pms: a factura que as minhas abelhas estão a pagar pela minha incompetência

Hoje, por volta das 9h30, estava a entrar no meu segundo apiário a 600 m de altitude, e não pude deixar de notar um bando de cerca de 10 abelharucos a levantar voo. Não sei se coincidência ou não, o ano passado tinha algumas velutinas à frente dos alvados das colmeias neste território e não dei conta dos abelharucos. Este ano dou conta dos abelharucos e não vi, até agora, uma velutina ou crabro em frente dos alvados das colmeias.

Nas 41 das 42 colónias assentes neste apiário à data de hoje verifico uma expansão da área de criação em boa parte delas e um padrão e compaticidade que me deixaram satisfeito.

Foto representativa do padrão de postura e compaticidade encontrado nas 41 das 42 colónias deste apiário.

E na 42ª?

Na 42ª foi isto o que vi:

Colónia pouco povoada! Medicada com duas tiras de Apivar, e tratamento iniciado em meados de julho, de acordo com o calendário afinado nos últimos anos.
Criação em mosaico, abelhas com asas deformadas, abelhas com varroas, larvas distorcidas…
… abelhas moribundas a emergir com o probóscide/língua estirado.

Tudo sinais muito claros de PMS. Isto numa colónia com reservas de mel e pão-de-abelha suficientes para a altura.

Olhando para o tecto da colmeia, onde fui anotando os aspectos críticos desta colónia ao longo da estação, ajudou-me a tornar compreensível este desfecho.

Esta colónia, prematuramente forte, tinha a rainha já em postura no sobreninho a 16.03.

Sendo uma colónia forte e tendo eu colocado o sobreninho cedo na temporada, reforcei-a com alguns quadros com criação retirados de outras colónias dedicadas à produção para conformar estas à regra “não mais de 6”. Apesar de na altura esta colónia ter as duas tiras de Apivar no ninho (tratamento de final do inverno), este suplemento de quadros com criação deveria ter sido acompanhado com a colocação de mais uma ou duas tiras de Apivar no sobreninho para respeitar o que o fabricante preconiza: uma tira de Apivar por cada cinco quadros de abelhas. Sabendo isto há anos, não o tendo feito é inequivocamente uma incompetência minha no maneio desta colónia sobrepovoada.

A 16.05 coloquei uma excluidora entre o ninho e o sobreninho, com a rainha confinada ao ninho. Hoje vi sinais muito evidentes de PMS.

PMS identificado hoje, e hoje ainda ou amanhã cedo, o mais tardar, vou dar os passos que se exigem para solucionar esta situação. Tema para uma próxima publicação.

5 comentários em “pms: a factura que as minhas abelhas estão a pagar pela minha incompetência”

  1. Muito grato pela informação!
    Encontrei precisamente ontem esse sintoma em 3 ou 4 colónias minhas. Nunca tinha ouvido falar de PMS. Atribuía a causa a ascoferiose (cria de giz). Apliquei imediatamente tratamento para a varroa (APIVAR) e polvolhei a criação ainda existente com neoapiciclina. Era minha intenção numa próxima visita separá-las do apiário para enfermaria (quintal) o que iré assim acontecer mais rápido. As esperanças são poucas na recuperação. Tratei de imediato as 40 restantes.
    Quanto aos milheirós (abelharucos) tenho a mesma opinião. As velutinas aparecem mas esporadicamente e em muito menor número.

    1. Agradecido também pelo seu testemunho Marcelo. Fez o que deve e pode fazer para apoiar as suas colónias. Se tiver essas disponibilidade verifique semanalmente ou quando muito quinzenalmente o estado dos ninhos. Este é o período (setembro e outubro) mais crítico no que respeita à varroose. Os milheirós já os vi com mais maus olhos que hoje. Como se costuma dizer, o inimigo dos meus inimigos meu amigo é. A ver se nos próximos anos se confirma que eles estão a fazer um desbaste nas velutinas! Não tinha essa esperança porque a crabro conviveu desde sempre com eles. Porque havia de ser diferente com a velutina, perguntava-me? Mas até pode ser diferente, tendo em consideração que as velutinas têm os ninhos mais expostos que as crabro (nos ramos das árvores as primeiras e nos buracos dos troncos, junto ao chão, as segundas) o que pode facilitar a sua localização à passarada de corpo multicolor, e as velutinas têm um vôo na frente dos alvados mais estático, o que pode facilitar a vida aos abelharucos na altura de fazerem o voo sobre elas.

  2. Boa tarde.
    Hoje ao ver este post seu, parecia que estava a ver uma das colmeias que vi ontem. A diferença talvez é que as abelhas quase que dava para se contar tao poucas que ja eram. Interessante tambem o facto de ter ja sido aplicado varroomed a uma semana, o que me faz acreditar que a contaminação devia ja ser tal que já nao tinha salvação, ou entao que o tratamento nao correu como devia (algo a averiguar noutras futuras utilizacoes).
    PS: no mesmo apiario tenho 5 outras colmeias que até agora parecem não ter sintomas, e estavam a ter o mesmo tratamento. Aguardemos.

  3. Bom dia,eu tive o mesmo problema com uma colmeia reversível tratada com Apitraz com apenas o ninho (10 quadros) e ontem quando o tempo permitiu fui vê-la estava cheia de abelhas deformadas e com varroa as costas. Esta colmeia foi tratada a 8 semanas .

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