um método para criar rainhas sem ter de encontrar a rainha

Este método (conhecido por método Bentley) é usada principalmente pelos apicultores que não conseguem ou não desejam ter de encontrar a rainha, especialmente numa colmeia densamente povoada ou quando a câmara de criação se encontra espalhada por duas ou mais caixas, ou ainda no caso de uma colmeia muito agressiva, ou quando as condições meteorológicas são adversas.

De preferência na época de enxameação, insira num corpo vazio (A) pelo menos cinco quadros de criação de todas as idades, sem abelhas, podendo ser de diferentes colmeias. Coloque um quadro de mel e pólen em cada lado desta câmara de criação e preencha o espaço restante com quadros de cera puxada ou laminada.

Coloque este corpo (A) debaixo de uma colónia muito forte (B) mantendo a mesma localização. Coloque entre estes dois corpos uma prancheta que impeça a passagem das abelhas entre as caixas e com um buraco com uma malha que impeça a passagem de abelhas mas que permita a mistura de odores entre as caixas. Crie uma saída nesta zona superior da colónia inserindo um pequeno bloco de madeira entre os quadros desta caixa (B) e a prancheta que a cobre de modo a que as abelhas consigam sair por lá. As abelhas forrageiras regressarão através da entrada original ao corpo (A). Pretende-se que as abelhas amas, responsáveis pela difusão da feromona mandibular da rainha, não passem para o corpo (A). Com esta manipulação visa-se diminuir a inibição para a criação de realeiras neste corpo inferior da colmeia.

Nove dias depois, o corpo inferior (A) deverá apresentar várias realeiras operculadas. Removemos o corpo (A) ou apenas as realeiras, as quais podem ser  distribuídas por outras colmeias ou núcleos, orfanizados 24h a 72h antes. É muito importante efetuar estas operações com o máximo cuidado e remover estas realeiras com uma faca bem afiada ou x-acto e colocá-los o mais cedo possível nas colmeias ou núcleos previamente orfanizados.

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Fig. 1 — 5 realeiras operculadas

Actualização (09/01/2017): este procedimento pode ser realizado utilizando um tabuleiro divisor simples a separar a caixa A da caixa B.

19 comentários em “um método para criar rainhas sem ter de encontrar a rainha”

  1. Muito Bom Dia.
    Sou um leitor assíduo desde o primeiro dia do seu blog.
    Começo por o felicitar pela excelente informação que tem disponibilizado, Informação essencial e direcionada para aqueles como eu que têm meia dúzia de colmeias e vontade de aprender cada vez mais deste mundo maravilhoso que é a Apicultura e quem sabe aumentar o efetivo apícola.
    No ano passado pela primeira vez em março fiz três desdobramentos às “cegas”, (coloquei num núcleo de 5 quadros um quando com mel, um com pólen, um com criação operculada e outro com criação do dia), acho que por sorte de principiante pegaram de estaca e hoje estão colmeias fortíssimas, uma delas em maio substituiu a rainha.
    Li com muita atenção este excelente post e fiquei com uma dúvida em relação ao aquecimento do ninho superior. É verdade que sabemos que o calor sobe e se aloja no piso superior, mas se as abelhas quando voltarem à colmeia encherem o ninho inferior as abelhas residente no superior serão suficientes para aquecerem a criação??? não haverá o perigo da criação do piso superior arrefecer?
    Tenho três colmeias reversíveis fortes (ninho a abarrotar de abelhas e com 8 quadros de criação, uma delas na alça também tem 3 quadros de criação). Qual o método que me aconselha para efetuar desdobramentos destas colmeias?
    (Sou de Évora, o rosmaninho já aparece nos campos e segundo os sites de meteorologia a primavera está a chegar.
    Cumprimentos
    Fernando Ferreira

    1. Viva Fernando!
      Muito obrigado pela simpatia das suas palavras.
      Relativamente à questão que coloca, recomendo que estas manipulações nas quais dividimos a população de abelhas por duas caixas, uma inferior outra superior, em que uma delas irá perder uma boa parte das forrageiras seja efectuada quando as temperaturas nocturnas/mínimas ultrapassem os 10-12ºC de forma persistentes durante 7-10 dias seguidos.
      Por aqui, mais para cima no mapa, o rosmaninho também já está a deitar as cabeças. Mais 15 dias e deverá começar a dar os primeiros néctares.
      Cumprimentos!

  2. Olá Eduardo.
    Aproveito este espaço para perguntar ao Fernando, pequeno apicultor como eu, qual o princípio ativo com que trata as colmeias contra a varrôa, quantas vezes por ano e onde adquire o produto.
    Cumprimentos.

    1. Caro Martinho Ferrreira
      Varroa…… o grande problema das nossas amigas e do Apicultor.
      Como tenho muito poucas colmeias comecei por adquirir um estrado sanitário para cada colmeia. Verifico quase diariamente e chego à conclusão que é um excelente auxiliar, o tabuleiro recolhe uma boa percentagem de varroas e impurezas da colmeia. No inverno (dezembro), altura em que há muito pouca criação operculada, utilizei ácido oxálico. Quando a temperatura subiu passei a utilizar ácido cítrico (sumo de limão dentro de uma garrafa de água vazia com dois ou três furos na tampa e borrifar as abelhas) e corte da cria de zangão (coloquei uma pequena tira de cera num quadro, as abelhas vão puxar a cera e aí produzir cria de zangão, quando estiver operculada corta-se a cria e coloca-se novamente o quadro para tentar apanhar todas as varroas).
      O problema é que os “ácidos” só interferem com as varroas na fase forética, não afetando as que estão na fase de reprodução ou seja “operculadas”.
      Tenho tido bons resultados, mas tenho as poucas colmeias próximo da minha habitação o que permite este esquema de “tratamento” e visitas regulares às colmeias.
      Se continuar com este hobby e aumentar o número de colmeias o “tratamento” será diferente!!
      Cumprimentos

      1. Boa tarde Fernando,
        Uma combate muito esclarecido e orgânico.
        Também utilizo, por vezes o oxálico e o fórmico.
        No fim do inverno e após a cresta utilizo o apivar. O meu problema é o preço de aquisição das saquetas de apivar, como ainda não estou associado a nenhuma organização de apicultores, não encontro as saquetas de apivar a menos de 16,50 euros, mesmo para quem tem poucas colmeias é um preço proibitivo!
        Está associado a alguma cooperativa ou associação de apicultores?
        Boas actividades apícolas Fernando.

  3. Boa Tarde
    Hoje o dia foi para elas, as costas estão bem doridas, tornaram a arrancar em força, com sete e oito quadros com criação, na maioria operculada, mas com população muito inferior a Dezembro, e com uma a duas alças de mel a menos, mas na verdade foram elas que o produziram, por isso têm razão em o gastarem tanto para alimentação como para manterem os ninhos quentes. o sobrante será para o apicultor.
    Tenho duvidas em relação ao post que publicastes em relação ao consumo das abelhas em Época de fome e invernação, se fizer-mos as contas os números que mencionastes estão muito aquém do que as minhas consumiram.
    Estou a brincar, na verdade as minhas não estavam nem em época de fome nem em época de invernar, colmeias com população a cima das sessenta mil, têm que consumir muito mais.
    No restante encontrei uma a mudar de mestra, e outra em principio de zanganeira, mas logo resolvi a situação.
    Em termos de varroa e enxameação tudo calmo, mas estão a começarem de subir a postura a primeira alça.
    Abraço.

  4. Boa tarde
    Tenho lido os seus post e vou quando for oportuno, tentar esse método. Sou novato na apicultura e tenho um problema para solucionar. Tenho uma enxame novo qecomprei com outros. Todos ao a desenvolver bem, no entanto um deles está na mesma. Tem rainha mas não tem criação nova. Que devo fazer? Já passaram 3 semanas.
    Obrigado

    1. Viva, Bruno!
      É arriscado fazer diagnósticos à distância. Assumindo este risco, digo que a situação que relata não me parece normal. Se passadas 3 semanas não vê criação nova (ovos e larvas) e vê uma rainha na sua colónia, os dois cenários mais prováveis na minha opinião são ter uma rainha não fecundada ou uma rainha gasta. Inclino-me mais para o primeiro, porque as rainhas velhas/gastas, por norma, ainda vão fazendo alguma postura.

  5. Boa Tarde ! Gostaria de sanar uma duvida minha, eu fui chamado para coletar 1 enxame de abelhas Apis, a coleta saiu como esperado, porém no outro dia, com as abelhas já no meu apiário, eu percebi que a Rainha estava Morta! Como eu procedo pra salvar o enxame, visto que a Rainha esta Morta ?? Abraços

  6. Boa tarde e um bom carnaval.
    Tenho seguido os seus ensinamentos que considero uteis. Sou um aspirante a apicultor com deficientes conhecimentos. Iniciei a actividade com 2 colmeias lusitanas que comprei a um amigo, que me tem dado algumas dicas e o ano passado desdobrei ás cegas em dois. Também eu não consigo identificar a rainha. Nesse mesmo dia recolhi para um núcleo um pequeno enxame, provavelmente secundário, pousado num ramo de cedro, em frente ás 2 colmeias , que mais tarde transferi para uma caixa de 10 quadros, mas que no fim do verão voltei a mudar para o núcleo, para ai passar o inverno, dado o pouco crescimento do mesmo.
    Tenho actualmente 4 colmeias e um núcleo numa pequena parcela arborizada com cedros e sobreiros, inserida no Vale do Sabor em Lagoa, concelho de Macedo de Cavaleiros, com variada a vegetação característica desta região, que vai do carrasco, á giesta branca, arçanha, zimbro, rosmaninho, … culturas de amendoeira e olival. Com alguma desilusão pois apenas tirei um frasco de mel dourado.
    Pelas razões apresentadas estou a considerar este metodo adequado a minha situação.
    Caso se verifique a presença de mestreiros em vários quados, posso formar mais dois núcleos? Como? Neste caso tem de ficar no mesmo lugar ou posso muda-los para outro lugar, que considero mais adequado, para onde penso mudar as restantes colmeias?

    1. Bom dia, Carlos!
      Em teoria sim pode formar mais núcleos. Depende da força do enxame-mãe fazer mais ou menos núcleos. Sugiro fazer núcleos com não menos de 3 quadros cobertos com bastantes abelhas. É possível fazer com menos quadros e abelhas, mas o risco de não vingarem aumenta. Sim pode mudar de local, de preferência para mais de 3 km de distância do local original. um bom ano apícola.

  7. Obrigado pela sua resposta. Mas disse sim em teoria. Agora vamos ver como a pratica se vai desenrolar. Pensei em vários problemas desde a ausência de zangãos no novo local, já que ainda não tenho lá nenhuma colmeia, as poucas abelhas que irão nos nucleos … só problemas que se deparam a quem não tem experiencia.
    Tenho seguido o seu blog e aprendido muito, por isso é de continuar para aprendizes como eu.

    1. Carlos, se existirem zângãos de colmeias, suas ou de outros companheiros, num raio de 5km as probabilidades de as rainhas fecundarem são boas.

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