Num campo rodeado de estevas, ontem entre as 9h00 e as 13h00, fiz o acompanhamento técnico em apiário localizado na zona de Proença-a-Nova, do apicultor Luís Martins, acompanhado pelo seu colaborador Joaquim Fonseca.
À entrada do apiário vi uma armadilha para velutinas e aproveitei a oportunidade para dar algumas orientações no sentido de melhorar a sua efectividade.
O apiário era constituído por 10 enxames, 7 dos quais adquiridos recentemente pelo Luís em 5 quadros e colocados em caixa-colmeia. Um destes tinha um mestreiro de substituição e não tinha postura de ovos. Nos outros 6 localizamos a rainha de cada um deles.
A condição destes enxames permitiu-me abordar vários aspectos como:
- dicas para encontrar rainhas não marcadas;
- indicadores que permitem estimar a idade das rainhas que vieram com os enxames comprados;
- qualidade do padrão de postura;
- reservas presentes;
- estado nutricional das larvas;
- população de abelhas presentes;
- organização dos quadros de cera laminada, dos quadros com criação e quadros com reservas nestes enxames;
- despistagem de doenças da criação.
Nos outros 3 enxames, o Luís pediu-me para verificar se dois deles estavam orfãos, dado que nas inspecções que tinha feito até à altura não tinha visto nem rainha nem ovos. Confirmei que tinham ovos e larvas recentes e localizei e mostrei as duas rainhas presentes nestes enxames. Avaliei as reservas disponíveis e re-organizei o ninho, explicando e mostrando os critérios que devemos seguir neste maneio.
A última colónia inspeccionada era a única do apiário já estabelecida e madura, sobrevivente do ano passado, com postura no ninho e na meia-alça. A rainha estava marcada a vermelho, andava na meia-alça e constatei que tinha uma asa cortada. Estava bastante povoada e não apresentava sinais de pretender enxamear. Mesmo com rainhas com asa cortada as colónias não perdem o instinto de enxameação. Expliquei por que razão aquela colónia não apresentava sinais de enxameação, para que no futuro possam guiar-se e operar com eficácia na prevenção da enxameação e neste maneio preventivo.
O Luís pediu-me para dividir esta colónia e fazer mais dois enxames para chegar a 12 enxames, e assim cumprir os objectivos que delineou para este ano. Expliquei, demonstrei e fiz esses dois enxames.
Tive a oportunidade de ensinar e exemplificar os procedimentos para avaliar a taxa de infestação por meio da lavagem de abelhas adultas. Na colónia estabelecida a lavagem de uma amostra de cerca de 300 abelhas adultas com álcool deu uma taxa pouco superior a 0,3% (uma varroa caída).
Num dos enxames comprados e que apresentava um padrão de criação bastante salpicado fizemos também um teste de infestação. A taxa estava nos 0,6%, o que permite concluir que padrão de postura desta colónia não se deve a parasitação por varroa. Apontei outras duas hipóteses, que o resto da temporada ajudará a esclarecer qual delas a mais acertada.
No final da manhã o Luís tinha mais dois enxames no apiário que, com um pouco de sorte e ajuda da metereologia, daqui a cerca de 30-35 dias terão rainhas novas em postura.
Nota: os apicultores que desejem que os acompanhe no apiário podem enviar-me mensagem privada através da caixa de comentários deste blogue ou para o e-mail jejgomes@gmail.com ou ainda através do Messenger da rede social Facebook, para vos contactar e falarmos.
Já pensou na hipotese de organizar cursos práticos (remunerados) em apiário? Com a sapiência e dedicação que tem demosntrado, não iriam concerteza faltar alunos.
Os cursos que refere estão a arrancar. O primeiro, sobre o controlo da varroose, foi lançado recentemente e temos 3 edições prestes a arrancar, duas em Coimbra e uma em Macedo de Cavaleiros. Outros cursos com outras temáticas se seguirão. Um abraço.