factores causadores das perdas invernais de colónias de abelhas

 

Os factores causadores das perdas invernais são múltiplos. Importa ao apicultor estar consciente dos mesmos, para compreender os riscos e, sobretudo, para tomar ações preventivas com o objectivo de os minimizar ou até eliminar. Passemos à sua identificação:

1­ — Níveis do ácaro da varroa: taxas elevadas de infestação estão associados às perdas invernais, de acordo com inquéritos/avaliações de larga escala levados a cabo na Europa e EUA (1);

2 — Infecções causadas por vírus: o vírus das asas deformadas, o vírus da paralisia aguda israelita e o vírus da paralisia aguda, transmitidos pela varroa, estão entre os mais comuns (2);

3 — O tipo genético da colónia: colónias lideradas por rainhas locais (no nosso caso rainhas do ecotipo iberiensis) sobrevivem em média mais 83 dias que colónias lideradas por rainhas de ecotipos/raças estrangeiras (3);

4 — A dimensão da colónia e suas reservas: colónias maiores utilizam as suas reservas de alimento mais eficientemente, isto é, o consumo per capita é menor em colónias maiores que o verificado em colónias menores (4);

5 — Exposição das abelhas a pesticidas: os pesticidas estão associados a efeitos sub-letais perniciosos, nomeadamente redução da longevidade, disfunção das funções imunitárias, aprendizagem e memória, orientação e coordenação motora (5).

 

  • (1) Le Conte Y, Ellis M, Ritter W: Varroa mites and honey bee health: can Varroa explain part of the colony losses? Apidologie 2010, 41:353-363.
  • (2)Genersch E, Ohe W, Kaatz H, Schroeder A, Otten C, Bu ̈ chler R, Berg S, Ritter W, Mu ̈ hlen W, Gisder S et al.: The German bee monitoring project: a long term study to understand periodically high winter losses of honey bee colonies. Apidologie 2010, 41:332-352.
  • (3) Buchler R, Costa C, Hatjina F, Andonov S, Meixner MD, Le
 Conte Y, Uzunov A, Berg S, Bienkowska M, Bouga M et al.: The influence of genetic origin and its interaction with environmental effects on the survival of Apis mellifera L. colonies in Europe. J Apic Res 2014, 53:205-214.
  • (4)Free JB, Racey PA: The effect of the size of honeybee colonies on food consumption, brood rearing and the longevity of the bees during winter. Ent Exp Appl 1968, 11:241-249.
  • (5) Desneux N, Decourtye A, Delpuech JM: The sublethal effects of pesticides on beneficial arthropods. Annu Rev Entomol 2007, 52:81-106.

morta ou viva: o Vírus das asas deformadas e o Varroa destructor reduz a esperança de vida das abelhas de inverno

Nesta nova categoria, designada estudos, conto ir colocando posts com traduções de estudos científicos que nos possam ajudar a compreender e até a perspectivar melhor as nossas abelhas e o seu mundo, hoje e no futuro.

Sumário/Abstract

“As elevadas perdas de colónias de abelhas no Inverno são uma grande preocupação, mas os mecanismos subjacentes permanecem controversos. Entre os suspeitos estão o ácaro Varroa destructor, o microsporídio Nosema ceranae, e os vírus associados. A nossa hipótese é que os agentes patogénicos reduzem a esperança de vida das abelhas de inverno, constituindo assim um mecanismo imediato para perdas de colónias. A monitorização das colónias foi realizada ao longo de 6 meses na Suíça a partir do Verão de 2007 e Inverno de 2007/2008. As obreiras que foram morrendo foram recolhidas diariamente e analisadas quantitativamente para o vírus das asas deformadas (VAD), o vírus da paralisia aguda da abelha (VPA), Nosema ceranae, e os níveis de expressão do gene da vitelogenina, como um biomarcador para a longevidade da abelha. As obreiras de colónias que não conseguiram sobreviver no inverno tinham uma vida útil reduzida logo no final do outono, tinham maior probabilidade de estar infectadas com o VAD, e tinham cargas mais altas de VAD. A infecção ao nível da colónia com o ácaro Varroa destructor e infecções ao nível individual com VAD também foram associados com reduzida esperança de vida das abelhas. Em nítido contraste, o nível de infecção Nosema ceranae não se correlacionou com a longevidade. Além disso, a expressão do gene da vitelogenina foi significativamente correlacionado de forma positiva com VPA e com as cargas de N. ceranae.

As descobertas sugerem fortemente que a V. destructor e o VAD (mas não a N. ceranae nem o VPA) reduzem o tempo de vida das abelhas de inverno, constituindo assim um mecanismo directo possível para perdas de colónias de abelhas.”

fonte: http://aem.asm.org/content/78/4/981.long

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Fig. 1 — Abelha com as asas deformadas por acção do VAD