abelhas resistentes: o seminário

Depois da divulgação do seminário, venho nesta publicação apresentar alguns dos aspectos que o Prof. Dirk de Graaf e sua equipa pesquisaram e concluíram num caminho que tem cerca de 20 anos. O seminário decorreu ontem no auditório do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, a que tive o prazer de assistir e foto-documentar, com a autorização do palestrante e dos organizadores, para posterior publicação neste espaço.

O Prof. Dirk de Graaf no início da sua palestra.
Actualmente Dirk de Graaf e sua equipa levam a cabo duas linhas de investigação principais. A mais antiga, visa identificar os marcadores genéticos associados ao SMR (suppressed mite reproduction), um dos mecanismos que confere resistência contra o ácaro varroa. Uma segunda linha de investigação, visa identificar os marcadores genéticos associados ao SOV (suppressed in ovo virus), um mecanismo que confere resistência/imunidade contra os vírus frequentemente presentes nos ovos da criação de obreiras e zângãos.
Depois de concluídas uma série de etapas de investigação, identificaram 8 marcadores genéticos com uma probabilidade elevada de estarem associados ao SMR.
Quando estes marcadores foram testados em campo, verificou-se ser necessário corrigir e afinar algumas das relações espúrias entre eles. Feita esta “limpeza” ao modelo o seu valor preditivo está bastante robustecido. Com base neste modelo, os criadores de rainhas belgas estão a proceder à seleção das suas matriarcas desde 2021, auxiliados gratuitamente na identificação dos marcadores genéticos pela equipa do Prof. Dirk de Graaf.

Uma reflexão: vemos aqui um exemplo de como uma investigação de cariz fundamental, aparentemente muito afastada da prática, devolve resultados práticos e de mérito à comunidade. Este caminho levou 20 anos a percorrer e só a inteligência e persistência dos envolvidos, assim como o financiamento adequado permitiram alcançar os resultados que nos levam a antever abelhas resistentes ao varroa na próxima década. O Prof. Dirk de Graaf exortou os parceiros portugueses a trabalharem com a abelha ibérica, identificarem os marcadores relevantes para o comportamento resistente nesta abelha, seguindo o caminho (método) que ele desbravou e seguiu na Bélgica.

Os parceiros institucionais.
A equipa… as pessoas.

A terminar, o meu agradecimento ao Nuno Capela pela chamada de atenção para este seminário e convite para estar presente no mesmo. O Nuno concluiu há pouco o seu doutoramento com temática na apicultura, e está muito empenhado no estabelecimento de relações entre o mundo da ciência apícola e a comunidade de apicultores. Esta interacção caracteriza cada vez mais o posicionamento da academia em relação à comunidade que a alberga… e bem!

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