vespa velutina: efeito inicial dos iscos num apiário com pressão elevada

Na sequência de duas publicações, aqui e aqui, um companheiro apicultor decidiu experimentar nesta terça-feira a utilização de iscos tóxicos para diminuir e controlar a elevada predação/presença de vespas velutinas no seu apiário. O contexto era indicado à utilização desta técnica pois na véspera tinha observado entre 15 e 30 vespas a rondarem as suas colmeias.

Como atractivo utilizou 400 grs. de camarão triturado aos quais adicionou uma pipeta de Frontline Combo de 2,68 ml de volume e com 268 mg de fipronil. De acordo com os cálculos, cada 100 grs. de isco continha 0,067 grs. de fipronil. Esta concentração está situada num valor intermédio entre as concentrações referidas no estudo espanhol (0,01% p/p) e as concentrações utilizadas na Nova Zelândia e Argentina (0,1% p/p).

Os procedimentos que utilizou seguiram de perto o protocolo do estudo espanhol. Por volta das 6h30m fechou as colmeias com esponjas dedicadas, que permitem a entrada de ar, ou com as réguas de transumância. Por volta das 7h30m distribuiu o isco por várias zonas do apiário. Nas duas primeiras horas do procedimento a maior parte vespas pouco ligou ao isco, preferindo fazer o habitual: pairar à frente das colmeias à espera de abelhas que desta vez não saíam. Passadas estas duas horas iniciais as vespas mudaram o chip e passaram a focar-se nos iscos, poisaram sobre eles, fizeram as habituais bolas deles e com o (pet)isco bem agarrado entre as patas levantavam voo. Durante as quatro horas que manteve as colónias fechadas estima que as velutinas levaram cerca de 50% do isco. Passadas as 4 horas retirou o isco sobrante e abriu as colónias. De tarde voltou ao apiário e encontrou apenas 3 velutinas a rondarem as colmeias. Efeito do isco? efeito da sua presença horas antes?

Ontem, passadas 48h, diz-me o seguinte: “Vi uma a duas vespas e enxames a trabalhar. Tenho de dar a mão à palmatória, porque estava muito céptico em relação ao resultado. Acho estranho na segunda-feira haver a quantidade que havia e agora não. É que nem lhes dei porrada, o que as poderia afastar. Só as deixei andar a levar a comida.

Passadas 48h, ou a bichas são muito assustadiças e ainda tremem de medo só de pensar voltar àquele apiário habitado por um vulto branco fantasmagórico, ou ficaram de cama com uma indigestão estranha, associada a febre alta, suores frios e tremores musculares. Será que o camarão estava estragado?

7 comentários em “vespa velutina: efeito inicial dos iscos num apiário com pressão elevada”

  1. Bom dia a todos , definitivamente e por consenso geral parece a todos que o camarão cru, será o melhor isco ,superando o fígado o peixe ? obrigado

    1. Bom dia, Antônio! Não sei qual deles é o melhor. Do que vou ouvindo e lendo, todos os três que refere atraem as vespas e são transportados por elas.

  2. Então aqui vai:
    Hoje cedo fechei as colmeias e apliquei o isco. Isco feito com 400g de camarão e uma bisnaga de Frontline tri-act 20kg a 40 kg (Só reparei de manhã cedo, quando estava a misturar com o camarão picado, que na loja me deram diferente do pedido).
    O isco esteve no apiário 4h e pouco, depois foi retirado.
    “Nas duas primeiras horas do procedimento a maior parte vespas pouco ligou ao isco, preferindo fazer o habitual” – verificado e mesmo pousando no isco, não o consumiam nem faziam as respectivas bolas de carga.
    “Passadas estas duas horas iniciais as vespas mudaram o chip e passaram a focar-se nos iscos, poisaram sobre eles, fizeram as habituais bolas deles” – com grande pena minha, não verifiquei.
    A primeira coisa que pensei foi… errei na dose. Vamos a contas: aquela pipeta de frontline Tri-act contém 270,60 mg de Fipromil = 0.027060 g /400g = 0.06765 g/100g ou seja 0.066 %, o que está dentro do valor do estudo.
    Posso ter feito alguma coisa mal.. Uma, pelo menos, sei que fiz: na véspera, não ter salteado os camarões em azeite e não ter acompanhado com um verde cá da casa.
    Cumprimentos a todos e mais uma vez uma bem-haja a este blog e, claro, à pessoa que o escreve.

    1. Rui, obrigado pelo seu testemunho bem humorado! O Frontline Tri-act tem três principios activos com as seguintes funções: um adulticida, um larvicida e um repelente de insectos. Este último afastou as velutinas do petisco. Dá-me autorização para utilizar o seu caso para fazer uma publicação e alertar os companheiros para utilizarem uma formulação sem a componente repelente de insectos?

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