nebulizadores de ácido oxálico: uma opinião fundamentada de Dick Cryberg

Os nebulizadores de ácido oxálico (fogger) são equipamentos relativamente populares para o controlo da varroose. Esta popularidade advém do facto de, em comparação com os sublimadores convencionais, serem em geral mais rápidos e dispensam a utilização de energia eléctrica ou de baterias, pois recorrem a chama alimentada por uma pequena botija de gás propano.

Sobre a real eficácia dos tratamentos aplicados através deste equipamento as opiniões dividem-se (ver, entre outros, o fórum Beesource). Verifica-se da leitura no fórum um padrão: que quem está satisfeito não apresenta números sobre a contagem de varroas em abelhas adultas presentes antes e após o tratamento com o nebulizador. Alguns prometem apresentar esses dados mas, tanto quanto li, ainda não o fizeram até à data. Como nunca utilizei este equipamento não tenho opinião fundada na minha experiência. Assim sendo voltei-me, como habitualmente, para o Mestre dos dados em apicultura, Randy Oliver. Ele como Peter Drucker e outros, onde me incluo, acreditam que só se pode controlar o que se quantifica, que só se pode qualificar o que se mede. E no blogue do Randy encontrei a propósito dos nebulizadores a citação de uma experiência pessoal e controlada levada a cabo pelo apicultor e químico reformado Dick Cryberg, com quem eu tive a oportunidade de conversar há uns anos atrás no Beesource sobre outros assuntos. Randy cita este apicultor, por quem mostra grande respeito, no seu blogue scientific beekeeping. Deixo em baixo a tradução.

Um exemplo de um nebulizador (fogger) utilizado na aplicação de ácido oxálico misturado com água, álcool e/ou glicerina.

“Randy Oliver —Circulam no YouTube recomendações para o uso de um nebulizador térmico para aplicar ácido oxálico. O químico aposentado Dick Cryberg, que é uma pessoa muito perspicaz e cujas observações respeito profundamente, postou o seguinte no Bee-L:
Dick Cryberg — Nebulizei com ácido oxálico a 10% dissolvido em água. Nebulizei dez núcleos uma vez por semana com 0,6 g de ácido oxálico dihidratado durante oito semanas consecutivas neste verão. Eu tinha dez núcleos não tratados lado a lado para controle. O núcleo com taxa mais alta de infestação em abelhas adultas após o tratamento (3%), determinada por lavagem com álcool, foi um núcleo tratado. Não vi claramente nenhuma evidência de que matei um número significativo de ácaros. No geral, os enxames tratados e os controles tiveram contagens de ácaros equivalentes. Todos estavam com um pouco mais de 1% de ácaros no início. O tratamento ocorreu a partir de meados de junho até o final de julho. […] Passei várias horas brincando com o nebulizador para descobrir como administrar uma dose consistente. Tive que fazer um furo na parte superior da alça e empurrar o gatilho totalmente para baixo com uma chave de fenda após cada disparo para obter um volume consistente a cada vez. Também tive que puxar o gatilho o mais rápido possível para obter volumes consistentes. Verifiquei, ao capturar e analisar a névoa, que nem todo o oxálico era nebulizado. Pensei que não estava a nebulizar a quantidade suficiente para impactar a varroa. Também esperei 20 segundos entre os acionamentos do gatilho para permitir a recuperação total do calor na bobina. Mesmo assim, muito do que saiu pelo bico foi líquido que acabou no fundo do núcleo. Achei o processo entediante e não tão rápido, com mais de três minutos por núcleo em cada tratamento. Vi os vídeos do You Tube e vi muita discussão sobre tratamento. Eu sou o primeiro, ao que sei, a fazer contagens de ácaros antes e depois e incluir controles negativos, os núcleos não tratatados, lado a lado. Neste momento vejo todas as afirmações no YouTube como banha da cobra pura, com o valor usual que a banha da cobra normalmente tem, mas estou aberto a provarem que estou errado. Estou um pouco recesoso de utilizar álcool devido à inflamabilidade, embora ninguém tenha relatado um problema de incêndio.
Além disso, o ácido oxálico reagirá muito rapidamente com o álcool formando um éster e o éster descarbonizará muito rapidamente e não matará os ácaros. Se nebulizar com soluções de etanol (álcool etílico), provavelmente precisará preparar uma solução nova pouco antes da nebulização para evitar a inevitável formação de ésteres que ocorrerá durante o armazenamento, mesmo à temperatura ambiente. Esta reacção química não é um problema na solução aquosa, mas precisa ser considerada no álcool ou particularmente na glicerina que alguns estão usando.”

fonte: https://scientificbeekeeping.com/oxalic-dribble-tips/

Nota: esta publicação sobre este equipamento, que não me despertou interesse particular até à data, vem na sequência de um pedido de ajuda de um companheiro apicultor que utilizou o nebulizador com oxálico misturado em álcool e glicerina, 4 vezes com intervalos de 7 dias entre aplicações e que relata que continua a encontrar muita varroa na criação de zângão. Sugeri que na próxima visita às colónias avaliasse a taxa de infestação em abelhas adultas para verificar se de facto está a conseguir baixar a mesma, que estava antes da primeira ronda bastante alta, a 6%.

3 comentários em “nebulizadores de ácido oxálico: uma opinião fundamentada de Dick Cryberg”

  1. Eu este ano utilizei acido oxálico, mas o vaporizador ñ é como esse,ou seja ñ tenho k misturar nenhum liquido! O vaporizador traz um mini colher que cheia pesa 2g de acido oxálico! Ñ testei nada para provar que resultou, mas a olho nu pareceu-me ter resultado alguma coisa…mas la esta na realidade ñ posso provar nada….

    1. Eduardo, obrigado pelo testemunho. O vaporizador/sublimador que utilizou julgo que seja o que eu designei na publicação como “convencional”, que utiliza bateria ou energia eléctrica para aquecer o copo onde deposita 2 grs. de ácido oxálico, fazendo-o sublimar. E sim,… sem testar/medir não pode provar nada.

      1. É desses mas tambem é muito rapido,em 30 segundos faz a aplicação! Tem um regulador de temperatura, regulo para a temperatura que quizer e automaticamente ele mantem sempre a mesma temperatura!
        Eu ñ testei mas algum efeito deve ter feito, pk fiz no pós cresta apivar, depois no outono fiz o oxálico 3 vezes com intervalo de 8 dias, e em janeiro fiz uma vez de oxálico ( este julgo ter resultado melhor pk ñ tinham criação operculada) e em fevereiro fiz outra vez apivar! E em fevereiro/março en anos anteriores ainda via uma ou outra abelha sem asas e este ano ñ vi nada! Se ñ tivesse tido nenhum efeito so com o apivar acho que a maior parte tinham morrido!

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