introduzir rainhas novas em colmeias estabelecidas

Como era minha intenção construí cerca de uma centena de tabuleiros divisores no início da passada primavera.

O tabuleiro divisor é neste momento para mim o mais crucial dos equipamentos apícolas que possuo: pela sua simplicidade, pela sua versatilidade, pelo seu baixo preço. Como estou muito satisfeito com este equipamento continuo a juntar as peças do puzzle para entrever de que forma poderei maximizar e diversificar o âmbito da sua aplicação no maneio que pratico. E somando e juntando as peças daqui e dali julgo que tenho um método bem desenhado e definido na minha cabeça com vista à introdução de rainhas novas, especialmente virgens, em colmeias já estabelecidas e com o auxílio do tabuleiro divisor.

Do saber que foi sendo construído pelas anteriores gerações de apicultores sabemos que em regra é mais fácil uma rainha estranha/nova ser aceite por uma colónia estabelecida durante um fluxo de néctar. Se não houver néctar a entrar na colmeia, a aceitação será facilitada com o fornecimento de xarope de açúcar.

Para aumentar a probabilidade de uma rainha nova ser aceite há ainda um conjunto de outras considerações a ter muito em conta:

  • dar às abelhas o tempo e a oportunidade de se acostumar com sua nova rainha. Durante este período de um a dois dias a rainha deve estar protegida por uma gaiola lhe permite manter contato “físico” com as obreiras (exsudando as feromonas reais no coração da colónia);
  • as abelhas mais jovens aceitam rainhas mais facilmente do que as abelhas velhas;
  • colónias menores aceitam as rainhas mais prontamente do que colónias maiores.

O método que apresentarei seguidamente apresenta estas vantagens:

  • evitará quaisquer interrupções na postura de ovos das rainhas atuais/velhas;
  • dispensará a utilização/aquisição de material dedicado, o que permite simplificar o trabalho do apicultor e torna-lo mais rentável.

(Abrindo parêntesis: Relativamente à dispensa de material dedicado a minha posição de princípio é que o apicultor moderno deve evitar sempre que possível comprar material e equipamentos que sirvam apenas para um maneio/operação específica. Deve privilegiar os métodos que lhe permitam fazer o que pretende com os materiais e equipamentos generalistas que já possui. No caso específico da criação de rainhas há muito equipamentos dedicados por onde nos podemos “despistar”e fazer derrapar orçamentos. Como consequência destas derrapagens orçamentais desejamos e necessitamos que cada colmeia produza 50 Kg de mel/ano para o apicultor, que dê ainda uns bons quilos de pólen e umas gramitas de apitoxina, tudo para que se paguem as despesas do ano. A minha opção é sempre que possível evitar o material dedicado e procurar os métodos de maneio de colónias que levem aos mesmos fins e que exijam materiais e equipamentos que já possuo do maneio habitual e normal das colmeias. Esta recomendação poderá ter interesse para os apicultores que se focam na produção de mel, como é o meu caso. Recomendo a terminar este parêntesis que tenham um quando muito dois focos se querem ter uma apicultura rentável no nosso país. Não se dispersem, nem no território nem nos produtos! Foquem-se na produção de um/dois produtos e concentrem a vossa operação num/dois territórios!)

Equipamento necessário a preparar antes de ir para o apiário:

  • uma alça de dimensões iguais à do ninho da colmeia e com quadros puxados ou laminados;
  • tabuleiro divisor;
  • jaula temporária de rainhas/pinça para apanhar rainhas.

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Fig. 1: Exemplo de uma pinça para apanhar rainhas

No apiário:

  • Coloque a alça que trouxe em cima do tabuleiro divisor e ao lado da colmeia estabelecida onde pretende introduzir a nova rainha;
  • Localize a rainha “velha” e coloque-a numa jaula temporária;
  • Remova 2 – 4 quadros com criação larvar e sobretudo operculada do ninho desta colmeia estabelecida com todas as abelhas aderentes. Estes quadros deverão ser colocados na alça igual ao ninho que trouxe consigo. Os quadros vazios que são removidos são introduzidos no ninho da colmeia estabelecida. Devemos manter a integridade da zona de criação, colocando estes quadros “novos”nas zonas laterais da mesma;
  • Coloque um ou dois quadros adicionais de mel retirados da colmeia estabelecida ou de outra colmeia depois de sacudidas as abelhas aderentes;
  • Se necessário sacuda ainda mais algumas abelhas dos quadros da colmeia estabelecida para os quadros colocados na alça que se encontra em cima do tabuleiro divisor. Pode fazê-lo com toda tranquilidade porque a rainha ainda se encontra na sua jaula temporária;
  • Liberte a rainha velha em cima dos quadros com criação que ficaram no ninho da colmeia estabelecida;
  • Coloque a alça com tabuleiro divisor em cima da colmeia estabelecida. A entrada do tabuleiro divisor deverá ter a direção contrária à entrada da colmeia estabelecida. Isso permitirá que as abelhas mais velhas saiam e voltem para a colmeia estabelecida em abaixo;
  • Passadas umas horas ou até um dia introduza a nova rainha na sua jaula na alça que foi preparada para a receber;
  • Esta nova alça/novo ninho, foi perdendo as abelhas mais velhas que foram sendo drenadas para o ninho estabelecido em baixo, tem uma parcela importante de abelhas novas, e tem um número menor de abelhas. Com este método estão reunidas as condições que garantem maior sucesso na introdução de novas rainhas;
  • Passadas duas ou três semanas, confirmada a boa postura da nova rainha, elimina a velha rainha ou retira-a para um núcleo, tira o tabuleiro divisor e sem mais operações reúne a colónia, agora com nova rainha.

compatibilizar a renovação de rainhas e a produção de mel

Uma das leis mais sólidas em apicultura é a de que as colmeias mais populosas tendem, em condições normais, a serem as mais produtivas (ver lei de Farrar).

Se exceptuarmos as doenças das abelhas (sendo a mais prevalente a varroose) e a fome nas abelhas, as duas variáveis que mais impacto negativo têm na população das abelhas de uma família/colmeia são a pouca prolificidade de uma rainha e a enxameação.

Em condições regulares estas duas variáveis (baixa prolificidade e enxameação) podem e devem ser resolvidas com a renovação de rainhas em ciclos de dois anos, ou mesmo de ano a ano.

Os métodos de renovação de rainhas são inúmeros e cada um de nós deve escolher aquele que mais lhe agrada, de acordo com a sua realidade e as suas capacidades. Neste post vou propor uma técnica que nos permite fazer a renovação de rainhas sem pôr em causa o desenvolvimento normal da família/colmeia, isto é, sem provocar um atraso no crescimento da sua população, logo sem pôr em causa a produção.

No meu caso, tendo em conta o meu contexto, procuro uma solução para a renovação que rainhas que possa ser aplicada de forma simples (que não me exija a criação de condições relativamente complexas para a introdução de rainhas virgens ou fecundadas), económica (que não me exija por ex. a aquisição de rainhas fecundadas e/ou equipamentos dedicados), com uma baixa exigência logística (que não me exija trabalhar com caixas de tamanhos diferentes como por ex. nucleólos, núcleos ou outros equipamentos), que seja rápida ao ponto de ser realizada com um baixo de número de manipulações/operações e que seja eficiente, isto é, que me dê garantias que no processo de renovação de rainhas menos de 1% das famílias/colmeias fique orfã.

Para alcançar este conjunto integrado de exigências apenas necessito de um equipamento extra ou dedicado, o tabuleiro divisor, que me permite atingir todas as exigências elencadas em cima, em particular a baixa exigência logística.

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Fig. 1 : Tabuleiro divisor simples

Os procedimentos/manipulações são os que descrevo em baixo:

  • identificamos a família/colmeia que apresente uma rainha pouco prolífica ou que apresente sinais prévios de enxameação (por ex. ovos em cálices reais ou construção de muito cálices reais);
  • passamos esta rainha com 2 ou 3 quadros de criação e abelhas para uma outra caixa (caixa B) igual ao ninho e um ou dois quadros com reservas (tal e qual o que faríamos se da criação de um núcleo se tratasse);
  • no ninho (caixa A) ajeitamos os quadros restantes e completamos os espaços vazios com quadros novos com cera puxada e/ou laminada;
  • colocamos o tabuleiro divisor sobre este ninho (caixa A) com a sua entrada/alvado orientado na mesma direção do alvado do ninho;
  • sobre o tabuleiro divisor colocamos, finalmente, a caixa B, com a rainha original, quadros e abelhas aderentes e com os espaços vazios preenchidos com quadros novos puxados e/ou laminados;
  • passadas algumas horas ou no dia seguinte introduzimos no ninho uma realeira/mestreiro aberto ou fechado (a solução mais económica e simples de todas as que conheço para a renovação de rainhas).

Passados cerca de 10 a 20 dias (dependendo da maturação da realeira introduzida) teremos na caixa A/ninho:

  • Uma jovem rainha fecundada que iniciou a postura na caixa A (ninho) mais uma numerosa população que devido aos elevados níveis de produção de feromona mandibular da jovem rainha verão o seu instinto enxameatório fortemente diminuído;
  • Uma rainha que em virtude da sua juventude e vigor tenderá a apresentar uma taxa de ovodeposição muito elevada.

Entretanto na caixa B, a rainha original continuou a sua postura, podendo ter passado dos 2 ou 3 quadros de criação iniciais para os 5 a 6 de criação.

Se o nosso objectivo era somente o de renovar a rainha, eliminamos a rainha original da caixa B, tiramos o tabuleiro divisor, passamos estes quadros de criação existentes na caixa B e colocamo-los na caixa A. Tiramos o tabuleiro divisor e sem mais juntamos as duas famílias sem receio de lutas entre as abelhas, dado que os aromas/odores se mantiveram harmonizados pela facto de o tabuleiro divisor apresentar uma rede mosquiteira que promoveu em todos os momentos a permanência de um só odor entre as duas famílias.

Se por algum acaso, a jovem rainha não chegou a iniciar a postura, não matamos a rainha original e reunimos as duas famílias/colmeias como descrito em cima.

Se a nossa intenção é eliminar a rainha original porque a família começava a apresentar fortes sinais de enxameação, podemos aumentar a eficácia do procedimento se ao invés de colocar a entrada/alvado do tabuleiro divisor com a mesma orientação da entrada do ninho (caixa A) a colocarmos no sentido oposto, o que leva a que muitas mais abelhas forrageiras deixem a caixa B, deixando a rainha original com uma população sobretudo de abelhas nutrizes na caixa B, o que irá refrear significativamente a pulsão reprodutiva, logo a ação de enxameação.

Nota: sobre a construção e utilização do tabuleiro divisor pode ler mais aqui e aqui.

avaliação de rainhas: o caso de rainhas de má qualidade

Tendo lido este post e este outro, não devem restar dúvidas acerca das características de uma rainha de má qualidade. Neste caso a criação não é nem abundante nem compacta. Claramente há uma série de gradações de acordo com o estado mais ou menos avançado de decadência da rainha. É verdade, como não poderia deixar de ser, que a própria natureza encontrou a sua solução para este problema, levando as abelhas a substituir naturalmente a rainha inútil. Muitas vezes as abelhas fazem estas novas rainhas sem que o apicultor chegue a aperceber-se. Sabemos que, em certas colmeias, por várias temporadas consecutivas há sempre boas rainhas, sem a nossa intervenção. Mas, noutros casos, as abelhas chegam demasiado tarde, quando a decadência real já se arrasta há demasiado tempo atrasando toda a colónia, enfraquecendo-a de uma forma que se não interviermos deixará de ter condições para se tornar uma colmeia produtiva. Portanto, sempre que observarmos uma mancha de criação escassa e dispersa devemos pensar em criar as condições para as abelhas (ou nós próprios) mudarem esta rainha antes da sua exaustão se refletir em maior medida na colónia.

Nota: post inspirado por Manuel Oksman.

avaliação de rainhas: o caso de rainhas duvidosas

Dissemos aqui que as rainhas de qualidade apresentam uma criação abundante e compacta.

No caso vertente as duas variantes desse caso mostram-nos apenas uma dessas características, faltando a outra.

  • Primeira variante: criação abundante, mas não compacta Neste caso pode estar a acontecer uma de duas coisas: uma rainha de qualidade que devido à sua idade (em regra 2 ou mais anos) dá sinais da sua decadência, ou uma excelente rainha ainda jovem e prolífera, mas ” desordenada ” no seu trabalho. Este último caso é raro, mas às vezes pode ocorrer, e esta rainha compensa generosamente com a abundância da sua ovoposição, o desleixo que apresenta, formando colónias fortes, prósperas e produtivas. Como seria uma pena desperdiçar uma rainha com estas características, é melhor o apicultor não se apressar a tomar decisões irreversíveis.

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Fig. 1 — Mancha de criação de uma velha rainha decadente ou de uma jovem rainha desordenada?

  • Segunda variante: criação compacta, mas em pouca quantidade. Temos aqui o caso inverso, e a menos que seja uma colmeia débil com poucas abelhas (ou núcleo), onde poderia ser normal este tipo de mancha de criação apesar da qualidade da rainha, vemos este caso quando ocorre com o chamado “cerco de mel”, ou bloqueio do ninho pelo mel. Este é um caso um tanto peculiar e cuja interpretação não é uniforme. Na opinião de alguns, não é de atribuir muita importância ao caso e tudo se resume a colocar no ninho alguns quadros vazios para quebrar o “cerco”. Outros, nos quais nos incluímos, são da opinião que, se esta situação não é devido a uma supervisão descuidada do apicultor que não colocou atempadamente as alças ou meias-alças meleiras (forçando as abelhas a armazenar o mel no ninho ), uma rainha que não é capaz de se fazer respeitar e manter a sua área de postura livre, é uma rainha de má qualidade e deve ser mudada. E se não existe um “cerco de mel” e a postura não é abundante com mais razão ainda.

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Fig. 2 — Mancha de criação compacta mas pouco abundante

Nota: post inspirado por Manuel Oksman.

avaliação de rainhas: o caso de rainhas de qualidade

A qualidade de uma rainha e a sua avaliação é uma característica e uma competência que funda a apicultura produtiva. O primeiro aspecto diz naturalmente respeito ao insecto, o segundo diz respeito ao apicultor. Vamos centrar esta abordagem na competência do apicultor para fazer essa avaliação (a competência mais não é que o conhecimento em acção).

Sabemos que uma rainha de boa qualidade se caracteriza por apresentar uma postura (de operárias) abundante e compacta. Sabemos que ela começa essa postura no centro do favo, em seguida, em vagas elípticas e sucessivas de postura, a postura irá abrangendo áreas cada vez mais vastas do favo até ao ponto de o ocupar quase na totalidade, ficando as extremidades dos quadros bordejadas por uma pequena abóbada  de pólen e mel. Podemos afirmar que uma rainha de qualidade “empurra” o mel para as extremidades dos quadros na câmara de criação. Concluímos assim que, salvaguardando o atempado fornecimento de alças e meias alças para o armazenamento do néctar ou a ausência de preparação de uma enxameação, o bloqueio do ninho com mel e pólen não acontecem na presença de uma rainha de qualidade.

O filme dos quadros de criação de uma rainha de qualidade é repetitivo durante vários ciclos de criação e pelos vários quadros que formam a câmara de criação.  Procurando descrever por palavras este filme com a duração de 21 dias digo: observamos o quadro com criação larvar não selada ao centro, onde começou a postura e, portanto, com larvas maiores e mais velhas; em torno deste disco encontramos larvas mais jovens, e nas extremidades do favo/quadro vamos encontrar ovos. Poucos dias depois, observando o mesmo quadro, no seu centro a selagem dos alvéolos já se iniciou e a periferia apresentará ainda criação larvar aberta/não selada. Mais tarde alguns dias, a selagem estará completa e observamos uma mancha uniforme, densa e compacta de criação; um quadro caro, pois trata-se de um grande “pacotes de abelhas por nascer” muito valioso e com várias aplicações práticas, nomeadamente para o exercício da equalização já referido noutros posts. Após 21 dias as novas abelhas, provindas dos primeiros ovos colocados no centro do favo, começam a nascer, formando naturalmente um “buraco” no meio da criação selada, buraco que vai crescendo com o nascimento de mais abelhas. A rainha, sendo de qualidade, vai rapidamente encher de ovos este renovado espaço vazio. Este fenómeno vai-se espalhando do centro para as periferias do quadro de criação. É um novo ciclo de postura a decorrer perante nós. E vai-se repetindo uma e outra vez, passando pelas mesmas fases durante toda a temporada de “grande postura”.

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Fig. 1 — Criação selada abundante e compacta bordejada por pólen e mel.

De uma coisa estou certo, neste mundo de muitas incertezas: só as colónias com rainhas de qualidade produzem mel. De há dois anos a esta parte procuro eliminar sistematicamente todas as rainhas que, à entrada da primavera, não apresentam as características atrás descritas. São poucas, felizmente! Salvam-se apenas as mais velhas, que provaram no passado, e cujo património genético é aproveitado como matriarcas de futuras rainhas.

Nota: este post foi inspirado por Manuel Oksman, enorme apicultor argentino.

uma abordagem mais “natural” para fazer núcleos de fecundação

Quando uma colónia produz a sua rainha após a enxameação ou o apicultor faz a divisão de uma colónia, há uma probabilidade elevada (superior a 90%) de produzir uma nova rainha com uma vida reprodutiva normal, à sua frente. Este elevado nível de sucesso contrasta com o resultado obtido com rainhas fecundadas nos pequenos nucléolos ou mini-núcleos, onde a melhor taxa de sucesso que podemos esperar é de 2 em cada 3 (66%), e muitas vezes pode ser substancialmente mais baixa.

Qual a razão da diferença? Em parte é uma questão de escala, porque num nucléolo temos apenas 200-300 abelhas para dar apoio a uma rainha virgem. Mesmo os mais pequenos enxames secundários, mais conhecidos como garfos, são muito maiores do que isto. Portanto os mini-núcleos colocam as rainhas virgens e as abelhas numa situação excessivamente artificial, para a qual não estão naturalmente adaptadas.

Se o objectivo é partir uma colónia e fazer dela duas, para aumentar o efectivo a tarefa fica concluída assim que a divisão é feita. A colónia mãe (aquela que mantém a velha rainha) e a colónia filha (a que está criando as suas realeiras de emergência) pode permanecer no mesmo apiário, quer em assentos separados ou com a colónia filha em cima da colónia mãe usando um prancheta especial de divisão. Tudo o que o apicultor precisa de fazer é sentar-se e esperar e, após 4-5 semanas, verificar se uma nova rainha está fazendo postura na colónia filha. A colónia mãe que doou abelhas e criação e é improvável que enxameie. Por outro lado, o excedente de realeiras de emergência produzidas pela divisão podem ser utilizados para criar mais alguns núcleos com abelhas, quadros e criação retirados de outras colmeias no apiário. Cerca de 90% destas rainhas são sobreviventes de longo prazo (sobrevivem pelo menos até o final da temporada seguinte).

Os aspectos-chave envolvidos na concretização deste processo de criação e fecundação de rainhas podem ser resumidas como se segue :

 

  1. Os núcleos devem ser preenchidos com as abelhas da mesma colónia que fez as realeiras;
  1. Cada núcleo deve ser fornecido pelo menos com 2 células reais e de preferência mais (não há nenhum limite);
  1. Os quadros com realeiras devem ser retirados logo que possível após a operculação (cerca do 9º dia);
  1. As entradas das caixas de núcleos devem ser fechadas e o núcleo deve ser transferido para um apiário de acasalamento, situado a mais de 3-4 Km de distância.

Achamos que desta maneira a criação de núcleos de fecundação funciona melhor porque é mais “natural” , ou seja assemelha-se muito ao que acontece na natureza. A explicação é a seguinte :

  • As orientações 1 e 2 estão logicamente relacionados e são destinadas a garantir que as rainhas em desenvolvimento são cuidadas por abelhas operárias com quem estão geneticamente relacionados (ponto 1). As abelhas estão conscientes da relação genética que têm com os suas companheiras de ninho (se são irmãs completas ou apenas meia-irmãs — dependendo do zangão que as gerou). Estas relações fazem parte integrante da organização colónia, embora eles não sejam completamente compreendidas no presente momento. Isto contrasta com o método tradicional de fazer núcleos, onde uma única célula real é geralmente dado a um grupo de abelhas não relacionadas. A provisão de um núcleo com várias realeiras tem a vantagem de permitir que as abelhas podem fazer “o que acontece naturalmente”, isto é, façam as suas escolhas (ponto 2). Nós (meros seres humanos) não entendemos que critérios elas estão usando, mas eles (as abelhas) claramente fazem-no e a melhor estratégia é não interferir.
  • As orientações 3 e 4 também estão logicamente relacionados e visam aumentar o sucesso do acasalamento das rainha virgens. Fazendo-se os núcleos assim que as células rainha foram operculados (ponto 3) aumentamos o número de dias antes de uma nova rainha nascer e estar pronta para realizar os vôos de acasalamento. O bloqueio de entrada evita a perda de abelhas aquando da transferência para outro apiário (ponto 4) e garante que elas ficam no núcleo e não vão voar de volta para casa. Estudos recentes mostram que rainhas virgens não saem sozinhas nos seus vôos de acasalamento, mas são acompanhados por um número de abelhas operárias maduras que as guiam para as áreas de congregação dos zãngãos e asseguraram seu retorno seguro. Para fazer bem esta tarefa um núcleo deve ter abundância de abelhas forrageiras que tenham tido tempo suficiente para conhecer o seu novo território. Se núcleos são feitos no dia 9 e são transferidos imediatamente para o apiário de acasalamento deve haver um mínimo de 7 dias antes de uma nova rainha estar pronta para acasalar (e provavelmente mais) e as abelhas forrageiras estarem capacitadas para desempenhar esta função tão importante. A falta de abelhas pode ser uma das razões para os mini-núcleos terem um menor nível de sucesso no acasalamento das suas rainhas do que as colónias maiores. Uma desvantagem adicional pode ser que as rainhas mal apoiadas são obrigados a acasalar mais perto de casa, resultando num menor acesso à diversidade genética dos zângãos.

Consciente que alguns aspectos podem e devem ser discutidos e bem reflectidos por todos nós, importa que a nossa prática seja conduzida cada vez mais respeitando o “modo natural de fazer”das abelhas. Pergunto se com um excessivo artificialismo nos procedimentos por nós escolhidos não estaremos a ganhar a curto prazo para desperdiçar a longo prazo, ou como diz o nosso povo não estaremos a poupar no farelo e a desperdiçar na farinha?

como atrasar a enxameação

A enxameação é um processo natural, inevitável, com o qual, mais tarde ou mais cedo, todo o apicultor se vê confrontado. Estar preparado é a chave para prevenir e/ou controlar o processo da enxameação. Ainda que por vezes não consigamos evitar a enxameação, contudo é possível atrasá-la. Atrasar a enxameação pode ditar a diferença entre não colher mel nenhum na estação ou, caso sejamos bem sucedido, colher algum mel, o suficiente para pagar o que investimos durante o ano naquela colónia.

As diversas técnicas disponíveis para prevenir e/ou atrasar a enxameação, em grande parte giram em torno de fornecer espaço adequado à colónia, abrandar a velocidade de crescimento da sua população ou simular artificialmente a enxameação, com a aplicação de diversas técnicas, as mais conhecidas desenhadas por Demarée e por Snelgrove.

A chave para o sucesso da prevenção ou atraso da enxameação roda muito em torno do momento e da intensidade com que a intervenção do apicultor é exercida.

No caso dos meus apiários na beira, as colónias mais fortes atingem os 6-8 quadros de criação na primeira quinzena de março, graças à entrada abundante de pólen que se inicia em fevereiro a juntar a um fluxo lento de algum néctar que surge por esta altura. Estas colónias fortes convivem no mesmo apiário com algumas outras que saíram menos povoadas do inverno. Estou-me a referir a colónias que nesta primeira quinzena de março apresentam 4-6 quadros de abelhas e 2-4 quadros com criação. O facto de os meus apiários apresentarem estes desequilíbrios permite-me, através da equalização, retirar força às colmeias que me parecem prematuramente fortes e dar alguma dessa força às minhas colmeias mais fracas.

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Fig. 1 — Quadro com muita criação operculada a utilizar no processo de equalização

Assim as colmeias mais débeis que eu entendo que ganham com a equalização recebem um quadro com muita criação operculada, quadro este fornecido pelas mais fortes. As primeiras são reforçadas com 4000-5000 abelhas novas e as últimas ficam descongestionadas dessa população de abelhas que poderiam vir a ser o gatilho para uma enxameação precoce, ainda durante a primeira quinzena de abril. Em simultâneo ofereço espaço no ninho às rainhas destas colónias mais fortes. Em regra nas colónias mais fracas encontro pelo menos um quadro ainda vazio com muito boas áreas de postura. Este recurso inestimável, colocado no ninho das colmeias mais fortes, permite-me criar um novo espaços de postura tão necessário nestas colónias. A juntar a esta acção, no mesmo dia ou poucos dias depois, adiciono espaço no topo da colmeia, com uma alça ou meia-alça. Este espaço adicional será usado para armazenar o néctar quando necessário, evitando o bloqueio dos preciosos alvéolos nos quadros do ninho.

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Fig. 2 — Quadro vazio puxado com excelente área de postura

manipular a distribuição etária das abelhas para controlar a enxameação e preparar uma colónia produtiva

Neste post referimos que a distribuição desequilibrada da idade das obreiras é um dos factores despoletadores da enxameação. Julga-se que o número excessivo de abelhas nutrizes e abelhas cerieiras quando comparado com o número de forrageiras disponíveis pode ser o gatilho para o fenómeno da enxameação. Num outro post descrevemos um tabuleiro/prancheta especial que se pode utilizar para fazer o desdobramento vertical de uma colónia de abelhas (ver aqui) assim como os procedimentos para a sua utilização.

Tabuleiro divisor.

 

Neste post vamos analisar como a utilização deste tipo de tabuleiro (ou o seu sucedâneo mais sofisticado conhecido como tabuleiro de Snelgrove) permitem ao apicultor manipular a distribuição etária das abelhas de uma dada colónia, prevenindo a enxameação e, ao mesmo tempo, manter uma colónia produtiva.

A utilização deste tabuleiro simples tem assumido várias formas e objectivos, praticamente desde o surgimento da colmeia móvel, apresentada como nos diz a história da apicultura em meados da década 50 do século 19 (Langstroth patenteou a sua colmeia em 1852).

Com a utilização deste tabuleiro é possível desdobrar um enxame e simultaneamente prevenir a enxameação como já vimos. Para tal o timing desta operação deve ser escolhido com a maior atenção para que seja utilizado quando a colónia está muito desenvolvida, prestes a atingir o ponto do surgimento do impulso de enxameação, contudo antes de ter iniciado a construção de realeiras. Este procedimento serve perfeitamente a todo o apicultor que deseja aumentar o número de colmeias.

Para aquele apicultor que não deseja aumentar o número de colónias e procura primeiramente uma boa colheita de mel este tabuleiro também lhe pode ser muito útil. Este equipamento ajuda a manter uma colónia populosa estabilizada e preparada para um determinado fluxo importante de néctar. Tal é conseguido através de um conjunto de etapas que permitem num primeiro momento a separação parcial dos indivíduos de uma colónia e, mais tarde quando a febre da enxameação tiver abrandado, a sua posterior recombinação de modo a conseguir uma colónia poderosa, equilibrada e com um grande número de obreiras, garantia necessária para uma boa produção.

A teoria que nos permite compreender as razões deste tabuleiro funcionar defende que a enxameação resulta do excesso de abelhas nutrizes numa colónia em relação ao número de larvas que precisam de ser alimentados e favos a construir. Sabemos que este tabuleiro permite isolar parcialmente um número apreciável de abelhas nutrizes na zona superior da colmeia juntamente com a rainha. No andar debaixo do tabuleiro ficará um outro grupo de abelhas nutrizes juntamente com a maior parte das abelhas forrageiras. Como as abelhas da caixa inferior estão orfãs não enxamearão. Na caixa superior, todos os inputs que as abelhas recebem lhes indicam que enxamearam. Senão vejamos com mais detalhe: a sua população é largamente constituída por abelhas nutrizes com poucas forrageiras; o seu número é menor; estão numa casa com cheiro a novo, e têm a sua rainha. Com esta manipulação o apicultor simulou com grande aproximação os inputs que as abelhas recebem quando enxameiam. Se lhes parece que enxamearam vão acreditar que de facto enxamearam e, sendo assim, não enxamearão, pelo menos tão cedo.

Mais tarde, quando o apicultor entender oportuno, quando já se aproxima do fim a época da enxameação reprodutiva pode voltar a unir a colónia, bastando para isso remover o tabuleiro.

Nota: não esquecer que na zona inferior orfanizada, muito provavelmente, irão ser construídas realeiras que deverão ser aproveitadas ou destruídas de acordo com as necessidades de cada um.

construir uma colónia de abelhas produtiva

O princípio de uma colónia produtiva é bem conhecido: só uma colónia com uma população numerosa está em condições de acumular um excedente apreciável de mel para o apicultor (Lei de Farrar).

A preparação de uma colónia produtiva inicia-se verdadeiramente na cresta do ano anterior. Se a cresta for excessiva a colónia dificilmente ultrapassará o período invernal sem ajuda de alimentação suplementar. Caso consiga, muito provavelmente, surgirá à entrada da primavera com uma pequena população, estando em causa a sua produtividade. Terá uma população aquém do necessário para produzir um excedente de mel para o apicultor e todo o néctar entrado na colónia será utilizado para suprir o seu próprio crescimento.  Sabemos que um quadro de criação consome, em média, um quadro de mel. Há colónias que não sobem à primeira meia-alça por esta simples razão: estão a crescer no ninho.

Analisemos agora alguns números e dois cenários que poderão servir de referência para o maneio do apicultor com o objectivo de preparar colmeias produtivas.

Cenário 1) Há colónias que nas 2-3 últimas semanas do inverno apresentam 4-6 quadros de criação e 8-10 quadros de abelhas no ninho. Estas colónias com um enorme  potencial de se tornarem uma colónia muito populosa, acima dos 50 000-60 000 indivíduos,  reúnem as condições para acumular um excedente de 25-35 Kg de mel para o apicultor (Lei de Farrar). Estes valores representam uma produção média que, no patamar inferior, está ao nível da média nacional e que, no patamar superior, está acima da mesma. Estimulante mas não irrealista!

Para concretizar este cenário a colónia deve ter condições para que, 20-30 dias antes do fluxo principal de néctar, apresente 6-8 quadros de criação no ninho. Nestas colmeias que saem fortes do inverno, o apicultor deve estar atento aos possíveis bloqueios do ninho que poderão impedir o seu normal crescimento e/ou suscitar a enxameação. A minha sugestão central para o maneio do ninho em colónias deste tipo passa pelo fornecimento atempado de quadros de cera puxados e/ou laminados que desbloqueiem o ninho, o abram e o expandam. Nestas colónias coloco um quadro numa das extremidades da câmara de criação (geralmente opto pelo lado mais quente da colmeia) com um intervalo de cerca de 7-10 dias, de acordo com o que vou observando. Não devemos descurar também a necessidade de ir aumentando verticalmente o espaço nestas colónias, colocando atempadamente alças ou meias-alças meleiras.

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Fig. 1 — Colónias produtivas 

Cenário 2) Há casos, contudo, de colónias que saem do inverno com uma população bastante mais reduzida. Estou a pensar no caso de colónias que chegam a 20-30 dias de uma floração importante com 3-4 quadros de abelhas. Estas colónias, com populações de 6 000 a 10 000 indivíduos, necessitam de cerca de 4 ciclos de criação para atingirem a população necessária para que se tornem produtivas. Deixadas ao seu destino, sem a nossa intervenção, são colónias que demorariam 80-90 dias a atingir a massa critica necessária para trabalhar adequadamente a floração em questão. Facilmente se conclui que, deixando tudo nas mão da natureza, a floração principal estaria terminada ou a terminar quando a colónia atingisse as condições de a trabalhar em força.

A equalização de colónias é a chave para estes casos. No dia -30 (30 dias antes da floração que nos interessa) coloco um quadro com criação operculada nestas colónias. São mais 4000-5000 jovens abelhas que nascerão durante os próximos 12 dias (lembro que um quadro Langstroth tem 7000-7200 alvéolos). No dia -20 coloco mais 2 quadros com criação (recebem mais 8000 a 10 000 abelhas). No dia -10 coloco mais 3 quadros com criação. No final presenteei esta colónia com 6 quadros com criação operculada (24 000-30 000 abelhas). Estas acções graduais dão-me boas garantias de atingir a almejada população de 50 000-60 000 abelhas (as que lhes ofereci  adicionadas às abelhas que a própria colmeia foi criando) à entrada do fluxo de néctar que me interessa. No caso estou a pensar no fluxo do néctar rosmaninho, que inicia a floração em meados de abril, nos locais onde estão situados os meus apiários.

apicultura numa pequena escala: aspectos de um sistema de maneio

Sabemos que o crescimento de uma colónia de abelhas e o seu bem-estar estão dependentes de um conjunto de aspectos centrais, nos quais se destacam:

  • bom estado sanitário da colónia (especial atenção ao controlo da varroa);
  • rainha prolífera;
  • capacidade das abelhas nutrizes manterem as temperaturas adequadas ​​na câmara de criação e alimentarem adequadamente as larvas;
  • disponibilidade de néctar (ou mel durante o período de escassez) e pólen no exterior;
  • existência de espaço na colmeia para a expansão do ninho e para o armazenamento do néctar.

Reunidas estas condições não há razão para a colónia não aumentar a sua população e, como consequência, fazer a colheita que o apicultor deseja, salvaguardando o campo/pasto no exterior e boas condições atmosféricas que permitam o forrageio. Sobre estas últimas nada podemos fazer, sobre as primeiras podemos agir, através de um sistema de maneio que nos permita alcançar a melhor produção possível. É sobre este sistema de maneio, numa apicultura de pequena escala, que vamos refletir e apontar algumas diretrizes.

Qualquer sistema de maneio tem como objectivo apoiar e/ou melhorar os factores acima enunciados. O nível de sofisticação de uma operação de apicultura determina a extensão em que as operações de maneio afetam estes factores.

Aspectos da apicultura de grande escala como a utilização de rainhas geneticamente selecionadas, a alimentação artificial com xaropes, pastas e pólen ou seus substitutos, a deslocação de colónias para seguir os fluxos de néctar não estão facilmente disponíveis para a maioria dos apicultores de pequena dimensão. Muitas vezes, para empreendimentos apícolas de pequena escala, estas opções ou são impraticáveis do ponto de vista logístico ou são geradoras de custos indesejáveis. Para os pequenos apicultores, os sistemas de maneio devem ser mais simples e orgânicos e os que não necessitem de investimentos elevados. Ora, para estes apicultores, o seu trabalho, as horas que dedicam num fim-de-semana e/ou ao fim do dia às suas abelhas, são geralmente o investimento mais barato.

Sobre o maneio em pequena escala, importa traçar algumas directrizes muito simples para a época do ano que estamos a passar: a viragem do inverno para a primavera.

Nesta altura o apicultor pode ser o pior inimigo das suas abelhas, se não acautelou uma quantidade suficiente de reservas de mel no ninho. Este aspecto, que não implica trabalho extra ao apicultor, é muitas vezes desprezado pelo apicultor, e pode trazer dissabores, em especial nestes dois meses de fevereiro e março que estamos a atravessar.

Nesta altura do ano as rainhas começam a aumentar gradualmente a sua postura, com a entrada de algum néctar e pólen do exterior, aumentando significativamente as necessidades nutricionais da colónia. Se esta tem ainda mel e pólen armazenados, estão em boas condições para fazerem face a alguns dias de chuva e/ou frio, habituais nesta altura do ano. Caso estejam no limite das suas reservas (especialmente as de mel) a morte da colónia por fome pode chegar rapidamente de um dia para o outro. Ainda que a tentação de crestar muito ou todo o mel existente na colónia seja grande, o apicultor que o não faz está a investir no futuro da sua colónia.

No meu caso, sabendo que desde o início de agosto até finais de março (8 meses) pouco ou nenhum néctar significativo entra na colmeia, sabendo que uma colónia média consome em média neste período 1-1,5kg de mel/mês, necessito deixar 8-12 Kg de mel para garantir os níveis mínimos de reservas. Um quadro do ninho de uma colmeia Langstroth ou de uma colmeia Lusitana cheio de mel ronda os 2,5-3kg de mel. Necessito de 3 a 4 quadros bem cheios de mel no ninho para garantir as condições mínimas de sobrevivência no inverno. Este é o mínimo, mas um pouco mais é desejável, sobretudo para uma colónia que entra no outono muito bem povoada e com a varroa bem controlada. Sugiro mais uma meia-alça com 4 a 5 quadros bem cheios de mel.

Tudo parte do objectivo para que temos as abelhas. Para um apicultor de pequena dimensão, não andarei muito longe da verdade se disser que, sobretudo, pretende desfrutar do prazer que lhe dá ter abelhas, aprender com elas, ter umas horas por semana dedicadas à sua observação e maneio. Uma das formas mais simples e mais económicas de manter esta fruição ao longo de anos e anos, passa por deixar reservas suficientes para que elas renasçam saudáveis e vigorosas à entrada de cada primavera.