re-visitando um antigo estudo valenciano

O que de bom têm os documentos escritos, sejam eles de que tipo forem, é que se podem re-visitar sempre que o desejamos, como fazemos com os nossos velhos e bons amigos.

Neste caso, e considerando um contexto de quase calamidade apícola tanto em Portugal como em Espanha, com inúmeros relatos sobre a razia que a varroa tem feito pelos apiários desta Península, acho importante re-visitar e deixar a bold, de forma vívida, carregada, algumas conclusões/observações de um antigo estudo valenciano por aqui referenciado há quase quatro anos atrás:

Cidade das artes e das ciências, Valência, Espanha.
  1. As colónias que não foram tratadas com acaricidas morreram num espaço de 10 e 12 meses após a infestação inicial;
  2. os meses de fevereiro e março são os meses em que se assiste ao pico da criação para esta região de acordo com o ecotipo de abelhas, as condições climáticas, e as florações (predominância de laranjeiras) segundo os autores;
  3. as colmeias não tratadas não enxameiam e a diminuição da população de abelhas adultas é gradual ao longo de quatro meses, março a junho, até à sua morte.
  4. a infestação pela varroa nas abelhas adultas quase que triplica no período de um mês apenas, entre abril e maio;
  5. a queda natural/mortalidade de ácaros varroa mais que quadriplica entre o início de fevereiro e meados de março;
  6. quando a infestação das abelhas adultas ultrapassa os 20% as abelhas nascem mais pequenas e pesam menos.

Notas:

  1. se fosse um teste “bond” à John Kefuss, “Live and let Die”, daqui não se retiraria uma única colónia para semente de futuras linhas resistentes; mas alguns continuam a acreditar que é por aqui o caminho!
  2. disponibilidade de pólen e crescimento dos enxames, uma das correlações mais fortes que conheço do que vou observando nos meus enxames;
  3. ao contrário do que muitas vezes é repetido estes enxames muito infestados não enxamearam; posso dizer o mesmo dos meus;
  4. no período de um mês a infestação não se multiplicou por 1,5, nem por 2; foi por 3;
  5. a mortalidade e queda natural de ácaros nos tabuleiros multiplicou por 4 em cerca de mês e meio; continuo a duvidar se algum dia confiarei na fiabilidade deste tipo de contagem para avaliar a eficácia do tratamento x ou y, pois não está escrito nos ácaros quais os que caíram por morte natural e aqueles que caíram por efeito do acaricida;
  6. este foi um aspecto que me levou também a considerar que o Apivar este ano estava a ser ineficaz em 20-25% das minhas colónias: para além de encontrar algumas abelhas com asas deformadas 12 semanas após o início do tratamento, o que quer dizer que estas abelhas já foram criadas e emergiram em pleno período do tratamento, para agravar a minha pré-ocupação vi algumas abelhas recém-emergidas com os abdómenes mais curtos.

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