alimentando… e fazendo contas

Desde 2014 que os suplementos alimentares que forneço aos meus enxames são em pasta açucarada, em 99% dos casos. Nos três primeiros anos da minha apicultura, 2009 a 2011, alimentava no final do inverno/início da primavera com xarope líquido. Em 2012 e 2013 meteu-se-me na cabeça que o açúcar era prejudicial às abelhas e deixei de as alimentar. Nesses dois anos vi algumas das minhas colónias morrerem à fome. Mais que o eventual prejuízo de alimentar as minhas abelhas com açúcar, ficou-me claro o prejuízo irrecuperável que adveio da fome que algumas passaram. É caso para dizer que a realidade atropelou as minhas crenças!

Em 2014, e de lá para cá, ficou claríssimo para mim que a minha competência como apicultor se mediria também pela taxa de colmeias mortas, em particular durante a invernagem. De lá para cá, defini esta métrica para mim: considerar-me-ía um apicultor com razoável competência se conseguisse atingir, ano após ano, uma taxa de mortalidade, por fome e/ou varroa, abaixo dos 10% do meu efectivo. E de lá para cá, com muito trabalho, com algum conhecimento à mistura, com um pouco de sorte também, tenho atingido de forma consistente este objectivo. Como não tenho por feitio responsabilizar terceiros pela mortalidade das minhas colónias (farmacêuticas, doenças desconhecidas, os governantes, os insecticidas, as fases da lua,…), procurei melhorar o que dependia de mim. E assim, de 2014 para cá, conta-se pelos dedos de duas mãos o número de colónias que me morreram por fome.

E hoje, dia sem chuva e com algum sol e com uma temperatura mais amigável, pus-me a caminho para mais uma ronda de alimentação.

Algumas colónia já tinham comido o Kg de pasta que lhes coloquei há 4 semanas atrás.
Outras ainda não.
Duas colónias lado a lado, a debaixo tinha consumido tudo e esta mais próxima não.
Como vi as abelhas a trazerem boas cargas de pólen e como a temperatura a rondava os 15ºC, aproveitei para confirmar se havia criação em alguns núcleos. Nos que abri, sim tinham criação. Uma situação um pouco anormal neste território, nesta altura do calendário. A abelha esmagada mostra bem como o levantamento dos quadros nesta altura do ano pode correr muito mal se em lugar de uma abelha for uma rainha.
As colónias aparentavam boa saúde, com excepção de um núcleo (num apiário com 22 núcleos) com um cacho de cerca de 500 abelhas, resultados tardios do PMS, que muito provavelmente irá morrer nas próximas 2 a 3 semanas.
Pão de abelha e pólen recente.

Neste momento para além de as alimentar faço contas também. O meu fornecedor de alimento para as abelhas refere-me um aumento recente de cerca de 30% por kg de alimento. Obviamente não deixarei de alimentar as colónias que necessitarem — neste momento são cerca de 25% das colónias assentes neste apiário. No final do ano apícola (próximo outubro de 2022) aferirei do retorno do investimento.

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