Sempre gostei de ler, e de há 11 anos para cá iniciei a leitura intensiva do tema “abelhas” e “apicultura” aquando da minha profissionalização. E foram, e continuam a ser, as leituras a fonte de principal da minha aprendizagem, a par com as horas e horas passadas nos apiários a trabalhar e observar “in loco” colónia após colónia.
O que ganho com as leituras? Mais do que serei capaz de descrever. Na grande maioria das vezes a minha observação no local é orientada e afinada pelas leituras realizadas em casa. Como todos creio eu, geralmente presto atenção e procuro descodificar o que observo, porque estou municiado de uma grelha de observação que decorre de algo que li, e assim precavido, munido desse “olhar” intencional e não ingénuo ou desatento, dou um sentido e uma interpretação aos dados em bruto que uma colónia de abelhas me oferece.
Contudo estou também cada vez mais ciente que as abelhas são muito plásticas, que os seus comportamentos, ainda que relativamente bem conhecidos, seguem quase sempre os seus próprios desígnios, algumas vezes à margem do que está escrito. Vou constatando aqui e ali, pelas observações que vou fazendo, que por vezes as abelhas não leram os mesmos livros que eu li.
Vem isto a propósito de uma observação que fiz hoje no meu apiário a 900 m de altitude. Na literatura que eu conheço, vem referido de uma forma muito consensual que a abelha rainha sai com o enxame primário poucas horas após os primeiros mestreiros terem sido operculados. Contudo, com alguma frequência, tenho observado que nem sempre as minhas abelhas e nos meus apiários “seguem o livro”. Ainda hoje o constatei e ilustrei neste conjunto de fotografias em baixo.
Ora, se as minhas abelhas lessem os livros que eu leio sobre elas, no dia 06.06 os mestreiros que encontrei teriam sido operculados há poucas horas. Teriam portanto 9 a 10 dias a contar do dia da oviposição e as rainhas emergiriam cerca de 6 a 7 dias depois, lá para os dias 12.06 ou até 13.06. Mas parece que não lêem, ou por vezes algumas não lêem.
Voltando aos números e datas e para este caso, a rainha mãe encontrada no enxame a 06.06, não saiu com o enxame primário pouco após os primeiros mestreiros terem sido operculados. O que esta observação me diz é que as abelhas após a operculação deste mestreiro (assim como outros que vi neste enxame, em condições semelhantes) adiaram a enxameação primária. Por vezes este adiamento decorre de más condições meteorológicas, segundo alguns especialistas. Neste caso, sei que os dias 4 e 5 deste mês, os dias em que segundo os livros a enxameação deveria ter ocorrido, me pareceram dias agradáveis para enxamear, com temperaturas a rondar os 20-22ºC de máxima e com pouco vento. Mas como não sou eu que enxameio , são elas, a minha opinião nada conta. E elas lá terão tido as suas razões para não terem seguido o livro à letra.
Boa tarde devido a presença de algumas vespas asiáticas por aqui na minha zona e não ver presença das nossas abelhas decidi começar uma criação de abelhas pelo que agradeço a todos pelas partilhas das vossas experiências.
Bom dia Joaquim. Muito sucesso com as suas abelhas. Um abraço!