vespa velutina: os cavalos de troia são ineficazes?

Nos três primeiros vídeos um apicultor galego apresenta-nos a sua experiência e conclusões dos efeitos alcançados com a utilização de cavalos de troia num ninho localizado no interior de uma habitação nos últimos dias de agosto.

Aspectos que considero relevantes: 1) o apicultor verificou que tendo colocado fipronil no abdómen de uma velutina, esta estava morta passada 1h30m mas as restantes que ocupavam o mesmo espaço limitado de uma jaula não estavam; 2) o apicultor enviou no total 175 troianos ao longo de 5 dias, 50 dos quais ao pé do ninho; 3) verificou que dos 50 troianos libertados junto ao ninho nenhum voo directamente para o mesmo; 4) no final destes 5 dias, o ninho localizado continua activo; 5) foram detectados outros 5 ninhos activos nas proximidades, entre 437m e 1100m de distância;

O apicultor conclui que os troianos com fipronil não têm capacidade de eliminar os ninhos. No final confessa que esperava que os troianos com fipronil seria o suficiente para eliminar os ninhos. Neste ponto pergunto se as expectativas deste apicultor são realistas, isto é, podemos esperar realisticamente que libertar 175 troianos num ambiente com 6 ninhos activos os elimine por completo?

Na sequência do vídeo anterior o apicultor colocou este onde nos mostra como eliminou o ninho no dia 29 de agosto, com recurso a várias mechas tóxicas (cipermetrina?) colocadas no mesmo. Aspectos que considero relevantes: 1) o ninho estava instalado quase na totalidade no interior da habitação, ao abrigo das agruras ambientais, em princípio teve condições óptimas para se desenvolver; 2) o ninho tem cerca de 60 cm de altura.
Na sequência dos dois vídeos anteriores o apicultor apresenta este terceiro, onde apresenta o resultado da dissecação que fez do ninho. Tiro o chapéu a este apicultor pelo trabalho que fez e documentação do mesmo. Aspectos que considero relevantes: 1) o ninho apresentava 8 discos com muito poucas larvas, cerca de 150; 2) estima que a população total de indíviduos adultos sejam 1500; 3) mostra um frasco com uma ou duas dezenas do que acha que são futuras fundadoras; 4) refere que no dia 1 de setembro na Galícia as velutinas já baixaram do pico de criação e que isso explica a diminuição de predação das velutinas porque não há necessidade de proteína; 5) conclui que os troianos porque não se dirigem ao ninho não são efectivos; 6) conclui que a diminuição dos ataques às colmeias não se deve aos troianos mas à diminuição de necessidade de proteínas no ninho.
Neste último vídeo temos uma posição oposta acerca da efectividade dos cavalos de troia por parte de um outro apicultor asturiano.

Nesta publicação, com dois anos, observou-se que cada velutina distribui o alimento por oito 8-10 irmãs. Sustentando e informado por estes dados escrevi: “Proposta quantitativa para a preparação de Cavalos de Tróia: Operando com esta média de distribuição de alimento por cada operária V. velutina, e sabendo que no pico de desenvolvimento dos ninhos existem cerca de 2000 a 4000 indivíduos adultos presentes, teremos que preparar entre 50 e 100 vespas se pretendemos eliminar 25% da população do ninho, entre 100 e 200 se o objectivo é eliminar 5o% da população do ninho, entre 200 e 400 se o objectivo é eliminar 100% da população do ninho.

A terminar pergunto se as expectativas deste apicultor são realistas, isto é, podemos esperar realisticamente que libertar 175 troianos num ambiente com 6 ninhos activos os elimine por completo? Será que num ninho com 60 cm de altura, em excelentes condições de abrigo e em finais de agosto, não seria de esperar encontrar mais do que 1500 adultos e 150 larvas e uma a duas dezenas de futuras fundadoras? É de descartar um efeito letal dos troianos em parte da população adulta e larvas que explique estes números baixos? Será possível que todas as diminuições de predação que se relatam após a libertação dos troianos se devam à coincidência de acontecerem precisamente na altura de diminuição de criação?

Na minha opinião não encontro nos três primeiros vídeos evidências que os cavalos de troia não produzam efeito nenhum sobre os ninhos; encontro contudo aspectos que me fortalecem a convicção de que é necessário enviar uma grande quantidade de troianos para eliminar por completo um ninho, como já era minha convicção há dois anos atrás. Na minha opinião, a questão que cada um terá que responder para si, caso acredite nos efeitos desta técnica, é se o procedimento de besuntar o abdómen ou o tórax das velutinas será o mais prático para enviar o número suficiente de velutinas para que causem um grande dano no ninho ou ninhos envolventes aos nossos apiários.

7 comentários em “vespa velutina: os cavalos de troia são ineficazes?”

  1. Boa tarde. É pertinente no entanto seja uma das formas que poderemos combater a vespa velutina.
    Penso que o futuro desta luta passará por o apicultor e não abelheiros (espero que entenda a diferença), lhe seja possível receber formação séria da parte neste caso Nativa para poder usar os mesmos produtos que neste caso a proteção civil usa e ser também um “caçador” de ninhos de vespa velutina e quiçá ser remunerado por isso. Tornando assim está luta mais interessante e rápida.

    Votos de continuação desta promoção por uma apicultura mais culta.

  2. Olá Eduardo. Obrigado por mais esta informação.
    No meu caso particular utilizo o fipronil no final do mês de Junho início do mês de Julho, quando os ninhos secundários têm pouca população,normalmente vacinando uma média de trinta velutinas no primeiro dia e cerca de metade no segundo dia, a partir daí esse número decresce drásticamente. Desde o dia 25 de Julho estou com uma média diária de vacinação duas velutinas, quase todos os dias permaneço cerca de uma hora no apiário.
    Todos os anos, desde o aparecimento desta praga,colóco armadilhas no mês de Fevereiro até ao final do mês de Junho.

    1. Obrigado pelo testemunho José Castelo. Na minha opinião faz sentido começar a actuar com os ninhos secundários ainda pequenos. Serão necessários menos troianos para alcançar o mesmo ou até maior efeito no ninho. É um pouco semelhante ao caso da varroa: os acaricidas são mais efectivos quando a sua população é mais baixa. Bom combate!

      1. Olá Eduardo.
        da minha experiência os troianos são mais eficazes quando as vespas os levam voluntariamente.
        a besuntar temos o bom trabalho do colega José Castelo, que deve ser seguido. este ano tive ninhos no inicio de agosto já podres se o ninho for perto nem a criação se safa elas, ofereceram-se para levar o isco.
        obrigado
        cumprimentos
        Vieira

    1. Bom dia, Jacinto! Nunca comprei harpas e não lhe consigo indicar nenhum fabricante com base na minha experiência pessoal. Publiquei o seu pedido para ver se algum companheiro indica quem lhe poderá fornecer as mesmas.

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