vespa mandarinia: primeiros dados da invasão na américa do norte

Título: Os primeiros relatos de Vespa mandarinia (Hymenoptera: Vespidae) na América do Norte dizem respeito a duas linhagens maternas distintas no estado de Washington, Estados Unidos, e na Colúmbia Britânica, Canadá

Sumário: “Em setembro de 2019, a destruição de um ninho de Vespa mandarinia Smith 1852 foi relatada pela primeira vez na América do Norte em Nanaimo, British Columbia, Canadá. Em dezembro de 2019, o Departamento de Agricultura do Estado de Washington também confirmou a primeira detecção de um espécime adulto de V. mandarinia nos Estados Unidos, no condado de Whatcom, Washington. A Vespa mandarinia é a maior da espécie das vespas e é um predador conhecido de vários insetos, incluindo a abelha melífera europeia (Apis mellifera, Hymenoptera, Apidae, Linnaeus, 1758). O estabelecimento de V. mandarinia na América do Norte representa uma séria ameaça à apicultura, e esta espécie foi considerada uma praga e accionou protocolos de quarentena. Aqui, descrevemos detalhes da primeira detecção desta espécie nos Estados Unidos e usamos dados da sequência genética obtidos de cinco espécimes em todo o mundo para estimar a origem das detecções canadianas e norte-americanas. […] Uma árvore de probabilidade […] sugere que as amostras do Canadá e dos EUA são de duas linhagens maternas separadas. Uma pesquisa em grande escala está em andamento para avaliar o nível de estabelecimento de vespas gigantes asiáticas em ambos os países e determinar a direção futura dos esforços de erradicação.”

fonte: Annals of the Entomological Society of America, XX(X), 2020, 1–5 doi: 10.1093/aesa/saaa024

Vespa mandarinia

Perspectivas de futuro: A acontecer a erradicação deste insecto invasor seria um feito nunca visto. A história diz-nos que nenhuma vespa social invasora foi alguma vez erradicada dos novos territórios colonizados (Beggs et al., 2011). À luz deste histórico deprimente o futuro não se afigura brilhante para os companheiros apicultores da américa do norte, que muito provavelmente irão ter de se conformar a viver com este insecto invasor e dar-lhe luta, como nós apicultores europeus o temos vindo a fazer com a Vespa velutina.

evidências sobre os benefícios para a saúde da inclusão do(a) própolis na dieta

Em 2019 foi publicado na revista Nutrients esta revisão dos estudos publicados entre 1990–2018 em torno das evidências sobre os benefícios para a saúde pelo consumo e/ou utilização do própolis.

“O(A) própolis é um produto com benefícios para a saúde já relatados, como melhoria da imunidade, redução da pressão arterial, tratamento de alergias e problemas de pele. Uma revisão da literatura e uma síntese foram efectuadas para investigar as evidências sobre os benefícios para a saúde relatados e a direção futura dos produtos com própolis. Usando uma estratégia de pesquisa predefinida, pesquisámos no Medline (OvidSP), Embase e Central quer estudos quantitativos quer qualitativos (1990–2018). Citação, referência, revisões manuais e consulta a especialistas também foram efectuadas. Estudos com ensaios clínicos randomizados (aleatórios) e dados da observação em humanos foram incluídos. […]. Um total de 63 publicações foram analisadas. A maioria foram estudos efectuados em células e em animais, com alguns testes realizados em humanos. Há dados muito significativos e prometedores do própolis enquanto agente antioxidante e anti-inflamatório eficaz, particularmente promissor na saúde cardiometabólica.

fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6893770/

As abelhas utilizam 0/a própolis para a defesa da cidade/colectividade, contra animais várias vezes maiores que elas, assim como contra microorganismos infecciosos, como os fungos e bactérias.

sobre o nível de formação apícola disponível em Portugal

Ontem, na Escola de Apicultura on-line, foi abordada ao de leve a questão do nível de formação apícola disponível em Portugal. Este é mais um tema que suscita uma diversidade de opiniões, geralmente balizadas entre dois pólos, de muito má a muito boa. Na minha opinião a formação inicial disponível em Portugal merece uma nota entre o suficiente e bom. Sobre a resposta formativa de nível avançado disponível no nosso país esta merece ser notada com um insuficiente. Passo a explicar um pouco mais a minha opinião com base na minha experiência, no que vou observando e ouvindo de outros e na minha reflexão, logo uma opinião sustentada em dados parcelares, incompletos, enviesados, como todas as opiniões. Disso não me livro!

Quando iniciei a minha apicultura fiz um curso de iniciação à apicultura que me foi útil. Recebi também ensinamentos do meu pai. Li várias dezenas de números do jornal As abelhas, onde escrevia um grande mestre, o Vasco Correia Paixão. Estive também presente em vários encontros, fóruns e palestras que contribuíram para a minha formação inicial. Lia com regularidade os blogues Monte do Mel e O Apicultor. Todo este trajecto de formação e auto-formação permitiram-me manter a minha operação apícola sustentável desde o seu início. Esta experiência de vida reforça em mim a ideia que a reposta formativa de nível 1, 2 e 3 é suficiente a boa em Portugal.

Contudo para aqueles que desejam fazer um aprofundamento sério e uma especialização dos seus conhecimentos, isto é receber formação de nível 4 e 5, para exercer a sua actividade profissional ou o seu hobby, a resposta formativa é insuficiente. Tanto quanto é do meu conhecimento apenas o Prof. Paulo Russo a ministra, contudo para o território português parece-me insuficiente por escassa e longínqua para muitos. Na minha opinião deveria existir uma estrutura formativa com 5 centros dedicados em Portugal (um a norte, outro no centro, outro no sul e um para cada um dos arquipélagos), apoiados num Centro de Investigação e Formação Apícola. Este Centro para além de coordenar e avaliar a investigação e formação feita em Portugal, teria a responsabilidade de manter na sua equipa formadores actualizados com o que de mais recente o estado-da-arte produziu. A equipa de formadores não teria de ser muito grande, mas sim de grande qualidade, com gente muito dedicada e com prática no terreno, por exemplo na manutenção de um apiário experimental. Esta equipa formativa deveria ser complementada por alguns poucos apicultores com vários anos de experiência no terreno com abelhas, e com um percurso revelador de um maneio bem sucedido ao longo de anos. Finalmente este Centro de Investigação e Formação Apícola deveria fazer chegar a casa dos apicultores que o desejassem News-letters pelas vias electrónicas mais comuns.

Mas a realidade como a observo, resposta formativa de nível 4 e 5 insuficiente, conduziu-me para a auto-formação. Por exemplo, só sobre o principal inimigo das abelhas, o ácaro varroa, a minha aprendizagem de nível mais avançado foi feita no estrangeiro, mas em casa e à distância de um clique. No estrangeiro porque em Portugal muito pouco se publica! Se se quiserem dar ao trabalho, pesquisem por favor na net o quão pouco tem sido publicado acerca deste ácaro, de mais aprofundado e em português de Portugal. Esta falta de publicações reflecte o estado insuficiente da formação de nível avançado em Portugal? Seria estranho que não reflectisse!

Propostas de pesquisa de temas de nível avançado sobre o principal inimigo das abelhas:

  • Síndrome da parasitação/parasitose pelo ácaro varroa;
  • duração do tratamento do apivar;
  • importância do timing do tratamento contra a varroose;
  • ciclo de vida do varroa;
  • o vírus das asas deformadas;
  • onde se alimenta o varroa,
  • monitorização taxa de infestação varroa.

depois da convalescença um passeio pelo botânico de coimbra

Passados dez dias de convalescença de minha esposa, hoje pediu-me para a acompanhar num passeio pelo Jardim Botânico de Coimbra. Que bem que nos soube!

Ficam algumas fotos que fui tirando de alguns pormenores das árvores e plantas deste Jardim. A minha homenagem a todos os protectores e cuidadores deste Jardim, desde  Domingos VandelliAvelar Brotero (sec. XVIII) até à actualidade.

vespa velutina: o estado da arte do que sabemos

Como em muitas outras áreas, o estudo e o conhecimento da Vespa velutina nigrithorax (VV) tem vindo a evoluir lentamente. Como disse alguém não é fácil estudar um insecto que se esconde e que apresenta algumas armas defensivas bem conhecidas. Mas o estudo vai-se fazendo e serve esta publicação para sumariar o que se sabe hoje de mais sólido acerca deste insecto.

  • Introdução acidental: aconteceu em França, muito provavelmente em 2004, de apenas uma rainha, fecundada pelo menos por 4 machos;
  • a expansão: tem sido rápida na Europa, facilitada pelo transporte de mercadorias e pelas muitas fontes de alimento disponíveis (outros insectos e também o lixo, em especial nas zonas urbanas e peri-urbanas);
  • o ciclo de vida: cada ninho gera um grande número de operárias; assiste-se à criação de algumas centenas de novas rainhas por ninho; encontram-se machos diploides (estéreis) em fases precoces do ciclo de vida do ninho (consequência da consanguinidade?);
  • o comportamento de caça: caracteriza-se pelo vôo estacionário em frente às colmeias; as VV apresentam elevado grau de fidelidade ao sítio de caça; não se confirma a marcação química/feromonal das colmeias a atacar; há trofaláxis no vespeiro;
  • comportamento defensivo das abelhas: formação de um tapete/barba de abelhas no alvado da colmeia; tentativas tímidas e ineficientes de “shimmering” (comportamento defensivo presente e muito eficiente nas Apis dorsata e cerana); comportamento de pelotamento da VV mas muito ineficiente na Apis melífera europeia;
  • impacto na entomofauna europeia: a presa favoritas das VV são as abelhas melíferas, especialmente em zonas mais urbanizadas; as VV são atraídas pelos odores exalados pelas colónias de abelhas e pelo avistamento das colmeias; em zonas rurais ou florestais a sua dieta é mais diversificada, verificando-se um aumento relativo de insectos díptera e Hymenoptera vespidae consumidos;
  • o contexto global: numa miríade de perigos e factores danosos para a saúde das abelhas melíferas a vespa velutina vem somar-se-lhes e estima-se que em França ela é responsável, no universo de perda de colónias, por 30% dessas perdas;
  • como lutar contra a velutina: das medidas até agora utilizadas, várias delas com efeitos negligenciáveis, a chave está na destruição/perturbação da actividade dos ninhos; mas a grande dificuldade e problema está em encontrá-los cedo o suficiente;
  • raio de acção da VV: caçam sobretudo num raio de 800m do ninho, e até um raio de 5 km; 95% dos voos acontecem entre as 8h00 e as 19h00 e 95% dos voos demoram menos de uma hora;
  • desenvolvimento de novas tecnologias: estão a ser estudados e melhorados um conjunto de equipamentos para encontrar os ninhos, entre eles o radar harmónico que permite acompanhar de forma precisa a trajetória dos insetos, mas apenas em áreas abertas e é um sistema muito complicado e caro; com um tag/transponder leve (sistema passivo) o alcance é de 450m; a radiotelemetria permite a localização do inseto qualquer que seja o tipo de paisagem (árvores, arbustos, morros, edifícios), é portátil e relativamente barato; contudo o tag/transponder é pesado (sistema ativo) e tem um alcance de 800m;
  • o biocontrolo: os predadores naturais presente na Europa não são eficientes para mitigar o suficiente a predação e controlar a expansão das VV (pássaros e parasitas), e experimenta-se a utilização de de fungos patogénicos (Metarhisium robertsii e Beauveria bassiana, Poidatz et al. 2018, 2019), introduzidos no ninho através de uma estratégia “cavalo-de-troia”.

Como todos os sumários este foi curto para tanto conteúdo, e deixou de fora alguns aspectos muito interessantes já conhecidos ou que se começam a conhecer melhor. Esta publicação pretende também desmistificar alguns assuntos em torno deste insecto exótico e predador da entomofauna nativa, especialmente da abelha melífera europeia. Seremos tão mais efectivos na ajuda às nossas abelhas, restante entomofauna nativa, e também na protecção de uma diversidade de produções agrárias, também predadas pelas vespas de patas amarelas, quanto maior e melhor for o nosso conhecimento.

“é mesmo possível viver da apicultura?”

Um jovem apicultor, amigo e cliente, colocou-me ontem a questão do título da publicação. Hoje respondi-lhe: alguns conseguem viver da apicultura e outros não. Eventualmente este jovem, assim como outros, desejam uma resposta sim ou não. Mas essas respostas de sim ou não para aspectos complexos, que dependem de inúmeras variáveis, sendo sedutoras para quem as ouve porque fica com o assunto resolvido logo ali, e tentadoras para quem as dá porque reforçam o seu estatuto de autoridade e conhecimento, são na realidade respostas parvas (do étimo pequeno).

Por exemplo, hoje saí de casa depois de tomar o café e comer uma barrita de cereais, estavam a bater as 9h30 no relógio da torre. A manhã esteve relativamente fresca e o trabalho corria bem e, quando dei por mim, eram 13h10. Parei um pouco para reflectir se deveria continuar ou parar e fazer 15 km de regresso a casa para almoçar e retornar depois de almoço. Decidi continuar o trabalho e concluí-o por volta das 14h00. Contudo e como ainda faltava uma tarefa que tinha mesmo que fazer hoje noutro apiário, a cerca de 4 km de distância, decidi castigar um pouco mais o corpo e ir fazê-lo, antes de regressar a casa para almoçar. Terminei por lá por volta das 16h00. Regressei a casa e almocei por volta das 17h00. Voltei de novo a esses dois apiários já próximo das 18h00 e conclui a principal tarefa que hoje me comprometi fazer, seriam cerca das 19h45. Agora, que já estou em casa, dou comigo a pensar que este está longe de ter sido um dos dias duros, dos muitos que já tive na apicultura. Alturas houve em que os dias duros vinham em cachos de 5 ou 6 dias seguidos ao longo de 4 a 5 meses.

Voltando à questão: sim para alguns é possível viver da apicultura e, acredito, que o factor decisivo, como não poderia deixar de ser, é o humano, isto é, é a ética profissional, o conhecimento, o pragmatismo, a vontade de superação, a resiliência e, para mim a mais importante na apicultura, a paciência. Paciência para esperar pela natureza, porque quem toca a música é a natureza, o ritmo é marcado por ela.

Vista geral parcial do apiário que trabalhei hoje de manhã.
Vista geral parcial do apiário que trabalhei da parte da tarde.

Não acredito nos “mecânicos/melhoradores da genética” da natureza, não acredito nos “criadores” de naturezas exóticas alternativas. Acredito e admiro os “amadores” da natureza local, aqueles que pacientemente a prescrutam e, sem lhe alterar a génese, ou introduzir exotismos, se apercebem dos carreiros mais escondidos por onde devem fazer o seu caminho. Tenho para mim cada vez mais certo que o apicultor que quer viver da apicultura em Portugal mais tarde ou mais cedo vai confirmar aquilo que já confirmei há algum tempo: não é sobretudo uma questão de genética, é mais uma questão de maneio. Mesmo que isso implique adiar a hora do almoço!

os mais visitados em 2019

Ultrapassada, com o contributo inestimável do meu filho, uma dificuldade técnica que me impedia de aceder às estatísticas anuais dos posts mais visitados, ao número de visitas anuais e à caixa de comentários, venho finalmente repor a tradição de elencar os posts mais visitados no último ano (ainda que neste caso os valores incluam também os meses decorridos neste ano de 2020). Nos últimos 12 meses (abril de 2019 a abril de 2020) estão registadas quase 200 mil visitas (198462 visitas em rigor). Este valor, que me surpreendeu, deixa-me com uma certa tremedeira nos joelhos. Com o crescer do número de visitas cresce também a responsabilidade de partilhar coisas tão apaixonantes mas tão incertas e locais como é próprio da natureza das abelhas e da actividade apícola. Agradeço aos leitores e comentadores (a estes últimos peço desculpa e compreensão, pois só hoje, depois de ultrapassada a dificuldade referida em cima, fui capaz de publicar os comentários dos últimos meses, sempre muito bem-vindos e muito estimulantes) que são parte desta realidade. Aqui ficam os posts que mais visitas receberam.

10º mais visitado;

9º mais visitado;

8º mais visitado;

7º mais visitado;

6º mais visitado;

5º mais visitado;

4º mais visitado;

3º mais visitado;

2º mais visitado;

1º mais visitado.

um método favorável à biodiversidade para mitigar o impacto das vespas asiáticas invasoras nas abelhas europeias

Este estudo, recentemente publicado (2019), avaliou o efeito das redes de protecção de entradas de colmeias sobre dois comportamentos das abelhas melíferas quando pressionadas pela presença intensa de vespões asiáticos: o retorno das abelhas forrageiras à colmeia e a intensidade do comportamento de forrageamento. Tenho uma ideia que estas redes são ainda pouco utilizada pelos apicultores portugueses, contudo também esta como outras ferramentas não deve ser desprezada, mais ainda quando os resultados de um estudo controlado são positivos.

“O vespão asiático é um predador de abelhas na Europa Ocidental. O risco associado ao vespão asiático na mortalidade de colónias de abelhas motivou o desenvolvimento de métodos de controle biológico e físico nos últimos anos. Embora a relação custo-benefício tenha sido estabelecida para a maioria desses métodos de controle, ainda não está claro se esses métodos podem reduzir os efeitos prejudiciais do vespão asiático nas abelhas europeias. Neste estudo, investigámos os benefícios potenciais de um método de controle favorável à biodiversidade, a “protecção da entrada da colmeia” (beehive muzzle) . Observámos a atividade de voo das abelhas e o comportamento de predação das vespas asiáticas à entrada da colmeia em 22 pares de colónias de abelhas, cada uma com uma colónia equipada com “protecção da entrada da colmeia” e uma colónia controle sem “protecção da entrada da colmeia”, em França. Medimos a FR (falha no retorno das abelhas devido à predação de vespas por abelhas) e PF (paralisia de forrageamento: paragem da atividade de voo em colmeias devido às vespas pairando em frente da entrada) e estimámos a probabilidade de mortalidade das colónias usando uma abordagem de modelagem mecanicista. A “protecção da entrada da colmeia” não reduziu a FR associada à vespa, mas reduziu drasticamente a PF. Além disso, a “protecção da entrada da colmeia” aumentou a probabilidade de sobrevivência de colónias stressadas por vespas até 51% em contexto de alta abundância de vespas asiáticas com base em simulações teóricas. Esses resultados sugerem que a instalação de “protecção da entrada da colmeia” pode atenuar o efeito prejudicial do vespão asiático nas abelhas europeias. Esta técnica de baixo custo não leva a nenhum impacto ambiental e, portanto, pode ser recomendada aos apicultores como um método eficaz de controle da vespa asiática, favorável à biodiversidade.”

Locais onde se realizaram as medições/comparações e tipo de “protecção da entrada da colmeia” utilizado no estudo (a malha da rede utilizada é de 6×6 mm).

fonte: https://www.researchgate.net/publication/335490838_A_biodiversity-friendly_method_to_mitigate_the_invasive_Asian_hornet’s_impact_on_European_honey_bees

vespa velutina: cavalos de troia segundo Ernesto Astiz

Neste vídeo em baixo vemos e ouvimos Ernesto Astiz, afamado especialista espanhol no estudo desta espécie invasora, identificar três pontos-chave da estratégia para controlo da vespa velutina: (i) captura de velutinas fundadoras na primeira fase do seu ciclo de vida; (ii) utilização de cavalos de troia na fase de maior predação, para eliminar ou fragilizar ninhos não identificados; (iii) autorização/indicação pelas autoridades competentes de princípios activos eficazes para utilização na “fabricação” de cavalos de troia. O produto e o princípio activo proposto por Ernesto Astiz coincide com o que já havia mencionado aqui há dois anos atrás.

as abelhas produzem… solo e água

Ainda na senda da minha intervenção na Mesa Redonda — A PAC pós 2020 — Perspectivas para o sector apícola, no XX Fórum Nacional de Apicultura, e a propósito da questão colocada, pelo jornalista do Observador, Paulo Ferreira, acerca das perspectivas que tenho da apicultura como uma actividade reconhecida como prestadora de serviços do ecossistema referi que as abelhas produzem… solo e água.

Praticamente todas as plantas que se reproduzem por sementes no mundo necessitam ser polinizadas. Entre estas estão muitas das plantas silvestres que crescem um pouco por todo o lado, nomeadamente nas encostas das nossas serras, e que sem a polinização levada a cabo pelos insectos, não se renovariam ou expandiriam.

As relações de interdependência entre o solo, a água e as plantas são mediadas pelos polinizadores. Estas relações podem descrever-se de forma sumária: as plantas com flores ajudam a purificar a água e impedir a erosão através de raízes que mantêm o solo no lugar e folhagens que amortecem o impacto da chuva quando ela cai na terra. O ciclo da água depende das plantas para devolver a humidade à atmosfera, e as plantas dependem de polinizadores para ajudá-las a reproduzirem-se.

Faixas de plantas nativas incorporadas nas pradarias

Um caso exemplar: As faixas de plantas na pradaria são uma prática de conservação que protege o solo e a água, enquanto fornece habitat para a vida selvagem. A equipe do STRIPS […] realiza pesquisas sobre faixas da pradaria há mais de dez anos e mostramos que a integração de pequenas faixas de pradaria em locais estratégicos nos campos de milho e soja — na forma de tiras de amortecimento de contorno em campo e tiras de filtragem nas bordas de campo — podem gerar grandes benefícios para o solo, a água e a biodiversidade. As faixas de pradaria fornecem esses benefícios em maior grau do que outros tipos de vegetação perene, devido à diversidade de espécies de plantas nativas incorporadas, seus sistemas radiculares profundos e multicamadas e seus caules rígidos que suportam chuvas fortes. A pesquisa STRIPS também mostra que as faixas de pradaria são uma das práticas de conservação agrícola mais acessíveis e ambientalmente benéficas disponíveis. Fonte: https://www.nrem.iastate.edu/research/STRIPS/content/what-are-prairie-strips