introdução de rainhas virgens: fase 1

No passado dia 01.06, o meu amigo David Marques, tinha um lote de rainhas virgens a nascer, do qual retirou 5 para me oferecer. No dia 03.06 passei por sua casa lhe dar uma “cotovelada” (cumprimento higiénico em tempos da COVID 19), dar dois ou três dedos de conversa, e trazer as princesas para cima para as introduzir. Na parte da tarde, quando cheguei, não se via um palmo à frente da cara devido ao nevoeiro intenso no apiário onde pretendia recolher as abelhas e quadros para fazer os núcleos de introdução, tendo sido obrigado a adiar esta tarefa para o dia seguinte. Haja paciência que é a Natureza que dá ritmo ao tango que danço.

No dia seguinte, 04.06, com boas condições meteorológicas, lancei mãos à obra, e comecei por fazer uma selecção de 3 quadros com boas reservas e sem abelhas para colocar em cada um dos 5 núcleos onde iriam ser introduzidos os dois quadros restantes com as abelhas e alguma criação nos três estádios.

O passo seguinte foi seleccionar os 10 quadros (2 para cada um dos núcleos) com criação, retirados de diversas colónias, que foram em seguida colocados, sem abelhas, na caixa superior de 5 colónias com grade excluidora de rainhas (com a rainha na caixa inferior) para ali ficarem umas horas para serem cobertos por abelhas jovens.

Cada uma das 5 colónias dadoras de abelhas-ama recebeu 2 quadros com criação.

Passadas cerca de 6 horas, regressei aos dois apiários onde tinha feito esta preparação, para retirar os 10 quadros e os introduzir, 2 em cada um dos cinco núcleos, com as respectivas abelhas aderentes e mais umas quantas sacudidas de um quadro ou dois adjacente a estes.

Uma recomendação que os meus amigos criadores de rainhas e especialistas na introdução das mesmas me fazem é a de misturar abelhas de pelo menos duas colónias diferentes, para as baralhar no que respeita a feromonas, e aumentar assim a probabilidade da rainha virgem ser aceite. Há dois anos atrás, quando produzi cerca de 300 núcleos para os meus clientes, assim fiz, e correu bastante bem, com uma taxa de fecundação a rondar os 90%. E como em equipa que ganha não se mexe, voltei a seguir esta boa recomendação. Concluída a principal tarefa do dia, regressei a casa com os 5 núcleos que ficaram fechados nessa noite e em cima da carrinha, para na manhã seguinte serem levados para o apiário onde os vim a colocar, a cerca de 15 km de distância dos apiários onde foram recolhidas as abelhas.

Tendo começado por transportar núcleos e/ou colmeias no sentido longitudinal em relação à caixa da pick-up, mudei de opinião e passei, há já muitos anos atrás, a transportá-los no sentido transversal, como se vê na foto. Deste modo procuro evitar o balanceamento dos quadros provocados pelos movimentos laterais da carrinha quando saio ou entro nos caminhos rurais, já na proximidade dos apiários. Estas oscilações laterais são-me impossíveis de evitar por muito devagar que vá. Já as oscilações no sentido frontal, evito uma boa parte delas nas estradas com uma condução defensiva e com velocidade regrada para evitar travagens pesadas e bruscas. Mas como costumo dizer este é um daqueles assuntos em que 10 apicultores são capazes de ter 11 opiniões diferentes.

Nos próximos dias relatarei por aqui as fases seguintes do processo.

Duas notas finais:

  • nos anos em que produzi algumas dezenas e centenas de núcleos para os meus clientes, ainda que seguindo uma boa parte destes procedimentos, trabalhei de uma forma um pouco diferente para compatibilizar os objectivos a atingir com a gestão do tempo dedicada às tarefas. Agora a abordagem é mais “slow beekeeping”;
  • de forma concomitante com a tarefa principal, “construir” estes cinco núcleos, fiz o que faço habitualmente, de forma a cumprir uma filosofia base do meu trabalho nos apiários: aproveitar para com uma operação/tarefa atingir dois ou três ganhos para as colónias, logo para mim. Explicando esta filosofia com exemplos deste dia de trabalho: “palmerizei” uma vez mais diversos núcleos estabelecidos e muito povoados, de onde retirei a maioria do 10 quadros com criação que necessitei, avaliei a condição dos ninhos, em particular os ninhos das colónias com grelha excluidora, que continuam muito desbloqueados, retirei 15 quadros de reservas de ninhos mais bloqueados, que vieram sobretudo das colónias orfanadas e que já têm rainhas novas em postura e das colónias que ainda não têm mãe em postura. Nestas proveitei para lhes introduzir quadros com criação, um pouco mais mal-formados e/ou com criação de zângão, retirados das colónias em produção ou das colónias com excluidora.

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