quando o insecticida natural é mais perigoso para o homem que o insecticida sintético da mesma família

“As piretrinas (insecticidas naturais) estão entre os insecticidas mais seguros do mercado devido à sua rápida degradação no meio ambiente. As semelhanças entre a química das piretrinas e piretróides sintéticos é que têm um modo de ação semelhante e toxicidade quase idêntica nos insectos (ou seja, piretrinas e piretróides induzem um efeito tóxico dentro do insecto ao atuar nos canais de sódio). Algumas diferenças na química entre piretrinas e piretróides sintéticos resultam que os piretróides sintéticos tenham uma persistência ambiental relativamente maior que as piretrinas. As piretrinas têm uma menor persistência ambiental do que os piretróides sintéticos porque sua estrutura química é mais suscetível à presença de luz UV e alterações no pH.

Deve notar-se, contudo, que as piretrinas apresentam um risco tóxico para mamíferos e humanos que normalmente não se encontra nos piretróides sintéticos. Enquanto o extrato de piretrina é composto por 6 ésteres que são insecticidas, o piretróide semi-sintético é composto por apenas um composto quimicamente ativo. Como resultado, o fígado dos mamíferos tem que quebrar estas cadeias adicionais (mais 5 nas piretrinas), o que conduz a que os níveis de toxicidade aumentem dentro da corrente sanguínea, o que pode levar a hospitalização e até à morte.

Portanto, o uso de piretrina em produtos como inseticidas naturais e champôs aumenta a probabilidade de toxicidade nos mamíferos expostos. Ocorreram casos médicos que resultaram em fatalidades pelo uso de piretrina, levando muitos agricultores orgânicos a terminar com a sua utilização. Existe um caso médico de uma menina de 11 anos que usava champô contendo apenas uma pequena quantidade (0,2% de piretrina) para lavar seu cachorro. A exposição prolongada ao composto no champô, fez com que a menina sofresse de um ataque agudo de asma, do qual morreu duas horas e meia após a primeira exposição ao champô. Relatórios recentes mostram que as taxas de intoxicação acidental têm aumentado constantemente desde o início do uso de piretrinas naturais, levando alguns países a proibir seu uso completamente. Nos EUA, o uso de piretrinas em pulverizadores de insetos domésticos foi banido em 2012, logo após o surgimento de casos de fatalidades em crianças, levando a uma investigação pela FDA.”

fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Pyrethrin

Nota: o tau-fluvalianto presente nas tiras de apistan é um piretroide semi-sintético.

4 comentários em “quando o insecticida natural é mais perigoso para o homem que o insecticida sintético da mesma família”

  1. Bom dia Eduardo.
    Não tem muito a ver com o post mas cá vai.
    Quando fizer os desdobramentos, estava a pensar em tratá-los logo no momento da separação dos quadros, ou seja, por cada desdobramento que fizer, coloco a dose recomendada de Thymovar.
    A minha duvida é a seguinte, o Thymovar terá algum efeito na qualidade das rainhas a produzir?
    Isto porque se o tempo vier muito quente de repente pode afectar a postura da rainha e até mesmo enxamear (isto segundo li nuns comentários do FB).
    Pelo que sei, até 25º é possível tratar com Thymovar, duvido que tenha muitos dias com estas temperaturas nos próximos 2 meses mas ainda assim, poderá acontecer.
    Então, se pela sua experiência, me puder dar a sua opinião seria importante.
    Cmpts
    JO

    1. “Evite usar os acaricidas com formulações baseadas no timol (Apiguard, Thymovar e Apilife Var, são as marcas homologadas em Portugal), se as temperaturas, durante cerca de um mês, estiverem frequentemente abaixo dos 15ºC ou acima dos 30ºC. Para que estes acaricidas funcionem de forma eficaz, a temperatura ideal situa-se entre os 15ºC e os 30ºC. Se usados com temperaturas abaixo dos 15ºC, muitos ácaros não serão atingidos; se utilizados acima dos 30ºC, as abelhas poderão abandonar a colmeia.” fonte: https://abelhasabeira.com/como-tratar-contra-a-varroa/

      João nunca utilizei o Thymovar. Dito isto, já li muito acerca do mesmo. Com temperaturas acima dos 30ºC é referido que as abelhas podem abandonar/desertar (d)a colmeia, o que é diferente e mais grave para o apicultor que enxamear. O Thymovar, segundo alguns, deixa um sabor desagradável e persistente no mel se for utilizado com alças meleiras. Em alguns casos é relatada paragem de postura das rainhas e desoperculação e canibalização das larvas durante o tratamento . Não conheço relatos sobre o efeito do Thymovar na produção e qualidade das rainhas. Tenha em atenção a dose recomendada para núcleos, se for sua intenção utilizá-lo nestes casos. Diga-nos depois como correu. Cumprimentos.

  2. Olá Eduardo

    Respondendo ao Senhor João Oliveira diria que é desaconselhável a operação que vai fazer seja com que acaricida for, biológico ou de síntese, independentemente da temperatura.
    A saúde das rainhas e das abelhas é sempre afectada com os tratamentos.
    No caso das abelhas na longevidade e no caso da rainha na longevidade e qualidade da descendência.
    Deixar de fazer tratamentos está fora de questão presentemente.
    Temos é que procurar informação sobre os melhores acaricidas e seguir as recomendações dos fabricantes.
    No que se refere à criação de rainhas e penso que é essa a pergunta:
    a recomendação é fazer um intervalo do tratamento antes do início da criação de rainhas, qualquer que seja o acaricida e um intervalo depois.
    No que se refere ao intervalo antes, Gilles Fert, um mestre contemporâneo, no calendário do livro ” L´élevage des raines ” recomenda, 45 dias antes, tratar todas as colmeias do apiário. Quanto ao intervalo para tratamento depois do início da criação, não tenho referências nem experiência, mas penso que, no mínimo, será outro tanto ou mais, porque as rainhas jovens são muito mais sensíveis do que as adultas.
    Se algum tranquilizante posso apresentar -lhe, é que não faça tratamento nas colmeias que vai dividir, porque as que ficam com rainha, nesta época, desenvolvem-se mais do que a varroa e por isso a percentagem não aumentará, Quanto às que vão criar rainha, como há paragem da criação, também não nascem mais varroas durante um período.
    Note, na divisão, sabendo quais são as colmeias que ficaram com rainha pode fazer tratamento, se acha necessário, com as mesmas vantagens e inconvenientes de todas as restantes do apiário.
    Confirme ou corrija, depois, estas teorias que vão da minha parte, mas não fui eu que inventei.
    Cumprimentos

    1. Olá, José Marques!
      Já deve ter reparado que procuro circunscrever as minhas respostas o mais possível ao que me é perguntado de facto. Caso assim não o faça correrei o risco da minha resposta estar a ser construída em cima de um cenário que pode estar muito distante do cenário real de quem pergunta. Desta forma estaria a contribuir para o ruído comunicacional, tão fácil de surgir neste tipo de comunicação assincrónica e à distância. Como noutros casos, também neste procurei responder apenas e só às questões que o João Oliveira colocou.

      No seu comentário há um aspecto com os qual discordo e outro em que precisamos de ter mais informação para sugerir um conselho.
      Quando diz “A saúde das rainhas e das abelhas é sempre afectada com os tratamentos.” só posso concordar na era pré-varroa. Em contexto e nas actuais circunstâncias, a minha experiência não me diz isso, diz-me o contrário: as colmeias tratadas têm menos problemas de saúde que as não tratadas ou tratadas deficientemente. Randy Oliver confirma esta observação como aqui escrevi: https://abelhasabeira.com/nenhum-efeito-negativo-da-exposicao-prolongada-ao-amitraz/. Acerca dos efeitos do Thymovar outros mais conhecedores e com experiência com a sua utilização, em contextos semelhantes ao apresentado pelo João, desafio-os a que nos elucidem e partilhem os seus conhecimentos.

      Segundo aspecto que não acompanho sem saber mais que o que foi referido pelo João:”Se algum tranquilizante posso apresentar -lhe, é que não faça tratamento nas colmeias que vai dividir, porque as que ficam com rainha, nesta época, desenvolvem-se mais do que a varroa e por isso a percentagem não aumentará”. Se o ponto de partida for uma infestação abaixo de 1% e se o padrão e timing de expansão do ninho for semelhante ao que eu observo nos meus apiários, no meu local, a sugestão parece-me correcta. Contudo se o ponto de partida for uma infestação acima de 3% e/ou se a taxa de postura da rainha estiver a diminuir o conselho deve ser outro na minha opinião. O mesmo raciocínio se aplica a esta sugestão: “Quanto às que vão criar rainha, como há paragem da criação, também não nascem mais varroas durante um período.” Se a taxa de infestação for alta (3% ou mais) as varroas vão parasitar uma enorme quantidade de larvas do primeiro ciclo de postura da nova rainha. Coisa que o João seguramente não quererá. Abraço.

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