a primeira grande florada: urgueira roxa (erica australis)

Nos diversos apiários que possuo na Beira Alta este está situada na zona com a primeira grande florada da época, em peno coração do Parque Natural de Serra da Estrela, a 850 m de altitude.

Refiro-me à florada da popularmente conhecida por urgueira roxa (erica australis), que está a iniciar a floração por estes dias.


Um número considerável de colónias deste apiário (cerca de 70%) está em sintonia com o ritmo da natureza em redor, apresentando 5 a 6 quadros com cria e 7 a 9 quadros já bem cobertos com abelhas.

Dos restantes 30%, um terço das colónia está demasiado forte para o momento. São colmeias com os 10 quadros bem preenchidos de abelhas, e com 8 quadros com criação. Nestas estou a colocar sobreninhos com 5 quadros de cera puxada ao centro e 5 quadros com cera laminada distribuídos pelas duas zonas laterais do sobreninho.

Em duas destas colónias mais fortes/precoces fui encontrar alguns cálices reais com ovos. Nestas transferi 2 quadros com criação operculada para o sobreninho e mais dois quadros com algum mel e pólen, retirados de outras colónias, e acabei a colocar duas ceras laminadas em cada uma das extremidades da câmara de criação.

Estas colónias ficaram assinaladas para que na próxima inspecção, dentro de sete a oito dias, sejam sangradas de quadros com criação e/ou abelhas para iniciar os primeiros desdobramentos da época. Até porque daqui em diante tudo deverá evoluir a grande velocidade, e muita da urgueira roxa e branca que ainda está por florir, irá fomentar um desenvolvimento que levará à duplicação da população de abelhas nestas colónias nos próximos 15 dias.

mortalidade outonal, até ao solstício do inverno de 2108

Nos passados dias 27 e 28 de Dezembro fiz mais uma ronda de alimentação com “fondant” nos 12 apiários da minha exploração, onde estão assentes cerca de 630 colmeias e 70 núcleos. Esta é a terceira ronda de alimentação desde Novembro de 2018. Desta vez alimentei todas as colmeias, sem excepção. Nas duas rondas anteriores tinha alimentado as colmeias mais leves e/ou com um peso médio.

Fig.1: Fondant colocado sobre o óculo aberto da prancheta

Mais uma vez noto que as colónias mais populosas estão nos apiários situados nas zonas de maior altitude (entre os 800 e 900 m de altitude). Em regra as colmeias aí localizadas apresentavam 7 a 9 quadros de abelhas (avaliação feita sem levantar quadros, através da observação dos travessões superiores dos quadros e dos espaços entre quadros). Também as colmeias nos apiários mais soalheiros e a uma altitude mais baixa (cerca dos 600 m) estavam bem povoadas (com 5 a 8 quadros de abelhas). Os apiários com colónias mais fracas (2 apiários), um é o mais sombrio de todos, o outro está numa zona de frequentes nevoeiros nesta altura do ano, apresentavam colónias com 3 a 6 quadros de abelhas . Não vi sinais de varroose (não vi abelhas com asas deformadas nem abelhas com o abdómen atrofiado). Não vi também sinais de ascosferiose. Nosema apis também não vi sinais (não vi entradas sujas pelas fezes). Nosema cerana, como é assintomática a olho nu, não me arrisco a dizer nada, mas não vi abelhas mortas à entrada da colmeia num número que me preocupasse e me levasse a suspeitar da mesma.

Nesta ronda trouxe para casa 3 colmeias e um núcleo que ficaram pelo caminho. Não morreram por varroose. Duas colmeias morreram por falta de rainha. Era visível alguma criação fechada de zângão muito dispersa e em pequena quantidade em alvéolos de obreira assim como algumas realeiras iniciadas. A outra colmeia e o núcleo morreram por terem poucas abelhas. Estes dois enxames, apesarem de terem algumas reservas próximas, não tinham abelhas em número suficiente para primeiro aquecerem o mel e depois o consumirem. Sem este combustível vital acabaram por não ser capazes de manter o cacho termorregulado para ultrapassarem as frias noites que se fizeram sentir nas encostas da Serra de Estrela ali pelo Natal.

Identificadas as causas da morte nestas colmeias resta-me contabilizar a percentagem de colónias perdidas durante o outono de 2018: 0,60%.

Até ao final do inverno não tenho ilusões e sei que ainda vou tirar algumas duas a três dezenas de colmeias mortas, correndo tudo normalmente. Outra certeza que tenho neste momento é que aquelas que vierem a morrer não será por varroose. Veremos se a mortalidade invernal deste ano não supera a do ano passado, que ficou um pouco abaixo dos 5%. Veremos!

Nota: vendi no mês de Dezembro 150 colmeias. Como eram as mais fortes entre as mais fortes, como o comprador (apicultor muito experimentado) passadas cerca de três semanas me disse que estavam todas bem, incorporei-as neste cálculo, porque seguramente se estivessem ainda nos meus apiários também estariam vivas.

outono-inverno 2017/2018: alguns números

Passada no calendário a época outono-inverno 2017/2018 faço aqui um breve balanço da realidade da minha operação apícola suportado em números. Aceito facilmente que as condições básicas necessárias para qualquer colónia de abelhas passar bem a época invernal são essencialmente três, a saber:

  • varroa muito bem controlada,
  • alimento suplementar e ou reservas suficientes e
  • número de abelhas suficientes para manterem a termorregulação no ninho e capacidade de aquecer o alimento para o consumirem.

O sucesso ou insucesso que tive na propiciação desta tríade de condições  avalio-o à saída do inverno, verificando qual a taxa de mortalidade das minhas colónias em termos globais e, sempre que possível, procuro diagnosticar destas três condições qual o peso relativo de cada uma delas.

Passando aos números globais: entrei no outono com 604 colónias, e de acordo com  a minha última inspecção saio do inverno com 579. Neste período tive 25 colónias que ficaram pelo caminho. Feitas as contas a taxa de mortalidade pouco ultrapassa os 4%. Esta taxa de mortalidade deixa-me tranquilo, mas ambiciono no próximo ano baixá-la um pouco mais.

Fica a questão: o que fazer de diferente para baixar para 2 ou 3% a taxa de mortalidade? A melhor reposta parece-me a mim passará por saber o que esteve na origem daqueles 4%. Para dar uma resposta a esta exigência tenho de ser capaz de identificar com rigor, sustentado em observações e registos, o peso de cada uma das três condições em cima elencadas para a morte das  25 colmeias durante este período.

Assim tenho do que me dizem as minhas observações e registos:

  • morte por varroa: 0%;
  • morte por fome: 0%;
  • morte por perda de rainha durante este período: 4% (as 25 colmeias).

um caminho para tornar uma operação apícola mais rentável

Não sendo economista, a noção de rentabilidade da minha operação apícola parte de pressupostos e variáveis simples de contabilizar e compreender por alguém, como eu, que não possui competências e qualificações específicas na área.

Assim sendo, a rentabilidade anual que eu contabilizo tem por detrás uma equação simples: capital realizado com as vendas – capital investido ± capital amortizado.

Este ano, com cerca de 8 meses decorridos desde início de outubro de 2016 (mês em que inicio o meu novo ano contabilístico), investi até agora cerca de 50% do que tinha investido em todo o ano contabilístico anterior. Estou numa fase de contenção de custos e de menor necessidade de investimento na minha operação. Elencando algumas das rubricas com maior impacto nesta redução de custos tenho:

— menor investimento em colmeias/caixas; estou a atingir a maturidade da minha operação e aumentei marginalmente o número das minhas colmeias, em parte devido ao bom número de enxames que comercializei e em parte resultado de uma estratégia de prevenção da enxameação bem sucedida, que me levou a efetuar um número de desdobramentos forçados relativamente baixo;

— muito menor investimento na compra de cera laminada, dado que o meu stock de cera em broa do ano passado me permitiu cobrir e até ultrapassar a aquisição de cera laminada;

— menor investimento na alimentação artificial de suplementação, em grande medida possível por ter alimentado apenas na medida do necessário (ver aqui) e também porque os meses de março e abril  permitiram às abelhas irem buscar pólen e néctar ao campo.

Juntando a estas rúbricas, mantém-se a minha intenção de não fazer investimentos grandes em infraestruturas, tais como armazém e linha de extração automática. Relativamente aos locais de armazenamento de material o espaço de que disponho, se bem arrumado e gerido, continua a mostrar-se suficiente. Já no que respeita à linha de extração automática vou continuar a externalizar este investimento/custo, recorrendo ao serviço de outra entidade. O mesmo digo para o processamento de ceras velhas.

Este ano, as minhas expetativas são de um aumento de rentabilidade da operação apícola que conduzo na ordem dos 30%-40%, resultantes de um aumento de capital realizado de 10%-15% e de uma redução de custos na ordem de 20%-25%.

Este post tem como cerne, como já entenderam, que os ganhos provêm não só das maiores e melhores vendas, mas também da ponderação parcimoniosa/austera dos gastos a realizar.

Nota: o conteúdo deste post estava já definido na minha cabeça há algum tempo, mas de alguma forma o timing da sua concretização e publicação foi determinado pelo conteúdo interessante de um comentário do José Marques acerca da utilização/apoio de novas tecnologias na apicultura. Como noutras áreas, há que fazer o melhor possível uma análise do ROI (Retorno do Investimento) para que o dinheiro que entra por uma porta, e que nos custa tanto a ganhar, não saia por um portão e sem o esperado impacto positivo.

a foto possível de uma colmeia na serra

Na verdade o meu telemóvel é do tempo da fundação da república e não tenho fotos para mostrar. Mas quem não tem cão caça com gato, e assim sendo fica aqui a “foto” possível de uma das minhas colmeias, no período que vai de 14-03 de 2016 até 28-04-2017. Esta colmeia é representativa das maioria das colmeias de um apiário com 68 colmeias do modelo Langstroth, onde estão colocadas, à data de 28 de abril, 109 meias-alças e 23 alças em cima das colmeias.

Neste apiário e nesta altura do ano a colheita de néctares ainda só deve ir a meio. Neste momento estão a entrar os néctares das urgueiras brancas e mais adiante virão os néctares e meladas dos castanheiros e azinheiras. Conto colocar pelo menos mais 1 vez a uma vez e meia o número de meias-alças colocadas até esta data.

Uma nota: não acredito que a rainha seja de 2014. É provável que as abelhas tenham substituído a rainha numa altura em que não me apercebi. Contudo este é um dado que me importa e que valorizo: adoro as colónias que substituem as suas rainhas sem que eu me aperceba, sem que veja um decréscimo na produção e população.

287 Lang Rainha de Março de 2014 (filha da 145)

Linha muito produtiva (2014; 2015;). Genética a seleccionar. Abelhas dóceis.

14-03: 5 Q de criação excelente. 7 Q de abelhas. Coloquei 2 tiras de Apivar.

24-03: 6 Q de criação. Coloquei Apipasta.

07-04: 8 Q de criação. Coloquei sobreninho com ceras laminadas.

18-04: Tirei sobreninho. Coloquei 1ª ½ alça com ceras puxadas.

21-04: Deu 1 Q de criação. Fica com 7 Q de criação. Coloquei cera laminada.

30-04: Deu 1 Q com criação. Fica com 7 Q com criação. Coloquei cera laminada. Coloquei 2ª ½ alça de ceras laminadas.

24-05: Coloquei 1 cera laminada no ninho. Tem espaço na 2ª ½ alça. (T)

07-06: Coloquei 2 ceras laminadas no ninho. Coloquei 3ª ½ alça de ceras laminadas. (T)

28-06: Tem espaço na 3ª ½ alça.

16-11: 8 Q de abelhas. Fraca de reservas. Coloquei 1º de saco de Apifonda.

14-03: 6 Q de criação. 8 Q de abelhas. Fraca de reservas. Coloquei Q com reservas e meio saco de Apifonda. Coloquei 1ª ½ alça. (T)

10-04: 8 Q de criação. Tirei 2 Q com criação. Coloquei cera laminada e Q de ½ alça. Coloquei 2ª ½ alça.

28-04: Coloquei 3ª ½ alça.

 

 

 

a regra “não mais de 6”

Este ano estou a utilizar um procedimento sistemático na grande maioria das minhas colmeias. Em quase todas as colmeias com 8 quadros de criação estou a retirar 2 quadros com criação e a colocar um quadro com cera laminada, habitualmente na posição 2, e um outro de meia-alça na posição 9.

A análise do histórico das minhas colmeias tem-me mostrado que trabalhando com uma só caixa a ninho, existe uma correlação assinalável entre os 8 a 9 quadros de criação no ninho e o facto de as abelhas entrarem em modo de enxameação. Raramente me enxameou uma colmeia que não tivesse 7 a 9 quadros cheios de criação no ninho. Esta verificação não é uma lei (há excepções nos históricos das minhas colmeias, isto é, colmeias com 7 a 9 quadros cheios de criação que não enxameiam), mas ajo como se o fosse. O princípio é estar à frente das abelhas. Dar-lhes espaço acima do ninho, e no ninho cera de qualidade para puxarem é uma forma de o alcançar.

Desde que sou apicultor “abro” os ninhos frequentemente com ceras laminadas, em especial na época pré-enxameação. Noto contudo que este ano há uma coisa diferente no meu maneio: esta decisão foi tomada com grande convicção, elevada a regra e aplicada de forma sistemática.  Actuar de forma sistemática, isto é eleger e/ou construir um sistema de maneio, aplicá-lo de forma quase automática é uma necessidade que apenas alguns de nós compreenderão na plenitude. Por ex. os apicultores de maior dimensão sabem bem que agir de forma padronizada poupa tempo e diminui o desgaste mental.

Escolher este ou aquele tipo/sistema de maneio das colmeias depende das mais diversas  causas, começando pelas idiossincrasias de cada apicultor e terminando na dimensão do seu efectivo apícola.

Mais adiante voltarei a este tema com dados acerca dos resultados. Um dado interessante e muito animador é que até esta altura em que escrevo tenho do meu conhecimento 2 colmeias enxameadas, em cerca de 550 trabalhadas pelo meu empregado e por mim durante esta semana. Cerca de 30 estavam já em modo de enxameação ou a preparar-se para tal; dividi-as, as abelhas continuam na minha posse a criar mais abelhas.

Actualização de 10-03-2020: Li há poucos dias atrás que Mark L. Winston, investigador canadiano que está entre os mais referenciados na literatura apícola, concluiu através dos seus trabalhos de campo que as abelhas tendem naturalmente a enxamear quando ocupam cerca de 90% da área disponível dos favos na cavidade/colmeia que habitam. Não andei muito longe da conclusão de Winston quando escrevi em cima “A análise do histórico das minhas colmeias tem-me mostrado que trabalhando com uma só caixa a ninho, existe uma correlação assinalável entre os 8 a 9 quadros de criação no ninho e o facto de as abelhas entrarem em modo de enxameação.”

o material vinculativo

Nestas duas últimas semanas fiz várias intervenções nos meus apiários que espero venham a ter um impacto assinalável nos resultados deste ano.

Mais adiante conto referir algumas delas. No entanto, por vezes, são as pequenas coisas que mais nos ficam na memória e que mais nos levam a reflectir nos caminhos que a natureza foi encontrando para a perpetuação das espécies. Vem esta conversa a propósito de um pequeno episódio que ocorreu no meu apiário da beira litoral.

No passado domingo insatisfeito com o padrão de postura de uma rainha decidi eliminá-la. Depois de lhe ter passado com o raspador/formão por cima, deitei-a ao chão logo ali. Passado cerca uma hora o meu empregado chamou-me a atenção para um aglomerado/cacho de abelhas no chão, no mesmo local onde tinha deitado a rainha morta.

No dia seguinte, logo pela manhã cedo, voltei ao apiário e lembrando-me deste episódio fiz questão de olhar para o local onde no dia anterior tinha deitado a rainha, e voltei a ver um aglomerado de abelhas por lá. Ainda hoje me pergunto se as abelhas por lá pernoitaram, no exterior da colmeia, ainda atraídas por uma força invisível à sua mãe? Estou em crer que sim.

Na terça feira, já num apiário da beira alta, pedi ao meu empregado que encontrasse e eliminasse duas rainhas que, de acordo com os registos das visitas anteriores, apresentavam um padrão de postura duvidoso. Junto com estas orientações ia uma outra: “depois de eliminar a rainha abra um pequeno buraco no chão e tape a rainha morta com terra”.

Seja nas pessoas, seja nas abelhas, seja noutra qualquer espécie os vínculos são feitos de uma matéria intangível tão ou mais forte que o aço. Nas abelhas o material vinculativo, os entendidos chamam-lhe feromonas.

tão perto e tão longe… mas tudo se aproximará

Este post tem como propósito comparar, genericamente, o nível de desenvolvimento de dois apiários que distam entre si cerca de meia-dúzia de quilómetros em vôo de pássaro.

Apiário 1) com 44 colmeias. 

Notas gerais da inspecção às colmeias realizada no dia 24-02:

  • todas as colmeias estavam vivas;
  • colmeias no geral com 4 a 5 Q de abelhas;
  • com 8 ou mais  quadros de abelhas: nenhuma colmeia;
  • com 6 e 7 Q de abelhas: 8 colmeias;
  • alimentei algumas colmeias;
  • estão a meter pólen amarelo.

Apiário 2) com 26 colmeias. 

Notas gerais da inspecção às colmeias realizada no dia 24-02:

  • todas as colmeias estavam vivas;
  • com 8 ou mais  quadros de abelhas: 8 colmeias;
  • com 6 e 7 Q de abelhas: 6 colmeias;
  • alimentei algumas colmeias;
  • estão a meter pólen amarelo e outro vermelho.

Facilmente se constata que no apiário 2, e à data, há um número significativamente maior de colmeias mais desenvolvidas. A razão que encontro para o sucedido passa pela melhor exposição ao sol nascente das colmeias no apiário 2. Resta dizer que no início de maio o histórico me diz que a força das colmeias nestes dois apiários estão equiparadas. Mais que uma vez vi colmeias “fracas” apanharem colmeias “fortes”. Nesta linha de raciocínio acrescento: mais que contar os quadros cheios de criação de uma ponta à outra a meio do inverno, importa-me contar os bidões que enchi com mel até ao final do verão. São estes que me vão pagar as contas.

Ver aqui como, em condições normais, uma colmeia com 4 a 5 Q de abelhas a 8 semanas do início do fluxo principal de néctar estará em condições de fazer uma boa colheita.

debaixo do sol: fim do inverno?

A cerca de um mês do fim oficial do inverno, nestes dias já cheira e bem a primavera.

Aproveito para fazer um breve balanço do estado das coisas nos meus apiários na beira alta e no meu apiário na beira litoral.

Acerca das minhas colmeias na beira alta:

  • em cerca de 600 colmeias a mortalidade até à data pouco ultrapassa os 2,5% (16 colmeias eliminadas até à data de hoje);
  • cerca de 60% destas colmeias eliminadas apresentavam sinais de mortalidade por efeitos da varroa e, sobretudo, dos vírus por elas veiculados, em especial o vírus das asas deformadas;
  • as restantes 40% das colmeias eliminadas apresentavam sinais claros de orfandade, que nesta época do ano redunda inevitavelmente num estado zanganeiro;
  • cerca de 30% a 40% das 600 colmeias sobreviventes estão a “pedir” espaço. Num primeiro momento irei colocar as primeiras meias-alças com ceras puxadas, por forma a garantir nestas colmeias mais desenvolvidas o espaço necessário para armazenarem os néctares iniciais,  assim como espaço para postura no caso das colónias com rainhas excessivamente prolíferas;
  • continuei a renovar a alimentação com fondant nas colónias que sinalizaram essa necessidade. A mortalidade no final do inverno/início da primavera está muito associada à falta de alimento em quantidade suficiente para suprir o crescimento explosivo de criação e abelhas, típico nesta altura do ano nos meus apiários na beira alta. Esperar o melhor mas estar preparado para o pior foi um lema há muito aprendido e que me tem trazido um bom retorno.

E na beira litoral… onde tenho 10 colmeias e um núcleo

Pouco mais de um mês depois da minha última visita, estive hoje neste pequeno apiário e venho de lá com um sentimento muito positivo, por ter feito tudo o que levava planeado fazer. Simultaneamente confirmei a excelente resposta das minhas abelhinhas ao apoio que lhes tenho dado, ainda que a intervalos relativamente longos. Passo a concretizar:

  • em todas as colmeias não vi sinais absolutamente nenhuns de varroa; as tiras de apivar colocadas há cerca de um mês estão a fazer o seu trabalho;
  • cerca de 70% das colmeias (7 em 10) aproximaram-se do pico máximo da população (40 000-45 000 abelhas), enchendo de abelhas o ninho e sobreninho igual ao ninho, nos dois modelos de colmeia que utilizo: langstroth e lusitana;
  • não vi sinais alguns de enxameação; a resposta positiva ao espaço que antecipadamente lhes dei nos últimos dois meses convencem-me cada vez mais que num fluxo longo e lento, como o que caracteriza o local em que as minhas colmeias estão, a enxameação é perfeitamente controlável (o mesmo não direi nos fluxos muito intensos e por norma curtos, como os da beira alta);
  • com recurso a 4 tabuleiros divisores e a 4 caixas núcleo iniciei hoje a formação de oito novas colónias neste apiário;
  • correndo tudo normalmente vou conseguir entregar em breve os primeiros 8 núcleos que me foram solicitados nos últimos dias por dois apicultores.

Voltando à beira alta: apesar dos dias primaveris não esqueço que o inverno ainda só vai a 2/3 e que a entrada da primavera, dentro de um mês, nem sempre traz dias primaveris. Todas as minhas colmeias que não morreram (98%) podem morrer em grande quantidade nestes dois próximos meses se as reservas forem escassas. Vencida a batalha na fase aguda da varroose, a minha atenção agora, mais do que noutra qualquer época do ano, está focada nos suprimentos (mel em particular) que as minhas colmeias têm ou não têm.

Debaixo do sol: fim do inverno? Quem sabe verdadeiramente?

da beira alta à beira litoral, com passagem pela beira baixa

Na passada semana estive na beira alta onde efectuei mais uma ronda pelas minhas colmeias. As principais tarefas realizadas foram:

  • renovar com fondant/pasta de açucar as colmeias necessitadas. Coloquei cerca de 280 Kg em cerca de 600 colmeias.
  • retirar dos apiários colmeias mortas. Retirei 4 colmeias. Estas juntam-se às 3 colmeias retiradas desde a entrada do outono. A mortalidade outono-invernal está neste momento pouco acima de 1%. Para 3 destas colmeias a razão da sua morte foi a varroa. Foram colmeias onde o tratamento contra a varroa não teve a eficácia desejada, perderam muitas abelhas e o cacho invernal era demasiado pequeno para conseguirem passar o frio das últimas semanas. Na outra colmeia a razão foi ter ficado zanganeira numa altura do ano demasiado tardia para intervir e tentar reverter a situação.
  • verificar se os telhados e réguas de entradas estavam no sítio. Sim estavam.
  • identificar sinais de nosemose apis e de ascosferiose na inspecção junto aos alvados/entradas das colmeias. Não vi absolutamente nada, nem o mais pequeno sinal.

Uma nota importante a terminar: as abelhas estavam a trazer pólen (de cor amarelo desmaiado).

Passei pela beira baixa para me encontrar com o Davide, da Meltagus, que me levou a conhecer a melaria/central de extracção de Castelo Branco. No dia seguinte fui um dos muitos participantes nas Jornadas do Vale do Rosmaninho. Os meus parabéns ao João Tomé por esta iniciativa. Por lá conheci pessoalmente o Milton, com quem já tinha conversado várias vezes ao telemóvel. Dos apicultores mais apaixonados que conheci até hoje.

Finalmente, e já na beira litoral, fui ver as minhas colmeias. Na visita anterior vim de lá muito satisfeito e volto a trazer essa mesma satisfação. Todas as colmeias, com excepção de uma que continua orfã, tinham entre 4 e 7 quadros com criação, cheias de abelhas, néctar/mel a aumentar nas alças e meias-alças, e nem o mais pequeno sinal de enxameação. A colmeia mais forte, com duas alças da Langstroth em cima, tinha 13 quadros com criação, uma coisa que raramente vejo nesta altura do ano. Expandi/abri vários ninhos com quadros de cera laminada. Os colocados na visita anterior puxaram-nos muito bem. Em duas colmeias lusitanas, com muito néctar/mel nas meias-alças, coloquei uma alça e expandi/abri os ninhos de cada uma.