vespa velutina: da sua caça e dieta básica aos iscos proteicos

Caçadoras muito ágeis

A V. velutina é das melhores caçadoras no mundo das vespas. Já escrevi anteriormente que de todas as vespas que poderiam colonizar a Europa esta é muito provavelmente a pior, pois é muito mais rápida e ágil do que outras espécies de vespa (Kuo e Yeh, 1990). Na verdade, é uma das vespas mais hábeis a apanhar abelhas em voo. Outras espécies pousam nas entradas das colmeias para caçarem abelhas, e este comportamento permite às abelhas embolarem-nas/pelotarem-nas. Já a V. velutina paira na frente da colmeia a uma distância de 30 –40 cm, e desce tentando repetidamente capturar forrageiras. Este comportamento de caça impede que as abelhas as embolem. Já vi as abelhas a embolarem as V. crabro, e outras vespas, que poisam e/ou entram nas colmeias fortes. Nunca vi uma velutina a correr o risco de ser embolada entrando numa colmeia forte.

O que comem as vespas adultas

Como é habitual na família das Vespidae, as V. velutinas não consomem carne (embora possam ingerir sucos de carne). As proteínas que recolhem da caça de outros insectos, da carne de carcaças de mamíferos, aves e peixes são transportadas para o seu ninho para alimentar as larvas. A V. velutina adulta alimenta-se de carboidratos doces, como néctar, frutas maduras, seiva de árvores, e de regurgitações especiais das larvas (Matsuura e Yamane, 1990). As larvas produzem secreções larvais ricas em carboidratos e aminoácidos. Estas secreções alimentam as operárias adultas assim como as futuras rainhas, para que construam os seus corpos gordos, antes do acasalamento e hibernação.

Transferência das regurgitações larvares para vespas adultas (mecanismo já descrito em publicações anteriores deste blog, nomeadamente nas publicações acerca do brilhante trabalho levado a cabo por Ernesto Astiz, imbuído pelo espírito de ciência cidadã).

Os iscos proteicos

Os iscos proteicos são utilizados mundialmente para controlar as pragas de insectos exóticos da família Vespidae, por ex. nos EUA, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Chile, Argentina, … Por cá, alguns enterram a cabeça na areia e esperam que pai natal chegue na forma de abelhas treinadas a embolar as velutinas em voo, abelharuco vorazes, ou de chips milagrosos, baratos, mais leves que meio cabelo e cujo sinal atravesse os declives do terreno até a um radar que cabe num bolso e é pago com uma nota de cinco euros!!! Plagiando as profundas e riquíssimas tiradas do José Silva, aka Lem Sipa,… ENFIM.

E os iscos proteicos funcionam porque toda a V. velutina que agarre na sua bolinha de carne ou peixe, dirige-se de imediato para o ninho para a entregar às suas larvas. Estas, por sua vez, vão entregar-lhe as regurgitações açucaradas e ricas em aminoácidos já temperadas com uma ínfima quantidade de “free-pro”, que depressa as libertará de forma muito definitiva e permanente dos labores terrestres.

Notas: 1) bom, bom era que estas regurgitações “tingidas” chegassem à rainha do ninho. E nada impede que em circunstâncias afortunadas chegue, porque também elas se alimentam destas regurgitações.

2) bom, bom era também que uma linha de investigação explorasse esta ideia que deixei em 2019 nesta publicação.

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