abelha buckfast ou nenhum homem é uma ilha

O irmão Adam (Karl Kehrle 1898-1996) para responder à designada “doença da ilha de Wight”criou uma abelha híbrida que ficou mundialmente conhecida pela designação abelha buckfast.

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Fig. 1: O irmão Adam e a abadia de Buckfast

Esta abelha tem qualidades muito apreciadas pelos apicultores: boa produtora, resistente a doenças, pouco enxameadora, pouco defensiva. Estas qualidades devem-se ao conhecido “vigor híbrido” característico do cruzamento na primeira geração (F1). Contudo não está garantido que estas características sejam passadas às gerações seguintes. Para o garantir é necessário proceder à inseminação instrumental/artificial ou garantir zonas de congregação de zângãos suficientemente isoladas. Tanto quanto sei os criadores alemães parecem reunir estas condições e têm credibilidade neste nicho de mercado. Quanto à credibilidade de vários fornecedores de linhas buckfast podem ler aqui as dúvidas que o conceituado apicultor britânico Roger Patterson tem.

Como consequência os utilizadores da abelha buckfast ficam dependentes dos criadores de linhas credíveis (alemães muito provavelmente) e necessitam de renovar as rainhas a intervalos regulares de 1 a 2 anos, antes que as abelhas decidam fazê-lo naturalmente (enxameação ou supersedure) . Se assim não o fizerem as suas linhas buckfast depressa degenerarão com os cruzamentos com as linhas nativas (no nosso caso a iberiensis), donde resultarão linhas de características misturadas e imprevisíveis e geralmente muito agressivas.

Entretanto os apiários vizinhos com linhagens nativas podem ter sido desarranjados pela introdução das linhas buckfast nas imediações. Estes são os primeiros a receber o impacto de ter um vizinho apicultor que inopinadamente, ou por estar deficientemente informado, decidiu experimentar a abelha buckfast.  Lembra-me a frase que alguns infelizmente vão esquecendo ou pior ignorando: nenhum homem é uma ilha!

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