vespa asiática: cavalos de tróia validados por estudo realizado no país basco

Este é até agora o único estudo controlado que conheço publicado e que confirma o que vários apicultores portuguese, franceses e espanhóis têm dito acerca dos resultados positivos alcançados com a estratégia de utilização de cavalos de tróia no controlo da predação de apiários pela vespa velutina.

En agosto y septiembre de 2015, en los colmenares de varias zonas de Gipuzkoa [País Basco], se ha realizado un ensayo piloto controlado empleando cebos cárnicos mezclados con biocida para el control de V. velutina. Los resultados de la prueba piloto han sido muy positivos: los días previos a la prueba, el nivel de infestación de los colmenares por avispas era alto, tanto que las abejas no salían de las colmenas. Después de realizar el primer ensayo, el número de avispas disminuyó hasta niveles bajos o muy bajos y las abejas volvieron al  trabajo. Esta situación duró un par de semanas, volviendo después de pasado este tiempo al estado inicial. En la prueba que se hizo en septiembre, la situación de partida era muy parecida y los resultados fueron satisfactorios. Como conclusión parece que un uso controlado y periódico de cebos proteicos mezclados con biocidas autorizados podría servir como medida para disminuir los daños producidos por V. velutina en los colmenares. Asimismo, podría disminuir el número de nidos totales de la temporada siguiente, si este tipo de tratamientos se aplicara de forma estratégica para evitar el desarrollo de las generaciones de machos y de las nuevas reinas fundadoras.” (pgs. 61-62).

fonte: http://www.euskadi.eus/contenidos/documentacion/vespa_velutina/es_def/adjuntos/vespa_velutina.pdf

Três notas acerca do excerto:

  • os “cebos carnicos” são iscos proteicos (carne neste caso, mas também podem ser utilizados peixes).
  • o impacto positivo do primeiro ensaio foi de um par de semanas. Possivelmente este impacto não foi mais duradouro porque o biocida utilizado teve um efeito letal sobre as velutinas campeiras que transportaram o biocida e não tanto sobre a criação. Uma nova geração de velutinas entretanto nascida reiniciou a predação quando atingiram a maturidade e se tornaram campeiras (especulo eu e mais alguns outros mais conhecedores).
  • a escolha do biocida será tanto mais adequada quanto maior for o seu efeito larvicida, isto é, provoque elevada mortalidade nas larvas.

vespa asiática: alguns biocidas para os cavalos de troia

Neste post  identifiquei uma forma simples e rápida para atrair e apanhar as vespas velutinas, com o intuito de fazer delas os cavalos de troia, que deverão transportar para o seu ninho o biocida que o eliminará/enfraquecerá. Desenhados os procedimentos desta primeira etapa passemos à etapa seguinte que trata da escolha do biocida a utilizar.

2ª etapa: a escolha do biocida

Neste ponto as divergências são muitas, fruto de pontos de vista excessivamente polarizados, nomeadamente entre alguns “verdes” de secretária e alguns apicultores desesperados. Como apicultor importa-me avançar para o que me/nos interessa: como eliminar/diminuir/controlar a pressão predatória das velutinas nos apiários, com o menor impacto ambiental possível, de forma razoavelmente eficaz, rápida e perdurável? Na hora actual, a utilização dos cavalos de tróia parece a muitos de nós a resposta de última linha aos desafios que a circunstância de apiários fortemente predados por velutinas, vindas de ninhos inacessíveis ou não localizados, colocam.

Entre os vários ingredientes disponíveis como biocidas os mais utilizados julgo serem a permetrina e o fipronil, presentes por exemplo em produtos com as marcas comerciais Advantix e Frontline, e ainda insecticidas reguladores de crescimento de insetos (RCI), que apresentam um efeito larvicida ao inibir a formação de quitina (exoesqueleto).  Na minha pesquisa pela net encontrei um ingrediente mais, tido como ecológico e orgânico e que alguns apicultores já utilizam na “construção” dos cavalos de tróia: o (e)spinosad(e).

Fig. 1: Um formicida que contem spinosad na sua formulação

Ver mais informação sobre o spinosad em:

  • https://natornatex.wordpress.com/2016/09/11/test-de-la-methode-israelienne-contre-le-frelon-asiatique/
  • https://en.wikipedia.org/wiki/Spinosad
  • https://stoppestinfo.com/pt/280-melhor-fogo-formigas-assassinos.html

Num próximo post terminarei este conjunto de posts onde fui deixando pistas e orientações para a reflexão e construção  dos cavalos de troia contra as vespas velutinas. Nesse post proporei procedimentos variados de preparação/construção dos cavalos de troia, alguns dos quais acredito serem capazes de minimizar significativamente alguns riscos subjacentes.

Se desejarem ir avançando trabalho proponho a leitura deste fórum francês e ainda este onde o tema foi largamente discutido.

vespa asiática: armadilhas com atraentes doces ou proteicos?

No post anterior identifiquei dois tipos de atraentes básicos utilizados na preparação das armadilhas para efectuar a captura de vespas asiáticas/velutinas. Basicamente estes iscos devem ter ou uma base açucarada ou uma base proteica. Contudo, há alturas do ano em que os açucarados funcionam melhor que os proteicos e outras alturas em que são os proteicos os mais indicados.

Vejamos o que nos diz a este respeito o especialista Ernesto Astiz:

Ernesto Astiz deixa claro nas suas conclusões o seguinte a este respeito: na altura em que os ninhos de velutinas não têm larvas ou têm poucas larvas as velutinas fundadoras ou obreiras são mais atraídas por iscos açucarados (em geral primavera e final do outono); pelo contrário se os ninhos têm muitas larvas (em geral no período do verão e início do outono) as velutinas obreiras são mais atraídas por iscos proteicos (peixe e carne, por ex.).

Cabe ao apicultor adaptar ao ciclo de vida do ninho da velutina um ou outro tipo de isco para aumentar a eficácia na captura das vespas  asiáticas.

vespa asiática: os melhores atraentes

Nestes dois vídeos colectados no youtube inicio o desenho de uma sequência de etapas que operacionalizam um processo rápido e seguro para produzir “cavalos de troia” com vista à intoxicação dos ninhos das velutinas não visíveis ou inacessíveis.

1ª etapa: recrutar as vespas.

Os alimentos/líquidos açucarados são muito procurados pelas jovens rainhas/fundadoras.

O peixe fresco é um atraente muito forte, em especial na época em que as vespas operárias procuram proteínas para alimentar as suas larvas.

Estes atraentes colocados em recipientes que  não as afoguem/matem podem servir de alfobre para as nossas capturas. Com uma pinça como podemos ver aqui a sua caça é simples e rápida. Temos assim recrutados os soldados para fazermos deles cavalos de troia.

… há uma factura a pagar

Os incêndios ocorridos neste verão e outono deixaram feridas profundas no interior do nosso país. Largas extensões desse território e muito trabalho ficou em cinzas.  Como levantar as pessoas, como erguer a terra?

Para não cair no esquecimento e servir de referente lembremos como foi amparado num passado recente um sector à beira do precipício: o sector bancário.

[A] “estimativa feita em 2015 pelo Banco Central Europeu, que contava 19,5 mil milhões gastos pelo Estado português entre 2008 e 2014, o correspondente a 11,3% do PIB. Já em 2015, o Tribunal de Contas estimava que a mesma despesa, entre 2008 e 2015, rondaria os 14 mil milhões de euros, em injecções de capital e empréstimos. ” *

Assim decidiram os senhores de Portugal. Assim foi utilizado o dinheiro de todos nós. Aqui chegados pergunto: haverá alguma razão para que os territórios arruinados pelos incêndios, maltratados pela seca, descapitalizados pelas regras do comércio internacional, não sejam devidamente amparados?

Julgo que não andarei muito longe de uma previsão justa e correcta se disser que a grande maioria dos portugueses espera que os decisores nos próximos 10 a 20 anos, através do estado, apoiem empenhadamente os esforços necessários para revitalizar o interior do país de norte a sul. Entre outras medidas, deve apoiar devidamente os pequenos produtores florestais enquanto agentes indispensáveis na reforma da floresta que se exige e necessita há muitos anos.

Dou um exemplo singelo: todos nós queremos uma floresta mais racional, mais autóctone, com carvalhos, castanheiros, azinheiras, sobreiros e outros. No entanto os apoios às perdas de produção devem ser equacionados. Mais, devem ser valorizadas as externalidade ou ganhos para todos nós com o plantio deste tipo de árvores. Esta factura está à nossa frente e há que encorajar os nossos representantes a pagá-la.

Ou isto ou nada! Ou tudo continuará na mesma e pior ainda.

luta contra a velutina: novas armas

Na luta contra a velutina quase tudo vale e a imaginação é o limite. Em Cambre (Galiza) a protecção civil está a utilizar uma metralhadora dedicada para eliminar os ninhos da vespa asiática.

A metralhadora importada dos Estados Unidos é utilizada para disparar aos ninhos mais altos, a 30-40 m de altura. Esta arma é municiada com balas biodegradáveis que levam no seu interior insecticidas utilizados em agricultura ecológica e que não contaminam o ambiente em redor.

Lolo Andrade, membro da Protecção Civil de Cambre e especialista no combate à vespa asiática diz: “”Estamos probando una decena de productos efectivos pero más respetuosos con el entorno. Un insecticida con cipermetrina, que se usa en agricultura ecológica, es el que mejores resultados ha dado hasta ahora”

Para os ninhos mais acessíveis, os responsáveis localizam a entrada e introduzem o produto insecticida por ali. Para os que se encontram a 40 metros de altura ou mais ou em lugares inacessíveis, os membros da Protecção Civil empregam a metralhadora.

O produto insecticida é misturado com frutose de modo a que “las avispas que no mueren por contacto, mueren después al comer la fructosa con insecticida”, detalha.

Fonte: http://www.laopinioncoruna.es/gran-coruna/2017/09/12/armas-quimicas-velutina/1216437.html

vespa velutina: o caso de um apicultor viguês

Marcos Otero, apicultor da zona de Vigo, relata aqui a sua experiência recente no combate à velutina.

Este apicultor viguês elegeu duas técnicas para diminuir a predação das velutinas nos seus apiários este verão: armadilhas com xarope com mel e as harpas eléctricas.

 

Fig.1: Vespa velutina (espécie exótica) e Vespa Crabro (espécie autóctone). 

 

inquérito sobre a realidade das colónias queimadas em 2017 em Portugal

Recebi ontem no meu e-mail esta solicitação do Francisco Rogão para responder a este inquérito. Já o fiz porque me arderam algumas colmeias num dos meus apiários. Tomo a liberdade de colocar aqui o pedido do Francisco assim como o link para o inquérito.

“Bom dia

Caros colegas afectados pelos incêndios (ou quem tenha conhecimento efectivo dos que foram afectados), com o intuito de se ter uma ideia da quantidade de colónias ardidas este ano e fazer chegar esta informação às entidades responsáveis pelo sector, tomo a iniciativa de solicitar que preencham o inquérito que se segue. PF partilhem

Preencha aqui

 Cumprimentos

Francisco Rogão”

 

Apelo ao seu preenchimento por parte dos companheiros a quem arderam colmeias. Assim daremos a conhecer a quem de direito a real dimensão do quanto o sector apícola foi afectado pelos incêndios neste ano. Os resultados recolhidos por este inquérito serão certamente uma ajuda para os nossos representantes (FNAP, Associações e Cooperativas Apícolas) poderem apelar, junto dos organismos oficiais responsáveis, às ajudas ao sector, assim como fazerem parte dos grupos de trabalho que irão surgir no âmbito das prometidas reformas da nossa floresta. Acerca deste ponto remeto ainda para o conteúdo do post do João Tomé, no seu blog Vale do Rosmaninho (aqui), sublinhando esta afirmação: “Para isso, será importante no futuro, os apicultores fazerem parte dos grupos de trabalho com intervenção directa no território, apresentando propostas de gestão em complemento das que são apresentadas por outros sectores (ex. exploração florestal, conservação da natureza, etc.), favorecendo desta maneira o equilíbrio e manutenção das colónias de abelhas.

vespa velutina: novo atraente e novo cavalo de tróia

Neste artigo da edição do passado mês do “Campo Galego” são apresentados e descritos um novo atraente para velutinas a utilizar em apiários muito atacados e ainda uma nova forma de produzir cavalos de tróia. O autor do artigo sublinha a elevada selectividade do primeiro e a inocuidade do segundo junto dos outros seres vivos que habitem o meio.

A receita do novo atraente segue em espanhol/castelhano:

La receta para el jarabe de miel es la siguiente:
– Se ponen 2 litros de agua a calentar, y se disuelve en ella cuando esté bien caliente 1/2 kg de miel
– Se deja enfriar totalmente (tiene que estar frío del todo para el siguiente paso)
– Añadir 2 cucharadas de alcohol
– Añadir 1 cucharada de vinagre
– Añadir en cada bote la mezcla anterior, hasta una altura aproximada de 2 centímetros.

O novo cavalo de tróia:

É recomendado utilizar os próprios ninhos da Vespa Velutina como uma armadilha para veicular o insecticida. “Uma vez que o ninho Velutina está desativado; isto é, que o inseticida foi aplicado na entrada e selado, em vez de removê-lo para queimá-lo ou esmagá-lo, podemos usá-lo como uma armadilha “, explica. “Para fazer isso”, ele acrescenta, “cortamos com um cortador/faca uma camada do ninho de velutina, de modo a separar os favos com larvas de vespa asiática. Nós pulverizamos com um inseticida de dupla ação, larvicida e adulticida, e as Velutinas serão atraídas pelo líquido das larvas, ficarão contaminadas,  levarão para o seu ninho o insecticida, que também acabará contaminado“.

Relativamente ao insecticida utilizado é apresentado como inócuo para outros insectos e aves que habitem a zona, é constituído por Alfacipermetrina 3% (p/p) e Diflubenzuron 3% (p/p), sem neonicotinoides, e é utilizado frequentemente para combater piolhos em cães, gatos e galinhas.