outono de 2022: o estado sanitário das minhas colónias a 600 m de altitude

Hoje, por volta das 10h00, entrei no meu apiário a 600m de altitude onde estão estacionadas 29 colónias do modelo Langstroth.

Por volta das 14h00 estava de saída do apiário depois de uma análise aprofundada colónia a colónia, quadro a quadro. Terei levantado cerca de 250 quadros com a intenção de observar:

  • abelhas e suas asas;
  • criação e seu padrão;
  • reservas de mel e pólen;
  • número de quadros cobertos com abelhas;
  • número de quadros com criação;
  • localização do enxame no interior da caixa.

Antes de descrever o que consegui observar no interior das caixas, verifiquei a ausência de velutinas. Nestas 4 horas que permaneci no apiário não vi uma! O ano passado assisti a uma pressão baixa das velutinas neste apiário. Este ano não as vi sequer. Felizmente a progressão das colónias das velutinas não tem sido constante nem crescente neste local. Neste caso o problema maior da pressão das velutinas, a paralisia de voos de forrageamento, não se verifica.

Como coloquei hoje as réguas de entrada consegue ver-se melhor as cargas trazidas do campo enquanto as abelhas atinam com esta redução da entrada.

Sobre as observações no interior das colmeias, verifiquei que os enxames ocupavam em geral 6 a 7 quadros, com 4 a 5 quadros de criação, em geral centrado no lado nordeste colmeia (o lado mais fresco da colmeia).

Este outono muito primaveril, a presença de pólen no campo e a possibilidade do seu forrageamento, incentiva a postura da rainha. Este nível de criação, mais intensa que o normal para a época, permite a reprodução das varroas presentes e o crescimento da sua população. Tendo em conta estes considerandos decidi efectuar o quarto tratamento deste ano.

As reservas de pólen, pão de abelha recém ensilado estava em bons níveis, com um a dois quadros bem fornecido de pólen de cor predominantemente amarela (julgo que de tágueda). No caso do mel fiz a equalização das reservas entre colónias, tirando um ou dois quadros das que tinham mais para os dar às que tinham menos.

A criação era em geral compacta e ocupava áreas significativas de 4 a 5 quadros. Não vi larvas distorcidas e opérculos furados pelas abelhas — a este propósito dizer que as varroas não perfuram os opérculos para saírem dos alvéolos; os pequenos buracos que por vezes observamos são feitos pelas abelhas, no âmbito do seu comportamento de higienização do ninho, para sinalizarem e retirarem larvas/pupas doentes ou mortas.

Nos cerca de 250 quadros analisados não observei mais que 3 ou 4 abelhas com asas deformadas, um excelente indicador que os níveis de infestação pela varroa está abaixo do limiar em que provoca danos observáveis e importantes nas colónias.

Em alguns casos desoperculei algumas larvas para validar estas observações. O que observei nas larvas, de zângão sobretudo, confirmam as minhas impressões resultantes das observações anteriores. Estas observações são guiadas por um conhecimento aprofundado na minha prática e nas muitas leituras levadas a cabo acerca dos sintomas visíveis quando na presença de uma taxa de infestação mais ou menos elevada.

Em conclusão, o medicamento Amicel que escolhi para o tratamento deste verão foi o mais eficaz dos escolhidos nestes últimos três anos. Neste apiário eliminei apenas uma colónia, por problemas com a rainha e não observei colónias enfraquecidas por varroose ou pelo síndrome PMS. Umas colónias mais populosas do que outras, mas todas saudáveis do que me foi possível observar.

Nota: ver aqui o estado sanitário das minhas colónias a 900m de altitude.

2 comentários em “outono de 2022: o estado sanitário das minhas colónias a 600 m de altitude”

  1. Obrigado Eduardo,por todo este detalhe.
    Só tu consegues explicar de uma forma simples e brilhante, toda esta sabedoria!
    Grande abraço

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