qualidade das rainhas e seu peso: que correlação?

Muito frequentemente apicultores, criadores de rainhas e até investigadores associam o maior peso, o maior tamanho do tórax, o maior comprimento de asas e outras características morfológicas das rainhas, sejam virgens ou fecundadas, à sua prolificidade. Uns e outros defendem que as rainhas com um peso maior produzem mais ovos e desenvolvem colónias mais numerosas e num menor espaço de tempo.
Alguns investigadores encontraram uma correlação positiva entre o peso das rainhas e o número de ovaríolos: Weaver, 1957; Avetisyan, 1961; Woyke, 1971; Szabo, 1973; Wen-Cheng and Chong-Yuan, 1985; Gilley et al., 2003. Estes investigadores, com recurso a técnicas de dissecação, contagem dos ovaríolos presentes nos dois ovários e subsequentes análises estatísticas concluíram que as rainhas mais pesadas apresentavam um maior número de ovaríolos. Cada ovaríolo produz em média 3 a 5 ovos por dia.  Como facilmente se conclui um maior número de ovaríolos está associado directamente com a capacidade da rainha apresentar diariamente taxas mais elevadas de postura de ovos fecundados. Finalmente sabemos que mais ovos fecundados significa uma prole mais numerosa, logo mais abelhas na colmeia, portanto maior quantidade de néctar  e outros produtos colectados; enfim uma produção acrescida.
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Tudo estaria bem neste reino de medições e pesagem de rainhas com vista ao seu melhoramento e sua selecção se todos os estudos efectuados até à data fossem convergentes. Contudo na verdade não são. Alguns investigadores não encontraram qualquer tipo de correlação entre o peso das rainhas e o número de ovaríolos: Corbella and Gonçalves, 1982; Hatch et al.1999; Jackson et al ., 2011. 
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Sendo assim parece-me cedo de mais para afirmar “diz-me qual o peso da tua rainha e dir-te-ei o seu valor”. Mais tendo eu já visto rainhas de pequenas dimensões fazendo um grande trabalho de postura nas minhas colmeias.
Não digo que as rainhas mais pequenas são as melhores. Não tenho esse atrevimento. O que digo é outra coisa: avaliar a qualidade potencial e seleccionar com base no peso das rainhas é um caminho que deve ser percorrido, mas sem a presunção que é o único e o melhor. Ainda me parece cedo para proclamar isso. Não sou eu que o digo, são os dados divergentes das investigações.

o efeito do favo com alvéolos de zangão sobre a produção de mel numa colónia de abelhas do mel

Apresento em baixo o resumo/sumário de um estudo levado a cabo por um dos mais prestigiados investigadores norte-americanos na área da apicultura, e refiro-me ao Dr. Thomas Seeley.

Mais do que a questão acerca do impacto negativo na produção de mel da criação intensiva de zângãos, importa-me neste momento sublinhar um outro aspecto que resulta da sua investigação: uma colónia com favos/quadros de criação intensiva de zângãos aparenta produzir mais zângãos do que os produzidos por colónias que não são providas com este tipo de favos/quadros. Estes dados de Thomas Seeley confirmam o que eu tenho visto em colmeias em que coloco um quadro iscado na posição 2 ou 9 para a produção intensiva de zângãos: observo uma quantidade de zângãos muito superior nestas colónias quando comparo este número com o de colónias sem estes quadros “especiais” para a criação intensiva de zângãos. Com base nestes dados estou convicto que a tese de que as abelhas conhecem e e não ultrapassam um determinado número de zângãos a criar deverá ser substituída pela ideia que o número de criação de zângão é alterado quando se introduz na colmeia quadros com a finalidade de promoverem a criação de zângãos, ou seja, um pretenso determinismo genético é facilmente manipulado com a introdução de quadros “especiais” que  promovem a criação de zângãos.

“Resumo: Este estudo examinou o impacto sobre a produção de mel de uma colónia ao provê-la com uma quantidade natural (20%) de favos com alvéolos de zangão. Durante 3 verões, no período de meados de maio a finais de agosto, eu medi os ganhos de peso de 10 colónias, 5 com favo de zângão e 5 sem ele. As colónias com favo de zangão ganharam apenas 25,2 kg ± 16,0 kg de peso (mel) enquanto aquelas que não provi de favos com alvéolos de zangão ganharam 48,8 kg ± 14,8 kg de peso.

As colónias com favo de zângão também apresentavam uma maior taxa média de voos de zângão** e uma menor incidência de construção de favo de zângão. A menor produção de mel de colónias com favo de zângão aparentemente surge, pelo menos em parte, porque os favos com alvéolos de zângão promove a criação de zângãos e manutenção de zângãos é cara. Eu sugiro que o fornecimento de favos com alvéolos de zângão, como parte de um programa de controle da Varroa destructor, sem pesticidas, pode ainda ser desejável uma vez que eliminando a criação zangão para matar os ácaros pode eliminar grande parte do efeito negativo do favo com alvéolo de zangão na produção de mel.”

fonte: https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-00891902/document

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Fig. 1: Quadro de meia-alça que quando introduzido no ninho funciona como quadro de criação intensiva de zângãos

 

** Segundo as medições levadas a cabo por Seeley, a taxa média de saída de zângãos das colmeias foi 4-13 vezes maior nas colónias com favo/quadro com alvéolos de zângãos do que em colónias sem favo/quadro com alvéolos de zângãos.

projeto alemão de monitoramento de abelhas: um estudo de longo prazo para compreender as perdas periodicamente altas de inverno em colónias de abelhas do mel

Resumo – A abelha ocidental do mel, Apis mellifera, é o animal polinizador mais importante na agricultura em todo o mundo proporcionando mais de 90% dos serviços de polinização comerciais. Devido ao desenvolvimento agrícola a procura das abelhas do mel para os serviços de polinização está a aumentar progressivamente, sublinhando a capacidade de polinização da população mundial de abelhas geridas pelo homem. Assim, o declínio a longo prazo das colónias de abelhas geridas pelo homem tanto na Europa como na América do Norte é fonte de grande preocupação e tem estimulado uma intensa pesquisa sobre os fatores que presumivelmente estão a causar o colapso das colónias de abelhas. Apresentamos um estudo de quatro anos que envolveu a monitorização de mais de 1200 colónias de abelhas, instaladas em cerca de 120 apiários, de onde foram recolhidas as abelhas durante todo o período em que decorreu o estudo. As amostras de abelhas foram coletadas duas vezes por ano e foram analisados vários fatores patogénicos, incluindo o ectoparasita ácaro Varroa destructor, fungos (Nosema spec., Ascosphaera apis), a bactéria Paenibacillus larvae, e vários vírus. Dados sobre os factores ambientais, práticas apícolas e pesticidas também foram coletados. Todos os dados foram analisados ​​estatisticamente por forma a estabelecer  relações com a mortalidade das colónias de abelhas no período invernal. Podemos demonstrar que vários factores estão significativamente relacionados com as perdas de inverno observadas durante a monitorização de 4 anos das colónias de abelhas, a saber:

  • (i) nível alto de infestação pelo varroa destructor,
  • (ii) a infecção com o vírus das asas deformadas e vírus da paralisia aguda no outono,
  • (iii) a idade rainha, e
  • (iv) a fraqueza das colónias no outono.

Nenhum efeito pode ser observado para Nosema spec. ou pesticidas. As implicações destes resultados serão discutidos.

Fonte: https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-00892101/document

avaliação dos tratamentos orgânicos de primavera contra a Varroa destructor (Acari: Varroidae) em abelhas Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae) em colónias no leste do Canadá

Deixo em baixo a transcrição/tradução de um estudo muito citado, que avalia o impacto do ácido fórmico e ácido oxálico, quando aplicados na primavera para o controle da varroa, no desenvolvimento das colónias, na produção de mel e na sobrevivência das colmeias. Acho que este estudo é muito interessante e que merece a sua divulgação no meu blog, pois se o controlo da varroa nos importa muito, de pouco nos servirá se coloca em causa o desenvolvimento das nossas colónias assim como a sua produção. Não nos interessa mesmo nada deitar o bebé fora juntamente com a água do banho. Pois parece que isso pode acontecer com algumas formulações acaricidas estudadas. Leiam, por favor, o sumário do estudo e tirem as vossas conclusões.

“O objetivo deste estudo foi medir a eficácia de dois tratamentos com ácidos orgânicos, o ácido fórmico (AF) e o ácido oxálico (AO) para o controle do Varroa destructor (Anderson e Trueman) em colónias abelhas (Apis mellifera L.) na primavera. Quarenta e oito colónias infestadas de varroa foram distribuídas aleatoriamente por seis grupos experimentais (n = 8 colónias por grupo):

  • um grupo controle (G1);
  • dois grupos testados com aplicações com diferentes dosagens de uma solução de 40g de AO/1 litro de xarope de açúcar 1:1 gotejado sobre as abelhas (G2 e G3);
  • três grupos testados com diferentes aplicações de AF: 35 ml de AF a 65% veiculado numa almofada absorvente (G4); 35 ml de AF a 65% despejada diretamente sobre o estrado das colmeias (G5) e as placas MiteAwayII ™ (G6).

A eficácia dos tratamentos (queda varroa), o desenvolvimento das colónias, a produção de mel e a sobrevivência das colmeias foram monitorados a partir de maio e até setembro.

  • Cinco rainhas de abelhas morreram durante esta pesquisa, todas verificadas nas colónias tratadas com AF (G4, G5 e G6).
  • As colónias G6 tiveram significativamente menos criação e menor desenvolvimento durante a temporada de apicultura.
  • As populações de criação no final do verão foram significativamente maiores nas colónias G2, tratadas com AO.
  • A produção de mel por colónia na primavera foi significativamente menor no G6 e maior no G1.
  • O fluxo de mel no verão foi significativamente menor no G6 e superior no G3 e G5.
  • Durante o período de tratamento, houve um aumento da queda de ácaros em todas as colónias tratadas. A queda diária de varroa no fim da estação de apicultura (Setembro) foi significativamente mais elevada no G1 (colónias não tratadas) e significativamente inferior no G6.
  • O número médio de abelhas mortas encontradas na frente de colmeias durante o tratamento foi significativamente menor no G1, G2 e G3 em relação G4, G5 e G6.

Os resultados sugerem que o controle varroa é conseguido com todas as opções de tratamento aplicadas na primavera. No entanto, todos os grupos tratados com ácido fórmico (AF) mostraram um crescimento da população mais lento no verão, resultando numa recolha de mel reduzida e enxames mais fracos no final do verão. O ácido fórmico teve um efeito tóxico imediato sobre abelhas, que resultou na morte da rainha em cinco colónias. Os tratamentos com ácido oxálico que foram testados têm impactos tóxicos menores sobre as colónias de abelhas.”

fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21442305

o comportamento das abelhas (Apis mellifera ligustica) durante o duelo de rainhas

O ferrão de uma rainha.

“O conflito é raro entre os membros de uma sociedade altamente cooperativa, como uma colónia de abelhas. No entanto, o conflito dentro de colónia aumenta drasticamente durante a reprodução da colónia (no processo de enxameação) quando rainhas recém-nascidas lutam entre si até que apenas uma rainha permanece no ninho. Este estudo descreve o comportamento de rainhas e obreiras durante a ocorrência natural do combate entre rainhas. Os duelos de cinco pares de rainhas foram observadas em três colónias de observação. Um duelo típico é descrito de forma qualitativa e os eventos de todos os cinco duelos são descritos quantitativamente. Vários aspectos de duelos que são de interesse particular são examinadas em detalhe, incluindo o comportamento das rainhas perto de realeiras seladas, a agressão de obreiras em relação a rainhas, os sonidos da rainha, e a relação da rainha com o comportamento das obreiras para o resultado do duelo. O resultado desta investigação serve como uma base para o teste rigoroso de hipóteses sobre o significado dos comportamentos adaptativos das rainhas e obreiras durante o combate entre rainhas. Os resultados sugerem os seguintes padrões comportamentais:

  • procura de realeiras por parte de jovens rainhas recém-nascidas para matar rainhas rivais enquanto elas estão vulneráveis;
  • as obreiras agridem estas rainhas para as impedir de destruir as realeiras;
  • as rainhas produzem sonidos para inibir a agressão das obreiras;
  • as obreiras imobilizam  algumas rainhas para torná-las alvos fáceis das rainhas rivais;
  • as rainhas ejetam conteúdos do intestino para provocar a imobilização da sua rival por parte das obreiras.”

Fonte: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1046/j.1439-0310.2001.00692.x/abstract?systemMessage=Wiley+Online+Library+will+be+unavailable+on+Saturday+27th+February+from+09%3A00-14%3A00+GMT+%2F+04%3A00-09%3A00+EST+%2F+17%3A00-22%3A00+SGT+for+essential+maintenance.++Apologies+for+the+inconvenience.

prevalência e persistência do vírus das asas deformadas (VAD) em colónias de abelhas melíferas infestadas, não tratadas ou tradadas contra o ácaro Varroa destructor

“O ácaro Varroa destructor é uma praga grave da abelha Apis mellifera. A ocorrência natural do vírus conhecido como Vírus das asas deformadas (VAD) tem sido associada ao colapso de colónias de abelhas infestadas pelo ácaro. Nós, pesquisámos a prevalência e persistência de VAD em quatro colónias altamente infestados não tratadas (Pesquisa 1), e cinco colónias altamente infestados que foram tratados com um acaricida (Pesquisa 2). A presença do VAD em amostras de abelhas adultas, criação operculada e ácaros foi detectada usando uma Enzima Linked Immunosorbent Assay (ELISA). Vinte indivíduos de cada amostra foram analisados mensalmente em cada colónia ao longo do estudo. Durante o verão, a proporção de adultos, criação operculada e ácaros em que o VAD foi detectado aumentou, até que a colónia ou morreu ou foi tratada. Quando as colónias foram tratadas, removendo assim os ácaros da colónia, o VAD deixou de se detectar na criação operculada a uma taxa semelhante à perda/eliminação dos ácaros. A velocidade com que o VAD se tornou indetectável em abelhas obreiras adultas dependia, no entanto, da estação do ano, verificando-se diferenças na esperança de vida entre as obreiras adultas emergentes no verão ou emergentes no inverno. Se o tratamento foi retardado até Outubro, o VAD ainda foi detectada em abelhas adultas durante o inverno, mesmo na ausência de ácaros. Para reduzir a carga viral da colónia, portanto, o tratamento de ácaros deve ser iniciado o mais tardar no final de agosto, a fim de remover os ácaros antes da criação das abelhas de inverno começar.”

fonte: https://www.researchgate.net/publication/229086938_Prevalence_and_persistence_of_deformed_wing_virus_DWV_in_untreated_or_acaricide-treated_Varroa_destructor_infested_honey_bee_Apis_mellifera_colonies

efeito do número e distribuição dos enxertos de criação de rainhas na qualidade e quantidade de rainhas criadas nas colmeias criadeiras

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Fig. 1 — Quadro preparado para 63 enxertos no total, com três barras de 21 cúpulas cada uma

“O efeito do número enxertos com larvas introduzidas (15, 24, 48, 66), do nível da barra de suporte das cúpulas (barra superior, barra do meio, barra inferior) e da posição das cúpulas com larvas no quadro com os enxertos (no meio ou na periferia) na percentagem das realeiras seladas e no nascimento de rainhas, no seu tempo de desenvolvimento, e no peso das rainhas recém-nascidas, foram observados durante as estações da primavera e do verão.

Os resultados indicam que a percentagem de realeiras seladas foi afectada pelo número de enxertos introduzido, mas não pelo nível da barra no quadro ou pela posição das cúpulas no quadro com os enxertos, durante as duas estações. A percentagem de rainhas nascidas na primavera foi afectada de forma significativa pelos três factores, mas no verão apenas foi verificado impacto em função do número do enxertos introduzidos. Também, quer o tempo de desenvolvimento quer o peso das rainhas recém-nascidas foi afectado pelos três factores.

A qualidade das rainhas, baseada no peso das mesmas, foi também avaliado. Na primavera quando foram introduzidas 15 cúpulas com enxertos só apareceram rainhas pesadas (190-200mg), mas a percentagem destas rainhas pesadas foi mais baixa quando foram introduzidas 24 ou 48 cúpulas com enxertos, e estas rainhas pesadas desapareceram completamente com a introdução de 66 cúpulas de enxertos. As rainhas que nasceram em cúpulas localizadas no travessão do meio e no meio de cada um dos travessões apresentaram uma frequência maior de rainhas mais pesadas quando comparadas com aquelas criadas no travessão superior ou inferior e localizadas na periferia dos travessões.”

fonte: http://www.jas.org.pl/Quality-and-quantity-of-honeybee-queens-as-affected-by-the-number-and-distribution-of-queen-cells-within-queen-rearing-colonies,0,249.html

Nota: ver posts relacionados aqui e aqui

factores causadores das perdas invernais de colónias de abelhas

 

Os factores causadores das perdas invernais são múltiplos. Importa ao apicultor estar consciente dos mesmos, para compreender os riscos e, sobretudo, para tomar ações preventivas com o objectivo de os minimizar ou até eliminar. Passemos à sua identificação:

1­ — Níveis do ácaro da varroa: taxas elevadas de infestação estão associados às perdas invernais, de acordo com inquéritos/avaliações de larga escala levados a cabo na Europa e EUA (1);

2 — Infecções causadas por vírus: o vírus das asas deformadas, o vírus da paralisia aguda israelita e o vírus da paralisia aguda, transmitidos pela varroa, estão entre os mais comuns (2);

3 — O tipo genético da colónia: colónias lideradas por rainhas locais (no nosso caso rainhas do ecotipo iberiensis) sobrevivem em média mais 83 dias que colónias lideradas por rainhas de ecotipos/raças estrangeiras (3);

4 — A dimensão da colónia e suas reservas: colónias maiores utilizam as suas reservas de alimento mais eficientemente, isto é, o consumo per capita é menor em colónias maiores que o verificado em colónias menores (4);

5 — Exposição das abelhas a pesticidas: os pesticidas estão associados a efeitos sub-letais perniciosos, nomeadamente redução da longevidade, disfunção das funções imunitárias, aprendizagem e memória, orientação e coordenação motora (5).

 

  • (1) Le Conte Y, Ellis M, Ritter W: Varroa mites and honey bee health: can Varroa explain part of the colony losses? Apidologie 2010, 41:353-363.
  • (2)Genersch E, Ohe W, Kaatz H, Schroeder A, Otten C, Bu ̈ chler R, Berg S, Ritter W, Mu ̈ hlen W, Gisder S et al.: The German bee monitoring project: a long term study to understand periodically high winter losses of honey bee colonies. Apidologie 2010, 41:332-352.
  • (3) Buchler R, Costa C, Hatjina F, Andonov S, Meixner MD, Le
 Conte Y, Uzunov A, Berg S, Bienkowska M, Bouga M et al.: The influence of genetic origin and its interaction with environmental effects on the survival of Apis mellifera L. colonies in Europe. J Apic Res 2014, 53:205-214.
  • (4)Free JB, Racey PA: The effect of the size of honeybee colonies on food consumption, brood rearing and the longevity of the bees during winter. Ent Exp Appl 1968, 11:241-249.
  • (5) Desneux N, Decourtye A, Delpuech JM: The sublethal effects of pesticides on beneficial arthropods. Annu Rev Entomol 2007, 52:81-106.

morta ou viva: o Vírus das asas deformadas e o Varroa destructor reduz a esperança de vida das abelhas de inverno

Nesta nova categoria, designada estudos, conto ir colocando posts com traduções de estudos científicos que nos possam ajudar a compreender e até a perspectivar melhor as nossas abelhas e o seu mundo, hoje e no futuro.

Sumário/Abstract

“As elevadas perdas de colónias de abelhas no Inverno são uma grande preocupação, mas os mecanismos subjacentes permanecem controversos. Entre os suspeitos estão o ácaro Varroa destructor, o microsporídio Nosema ceranae, e os vírus associados. A nossa hipótese é que os agentes patogénicos reduzem a esperança de vida das abelhas de inverno, constituindo assim um mecanismo imediato para perdas de colónias. A monitorização das colónias foi realizada ao longo de 6 meses na Suíça a partir do Verão de 2007 e Inverno de 2007/2008. As obreiras que foram morrendo foram recolhidas diariamente e analisadas quantitativamente para o vírus das asas deformadas (VAD), o vírus da paralisia aguda da abelha (VPA), Nosema ceranae, e os níveis de expressão do gene da vitelogenina, como um biomarcador para a longevidade da abelha. As obreiras de colónias que não conseguiram sobreviver no inverno tinham uma vida útil reduzida logo no final do outono, tinham maior probabilidade de estar infectadas com o VAD, e tinham cargas mais altas de VAD. A infecção ao nível da colónia com o ácaro Varroa destructor e infecções ao nível individual com VAD também foram associados com reduzida esperança de vida das abelhas. Em nítido contraste, o nível de infecção Nosema ceranae não se correlacionou com a longevidade. Além disso, a expressão do gene da vitelogenina foi significativamente correlacionado de forma positiva com VPA e com as cargas de N. ceranae.

As descobertas sugerem fortemente que a V. destructor e o VAD (mas não a N. ceranae nem o VPA) reduzem o tempo de vida das abelhas de inverno, constituindo assim um mecanismo directo possível para perdas de colónias de abelhas.”

fonte: http://aem.asm.org/content/78/4/981.long

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Fig. 1 — Abelha com as asas deformadas por acção do VAD