desdobramento vertical de uma colónia de abelhas

Vou descrever um método simples e orgânico de desdobramento de colmeias que me parece estar ao alcance de todos nós. Nunca o utilizei mas conto passar a utilizá-lo este ano, entre outros métodos, para aumentar o meu efectivo. Fica em baixo a sua descrição para quem desejar experimentá-lo. Se alguém já o experimentou agradeço que nos dê o seu feedback. No final da época dos desdobramentos conto voltar a este tema, com uma avaliação acerca dos seus prós e contras.

O desdobramento vertical descreve a divisão de uma colónia de abelhas em duas — uma fica com a rainha mãe, a outra fica sem rainha, isto é, fica orfã — na mesma colmeia e sob o mesmo teto, com as condições e intenção de permitir que a parte orfã crie uma nova rainha . Se o processo for bem sucedido, acabaremos com duas colónias: a colónia original com a rainha mãe e a nova colónia com a rainha filha. Esta abordagem pode ser utilizada como um meio de prevenção da enxameação, como uma forma de renovar a rainha de uma colónia, ou como um modo fazer duas colónias a partir de uma.

Prancheta modificada

Para efectuar este tipo de desdobramento o apicultor necessita apenas de um equipamento novo, que vou designar “prancheta modificada”.

Para levar a cabo este método, relativamente simples, precisamos de ter uma maneira de dividir a colónia em duas e, ao mesmo tempo, fornecer uma entrada superior à colónia. Há muitas maneiras de fazer isso, como por exemplo através da prancheta multi-entrada de Snelgrove. Neste caso vamos utilizar uma prancheta mais simples, com  uma só entrada, como ilustra a imagem em baixo.

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Fig. 1 — Prancheta modificada

Esta prancheta modificada pode ser feita a partir de uma outra normal, desde que apresente uma moldura dos dois lados com 9-12mm de altura que respeite o “espaço abelha” em ambas as faces. De um lado (o lado “superior “, quando em uso) fazemos uma entrada articulada simples como mostra a imagem . No meio da prancheta vamos abrir um buraco quadrado com 10 cm de lado, tapado de cada um dos lado com uma rede de malha estreita para que as abelhas, e sobretudo a rainha, não a consigam ultrapassar (malha inferior a 3mm). Esta abertura permite que o odor das colónias se funda e, simultaneamente, que o calor se espalhe a partir da caixa inferior para a caixa superior.

Princípio da divisão vertical

A ideia geral é dividir uma colónia forte, saudável e de boa genética em duas e, em simultâneo, manter a sua capacidade produtiva. A colmeia é organizada de modo que a parte superior da divisão, com a rainha mãe, fique relativamente despovoado de abelhas. A maior parte da população deve ficar na parte inferior da colmeia, sem rainha, proporcionando assim as condições ideais para a uma construção de realeiras de emergência de qualidade. Chegado o dia em que as realeiras são seladas/operculadas a colónia é manipulada, uma segunda vez, para transferir as abelhas da parte inferior da colmeia sem rainha,  para a parte superior da colmeia onde se encontra a rainha mãe. Esta manipulação diminui o impulso para a enxameação e não afecta a recolha de néctar que continua sem interrupção se houver um bom fluxo. Tudo isto é conseguido através da manipulação da colónia no sétimo dia após a orfanização. Cerca de 3 semanas mais tarde, e correndo tudo bem, devemos ter uma rainha fecundada no lado orfanizado da colmeia.

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Fig. 2 — Esquema global das duas manipulações a realizar para levar a cabo este desdobramento vertical (dia zero, dia um e dia sete, da esquerda para a direita). 

Legenda do diagrama:

  • A preto: estrado da colmeia
  • A verde: prancheta modificada
  • Listas diagonais a preto: teto ou telhado da colmeia
  • Circulo vermelho: câmara de criação
  • Q: rainha
  • QC: realeiras
  • Seta negra: indica as entradas da colmeia e sua orientação
  • Seta quadrada azul claro: indica o local onde deverão ser colocadas as alças ou meia-alças meleiras
  • Dia zero (à esquerda): podemos efectuar este desdobramento numa colónia só com o ninho, mas também numa colónia com ninho e sobreninho.

A divisão vertical na prática

Só nos interessa criar rainhas a partir de colónias que exibem qualidades desejáveis para nós ​​— bom comportamento higiénico, bom arranque primaveril, boa produção, bom ajustamento da postura às condições locais, bom padrão de postura, baixa propensão para a enxameação, mansidão, entre outros critérios. Destas, eu diria que a higiene, a produção e o ajustamento da postura às condições locais, são características que muito me interessam. A avaliação destas características deve ser feita durante um período prolongado. A elaboração de registos e sua manutenção ao longo de um período alargado de tempo são uma ferramenta crucial para fazer uma melhor seleção das colmeias-mãe, as que mais nos interessam do ponto de vista genético. Como na computação se entra lixo o que sai é lixo. Se a colónia a desdobrar não tem as características desejáveis ​​necessárias existem maneiras de modificar o método descrito abaixo para criar rainhas de melhor genética… mas, neste momento, vamos pressupor que a colmeia a desdobrar apresenta uma genética que nos interessa.

 

Dia 1)

Abrir a colmeia suavemente e, se tiver que fumigar, faça-o com pouco fumo e na horizontal sobre os quadros, não para o interior da colmeia. Como precisa de encontrar a rainha, este maneio aumentará a probabilidade de encontrar a rainha no quadro com ovos do dia.

Encontrada a rainha coloque o quadro onde ela se encontra numa colmeia ou núcleo vazio com a entrada fechada e no centro da caixa, para evitar que ela se perca ou passe para as paredes interiores da mesma.

Se a colónia está instalada numa só caixa (não tem sobreninho) vai precisar de uma segunda caixa e 11 quadros com cera puxada (situação ideal) ou, caso não tenha cera puxada ao seu dispor, utilize quadros com cera moldada.

De seguida reorganiza os quadros nas duas caixas de modo que os quadros com larvas mais velhas e boa parte da criação operculada fiquem na caixa a colocar superiormente, onde colocaremos o quadro com a rainha mãe no centro dos mesmos no espaço que lhe fica reservado, juntamente com um quadro ou dois de provisões, a colocar nas laterais da câmara de criação.

Os quadros com ovos e larvas jovens devem ficar predominantemente na caixa inferior. Esta não é uma ciência exata, mas o princípio que nos orienta é a necessidade de colocarmos criação suficiente na caixa com a rainha mãe para que ela tenha as condições para construir uma nova colónia, e aos mesmo tempo, colocamos ovos em bom número e larvas muito jovens na caixa inferior, a zona orfanizada, para que as abelhas tenham uma boa provisão de ovos e larvas jovens que lhes permitam escolher as melhores à luz dos seus próprios critérios.

A terminar, colocar os quadros com criação no centro da caixa, ladeados por quadros com reservas de pólen e mel e completar a caixa inferior e superior com os novos quadros.

A ideia é criar dois ninhos com criação, um em cima do outro, aproximadamente centrados em relação ao buraco da prancheta modificada, tapado com rede de malha estreita. Coloque a caixa sem rainha sobre o estrado da colmeia original (piso inferior). Coloque a prancheta modificada em cima com a entrada aberta, virada para a direcção oposta ao da entrada original (a entrada da prancheta modificada deve ficar orientada para as costas da colmeia). Coloque a caixa com a rainha mãe em cima da prancheta modificada, em seguida, coloque a prancheta original e o telhado da colmeia.

Deixe a colónia tranquila durante uma semana.

 

O que acontece durante esta semana…

Durante esta semana as abelhas forrageiras saem da caixa do topo e vão entrar através da entrada que lhes é familiar na frente da colônia, e assim aumentam significativamente o número de abelhas na caixa inferior. As abelhas nesta caixa inferior vão perceber rapidamente que estão orfãs e iniciarão a construção das realeiras. A concentração de abelhas na caixa de fundo irá garantir que as larvas nestas realeiras serão bem alimentados e aquecidas. Na caixa superior a rainha mãe, continuará a sua postura de forma ininterrupta.

 

No dia 7

Retira a caixa superior juntamente  com a prancheta modificada para que a rainha não se perca, coloca a caixa superior à parte, roda 180º a caixa inferior de modo a que a entrada no estrado fique agora voltado para as costas da colmeia, em seguida, coloca a caixa superior com a entrada da prancheta modificada agora voltada para a frente da colmeia.

Se desejar inspecionar a colónia, nesta fase deverá encontrar uma rainha feliz em boa postura na caixa superior. Não deverá haver realeiras nesta caixa, a menos que haja alguma coisa errada com a rainha. Encontrará um número relativamente menor de abelhas nesta caixa do topo. Por contraste, a caixa no fundo estará muito mais cheia de abelhas e haverá várias realeiras presentes, umas fechadas outras ainda abertas. Poderá deixá-las a todas… as abelhas vão escolher as melhores oportunamente. Caso não confie na escolha das abelhas poderá destruir as que lhe parecem ter menor qualidade.

 

O que irá acontecer depois do dia 7…

Durante os próximos dias, a caixa inferior vai ficar com menos abelhas que saem pela entrada inferior e regressam para a “frente” da colmeia, onde acabarão por encontrar a entrada superior e reforçarão a caixa superior contendo a rainha em postura. Inicialmente, haverá uma considerável confusão, com centenas de abelhas em torno da entrada inferior original. Por esta razão, deve fazer a manipulação do dia 7 ao início do dia para dar tempo suficiente às abelhas para se reorientarem para a entrada superior. Esta reorientação vai occorer durante um par de dias — não se preocupe por ver muito mais atividade das abelhas em torno das entradas durante este período de tempo.

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Fig. 3 — Abelhas a reorientarem-se para a entrada superior da colmeia após a manipulação do dia 7 (reparar que o apicultor colocou agora a meia-alça meleira no topo da colmeia)

Um determinado número de rainhas virgens deve nascer cerca de 16 dias após a manipulação inicial mas o reduzido números de abelhas actualmente na caixa do fundo irá garantir que a colónia não irá produzir garfos/enxames. Se várias virgens emergirem, ao mesmo tempo, provavelmente vão lutar e ficará apenas uma ou duas, as mais vigorosas e saudáveis. Passados cerca de 5-6 dias , a virgem irá efectuar um ou mais voos de acasalamento, será fecundada e retornará para a caixa inferior onde iniciará a sua postura.

Nesta altura poderá dividir as duas colónias, caso o seu objectivo seja aumentar o efectivo ou, caso não deseje aumentar o efectivo, elimina a velha rainha na caixa superior e reúne as abelhas das duas caixas pacificamente retirando a prancheta modificada.

 

Principais vantagens (em nenhuma ordem particular):

  • não necessitamos de mais espaço horizontal nos nossos assentos;
  • quase nenhum equipamento adicional necessário;
  • a manutenção do odor na colónia permite fazer a reunião das abelhas se for necessário ou o desejarmos;
  • prevenção da enxameação;
  • aumento controlado do nosso efectivo com pouca intervenção;
  • combina a produção de mel com a produção de novas colónias;
  • produção mais natural de rainhas.

As desvantagens:

  • a elevação vertical de caixas é necessário (e podem ser pesadas);
  • se for necessário efectuar alguma inspeção à caixa inferior esta é mais trabalhosa;
  • algumas colónias não criam realeiras na caixa orfanizada.

Inspiração e fonte consultada: http://theapiarist.org/

razões para aprender a fazer desdobramentos/divisões de colónias de abelhas

Desdobrar/dividir uma colónia é uma competência básica que todos os apicultores devem possuir. Contudo, ainda hoje, alguns apicultores dependem exclusivamente dos enxames que apanham para aumentar o número das suas colónias.

Há várias razões para corrigir esta situação, quer ao nível do apicultor individual como ao nível sectorial/nacional. Identifico algumas:

Para o apicultor individual os desdobramentos são a oportunidade para:

  • aumentar o seu número de colónias (e a baixo custo);
  • substituir as perdas ocorridas no inverno;
  • fornecer colónias a outras pessoas — como por exemplo novos apicultores;
  • melhorar as características das suas abelhas — comportamento higiénico e produtividade, entre as mais importante;
  • aumentar o interesse e satisfação com a actividade apícola;
  • aumentar suas habilidades e competências apícolas.

Ao nível sectorial/nacional o desdobramento das melhores colónias justifica-se porque:

  • permite reduzir o número de rainhas que são importados e melhorar as abelhas nacionais localmente adaptadas;
  • a maioria dos problemas atuais na apicultura são o resultado da globalização, isto é, ter abelhas em movimento por todo o mundo;
  • diminui o potencial para introduzir novos problemas no sector apícola nacional, como a introdução de pragas exóticas (por exemplo o escaravelho das colmeias e o Tropilaelaps, ácaro tão ou mais perigoso que a varroa);
  • permite limitar a propagação de novas estirpes de virús com diferentes níveis de patogenicidade.

Ainda que os certificados veterinários tenham que acompanhar as importações legais, estes são uma salvaguarda relativamente limitada. Ainda não há muitos anos, uma importação de rainhas dos EUA, devidamente certificada, introduziu no nosso país o pequeno escaravelho das colmeias (Aethina tumida). Por um princípio de precaução devemos evitar o mais possível a importação de rainhas, ou qualquer outros animais/insectos, de outros países. Será paranóia colocar a possibilidade que aquela bonita rainha que acabámos de importar possa transportar consigo organismos ou microorganismos exóticos do sul de Itália ou do centro da Alemanha?

categoria desdobramentos porquê

O objectivo desta nova categoria é dar aos leitores do blog informação acerca desta componente tão importante da atividade apícola. Os desdobramentos são uma ferramenta crucial para todo o apicultor que pretenda tornar-se auto suficiente, quer para aquele que através da criação de novas colónias visa aumentar o seu efectivo apícola, quer para aquele que através da substituição de colónias perdidas procura manter um número estável das mesmas de ano para ano.  Muitos dos métodos que aqui serão descritos não estão projetados para a criação de rainhas em grande escala. Na opinião de Gilles Fert, todos os apicultores que não necessitam de produzir mais de 200 rainhas por ano, podem/devem adoptar estes métodos simples, mais orgânicos, com menos necessidade mão de obra, menor necessidade de equipamento especializado e menos exigentes do ponto de vista da calendarização das atividades. Seguramente, e aceitando esta baliza das 200 rainhas/ano proposta por este experimentado criador de rainhas, este é o cenário que enquadra as necessidades de uma larga maioria dos apicultores portugueses.

A minha intenção não passa tanto por fornecer receitas acabadas per si para efectuar os desdobramentos, que são muitas e diversificadas. Procurarei dar um enfoque enquadrador dos princípios subjacentes nos quais os métodos e técnicas dos desdobramentos assentam. A biologia da abelha, ao nível individual, e os comportamentos sociais das abelhas, ao nível colectivo, serão as pedras basilares que nos permitirão explicar, compreender, atuar e até inovar. Por forma a que as nossas intervenções alcancem o sucesso pretendido, de acordo com os objectivos e capacidades de cada um. Se os princípios forem compreendidos, os apicultores podem adaptar os detalhes para os fazer coincidir e ajustar a uma ampla gama de situações, entre as quais destaco: os recursos (as colónias que estão disponíveis), o montante do aumento/recuperação necessário, a época do ano e os equipamentos disponíveis. Também deve ser levado em conta o grau de controle/prevenção da enxameação, um prémio a juntar à necessidade de efetuar os desdobramentos.  A minha experiência tem demonstrado que a utilização de métodos de desdobramentos que são muito semelhantes ao comportamento natural de uma colónia de abelhas tem muitas vantagens práticas, e com taxas de sucesso muito gratificantes.

Não quero deixar de ligar também esta prática de auto sustentabilidade ao efeito benéfico, na minha opinião, de produzirmos rainhas mais adaptadas ao local e em condições sanitárias mais controladas. O resultado de introduções de raças não-nativas provoca um certo grau de “mestiçagem” (introgressão genética) nas abelhas adaptadas localmente. Se esta condição tende a persistir ao longo de várias gerações, pode significar que os genes envolvidos conferiram algumas vantagens adaptativas. Contudo, muitas vezes esta vantagem não ocorre: estes cruzamentos perturbam e introduzem no “pool” genético características não-adaptativas, provocadas pela dispersão de zângãos não autóctones, criando ondulações genéticas, que podem significar um passo atrás no tempo. Naturalmente estas ondulações genéticas não adaptativas serão resolvidas pela seleção natural, mas demoram o seu tempo e têm os seus custos, que como sabemos não ficam a só a cargo do próprio mas também dos apicultores vizinhos. Por outro lado, e do ponto de vista sanitário, sabemos que as viroses não são todas iguais no que respeita à sua virulência. Os desdobramentos de abelhas locais funcionam como uma barreira à introdução de estirpes de vírus mais virulentos, que poderão ser veiculados pelas rainhas e abelhas amas aquando das importações das mesmas.

Sem querer cair no demagógico e estafado slogan “o que é nacional é bom” não quero também deixar-me iludir-me pelas promessas “o que é estrangeiro é melhor”. Outros pensarão de forma diferente, e terão os seus argumentos. Melhorar o que é nosso é a minha proposta de fundo.

pobres rainhas de emergência

Entre os apicultores está mais ou menos generalizada  a opinião de que as rainhas de emergência são rainhas de qualidade inferior, portanto a evitar. Associada a esta opinião, e decorrendo em grande medida da mesma, acredita-se que o translarve, ou a criação de rainhas pelo método Doolittle, produz rainhas de qualidade superior. Uma das razões mais vezes lida e ouvida, que dá suporte a esta ideia, é a de que o translarve é feito com larvas com a idade adequada: larvas com não mais que 48 h de idade. Por contraste, afirma-se que as rainhas de emergência são produzidas a partir de larvas com várias idades, podendo até ultrapassar as 72 horas de idade. Será mesmo assim ou não passará de uma ideia feita? Fazendo a pergunta de uma outra forma: até que ponto estas ideias são confirmadas por estudos controlados, com métodos bem definidos, replicáveis e com avaliações mais finamente calibradas?

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Fig. 1 — Quadros com cúpulas preparados para efectuar o translarve

Numa experiência em que 8 colónias foram orfanadas por forma a construírem realeiras de emergências constatou-se que:

  • as abelhas iniciaram a construção da maioria das realeiras até 24h depois da orfanação ocorrer e nenhuma realeira foi construída após 3 dias a contar do dia da orfanação;
  • foram criadas realeiras a partir de todas as idade de ovos (1, 2 e 3 dias) e de larvas com não mais de dois dias a contar do dia da orfanação;
  • a maioria das rainhas foram criadas a partir de indivíduos que eram ovos  no dia da orfanação (69,2%) e cerca de metade destes eram ovos de 48-72 horas de idade (34,1 %);
  • 37,0% das realeiras construídas em torno de ovos  com 0-24 h de idade e mais do que metade (61,1%) das realeiras começadas em torno de larvas de 24-48 h de idade foram destruídas pelas abelhas antes das rainhas nascerem;
  • rainhas criadas a partir de ovos com 48-72 h eram significativamente mais pesadas do que rainhas criadas a partir de larvas com 0-24 h ou larvas de 24-48 h de idade;
  • rainhas criadas a partir de ovos de 48-72 h de idade tinham o tórax significativamente maior do que as rainhas criadas a partir de ovos com 24-48 h idade ou a partir de larvas de 0-24 h de idade;
  • finalmente, não se verificou nenhuma relação significativa entre o peso da rainha e o número de ovaríolos.

Fonte consultada: Worker regulation of emergency queen rearing in honey bee colonies and the resultant variation in queen quality

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Fig. 2 — Quadro com várias realeiras de emergência

Podemos concluir, com alguma segurança, que as rainhas de emergência, por regra, têm o mesmo número de ovaríolos (condição crítica para o seu bom desempenho) e produzem colónias com o mesmo nível de desempenho, ou melhor, que as rainhas criadas com o método de translarve. Tudo o que é necessário para produzir rainhas de emergência bem desenvolvidas é que a colónia em que estas são criadas disponha de recursos adequados de abelhas, particularmente abelhas novas em boa quantidade, ovos e larvas de todas as idades e boas reservas alimentares. Nestas condições, as abelhas criam rainhas tão bem ou até melhor que qualquer bom criador de rainhas que utiliza o método de translarve.