapas importantes para identificar as vias de colonização e planear abordagens de controlo com o objetivo de interromper a disseminação de espécies e o impacto em apiários.

fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/icad.12418

Nota: sabendo que cada ninho produz em média 500 a mil novas fundadoras e cerca de 13 mil indivíduos por cada ciclo anual (Rome et al., 2015) o controlo da população e expansão da Vespa velutina passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento de uma capacidade melhorada de detecção e destruição dos ninhos.

acerca do futuro próximo da apicultura e seus apoios

Começo por remeter para esta publicação. Se o sector apícola europeu em lugar dos 40 milhões que recebe anualmente da PAC (Política Agrícola Comum), recebesse 1% das mais-valias que incorpora à fileira alimentar, os números seriam muito diferentes: passaria a receber 140 milhões (14 mil milhões/100= 140 milhões). Até por esta razão se verifica que sector apícola europeu está claramente sub-financiado!

Que forças vejo a convergir para que o actual sub-financiamento da PAC ao sector apícola seja alterado e venhamos a assistir a curto-prazo, isto é já no próximo triénio-quinquénio, a um reforço significativo dos apoios concedidos? Vejo três grandes forças a convergir para o desfecho: (i) os negociadores e decisores da distribuição sectorial dos fundos da PAC irão fazer mais ainda nesse sentido, consequência da informação científica disponível acerca da importância crítica do sector apícola enquanto motor da produtividade de muitos dos outros sectores agro-pecuários; (ii) o sector apícola europeu conquistará poder e força na competição por fundos, lado-a-lado com os outros sectores agro-pecuários, resultado de uma percepção dos cidadãos europeus cada vez mais despertos e informados da importância dos polinizadores para a qualidade e preço de uma vasta gama de alimentos que fazem parte da sua dieta diária; (iii) a crise no sector ficará mais visível ainda pelo abandono da actividade apícola e/ou não regeneração da actual geração de apicultores com a entrada de apicultores jovens, pouco motivados e estimulados a fazer a opção pela apicultura no menu de outras escolhas profissionais aparentemente mais aliciantes.

Com mais apoios ao sector como os distribuir?, que grandes eixos priorizar? Deixo algumas sugestões:

Continuação do apoio ao tratamento obrigatório do varroa (esta política parece-me que tem vantagens, se observarmos a mortalidade de colónias na UE por comparação com os EUA);

Apoio a linhas de investigação bem sustentadas e integradas em programas europeus bem planeados (forma de evitar desperdiçar fundos em investigação do tipo céu azul) no desenvolvimento e melhoramento de (novas) ferramentas de controlo de (novas) pragas, como por exemplo a vespa velutina;

Apoio a campanhas para o consumo de mel e outros produtos da colmeia de produção local, enquanto alimento de elevada qualidade, e promotores de serviços ecossistémicos locais;

Apoio ao reforço do rastreamento da qualidade de meis e outros produtos da colmeia oriundos de outros espaços económicos;

Apoios directos, como sucede noutros sectores agrícolas;

Apoios ao rendimento dos apicultores, à imagem do que sucede noutros sectores agrícolas;

Apoios à instalação e desenvolvimento de redes curtas de comercialização;

Apoios a centros de investigação e formação de nível 4 e 5 em cada um dos países-membros;

vespa velutina: a solução está em falar com elas?

A equipa do IRBI (Institut de Recherche sur la Biologie de l’Insecte ), liderada por Eric Darrouzet, há vários anos que analisa os constituintes moleculares das feromonas produzidas e libertadas pelas vespas velutinas com o objectivo de vir a descodificar as mensagens que elas encerram. Esta e outras linhas de investigação, como a localização de ninhos através de radares marítimos e/ou telemetria, a produção de cavalos de troia com fungos “amigos do ambiente”, a interferência genética ao nível do ácido ribonucleico (ARN), e que estão a ser projectadas e/ou levadas a cabo em alguns países europeus (sobretudo França, Inglaterra e Itália), visam fornecer a comunidade de um conjunto de ferramentas, efectivas e respeitadoras da restante entomofauna, para o controlo das populações e expansão no território deste insecto exótico. Neste momento são cada vez mais os sectores que clamam por armas deste tipo, como o vitivinícola, o pomarista, o apícola.

Em baixo deixo a tradução de uma peça jornalística da france3-regions, publicada em 15.03.2020, acerca da pesquisa e avanços alcançados pelo IRBI em torno dos mecanismos de comunicação entre indivíduos Vespa velutina e sua aplicação, com vista à diminuição dos impactos sociais, económicos e na biodiversidade provocados por estes predadores.

O departamento da Mancha (França) financiou um programa de pesquisa, cujos primeiros resultados são considerados “muito promissores”. Em 2016, o Conselho Departamental decidiu avançar com 95.000 €, sabendo que a erradicação deste inseto invasor é ilusória, mas que será possível lutar contra a sua proliferação.

O vespão asiático foi observado pela primeira vez na França em 2005. Desde então, proliferou em toda a França e em vários países europeus.

O trabalho foi confiado ao IRBI. Este Instituto de Pesquisas em Biologia de Insetos, ligado à Universidade de Tours, tem vindo a descodificar a linguagem deste invasor. “Os humanos comunicam por via oral. Os insetos comunicam entre si quimicamente, emitindo moléculas”, explica Eric Darrouzet, professor e pesquisador do IRBI. Por exemplo, uma vespa operária stressada emitirá moléculas de alarme, para pedir ajuda ou, ao contrário, para espantar as suas semelhantes para as alertar do perigo“. Em laboratório, a equipa de pesquisa procurou identificar os componentes químicos que permitem estabelecer este tipo de diálogo. “A única maneira de ser eficaz com o vespão asiático é falar com ele. Você tem que falar com ele na sua própria língua, dizer-lhe para ir embora, ou para vir e atraí-lo para uma armadilha.

O IRBI identificou três moléculas que têm a capacidade de repelir o vespão asiático. “A ideia é usá-los para proteger os apiários, estabelecendo uma espécie de barreira química. Já foram feitos testes perto das colmeias em Indre-et-Loire. Uma destas feromonas parece repeli-las. Vamos testar agora aqui no Canal “, continua Eric Darrouzet.

O IRBI também encontrou uma molécula potencialmente atraente, que permitirá atrair as vespas para as armadilhas. “Todas estas moléculas são produzidas naturalmente pela vespa. Agora será necessário sintetizá-las para que possam ser fabricadas a uma escala industrial”, alerta Eric Darrouzet. Será o culminar de dez anos de pesquisa. O IRBI acredita que pode apresentar uma fórmula em 2021, o que, num mundo ideal, permitirá a uma empresa colocar estes produtos no mercado já em 2022. “Mas, ainda há muitos se …

Até hoje, não há uma solução convincente para atrair as vespas asiáticas. As armadilhas caseiras às vezes parecem eficazes. Mas elas têm a desvantagem de atrair muitas outras criaturas. Uma publicação científica mostra que para um vespão asiático capturado, quase mil outros insetos caem na armadilha. “E um isco alimentar pode não ser eficaz”, insiste o pesquisador. “Se alguém lhes propuser açúcar, a armadilha está em competição com as outras fontes de açúcar disponíveis na natureza. Sem falar que uma operária em busca de proteína não será atraída por uma armadilha com um isco doce. E de que adianta matar algumas vespas quando ainda há milhares na colónia?

Por isso financiámos este trabalho“, insiste Valérie Nouvel, vice-presidente do Conselho Departamental responsável pela transição energética e pelo meio ambiente. “Precisamos encontrar soluções que possibilitem proteger a biodiversidade. Estas novas armadilhas também terão de ser baratas para serem usadas.“.

fonte: https://france3-regions.francetvinfo.fr/normandie/manche/saint-lo/solution-contre-frelon-asiatique-chercheurs-ont-enfin-trouve-comment-lui-parler-1794951.html

Proposta de acção: O que me ocorre de imediato é fazer a seguinte experiência (eu não posso porque este ano ainda não vi nenhuma velutina junto das minhas colmeias): apanhar algumas velutinas e esmagá-las muito lentamente contra a parede frontal das colmeias, no intuito de elas libertarem a feromona de afastamento/repulsa. Julgo que terá de ser feito lentamente, não por crueldade, mas para lhes dar tempo suficiente para se sentirem ameaçadas de morte e libertarem esta feromona que terá o eventual efeito repulsivo que desejamos. Fica a ideia.

vespa mandarinia: primeiros dados da invasão na américa do norte

Título: Os primeiros relatos de Vespa mandarinia (Hymenoptera: Vespidae) na América do Norte dizem respeito a duas linhagens maternas distintas no estado de Washington, Estados Unidos, e na Colúmbia Britânica, Canadá

Sumário: “Em setembro de 2019, a destruição de um ninho de Vespa mandarinia Smith 1852 foi relatada pela primeira vez na América do Norte em Nanaimo, British Columbia, Canadá. Em dezembro de 2019, o Departamento de Agricultura do Estado de Washington também confirmou a primeira detecção de um espécime adulto de V. mandarinia nos Estados Unidos, no condado de Whatcom, Washington. A Vespa mandarinia é a maior da espécie das vespas e é um predador conhecido de vários insetos, incluindo a abelha melífera europeia (Apis mellifera, Hymenoptera, Apidae, Linnaeus, 1758). O estabelecimento de V. mandarinia na América do Norte representa uma séria ameaça à apicultura, e esta espécie foi considerada uma praga e accionou protocolos de quarentena. Aqui, descrevemos detalhes da primeira detecção desta espécie nos Estados Unidos e usamos dados da sequência genética obtidos de cinco espécimes em todo o mundo para estimar a origem das detecções canadianas e norte-americanas. […] Uma árvore de probabilidade […] sugere que as amostras do Canadá e dos EUA são de duas linhagens maternas separadas. Uma pesquisa em grande escala está em andamento para avaliar o nível de estabelecimento de vespas gigantes asiáticas em ambos os países e determinar a direção futura dos esforços de erradicação.”

fonte: Annals of the Entomological Society of America, XX(X), 2020, 1–5 doi: 10.1093/aesa/saaa024

Vespa mandarinia

Perspectivas de futuro: A acontecer a erradicação deste insecto invasor seria um feito nunca visto. A história diz-nos que nenhuma vespa social invasora foi alguma vez erradicada dos novos territórios colonizados (Beggs et al., 2011). À luz deste histórico deprimente o futuro não se afigura brilhante para os companheiros apicultores da américa do norte, que muito provavelmente irão ter de se conformar a viver com este insecto invasor e dar-lhe luta, como nós apicultores europeus o temos vindo a fazer com a Vespa velutina.

evidências sobre os benefícios para a saúde da inclusão do(a) própolis na dieta

Em 2019 foi publicado na revista Nutrients esta revisão dos estudos publicados entre 1990–2018 em torno das evidências sobre os benefícios para a saúde pelo consumo e/ou utilização do própolis.

“O(A) própolis é um produto com benefícios para a saúde já relatados, como melhoria da imunidade, redução da pressão arterial, tratamento de alergias e problemas de pele. Uma revisão da literatura e uma síntese foram efectuadas para investigar as evidências sobre os benefícios para a saúde relatados e a direção futura dos produtos com própolis. Usando uma estratégia de pesquisa predefinida, pesquisámos no Medline (OvidSP), Embase e Central quer estudos quantitativos quer qualitativos (1990–2018). Citação, referência, revisões manuais e consulta a especialistas também foram efectuadas. Estudos com ensaios clínicos randomizados (aleatórios) e dados da observação em humanos foram incluídos. […]. Um total de 63 publicações foram analisadas. A maioria foram estudos efectuados em células e em animais, com alguns testes realizados em humanos. Há dados muito significativos e prometedores do própolis enquanto agente antioxidante e anti-inflamatório eficaz, particularmente promissor na saúde cardiometabólica.

fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6893770/

As abelhas utilizam 0/a própolis para a defesa da cidade/colectividade, contra animais várias vezes maiores que elas, assim como contra microorganismos infecciosos, como os fungos e bactérias.

sobre o nível de formação apícola disponível em Portugal

Ontem, na Escola de Apicultura on-line, foi abordada ao de leve a questão do nível de formação apícola disponível em Portugal. Este é mais um tema que suscita uma diversidade de opiniões, geralmente balizadas entre dois pólos, de muito má a muito boa. Na minha opinião a formação inicial disponível em Portugal merece uma nota entre o suficiente e bom. Sobre a resposta formativa de nível avançado disponível no nosso país esta merece ser notada com um insuficiente. Passo a explicar um pouco mais a minha opinião com base na minha experiência, no que vou observando e ouvindo de outros e na minha reflexão, logo uma opinião sustentada em dados parcelares, incompletos, enviesados, como todas as opiniões. Disso não me livro!

Quando iniciei a minha apicultura fiz um curso de iniciação à apicultura que me foi útil. Recebi também ensinamentos do meu pai. Li várias dezenas de números do jornal As abelhas, onde escrevia um grande mestre, o Vasco Correia Paixão. Estive também presente em vários encontros, fóruns e palestras que contribuíram para a minha formação inicial. Lia com regularidade os blogues Monte do Mel e O Apicultor. Todo este trajecto de formação e auto-formação permitiram-me manter a minha operação apícola sustentável desde o seu início. Esta experiência de vida reforça em mim a ideia que a reposta formativa de nível 1, 2 e 3 é suficiente a boa em Portugal.

Contudo para aqueles que desejam fazer um aprofundamento sério e uma especialização dos seus conhecimentos, isto é receber formação de nível 4 e 5, para exercer a sua actividade profissional ou o seu hobby, a resposta formativa é insuficiente. Tanto quanto é do meu conhecimento apenas o Prof. Paulo Russo a ministra, contudo para o território português parece-me insuficiente por escassa e longínqua para muitos. Na minha opinião deveria existir uma estrutura formativa com 5 centros dedicados em Portugal (um a norte, outro no centro, outro no sul e um para cada um dos arquipélagos), apoiados num Centro de Investigação e Formação Apícola. Este Centro para além de coordenar e avaliar a investigação e formação feita em Portugal, teria a responsabilidade de manter na sua equipa formadores actualizados com o que de mais recente o estado-da-arte produziu. A equipa de formadores não teria de ser muito grande, mas sim de grande qualidade, com gente muito dedicada e com prática no terreno, por exemplo na manutenção de um apiário experimental. Esta equipa formativa deveria ser complementada por alguns poucos apicultores com vários anos de experiência no terreno com abelhas, e com um percurso revelador de um maneio bem sucedido ao longo de anos. Finalmente este Centro de Investigação e Formação Apícola deveria fazer chegar a casa dos apicultores que o desejassem News-letters pelas vias electrónicas mais comuns.

Mas a realidade como a observo, resposta formativa de nível 4 e 5 insuficiente, conduziu-me para a auto-formação. Por exemplo, só sobre o principal inimigo das abelhas, o ácaro varroa, a minha aprendizagem de nível mais avançado foi feita no estrangeiro, mas em casa e à distância de um clique. No estrangeiro porque em Portugal muito pouco se publica! Se se quiserem dar ao trabalho, pesquisem por favor na net o quão pouco tem sido publicado acerca deste ácaro, de mais aprofundado e em português de Portugal. Esta falta de publicações reflecte o estado insuficiente da formação de nível avançado em Portugal? Seria estranho que não reflectisse!

Propostas de pesquisa de temas de nível avançado sobre o principal inimigo das abelhas:

  • Síndrome da parasitação/parasitose pelo ácaro varroa;
  • duração do tratamento do apivar;
  • importância do timing do tratamento contra a varroose;
  • ciclo de vida do varroa;
  • o vírus das asas deformadas;
  • onde se alimenta o varroa,
  • monitorização taxa de infestação varroa.