nosema: uma causa maior ou uma causa menor na mortalidade de colónias de abelhas?

Respondendo de imediato à questão: é uma causa menor. A sustentação desta afirmação é dada pelos dados de um estudo levado a cabo durante 15 anos e publicado recentemente com o título “Significant, but not biologically relevant: Nosema ceranae infections and winter losses of honey bee colonies. ”

Como o título e o sumário indicam numa série longa da dados (mais de 3000 e ao longo de 11 anos ou mais) verifica-se uma correlação significativa (não devida ao acaso) entre a mortalidade invernal de colónias e a Nosema ceranae, mas com uma relevância biológica nula ou baixa.

Aceitando como um limiar normal, mesmo natural, uma percentagem de 10% de mortalidade invernal das colónias, quando tal limiar é ultrapassado o principal agente é o do costume: Varroa destructor. Os autores do estudo são cristalinos a este respeito: “Our results reconfirmed what is already known from many other studies, namely that V. destructor is the main driver of honey bee winter mortality.

Em baixo deixo a “árvore de decisão” que o artigo em questão apresenta e que me parece bastante feliz. Pela importância que este esquema assume voltarei a ele numa próxima publicação.

Fonte: https://www.nature.com/articles/s42003-023-04587-7

Para levar para casa: numa altura em que a apicultura passa por uma grande crise de sustentabilidade financeira (esta é a principal causa de abandono na actividade), decidir de forma bem informada onde gastar o dinheiro em medicamentos e suplementos com mais impacto na sobrevivência das colónias é indispensável para essa sustentabilidade. O que este estudo nos vem mostrar é que o dinheiro gasto em suplementos (não existem medicamentos para o controlo dos dois tipos de nosemose) para controlar a Nosema ceranae não será uma decisão avisada no actual contexto financeiro do sector.

Nota: Sobre o impacto da nosemose na sobrevivência de colónias de abelhas escrevi também o ano passado aqui.

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