A preservação do estado normal de uma colónia de abelhas depende, na sua base, de três condições necessárias: uma abelha-mãe no desempenho regular das suas funções; abelhas adultas, de várias faixas etárias preferencialmente, e alimento, sendo este mel/néctar, pólen/pão de abelha e água. Uma das manifestações deste estado de normalidade, na época que atravessamos, é a presença de ovos. Estou absolutamente convencido que a normalidade vs. anormalidade de uma colónia tem expressão no estado de humor da mesma.
Neste momento, se abro uma colónia e as abelhas presentes na meia-alça permanecem ocupadas nos seus labores, em boa medida indiferentes à invasão do seu espaço, considero que tudo lhes deve estar a correr de feição e de forma prazerosa. Se abro um ninho e encontro as abelhas muitíssimo calmas, se poucas ou nenhumas levantam voo, à la buckfast, vou logo ver se têm mestreiros de enxameação. Se, pelo contrário, as encontro demasiado deslaçadas, desorganizadas, defensivas, irritadas e indecisas vou verificar se estão órfãs. Se as encontro lentas, sem energia e deprimidas tenho de ver o estado de saúde da sua criação.
Toda a natureza comunica o seu estado de humor, e as abelhas não são excepção. Até porque acredito que a ausência de um estado de humor é uma impossibilidade no mundo dos seres vivos mais inteligentes e que funcionam em rede, das árvores, às abelhas (por que razão não fui capaz de terminar no homem, fica para mim!). Basicamente esse estado é a expressão do balanço entre as forças e as fragilidades, entre a nutrição e a privação, entre a saúde e a doença, entre o bem-estar e o mal-estar, entre o amor e a sua ausência, que cada ser vivo vivencia.
Sejamos nós, apicultores, observadores atentos dos estados de humor das nossas colónias de abelhas, e saibamos descodificar correctamente alguns dos mais elementares. Até porque alguns são-nos ainda indecifráveis, como indecifrável é, por vezes, o coração de uma mulher.
Nota: aproveitem a caixa de comentários, quem o desejar, para aí descrever outros estados de humor que encontra nas vossas colónias.
Olá Eduardo!
Concordo plenamente com todo o seu raciocínio, queria apenas acrescentar que as condições meteorológicas também têm influência no comportamento das abelhas e a reacção também é variável em diferentes colónias .
É apenas a minha observação.
Grande abraço
Sim, vejo o mesmo nas minhas Fernando. Por exemplo, dias húmidos torna-as muito defensivas. Abraço!
” Estado de humor ” – Tenho abelhas mal humoradas !
Esta primavera tem estado instável com dias cinzentos de pouco Sol . Sei desde há muito tempo que as Abelhas gostam de dias soalheiros de temperaturas amenas e bastantes flores . Ao contrário ; frio , nuvens e ameças de vária ordem deixam as abelhas mais vigilantes e muitas vezes agressivas .
Tenho 4 apiários , 1 em Montanha e 3 no Litoral Centro com colónias e genéticas de várias origens . Em todos tenho colónias muito agressivas à razão de 1/3 . Uma das razões justifica-se por ter feito desdobramentos a partir das pé-existentes para aumentar o efetivo e, assim as suas carecterísticas genéticas vão perpetuando-se ( as mais agressivas dão origem a abelhas também mais agressivas . Mas procuro outras razões : Já coloquei a hipótese de de ser consequência de alguma fragãncia do perfume que uso , mas quando estou na montanha raramente uso perfume e quando o faço é outro diferente .
Tenho abelhas mal humoradas ! PORQUÊ ?
Bom dia, Fernando! Pelo que me vou apercebendo a defensividade dos enxames tem várias causas: das genéticas às ambientais. Por exemplo uma colónia órfã a criar rainha ou com rainha em postura recente tende a ser mais defensiva.
Boa tarde mestre Eduardo..nas poucas que tenho já passa das 30 eram 8 no Inverno, tenho de dois tipos, umas mais calmas, poucas, e as restantes muito bravas. Tenho notado nas bravas que têm muita criação, pois são enxames comprados este ano. Mas além de criação também têm feito bom mel, calhou numa altura muito boa a compra. Nas mais sossegadas são enxames que apanhei este ano e o ano passado. Nas inspeções de rotina não tenho hora porenquanto. Tanto pode ser Antes de almoço como á tarde. Como já estou habituado a levar picadas é só mais umas. Mas já tive que fugir por duas vezes. Devido a buraco no fato fecho mal fechado. Basta picar uma, é uma loucura. Agora com tempo quente, costumo levar um borrifador, com água misturado com mel elas gostam e sossegam mais. CCumprimentos.
Olá , Sr Eduardo.
O ano passado decidi tentar produzir enxames. Um erro que cometi foi que usei poucas abelhas ao fazer a divisão e ficaram enxames fracos pois já fiz quase no fim da época de produção de mel . Este ano usando a técnica não mais de seis decidi aproveitar os quadros retirados das colmeias fortes para transformar estes núcleos fracos em colmeias fortes. O que resultou mas hoje fui fazer revisão numa dessas colmeias e apesar de ter muita postura de obreiras achei que o número de opérculos de zangões na colmeia é demasiado comparando com as outras colmeias e tb que logo que tiro a tampa o que reparei foi que tinha muitos zangões a passear pela colmeia. Tenho a certeza que não está zanganeira mas achei muito estranho e o desenvolvimento desta em relação às outras está mais lento. Será que já aconteceu com alguém a mesma situação? O que poderá ser a causa?
Muito obrigado por todo o trabalho que tem feito aqui, tenho aprendido muito.
Um abraço !
Bom dia, Emanuel! Tenho muito receio de fazer um diagnostico à distância. Contudo pelo que descreve eu colocaria em destaque a possibilidade de a rainha ter a espermateca quase esgotada e/ou as abelhas a estarem a substituir.
Justificando a presença de ovos não fecundados (zângãos), a apicultura é realmente um mundo de aprendizagem constante o que me cativa cada vez mais. Muito obrigado mais uma vez, vou fazer uma nova revisão e vendo com está vou talvez proceder a orfanizaçao para criarem uma nova rainha.
Sem dúvida… abelhas são seres femininos.. nem todos os mestrados e doutoramentos possíveis permitem descodificar, com exatidão, os mistérios do seu humor.
Olá Eduardo e todos que acompanham este magnífico blog.
Em 2012 comprei dois enxames o primeiro era um doce o segundo era demoníaco, fui multiplicando e a maior parte dos enxames era demasiado agressivo
Por falta de tempo nunca fiz seleção genética, até que um dia vi na net que a posição das ceras influenciavam o comportamento das abelhas incluindo a agressividade, mudei a posição das ceras (desenho do Y do quadro 1 ao 5 para esquerda, do 6 ao 10 para a direita) e a partir do segundo ano comecei a notar diferença, passados 6 ano é da noite para o dia.
Numa face do favo dentro do alvéolo à um desenho de um Y, no outro lado o Y está ao contrário, eu coloco no travessão do quadro um piones para saber o lado do Y.
Bom dia, Daniel! Obrigado pelo seu comentário. Para quem desejar saber mais sobre a técnica que utiliza pode fazer a pesquisa introduzindo estas palavras-chave “housel positioning bees”.