Tanto quanto é do meu conhecimento, o MAQS é o único medicamento homologado que a DGAV autoriza para utilização em colónias a colherem néctar para posterior consumo humano. O MAQS é um medicamento relativamente pouco conhecido no nosso país e é baseado no ácido fórmico. Já os medicamentos baseados no ácido oxalico não estão autorizados pela DGAV para serem utilizados durante o período de colecta de néctar para posterior consumo humano.
Em baixo deixo a tradução de um excerto de um artigo de Bogdanov, frequentemente citado quando a questão no título desta publicação surge.
Acerca da alteração do sabor do mel pela utilização do ácido fórmico: “De acordo com os padrões de mel existentes, nenhuma substância pode ser adicionada ao mel que altere o seu sabor natural. O limiar de sabor para ácido fórmico adicionado ao mel foi determinado para méis de flores de sabor suave e situa-se em cerca de 300 mg/kg (Capolongo et al., 1996; Bogdanov et al., 1999a). Para méis de sabor mais forte, como melada e mel de castanheiro, fica entre 600 e 800 mg/kg (Capolongo et al., 1996; Bogdanov et al., 1999a). Os resíduos no ano seguinte após tratamentos normais com ácido fórmico no outono são muito inferiores a esses limites, portanto não há risco de alteração do sabor do mel devido ao aumento da concentração de ácido fórmico. No entanto, de acordo com nossos resultados, quando os tratamentos de emergência com ácido fórmico são realizados na primavera, os resíduos de ácido fórmico no mel de verão podem estar próximos do limiar gustativo desse ácido. Portanto, este tipo de tratamento deve ser evitado. […] Os tratamentos com ácido oxálico não provocam resíduos de ácido oxálico, pelo que não existe absolutamente nenhum perigo de alteração do sabor do mel devido aos tratamentos com ácido oxálico.“
Acerca dos limites máximos de resíduos no mel: “Num regulamento da UE, o ácido fórmico e componentes de óleos essenciais como timol e mentol são definidos como substâncias GRAS (Generally Recognised As Safe), portanto, não é necessário fixar um LMR (Regulamento da UE 2796, 1995). O ácido oxálico é um constituinte natural da maioria dos vegetais e seu conteúdo situa-se entre 300 e 17.000 mg/kg, sendo o teor mais alto o da salsa (Agricultural Handbook, 1984). Assim, a maioria dos vegetais contém quantidades muito maiores de ácido oxálico do que o mel. Considerando a pequena ingestão diária de mel, sua contribuição para a ingestão diária total de ácido oxálico é insignificante. Do ponto de vista nutricional, o ácido oxálico, assim como o ácido fórmico, também deve ter status GRAS. Além disso, não são esperados resíduos significativos após tratamentos com ácido oxálico.“
Este artigo fundamental de Bogdanov leva-me a perguntar: porque razão o MAQS, ácido fórmico, está homologado para poder ser utilizado em colónias a colherem néctar para posterior consumo humano e os medicamentos com ácido oxálico não estão? Julgo que tal se deve à qualidade/conteúdo dos dossiers técnicos que acompanham o processo de pedido de homologação submetido à DGAV pelas empresas que os comercializam.
fonte: https://www.researchgate.net/publication/242403759_Determination_of_residues_in_honey_after_treatments_with_formic_and_oxalic_acid_under_field_conditions
Desculpe a pergunta mas como é utilizado o ácido oxalico e o ácido e ácido formico e em que percentagem?
Estou a equacionar tratar os enxames capturados e que não darão mel nesta colheita.
Grato pela atenção
Bom dia, Carlos! Os protocolos de utilização do ácido oxálico depende de várias variáveis como por exemplo o modo como é aplicado: por gotejamento? por sublimação/evaporação? por veículos de libertação lenta? Os protocolos de utilização do ácido fórmico dependem também de diversas variáveis, como a população do enxame, o volume da colmeia, a temperatura ambiente, a humidade, entre outros. Sugiro que recolha esta informação junto do técnico da sua associação de apicultores. Bom trabalho.