luta contra a Varroa destructor: comparando os medicamentos MAQS ™, HopGuard® e ApilifeVar®

Da análise dos resultados deste estudo/ensaio técnico conduzido na Alsácia (França) rapidamente se constata a grande variabilidade de eficácia obtida com a utilização de três acaricidas orgânicos. Cito:

“As eficiências obtidas foram altamente variáveis de uma colmeia para outra:

  • ApiLifeVar® (3 aplicações com 1 semana de intervalo): 73% de eficiência * (± 17% de Desvio Padrão) ;
  • MAQS ™ (1 aplicação): eficiência de 49% (29% ± SE). As variações na eficácia entre colmeias são importantes (variam na eficiência de 97% para 7%).
  • HopGuard® (3 aplicações com 1 semana de intervalo): eficiência de 29% (15% ± SE). Este medicamento é administrado nos EUA como um tratamento eficaz no inverno (sem criação/postura). Neste teste, utilizou-se com criação, multiplicando aplicações.”

fonte: Essai technique 2013 : comparaison MAQS™, HopGuard® et ApilifeVar® – Conseiller apicole – Chambre Agriculture de Région Alsace 

Quer o ApiLifeVar quer o MAQS  fazem parte do menu de acaricidas homologados no nosso país na luta contra a varroose. Desse menu fazem parte também outros acaricidas orgânicos assim como sintéticos. Neste aspecto a DGAV está a seguir as melhores práticas recomendadas pelo comité Europeu de Veterinários, a saber, homologar e disponibilizar aos apicultores a maior diversidade possível de princípios activos.

Apetece-me dizer com base nos resultados destes ensaios comparativos na Alsácia que ainda bem que dispomos de outros orgânicos e sintéticos para além do ApiLifeVar e do MAQS  porque a variabilidade de eficiência que os resultados demonstram neste ensaio não são para deixar quem quer que seja tranquilo. Se para alguns de nós estes acaricidas  fazem parte do plano A, será muito confortável ter outras famílias de acaricidas disponíveis para que um eventual plano B seja posto em marcha.

Em conclusão, julgo que neste particular a DGAV está a fazer o que deve ser feito alargando cada vez mais o menu de acaricidas disponíveis e homologados, seja a sua natureza sintética ou orgânica. Em sentido contrário vão alguns países europeus, como por exemplo na Áustria, onde se restringiu os homologados a uns poucos medicamentos orgânicos, e que nos últimos anos tem aparecido entre os países com os índices mais elevados de mortalidade invernal de colónias de abelhas (ver COLOSS). E como bem sabemos a mortalidade invernal tem por detrás um protagonista principal: o ácaro varroa.

avaliação da eficácia relativa de diferentes acaricidas contra o varroa destructor em apis mellífera carnica

Como já referi noutro post anterior, utilizei pela primeira vez no combate e controlo da varroa o acaricida homologado no nosso país com a marca Bayvarol. Dado que o estava a utilizar pela primeira vez procurei recolher informação prévia acerca do mesmo. Se às vezes as minhas abelhas perdoam e corrigem os meus erros, quando se trata de varroa são incapazes de o fazer. Ou faço bem os tratamentos e evito erros ou já sei que elas e eu iremos pagar uma factura bem cara mais adiante. Ora, entre outras fontes de informação acerca do Bayvarol, encontrei este estudo levado a cabo na Arábia Saudita e que na minha opinião apresenta dados muito interessantes.

“Sumário: A eficácia de cinco acaricidas Apistan, Bayvarol, Apivar, Perizine e Bee Strips no combate contra o Varroa destructor foi avaliada durante três temporadas consecutivas (outubro – dezembro de 2003 , 2004 e 2005). Durante a primeira estação Apistan, Bayvarol (apenas 2 tiras aplicadas), Bayvarol (aplicação de 4 tiras) e Apivar foram comparados e o Bayvarol (4 tiras aplicadas) mostrou o nível de eficácia máximo (96%), seguido por Apivar (95%) e 2 tiras de Bayvarol (89%), enquanto Apistan permaneceu no nível mínimo (85%). Durante 2ª temporada foram avaliadoso Apistan, 4 Bayvarol (4 tiras), Apivar e Perizin. O Apivar apresentou a eficácia máxima (95%), seguido pelo Perizine (94%), ao passo que o Apistan e Bayvarol (4 tiras) mostraram apenas 80% de eficácia. Durante a 3ª temporada, Apistan, Bayvarol (4 tiras), Apivar e Bee Strips foram comparados e a Bee Strips apresentaram a maior eficácia (95%), seguidas pelo Apivar (92%) e 4 tiras de Bayvarol (70%), ao passo que o nível de eficácia do Apistan baixou para os 60%. Os resultados revelaram uma diminuição na eficácia do Apistan e Bayvarol, que foi atribuída ao desenvolvimento de resistências no Varroa destructor contra fluvalinato e flumetrina, enquanto o Apivar ficou provado ser um acaricidas muito eficaz. O Perizine e Bee Strips demonstraram revelar-se muito eficazes no controle do Varroa.”

fonte: EVALUATION OF THE RELATIVE EFFICACY OF DIFFERENT ACARICIDES AGAINST VARROA DESTRUCTOR ON APIS MELLIFERA CARNICA; AHMAD A. Al -GHAMDI; Bee Research Unit, Department of Plant Protection, College of Agriculture, King Saud University, Riyadh, Saudi Arabia.

Alguns aspectos que gostaria de destacar do estudo em relação ao Bayvarol:

  • uma primeira utilização do Bayvarol mostrou ser muito eficaz;
  • a utilização de 4 tiras de Bayvarol (como recomendado pelo fabricante) garante uma maior eficácia que a utilização de apenas 2 tiras;
  • de acordo com os dados os ganhos de resistência ao princípio activo do Bayvarol são muito rápidos e significativos, desaconselhando a sua utilização em tratamentos consecutivos.

resíduos de acaricidas nas ceras de abelha: comentário e resposta

Transcrevo em baixo o comentário acerca do acumulo de resíduos de acaricidas nas ceras e a resposta dada pelo Comité Europeu dos Medicamentos para Uso Veterinário (CMV) a este comentário.

Comentário geral: “A grande maioria dos apicultores fornece lâminas de cera às suas abelhas feitas a partir da cera reciclada de cera velha dos quadros fundidos no final da época. Alguns medicamentos veterinários hidrofóbicos ou seus metabolitos podem contaminar esta cera e levar ao aumento dos seus níveis por via da reciclagens repetida da cera de colónias tratadas com acaricidas. A acumulação é dependente da estabilidade destes compostos mesmo durante o tratamento térmico e fusão da cera no processo. As concentrações de tais MUV (Medicamento de Uso Veterinário) ou dos seus metabolitos na cera de abelha pode aproximar-se dos níveis tóxicos para as abelhas e/ou níveis onde a contaminação do mel é provável que ocorra. Além disso a presença constante dos resíduos destes MUV na cera pode acelerar o desenvolvimento de ácaros da varroa resistentes aos mesmos. Desta forma, a eficácia a longo prazo e a segurança dos animais alvo destes MUV pode ser comprometida. Sugerimos, portanto, que a orientação deve incluir estudos para avaliar os MUV e estas propriedades adversas. Problemas com acúmulo de MUV na cera reciclada foram discutidos no Workshop EMA sobre medicamentos para as abelhas, 14-15 de dezembro de 2009 em Londres (EMA / 28057/2010). Estudos sobre o acúmulo em cera (sem reciclagem) foram solicitados pelo CMV para o relatório de síntese sobre Amitraz (EMEA / MRL / 572/99 e EMEA / MRL / 187/97). ”

Vejamos a resposta dos especialistas do Comité Europeu dos Medicamentos para Uso Veterinário (CMV) a este comentário.

“De facto a utilização de alguns acaricidas pode levar ao surgimento de resíduos no mel. O mel contém sempre cera. Estas substâncias solúveis em água e em solventes orgânicos podem acabar no mel. Em relação ao potencial de contaminação do mel com resíduos transferidos da cera para o mel deve notar-se que o LMR (Limite Máximo de Resíduos) para o mel não faz distinção entre os resíduos decorrentes do tratamento em si mesmo e resíduos decorrentes da transferência da cera. Além disso, reconhece-se que a partículas de cera podem estar presentes no mel. Para as substâncias para as quais foram estabelecidos limites máximos de resíduos no mel, o cumprimento do LMR continua, portanto, a garantir a segurança do consumidor.

No entanto sublinhamos que para um determinado número de substâncias, o CMV concluiu que não há uma necessidade de estabelecer um LMR no mel. Estas substâncias considera-se não representarem uma preocupação de segurança alimentar do consumidor, porque ou a sua toxicidade é baixa e, consequentemente, a exposição, mesmo em níveis elevados, não representará um risco para o consumidor, ou porque é aceite que a sua concentração no mel será sempre baixa (por exemplo, porque eles são não-lipofílico e não se acumulam). A transferência de resíduos de substâncias deste tipo da cera de abelhas para o mel, concluiu-se não representar uma preocupação de segurança alimentar para o consumidor. Deve também ser notado que existem dados que mostram que os valores destes resíduos no mel proveniente dos favos de mel contaminados são cerca de 1700 vezes menores do que as concentrações de resíduos existentes nos favo de mel. Além disso, a transferência de resíduos dos varroacidas a partir da cera para o mel, ocorrerá se o nível de resíduos na cera atingir 2 dígitos de ppm (10 a 60 mg/kg) para chegarmos a concentrações no mel entre 0,6 a 36 µg/kg. Por conseguinte, considera-se que o potencial para a transferência de resíduos da cera para o mel é limitada e não representa uma preocupação de segurança alimentar do consumidor.

No que diz respeito à cera de abelhas, é prática comum reciclá-la. Desta forma, os resíduos podem persistir na cera ao longo dos anos. O problema não é novo e está relacionada com substâncias que não são solúveis em água. Como a reciclagem é feita geralmente por aquecimento, o nível de resíduos de uma substância pode ser reduzida (por evaporação). Não há informação científica que indique riscos dos resíduos de acaricidas na cera de abelha, e não têm sido identificados quaisquer efeitos tóxicos em abelhas e/ou indução de resistências nos ácaros Varroa. Ao invés de ser relacionada com resíduos em cera, esses efeitos adversos possíveis parecem estar relacionados com o uso inadequado dos acaricidas. Estes níveis que foram observadas na cera são geralmente demasiado baixo para induzir esses efeitos. Assim, a probabilidade dos resíduos se acumularem até níveis que são tóxicos para as abelhas (criação) e/ou selecção de resistências nos ácaros é considerado baixo. Além disso, abelhas e ácaros não entram em contacto com a cera de uma forma que possa provocar os efeitos acima mencionados. Embora seja possível estudar a persistência de substâncias na cera em relação à reciclagem, a probabilidade de encontrar efeitos tóxicos sobre as abelhas e/ou redução da sensibilidade nos ácaros, devido a resíduos na cera de abelhas, é considerado muito baixo, tendo em conta todos efeitos adversos que podem afetar as colónias de abelhas. Portanto, nenhuma recomendação sobre a necessidade de se efectuarem estudos acerca dos efeitos dos resíduos da cera de abelha com relação com a toxicidade para as abelhas e /ou indução de resistência em ácaros Varroa é feita. Estudos de longo prazo sobre as abelhas são limitados no tipo de informação que pode fornecer sobre o risco devido à presença de resíduos de cera. Boas práticas de apicultura, bem como o uso adequado de acaricidas é uma questão importante na redução da presença de resíduos na cera de abelha “.

A terminar recordo de um post anterior:

  • para o Apivar o intervalo de segurança é de zero dias e o LMR de amitraz (substância activa no Apivar) no mel é de 200 microgramas por Kg de mel;
  • para o Bayvarol o intervalo de segurança é de zero dias e o LMR de flumetrina (substância activa no Bayvarol) no mel não está definido pela UE;
  • para o Apistan o intervalo de segurança é de zero dias e o LMR de fluvalinato (substância activa no Apistan) no mel não está definido pela UE.

e sublinho deste post:

“No entanto sublinhamos que para um determinado número de substâncias, o CMV concluiu que não há uma necessidade de estabelecer um LMR no mel. Estas substâncias considera-se não representarem uma preocupação de segurança alimentar do consumidor, porque ou a sua toxicidade é baixa e, consequentemente, a exposição, mesmo em níveis elevados, não representará um risco para o consumidor, ou porque é aceite que a sua concentração no mel será sempre baixa (por exemplo, porque eles são não-lipofílico e não se acumulam).”

qualidade das rainhas e seu peso: que correlação?

Muito frequentemente apicultores, criadores de rainhas e até investigadores associam o maior peso, o maior tamanho do tórax, o maior comprimento de asas e outras características morfológicas das rainhas, sejam virgens ou fecundadas, à sua prolificidade. Uns e outros defendem que as rainhas com um peso maior produzem mais ovos e desenvolvem colónias mais numerosas e num menor espaço de tempo.
Alguns investigadores encontraram uma correlação positiva entre o peso das rainhas e o número de ovaríolos: Weaver, 1957; Avetisyan, 1961; Woyke, 1971; Szabo, 1973; Wen-Cheng and Chong-Yuan, 1985; Gilley et al., 2003. Estes investigadores, com recurso a técnicas de dissecação, contagem dos ovaríolos presentes nos dois ovários e subsequentes análises estatísticas concluíram que as rainhas mais pesadas apresentavam um maior número de ovaríolos. Cada ovaríolo produz em média 3 a 5 ovos por dia.  Como facilmente se conclui um maior número de ovaríolos está associado directamente com a capacidade da rainha apresentar diariamente taxas mais elevadas de postura de ovos fecundados. Finalmente sabemos que mais ovos fecundados significa uma prole mais numerosa, logo mais abelhas na colmeia, portanto maior quantidade de néctar  e outros produtos colectados; enfim uma produção acrescida.
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Tudo estaria bem neste reino de medições e pesagem de rainhas com vista ao seu melhoramento e sua selecção se todos os estudos efectuados até à data fossem convergentes. Contudo na verdade não são. Alguns investigadores não encontraram qualquer tipo de correlação entre o peso das rainhas e o número de ovaríolos: Corbella and Gonçalves, 1982; Hatch et al.1999; Jackson et al ., 2011. 
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Sendo assim parece-me cedo de mais para afirmar “diz-me qual o peso da tua rainha e dir-te-ei o seu valor”. Mais tendo eu já visto rainhas de pequenas dimensões fazendo um grande trabalho de postura nas minhas colmeias.
Não digo que as rainhas mais pequenas são as melhores. Não tenho esse atrevimento. O que digo é outra coisa: avaliar a qualidade potencial e seleccionar com base no peso das rainhas é um caminho que deve ser percorrido, mas sem a presunção que é o único e o melhor. Ainda me parece cedo para proclamar isso. Não sou eu que o digo, são os dados divergentes das investigações.

o efeito do favo com alvéolos de zangão sobre a produção de mel numa colónia de abelhas do mel

Apresento em baixo o resumo/sumário de um estudo levado a cabo por um dos mais prestigiados investigadores norte-americanos na área da apicultura, e refiro-me ao Dr. Thomas Seeley.

Mais do que a questão acerca do impacto negativo na produção de mel da criação intensiva de zângãos, importa-me neste momento sublinhar um outro aspecto que resulta da sua investigação: uma colónia com favos/quadros de criação intensiva de zângãos aparenta produzir mais zângãos do que os produzidos por colónias que não são providas com este tipo de favos/quadros. Estes dados de Thomas Seeley confirmam o que eu tenho visto em colmeias em que coloco um quadro iscado na posição 2 ou 9 para a produção intensiva de zângãos: observo uma quantidade de zângãos muito superior nestas colónias quando comparo este número com o de colónias sem estes quadros “especiais” para a criação intensiva de zângãos. Com base nestes dados estou convicto que a tese de que as abelhas conhecem e e não ultrapassam um determinado número de zângãos a criar deverá ser substituída pela ideia que o número de criação de zângão é alterado quando se introduz na colmeia quadros com a finalidade de promoverem a criação de zângãos, ou seja, um pretenso determinismo genético é facilmente manipulado com a introdução de quadros “especiais” que  promovem a criação de zângãos.

“Resumo: Este estudo examinou o impacto sobre a produção de mel de uma colónia ao provê-la com uma quantidade natural (20%) de favos com alvéolos de zangão. Durante 3 verões, no período de meados de maio a finais de agosto, eu medi os ganhos de peso de 10 colónias, 5 com favo de zângão e 5 sem ele. As colónias com favo de zangão ganharam apenas 25,2 kg ± 16,0 kg de peso (mel) enquanto aquelas que não provi de favos com alvéolos de zangão ganharam 48,8 kg ± 14,8 kg de peso.

As colónias com favo de zângão também apresentavam uma maior taxa média de voos de zângão** e uma menor incidência de construção de favo de zângão. A menor produção de mel de colónias com favo de zângão aparentemente surge, pelo menos em parte, porque os favos com alvéolos de zângão promove a criação de zângãos e manutenção de zângãos é cara. Eu sugiro que o fornecimento de favos com alvéolos de zângão, como parte de um programa de controle da Varroa destructor, sem pesticidas, pode ainda ser desejável uma vez que eliminando a criação zangão para matar os ácaros pode eliminar grande parte do efeito negativo do favo com alvéolo de zangão na produção de mel.”

fonte: https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-00891902/document

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Fig. 1: Quadro de meia-alça que quando introduzido no ninho funciona como quadro de criação intensiva de zângãos

 

** Segundo as medições levadas a cabo por Seeley, a taxa média de saída de zângãos das colmeias foi 4-13 vezes maior nas colónias com favo/quadro com alvéolos de zângãos do que em colónias sem favo/quadro com alvéolos de zângãos.

projeto alemão de monitoramento de abelhas: um estudo de longo prazo para compreender as perdas periodicamente altas de inverno em colónias de abelhas do mel

Resumo – A abelha ocidental do mel, Apis mellifera, é o animal polinizador mais importante na agricultura em todo o mundo proporcionando mais de 90% dos serviços de polinização comerciais. Devido ao desenvolvimento agrícola a procura das abelhas do mel para os serviços de polinização está a aumentar progressivamente, sublinhando a capacidade de polinização da população mundial de abelhas geridas pelo homem. Assim, o declínio a longo prazo das colónias de abelhas geridas pelo homem tanto na Europa como na América do Norte é fonte de grande preocupação e tem estimulado uma intensa pesquisa sobre os fatores que presumivelmente estão a causar o colapso das colónias de abelhas. Apresentamos um estudo de quatro anos que envolveu a monitorização de mais de 1200 colónias de abelhas, instaladas em cerca de 120 apiários, de onde foram recolhidas as abelhas durante todo o período em que decorreu o estudo. As amostras de abelhas foram coletadas duas vezes por ano e foram analisados vários fatores patogénicos, incluindo o ectoparasita ácaro Varroa destructor, fungos (Nosema spec., Ascosphaera apis), a bactéria Paenibacillus larvae, e vários vírus. Dados sobre os factores ambientais, práticas apícolas e pesticidas também foram coletados. Todos os dados foram analisados ​​estatisticamente por forma a estabelecer  relações com a mortalidade das colónias de abelhas no período invernal. Podemos demonstrar que vários factores estão significativamente relacionados com as perdas de inverno observadas durante a monitorização de 4 anos das colónias de abelhas, a saber:

  • (i) nível alto de infestação pelo varroa destructor,
  • (ii) a infecção com o vírus das asas deformadas e vírus da paralisia aguda no outono,
  • (iii) a idade rainha, e
  • (iv) a fraqueza das colónias no outono.

Nenhum efeito pode ser observado para Nosema spec. ou pesticidas. As implicações destes resultados serão discutidos.

Fonte: https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-00892101/document

avaliação dos tratamentos orgânicos de primavera contra a Varroa destructor (Acari: Varroidae) em abelhas Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae) em colónias no leste do Canadá

Deixo em baixo a transcrição/tradução de um estudo muito citado, que avalia o impacto do ácido fórmico e ácido oxálico, quando aplicados na primavera para o controle da varroa, no desenvolvimento das colónias, na produção de mel e na sobrevivência das colmeias. Acho que este estudo é muito interessante e que merece a sua divulgação no meu blog, pois se o controlo da varroa nos importa muito, de pouco nos servirá se coloca em causa o desenvolvimento das nossas colónias assim como a sua produção. Não nos interessa mesmo nada deitar o bebé fora juntamente com a água do banho. Pois parece que isso pode acontecer com algumas formulações acaricidas estudadas. Leiam, por favor, o sumário do estudo e tirem as vossas conclusões.

“O objetivo deste estudo foi medir a eficácia de dois tratamentos com ácidos orgânicos, o ácido fórmico (AF) e o ácido oxálico (AO) para o controle do Varroa destructor (Anderson e Trueman) em colónias abelhas (Apis mellifera L.) na primavera. Quarenta e oito colónias infestadas de varroa foram distribuídas aleatoriamente por seis grupos experimentais (n = 8 colónias por grupo):

  • um grupo controle (G1);
  • dois grupos testados com aplicações com diferentes dosagens de uma solução de 40g de AO/1 litro de xarope de açúcar 1:1 gotejado sobre as abelhas (G2 e G3);
  • três grupos testados com diferentes aplicações de AF: 35 ml de AF a 65% veiculado numa almofada absorvente (G4); 35 ml de AF a 65% despejada diretamente sobre o estrado das colmeias (G5) e as placas MiteAwayII ™ (G6).

A eficácia dos tratamentos (queda varroa), o desenvolvimento das colónias, a produção de mel e a sobrevivência das colmeias foram monitorados a partir de maio e até setembro.

  • Cinco rainhas de abelhas morreram durante esta pesquisa, todas verificadas nas colónias tratadas com AF (G4, G5 e G6).
  • As colónias G6 tiveram significativamente menos criação e menor desenvolvimento durante a temporada de apicultura.
  • As populações de criação no final do verão foram significativamente maiores nas colónias G2, tratadas com AO.
  • A produção de mel por colónia na primavera foi significativamente menor no G6 e maior no G1.
  • O fluxo de mel no verão foi significativamente menor no G6 e superior no G3 e G5.
  • Durante o período de tratamento, houve um aumento da queda de ácaros em todas as colónias tratadas. A queda diária de varroa no fim da estação de apicultura (Setembro) foi significativamente mais elevada no G1 (colónias não tratadas) e significativamente inferior no G6.
  • O número médio de abelhas mortas encontradas na frente de colmeias durante o tratamento foi significativamente menor no G1, G2 e G3 em relação G4, G5 e G6.

Os resultados sugerem que o controle varroa é conseguido com todas as opções de tratamento aplicadas na primavera. No entanto, todos os grupos tratados com ácido fórmico (AF) mostraram um crescimento da população mais lento no verão, resultando numa recolha de mel reduzida e enxames mais fracos no final do verão. O ácido fórmico teve um efeito tóxico imediato sobre abelhas, que resultou na morte da rainha em cinco colónias. Os tratamentos com ácido oxálico que foram testados têm impactos tóxicos menores sobre as colónias de abelhas.”

fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21442305

o comportamento das abelhas (Apis mellifera ligustica) durante o duelo de rainhas

O ferrão de uma rainha.

“O conflito é raro entre os membros de uma sociedade altamente cooperativa, como uma colónia de abelhas. No entanto, o conflito dentro de colónia aumenta drasticamente durante a reprodução da colónia (no processo de enxameação) quando rainhas recém-nascidas lutam entre si até que apenas uma rainha permanece no ninho. Este estudo descreve o comportamento de rainhas e obreiras durante a ocorrência natural do combate entre rainhas. Os duelos de cinco pares de rainhas foram observadas em três colónias de observação. Um duelo típico é descrito de forma qualitativa e os eventos de todos os cinco duelos são descritos quantitativamente. Vários aspectos de duelos que são de interesse particular são examinadas em detalhe, incluindo o comportamento das rainhas perto de realeiras seladas, a agressão de obreiras em relação a rainhas, os sonidos da rainha, e a relação da rainha com o comportamento das obreiras para o resultado do duelo. O resultado desta investigação serve como uma base para o teste rigoroso de hipóteses sobre o significado dos comportamentos adaptativos das rainhas e obreiras durante o combate entre rainhas. Os resultados sugerem os seguintes padrões comportamentais:

  • procura de realeiras por parte de jovens rainhas recém-nascidas para matar rainhas rivais enquanto elas estão vulneráveis;
  • as obreiras agridem estas rainhas para as impedir de destruir as realeiras;
  • as rainhas produzem sonidos para inibir a agressão das obreiras;
  • as obreiras imobilizam  algumas rainhas para torná-las alvos fáceis das rainhas rivais;
  • as rainhas ejetam conteúdos do intestino para provocar a imobilização da sua rival por parte das obreiras.”

Fonte: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1046/j.1439-0310.2001.00692.x/abstract?systemMessage=Wiley+Online+Library+will+be+unavailable+on+Saturday+27th+February+from+09%3A00-14%3A00+GMT+%2F+04%3A00-09%3A00+EST+%2F+17%3A00-22%3A00+SGT+for+essential+maintenance.++Apologies+for+the+inconvenience.

prevalência e persistência do vírus das asas deformadas (VAD) em colónias de abelhas melíferas infestadas, não tratadas ou tradadas contra o ácaro Varroa destructor

“O ácaro Varroa destructor é uma praga grave da abelha Apis mellifera. A ocorrência natural do vírus conhecido como Vírus das asas deformadas (VAD) tem sido associada ao colapso de colónias de abelhas infestadas pelo ácaro. Nós, pesquisámos a prevalência e persistência de VAD em quatro colónias altamente infestados não tratadas (Pesquisa 1), e cinco colónias altamente infestados que foram tratados com um acaricida (Pesquisa 2). A presença do VAD em amostras de abelhas adultas, criação operculada e ácaros foi detectada usando uma Enzima Linked Immunosorbent Assay (ELISA). Vinte indivíduos de cada amostra foram analisados mensalmente em cada colónia ao longo do estudo. Durante o verão, a proporção de adultos, criação operculada e ácaros em que o VAD foi detectado aumentou, até que a colónia ou morreu ou foi tratada. Quando as colónias foram tratadas, removendo assim os ácaros da colónia, o VAD deixou de se detectar na criação operculada a uma taxa semelhante à perda/eliminação dos ácaros. A velocidade com que o VAD se tornou indetectável em abelhas obreiras adultas dependia, no entanto, da estação do ano, verificando-se diferenças na esperança de vida entre as obreiras adultas emergentes no verão ou emergentes no inverno. Se o tratamento foi retardado até Outubro, o VAD ainda foi detectada em abelhas adultas durante o inverno, mesmo na ausência de ácaros. Para reduzir a carga viral da colónia, portanto, o tratamento de ácaros deve ser iniciado o mais tardar no final de agosto, a fim de remover os ácaros antes da criação das abelhas de inverno começar.”

fonte: https://www.researchgate.net/publication/229086938_Prevalence_and_persistence_of_deformed_wing_virus_DWV_in_untreated_or_acaricide-treated_Varroa_destructor_infested_honey_bee_Apis_mellifera_colonies

efeito do número e distribuição dos enxertos de criação de rainhas na qualidade e quantidade de rainhas criadas nas colmeias criadeiras

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Fig. 1 — Quadro preparado para 63 enxertos no total, com três barras de 21 cúpulas cada uma

“O efeito do número enxertos com larvas introduzidas (15, 24, 48, 66), do nível da barra de suporte das cúpulas (barra superior, barra do meio, barra inferior) e da posição das cúpulas com larvas no quadro com os enxertos (no meio ou na periferia) na percentagem das realeiras seladas e no nascimento de rainhas, no seu tempo de desenvolvimento, e no peso das rainhas recém-nascidas, foram observados durante as estações da primavera e do verão.

Os resultados indicam que a percentagem de realeiras seladas foi afectada pelo número de enxertos introduzido, mas não pelo nível da barra no quadro ou pela posição das cúpulas no quadro com os enxertos, durante as duas estações. A percentagem de rainhas nascidas na primavera foi afectada de forma significativa pelos três factores, mas no verão apenas foi verificado impacto em função do número do enxertos introduzidos. Também, quer o tempo de desenvolvimento quer o peso das rainhas recém-nascidas foi afectado pelos três factores.

A qualidade das rainhas, baseada no peso das mesmas, foi também avaliado. Na primavera quando foram introduzidas 15 cúpulas com enxertos só apareceram rainhas pesadas (190-200mg), mas a percentagem destas rainhas pesadas foi mais baixa quando foram introduzidas 24 ou 48 cúpulas com enxertos, e estas rainhas pesadas desapareceram completamente com a introdução de 66 cúpulas de enxertos. As rainhas que nasceram em cúpulas localizadas no travessão do meio e no meio de cada um dos travessões apresentaram uma frequência maior de rainhas mais pesadas quando comparadas com aquelas criadas no travessão superior ou inferior e localizadas na periferia dos travessões.”

fonte: http://www.jas.org.pl/Quality-and-quantity-of-honeybee-queens-as-affected-by-the-number-and-distribution-of-queen-cells-within-queen-rearing-colonies,0,249.html

Nota: ver posts relacionados aqui e aqui