vespa velutina ou vespa asiática: alimentação, iscos e armadilhas

Este conjunto de 3 vídeos dá-nos a conhecer o extraordinário trabalho levado a cabo pelo Sr. Ernesto Astiz no âmbito das sua investigação em torno da alimentação, iscos e armadilhas para as vespas velutinas. Muito obrigado pelos seus ensinamentos!

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Fig. 1: Ernesto Astiz com uma gaiola para velutinas utilizada nas suas experiências

Vespa velutina (parte 1)

Vespa velutina (parte 2)

Vespa velutina (parte 3)

 

Aqui podemos ver o fim!

uma nova formulação de ácido oxálico (Aluen CAP) para controle de Varroa destructor aplicada em colónias de Apis mellifera na presença de criação operculada

Sabemos que a eficácia dos tratamentos com ácido oxálico é diretamente influenciada pela presença de criação operculada porque o ácido oxálico não mata os ácaros na criação operculada (Imdorf et al., 2003). A sua eficácia quando a criação operculada está presente é de cerca de 60% (Charrière 1997, Rademacher e Harz 2006). Assim, a utilidade do ácido parece limitada em climas quentes com um longo período de criação. Tendo em conta que o ácido oxálico é um composto adequado para o controle de V. destructor em colónias sem criação operculada durante o período de outono e inverno, dentro do conceito de Controlo Integrado da Varroa, o maior desafio para os cientistas passa por desenvolver uma nova formulação que possa ser usada durante a presença de criação operculada em colónias de A. mellifera. O objetivo principal do estudo que abaixo apresento o sumário foi avaliar a eficácia de uma nova formulação de libertação lenta (Aluen CAP), baseada no ácido oxálico, para utilizar na presença de criação operculada.

Sumário: Um produto orgânico à base de ácido oxálico foi avaliado para uso no controle de Varroa sob condições climáticas de primavera/verão na Argentina. A formulação consiste em quatro tiras feitas de celulose impregnada com uma solução à base de ácido oxálico. Quarenta e oito colmeias foram utilizadas para avaliar a eficácia do produto. Os resíduos do produto também foram testados em mel, abelhas e cera. Cada ensaio teve respectivos grupos de controlo sem tratamento oxálico. No início da experiência, foram aplicadas quatro tiras da formulação às colónias pertencentes ao grupo tratado. Os ácaros caídos/mortos foram contados após 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias. Após a última contagem, as tiras foram removidas e as colónias receberam duas tiras de flumetrina durante 45 dias. Os ácaros caídos/mortos foram contados ao longo deste período. A eficácia média do produto orgânico foi de 93,1% com baixa variabilidade. Este produto é um tratamento orgânico concebido para o controlo de Varroa durante a presença de criação e representa uma boa alternativa aos tratamentos sintéticos.

fonte: http://link.springer.com/article/10.1007/s13592-015-0405-7

introduzir rainhas novas em colmeias estabelecidas

Como era minha intenção construí cerca de uma centena de tabuleiros divisores no início da passada primavera.

O tabuleiro divisor é neste momento para mim o mais crucial dos equipamentos apícolas que possuo: pela sua simplicidade, pela sua versatilidade, pelo seu baixo preço. Como estou muito satisfeito com este equipamento continuo a juntar as peças do puzzle para entrever de que forma poderei maximizar e diversificar o âmbito da sua aplicação no maneio que pratico. E somando e juntando as peças daqui e dali julgo que tenho um método bem desenhado e definido na minha cabeça com vista à introdução de rainhas novas, especialmente virgens, em colmeias já estabelecidas e com o auxílio do tabuleiro divisor.

Do saber que foi sendo construído pelas anteriores gerações de apicultores sabemos que em regra é mais fácil uma rainha estranha/nova ser aceite por uma colónia estabelecida durante um fluxo de néctar. Se não houver néctar a entrar na colmeia, a aceitação será facilitada com o fornecimento de xarope de açúcar.

Para aumentar a probabilidade de uma rainha nova ser aceite há ainda um conjunto de outras considerações a ter muito em conta:

  • dar às abelhas o tempo e a oportunidade de se acostumar com sua nova rainha. Durante este período de um a dois dias a rainha deve estar protegida por uma gaiola lhe permite manter contato “físico” com as obreiras (exsudando as feromonas reais no coração da colónia);
  • as abelhas mais jovens aceitam rainhas mais facilmente do que as abelhas velhas;
  • colónias menores aceitam as rainhas mais prontamente do que colónias maiores.

O método que apresentarei seguidamente apresenta estas vantagens:

  • evitará quaisquer interrupções na postura de ovos das rainhas atuais/velhas;
  • dispensará a utilização/aquisição de material dedicado, o que permite simplificar o trabalho do apicultor e torna-lo mais rentável.

(Abrindo parêntesis: Relativamente à dispensa de material dedicado a minha posição de princípio é que o apicultor moderno deve evitar sempre que possível comprar material e equipamentos que sirvam apenas para um maneio/operação específica. Deve privilegiar os métodos que lhe permitam fazer o que pretende com os materiais e equipamentos generalistas que já possui. No caso específico da criação de rainhas há muito equipamentos dedicados por onde nos podemos “despistar”e fazer derrapar orçamentos. Como consequência destas derrapagens orçamentais desejamos e necessitamos que cada colmeia produza 50 Kg de mel/ano para o apicultor, que dê ainda uns bons quilos de pólen e umas gramitas de apitoxina, tudo para que se paguem as despesas do ano. A minha opção é sempre que possível evitar o material dedicado e procurar os métodos de maneio de colónias que levem aos mesmos fins e que exijam materiais e equipamentos que já possuo do maneio habitual e normal das colmeias. Esta recomendação poderá ter interesse para os apicultores que se focam na produção de mel, como é o meu caso. Recomendo a terminar este parêntesis que tenham um quando muito dois focos se querem ter uma apicultura rentável no nosso país. Não se dispersem, nem no território nem nos produtos! Foquem-se na produção de um/dois produtos e concentrem a vossa operação num/dois territórios!)

Equipamento necessário a preparar antes de ir para o apiário:

  • uma alça de dimensões iguais à do ninho da colmeia e com quadros puxados ou laminados;
  • tabuleiro divisor;
  • jaula temporária de rainhas/pinça para apanhar rainhas.

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Fig. 1: Exemplo de uma pinça para apanhar rainhas

No apiário:

  • Coloque a alça que trouxe em cima do tabuleiro divisor e ao lado da colmeia estabelecida onde pretende introduzir a nova rainha;
  • Localize a rainha “velha” e coloque-a numa jaula temporária;
  • Remova 2 – 4 quadros com criação larvar e sobretudo operculada do ninho desta colmeia estabelecida com todas as abelhas aderentes. Estes quadros deverão ser colocados na alça igual ao ninho que trouxe consigo. Os quadros vazios que são removidos são introduzidos no ninho da colmeia estabelecida. Devemos manter a integridade da zona de criação, colocando estes quadros “novos”nas zonas laterais da mesma;
  • Coloque um ou dois quadros adicionais de mel retirados da colmeia estabelecida ou de outra colmeia depois de sacudidas as abelhas aderentes;
  • Se necessário sacuda ainda mais algumas abelhas dos quadros da colmeia estabelecida para os quadros colocados na alça que se encontra em cima do tabuleiro divisor. Pode fazê-lo com toda tranquilidade porque a rainha ainda se encontra na sua jaula temporária;
  • Liberte a rainha velha em cima dos quadros com criação que ficaram no ninho da colmeia estabelecida;
  • Coloque a alça com tabuleiro divisor em cima da colmeia estabelecida. A entrada do tabuleiro divisor deverá ter a direção contrária à entrada da colmeia estabelecida. Isso permitirá que as abelhas mais velhas saiam e voltem para a colmeia estabelecida em abaixo;
  • Passadas umas horas ou até um dia introduza a nova rainha na sua jaula na alça que foi preparada para a receber;
  • Esta nova alça/novo ninho, foi perdendo as abelhas mais velhas que foram sendo drenadas para o ninho estabelecido em baixo, tem uma parcela importante de abelhas novas, e tem um número menor de abelhas. Com este método estão reunidas as condições que garantem maior sucesso na introdução de novas rainhas;
  • Passadas duas ou três semanas, confirmada a boa postura da nova rainha, elimina a velha rainha ou retira-a para um núcleo, tira o tabuleiro divisor e sem mais operações reúne a colónia, agora com nova rainha.

abelha buckfast ou nenhum homem é uma ilha

O irmão Adam (Karl Kehrle 1898-1996) para responder à designada “doença da ilha de Wight”criou uma abelha híbrida que ficou mundialmente conhecida pela designação abelha buckfast.

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Fig. 1: O irmão Adam e a abadia de Buckfast

Esta abelha tem qualidades muito apreciadas pelos apicultores: boa produtora, resistente a doenças, pouco enxameadora, pouco defensiva. Estas qualidades devem-se ao conhecido “vigor híbrido” característico do cruzamento na primeira geração (F1). Contudo não está garantido que estas características sejam passadas às gerações seguintes. Para o garantir é necessário proceder à inseminação instrumental/artificial ou garantir zonas de congregação de zângãos suficientemente isoladas. Tanto quanto sei os criadores alemães parecem reunir estas condições e têm credibilidade neste nicho de mercado. Quanto à credibilidade de vários fornecedores de linhas buckfast podem ler aqui as dúvidas que o conceituado apicultor britânico Roger Patterson tem.

Como consequência os utilizadores da abelha buckfast ficam dependentes dos criadores de linhas credíveis (alemães muito provavelmente) e necessitam de renovar as rainhas a intervalos regulares de 1 a 2 anos, antes que as abelhas decidam fazê-lo naturalmente (enxameação ou supersedure) . Se assim não o fizerem as suas linhas buckfast depressa degenerarão com os cruzamentos com as linhas nativas (no nosso caso a iberiensis), donde resultarão linhas de características misturadas e imprevisíveis e geralmente muito agressivas.

Entretanto os apiários vizinhos com linhagens nativas podem ter sido desarranjados pela introdução das linhas buckfast nas imediações. Estes são os primeiros a receber o impacto de ter um vizinho apicultor que inopinadamente, ou por estar deficientemente informado, decidiu experimentar a abelha buckfast.  Lembra-me a frase que alguns infelizmente vão esquecendo ou pior ignorando: nenhum homem é uma ilha!

apivar provavelmente o melhor acaricida

De entre todos os acaricidas homologados em Portugal, o Apivar é provavelmente o melhor de entre eles.

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Fig. 1: Saquetas e tiras de Apivar

No caso dos acaricidas eles devem ser avaliados de acordo com um conjunto de critérios que sejam pertinentes. Na minha opinião os critérios a eleger devem ser:

  • segurança alimentar;
  • segurança para o aplicador;
  • baixo impacto na colónia de abelhas;
  • eficácia no controle da varroose;
  • facilidade de aplicação;
  • relação custo/benefício.

Relativamente à segurança alimentar estudos independentes e relatórios produzidos pelo Comité europeu para o uso de medicamentos veterinários são claros quanto a este ponto: a utilização do Apivar em colónias de abelhas antes, durante e após os fluxos de néctar não faz aumentar os níveis de amitraz e seus metabolitos para além dos limites estabelecidos (200µg por Kg de mel).

fontes principais:

  1. http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Maximum_Residue_Limits_-_Report/2009/11/WC500010419.pdf
  2. https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-00892290/document
  3. http://projectapism.org/wp-content/uploads/2013/06/Final-Report_Pettis-341.pdf

Relativamente à segurança para o aplicador, as tiras de Apivar não obrigam a medidas e equipamentos de protecção individual dedicados ou extraordinários. O aplicador deve ter cuidado para evitar contactar com as mãos nuas nas tiras, o que não é difícil de conseguir porque por hábito já utilizamos luvas no exercício do nosso maneio apícola.

Mesmo em contextos de longa exposição das abelhas, rainhas e larvas de abelhas às tiras de Apivar confirmou-se um baixo impacto na colónia.

fontes principais:

  1. http://scientificbeekeeping.com/

Relativamente à eficácia no controle da varroose do Apivar ela é elevada quando comparada com a eficácia de outros acaricidas disponíveis. Já anteriormente me referi à vantagem de manter as tiras de Apivar 10 a 12 semanas nas colmeias para aumentar e prolongar o seu efeito acaricida. Por outro lado o modo de acção do amitraz (princípio ativo das tiras de Apivar) no ambiente da colmeia parecem tornar mais difícil e/ou demorado o surgimento de varroas resistentes ao mesmo.

fontes principais:

  1. http://gdsa34.e-monsite.com/medias/files/apivar-presentation-produit.pdf
  2. http://www.revmedvet.com/2007/RMV158_283_290.pdf
  3. http://ecbiz193.inmotionhosting.com/~nodglo5/wp-content/uploads/2016/04/FNOSAD-2014-study-high-quality.pdf
  4. http://www.alsace.chambagri.fr/fileadmin/documents_alsace/INTERNET/elevage/flash_abeilles/Bilan_enquete_sur_les_pertes_hivernales_2014-2015.pdf

No que respeita à facilidade na aplicação, para além da grande simplicidade na colocação das tiras, quero referir dois aspectos a ter em consideração para uma melhor eficácia: as tiras de Apivar devem ser colocadas no interior da zona de criação e passadas 6 a 8 semanas devem ser ajustadas caso a zona de criação se tenha deslocado.

fontes principais:

  1. http://gdsa34.e-monsite.com/medias/files/apivar-presentation-produit.pdf
  2. http://www.apivar.co.nz/FAQs.htm

Finalmente a relação custo/benefício: sendo o tratamento eficaz, como tem provado ser, esta relação é muito positiva para o apicultor. No pior cenário serão gastos cerca de 10 € por colmeia (2 tratamentos a 5€ cada, custo que se vê substancialmente reduzido se comparticipado pelo PAN) e será mantido um efectivo que se avalia em 100 € (montante abaixo do actual valor de mercado de uma colónia de abelhas). Por outro lado é um tratamento que obriga apenas a duas viagens, custos que poderão ser minimizados facilmente se complementados com outras tarefas a realizar no apiário.

Mas como nada que o homem construa é perfeito, também o Apivar apresenta um calcanhar de Aquiles: sendo um tratamento de muito lenta libertação do princípio activo é de eficácia imprevisível quando colocado em colónias com um nível de infestação pelo ácaro varroa demasiado avançado.

fontes principais:

  1. http://www.alsace.chambagri.fr/fileadmin/documents_alsace/INTERNET/elevage/flash_abeilles/flash_ABEILLES-n_2-Decembre2011.pdf

Nota: naturalmente não me responsabilizo por qualquer resultado menos bom com a aplicação das tiras de Apivar. Pretendi manifestar a minha opinião com base no que conheço, suportado no que tenho lido e sustentado na minha experiência como apicultor. Cada um de nós é responsável pelo que decide e deve assumir os riscos dessa decisão.

produção global de mel e apicultura global

A análise detalhada da produção total de mel e das exportações indica contradições sérias e óbvias. Como mostra o gráfico abaixo, houve um enorme aumento no total de exportações globais de mel (61%), sem um aumento correspondente no número de colmeias em todo o mundo (8%).

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Graf. 1: A evolução do número de colmeias no mundo (linha castanha) entre 2007 e 2014 foi de 8%; por seu lado no mesmo período a evolução das exportações de mel (linha azul) foi de 61%.

Esta aberração é mais preocupante ainda sabendo que a população global de abelhas está sob tremendo stresse e em declínio. Nas operações de apicultura mais avançadas e profissionais do mundo, como na América do Norte e na Argentina, a produtividade por colmeia diminuiu substancialmente. Nestas zonas do mundo onde médias de 55Kg/colmeia eram típicas, atualmente produzem-se 22-32 Kg/colmeia, e em circunstâncias climáticas adversas esta média baixa ainda mais. As perdas de abelhas relacionadas com os neonicotinóides, pesticidas, ácaros, colapso das colónias, redução da área cultivada para forragem, monoculturas e monodietas, stresse, poluição ambiental e mudanças climáticas contribuíram para esta perda de produtividade por colmeia. O aumento das exportações globais de mel neste contexto associado a um número estável de colmeias e a quedas de produtividade por colmeia nos principais países produtores cria uma anomalia que sugere uma adulteração generalizada do mel.

O fato dos apicultores chineses extraírem mel com níveis de humidade muito alta na ordem dos 35-40% (quando o standard de humidade num mel maduro se situa em torno dos 17%) e posteriormente reduzirem em fábricas aquele alto teor de humidade pode ser um fator que contribui para esta anomalia. A extração de mel imaturo e não amadurecido pode aumentar as quantidades produzidas, mas diminuiem as qualidades e privam o mel dos benefícios para a saúde e o seu estatuto de produto puro e natural. Felizmente, a tecnologia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) pode fornecer uma ferramenta eficaz para distinguir o mel imaturo e inautêntico do mel natural. Padrões para as práticas globais de apicultura profissional e metodologias de teste eficazes para o mel precisam de evoluir para preservar a integridade do mel.

Fonte: http://www.ahpanet.com/page/IntlHoneyMarket

acaricidas rápidos e acaricidas lentos

Em França verificar a eficácia dos medicamentos utilizados na luta contra o ácaro varroa é, desde 2007, uma atribuição coordenada pela FNOSAD (Fédération Nationale des Organisations Sanitaires Apicoles Départementales) que reúne a grande maioria dos OSAD (Organisations Sanitaires Apicoles Départementales), representando mais de 30.000 apicultores, profissionais e amadores.

Estes tratamentos/acaricidas que beneficiam de homologação são testadas anualmente por forma a mostrarem que garantias dão no controle da infestação pelo ácaro varroa abaixo dos limites considerados  prejudiciais às colónias de abelhas. Os principais parâmetros avaliados por estes testes são a eficácia global, avaliado através dos ácaros residuais encontrados após os tratamentos, assim como a velocidade de ação desses mesmos tratamentos sobre os ácaros.

Em 2014 a FNOSAD avaliou estes dois parâmetros em 4 tratamentos: o Apivar, o Apistan, o Apilife Var e o MAQS. Qualquer um destes 4 tramentos/acaricidas está homologado em Portugal.

Do conjunto de resultados obtidos em cerca de 300 colónias de abelhas testadas surgiu a evidência de que a eficiência média obtido em 2014 pelo Apivar® e Apistan® é elevada (97% e 96%, respectivamente), mas envolve tempos de tratamento longos (70 dias e 56 dias, respectivamente).

Os medicamentos MAQS® e Apilife Var®, que têm tempos de tratamento mais curto (7 e 28 dias, respectivamente) atingem percentagens de eficácia médias um pouco mais baixas (93% e 87% respectivamente).

Contudo um dado de extrema importância, e que nos ajuda a tomar decisões mais ajustadas no terreno, é-nos dado pela velocidade de acção destes acaricidas sobre os ácaros. A este respeito e para estes quatro fármacos testados em 2014, o número de dias necessários para ir abaixo do limiar de 1000 varroas revelou que o Apivar® requer uma média de 29 dias. Esta duração é, respectivamente, 23, 14 e 2 dias com Apilife Var®, Apistan® e MAQS®

Sublinho estes dados: para fazer regredir o número de varroas abaixo do limiar de 1000 o acaricida de acção mais lenta demora 29 dias (o Apivar) e o mais rápido atinge esse limiar em apenas 2 dias (o MAQS).

Estes dados são, na minha opinião, de grande utilidade quando a urgência de uma infestação nos exige a colocação de um acaricida de acção rápida, ou quando pelo contrário o contexto no qual efectuamos o tratamento não nos exige essa rapidez. Finalmente talvez nos ajude também a perceber que muitas das vezes se o tratamento não foi bem sucedido e a colónia acabou por colapsar, não foi por uma questão de resistência dos ácaros ao princípio activo do tratamento por nós escolhido, mas tão só porque chegámos demasiado tarde à corrida e com um cavalo lento, ainda que forte (será o caso do Apivar). Como costumamos dizer “cada coisa é para o que foi feita”.

fonte: http://ecbiz193.inmotionhosting.com/~nodglo5/wp-content/uploads/2016/04/FNOSAD-2014-study-high-quality.pdf

prevenção da traça durante o armazenamento da cera

O armazenamento e protecção de quadros de cera depois da extracção do mel é um dos principais problemas dos apicultores, especialmente em regiões com um Inverno ameno. A causa do problema está num insecto vulgarmente designado entre nós de traça da cera.

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Fig. 1: Larvas da traça da cera

As traças da cera são presença frequente na maioria dos apiários durante os meses mais quentes. Estes insectos são noturnos e passam o dia escondido em arbustos, árvores ou outros locais abrigados. No início da noite, as mariposas adultas fêmeas esgueiram-se para o interior das colmeias. Uma vez dentro da colmeia põem ovos nas fendas que encontram e saem da colmeia nas primeiras horas da manhã não sendo detectadas pelas abelhas.

O ciclo de vida da traça gigante (Galleria mellonella L.) e da traça pequena (Achroea grisella) na cera de abelha passa por 4 fases: o ovo, a larva, a pupa ou ninfa e o adulto. O ciclo de vida da traça é retardado devido a baixas temperaturas e ausência de alimento (principalmente pólen). O ciclo pode variar entre 6 semanas a 6 meses dependendo da temperatura e alimento.

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Fig. 2: Traça gigante (Galleria mellonella L.)

As larvas destroem a cera porque se alimentam do pólen e outros materiais orgânicos nela depositados. Assim são, em regra, os quadros onde houve criação porque apresentam maiores ou menores quantidades de pólen e acumulam a seda dos casulos das pupas. Estes quadros são uma fonte de alimento muito mais atraente do que os favos que apenas armazenaram mel. Estes últimos oferecem um alto nível de resistência às traças de cera.

As traças adultas não causam estragos na cera devido às suas mandíbulas estarem atrofiadas.

Os tratamentos na prevenção e luta contra a traça podem ser os físicos (arejamento e congelamento), os químicos (enxofre, dissulfeto de carbono, ácido acético e fórmico) e os biológicos (Bacillus thuringiensis) para a prevenção e controlo da traça. É necessário ter em atenção que nem todos os tratamentos matam todas os estádios da traça (ver tabela 1).

Após a aplicação de tratamentos é essencial um período de 1 a 2 semanas de arejamento das alças antes de serem colocadas nas colmeias. Embora não exista legislação específica para os tratamentos no controlo da traça, é importante saber que alguns destes tratamentos são perigosos para a saúde pública devido ao risco de serem difundidos para o mel mesmo com o arejamento das alças. É o caso do paradiclorobenzeno (PDCB) e da fosfina. Outros tratamentos, como é o caso do dissulfeto de carbono, representam um risco para o apicultor devido à sua dificuldade de maneio como também apresentam riscos para a saúde do apicultor. Nos tratamentos mais seguros para a saúde pública estão o dióxido de enxofre (“mechas” ou “pastilhas” de enxofre), pois é uma substância que não se acumula nas ceras, tal como o Bacillus thuringiensis.

Método Tratamento Objectivos Observações
 Físico  Arejamento (< 15ºC)  Retardar crescimento  Só é eficiente com luminosidade
 Físico  Refrigeração Mata todos os estádios 2h/-15ºC; 3h/-12ºC;

5h/-7,5ºC

  Físico  Calor Mata todos os estádios 80 min/46ºC;

40 min/50ºC

 Biológico  Bacillus thuringiensis (subespécie aizawai) Não mata os ovos  Por spray
 Químico Enxofre  Não mata os ovos  1 tira ± 10 meias-alças
 Químico  Ácido acético  Mata todos os estádios 200 ml (60-80%)/100 L
 Químico  Ácido fórmico Mata todos os estádios 80 ml (85%)/100 L

Tabela 1: Tratamentos na luta contra a traça da cera

A concluir refiro que nos últimos 4 anos tenho armazenado centenas de meias-alças do modelo Langstroth e Lusitana no período de Setembro a Março/Abril na Beira Alta a uma altitude de cerca de 900m. Estas meias-alças são colocadas em pilhas de 8 a 10 numa casa rústica, com bom arejamento e iluminação natural. Refiro ainda que não armazeno quadros com pólen e/ou ceras escurecidas onde houve vários ciclos de criação. Falta apenas dizer que coloco as meias-alças na pilha de forma cruzada/perpendicular de forma a que a meia-alça debaixo e a imediatamente de cima formem uma + ou um x. Procuro que o ar e a luz entrem o mais possível na pilha. Até agora esta técnica simples, orgânica e económica de armazenamento dos quadros de cera puxados resultantes da cresta, nas condições ambientais que descrevi, tem sido adequada no combate à traça da cera.

Fontes: “INTRODUÇÃO ÀS BOAS PRÁTICAS NA OBTENÇÃO DE CERA DE QUALIDADE”; http://www.clemson.edu/extension/beekeepers/publications/wax_moth_ipm.html

ciclo evolutivo das três castas de abelhas

No quadro em baixo podemos ver o ciclo evolutivo das três castas de abelhas.

 TEMPO
OPERÁRIA
RAINHA
ZÂNGÃO
1º ao 3º dia Ovo Ovo Óvulo
Eclosão do ovo Eclosão do ovo Eclosão do ovo
3º ao 8º dia Larva Larva Larva
Larva Célula operculada Larva
8º ao 9º dia A célula é operculada; a larva tece o casulo A larva tece o casulo A célula é operculada: a larva tece o casulo
10º ao 10º 1/2 dia Pré-pupa Pré-pupa Tece o casulo
11º dia Pré-pupa Pupa  Pré-pupa
12º dia Pupa Pupa  Pré-pupa
16º dia Pupa Inseto Adulto Pupa
21º dia Inseto Adulto  –
24º dia Inseto Adulto
1º ao 3º dia  Incubação e limpeza Rainha Jovem Vive na colmeia
4º dia Começa a alimentar as larvas Rainha Jovem Vôos para fora
5º dia Alimenta as larvas Vôo nupcial Procura rainha para fecundar
5º ao 6º dia Alimenta as larvas jovens, produz geléia real faz os primeiros vôos para fora A rainha é alimentada Procura rainha para fecundar
8º ao 12º dia Produz geleia real, produz cera, faz os 1ºs vôos de reconhecimento A rainha começa engordar Se acasalar, morre
13º ao 19º dia Trabalhos de campeira Inicia a postura Se acasalar, morre
21º ao 30º dia Campeira Põe ovos Se acasalar, morre
31º dia Campeira Põe ovos Morre
31º ao 45º dia Coleta pólen e néctar Põe ovos
55º dia Morre Põe ovos
720º – 1450  – Pode voar com todas as abelhas mais velhas, no processo de enxameação. Morre  –