À luz das minhas observações e nos meus apiários faz cada vez mais sentido realizar um tratamento intermédio da varroose, isto no mês de abril ou maio. Entre outras variáveis, os invernos amenos como o actual, que não forçam as rainhas a uma paragem da sua postura, contribuem para este desfecho: a necessidade de fazer um tratamento intermédio com um bom nível de eficácia. Esta constatação é cada vez mais transversal como se pode ler neste relatório francês: “Apesar dos tratamentos anti-varroa utilizados entre duas épocas de produção, algumas colónias ainda estão demasiado infestadas na primavera. Que tratamentos estão disponíveis? Que intervenção melhora o desempenho da colónia reduzindo o nível de infestação? Dependendo do tratamento utilizado, quais são os riscos para as colónias de abelhas e para a qualidade do mel? Para responder a essas perguntas, o ITSAP-Bee Institute e a rede ADA experimentaram o uso de ácido fórmico ou ácido oxálico contra a Varroa durante a temporada apícola.“
Como sabemos a questão dos resíduos no mel coloca-se com muita agudeza nos tratamentos intermédios e limita muito a opção por princípios activos. Neste contexto em regra a opção dos apicultores recai nos ácidos orgânicos naturalmente presentes no mel e que conjuguem um bom potencial acaricida: o ácido fórmico (AF) e o ácido oxálico (AO). Vejamos agora com mais detalhe se de facto estes dois ácidos não deixam resíduos anormais no mel.
“Não há limite máximo de resíduos (LMR) para AF e AO no mel, mas de acordo com o Codex Alimentarius os níveis não devem alterar o sabor do mel e nenhum composto pode ser removido ou adicionado. […] As amostras de colmeias tratadas com MAQS® apresentam um teor de ácido fórmico superior ao valor usual em 8 de 14 análises, ou seja, 57% dos casos (ver Tabela em baixo). As concentrações são consideradas incomuns. […] Os níveis de ácido oxálico nas amostras analisadas não são detectáveis para a maioria das amostras retiradas das colmeias tratadas com ácido oxálico dihidratado por sublimação. […] Assim, para os dois métodos de tratamento testados, apenas o tratamento MAQS® apresenta risco significativo de aumento grande de ácido fórmico além dos valores usuais no mel. Charriere et al. (2012) alertaram para a presença de resíduos de ácido fórmico no mel após tratamento contra Varroa durante a estação. Assim, o uso de MAQS® como tratamento corretivo na primavera deve ser reservado para colónias muito infestadas, mas que devem ser removidas do circuito de produção: mesmo a produção de verão pode ser poluída apesar do intervalo de tempo entre a aplicação do tratamento e a colheita mel. […] o uso de MAQS® durante o fluxo deve ser dissociado da produção de mel: várias experiências sobre o uso de ácido fórmico na primavera contra a Varroa, assim como para o tratamento contra a traça da cera, revelam resíduos de AF no mel produzido posteriormente. É necessário um período de vários meses (tipicamente: o período de invernada após a sua utilização no final do verão) para evitar qualquer risco de acumulação de ácido fórmico no mel. […] o tratamento MAQS® na primavera aumentou o teor de ácido fórmico do mel, mesmo o produzido mais tarde no verão, consolidando as observações feitas noutros estudos: tratar com ácido fórmico ou produzir, é preciso optar!“
fonte: Renforcer la lutte contre Varroa : comment réguler l’infestation en cours de saison? Julien Vallon (ITSAP-Institut de l’abeille)
Com estes dados presentes a minha opção pelo ácido oxálico para os tratamentos intermédios que pretendo realizar durante a temporada está justificada. Em próximas publicações tenciono descrever com mais detalhe algumas das opções de maneio para aumentar a eficácia do ácido oxálico nesta época do ano.