“O vírus das asas deformadas (VAD) contribui de forma significativa para as perdas de colónias de abelhas. Frequentemente a morte/falha das rainha está associadas à perda da colónia. Nesta investigação examinámos se a transmissão sexual durante o acasalamento é uma forma possível de infecção de rainhas com o VAD. Num ambiente com alta prevalência de VAD, as rainhas (n = 30) foram examinadas após o retorno dos vôos de acasalamento realizados em condições naturais. O endofalo do último zângão (n = 29), quando ainda presente nas rainhas, foi removido para a quantificação do VAD, levando à detecção de infecção de nível elevado em 3 endofalos. Após o início da ovodeposição das rainhas deste grupo experimental, a quantificação viral revelou que sete das 30 rainhas tinham infecções de VAD a um nível elevado, em todos os tecidos, incluindo no sémen armazenado nas espermatecas. Dois grupos de rainhas, um com rainhas não fecundadas (n = 8) com a postura de ovos induzida artificialmente, outro com as rainhas (n = 12) fecundadas em ambiente isolado com zângãos com infecções de VAD comparativamente baixas serviram como controle. Nenhuma das rainha deste grupo de controle apresentou infecções virais a nível elevado. Os nossos resultados demonstram que os zângãos com VAD a níveis elevados estão aptos para competir nas zonas de congregação, compartilhar e transmitir os vírus juntamente com o sémen, o que ocasionalmente leva a infecções das rainhas. A transmissão do VAD às rainhas durante o acasalamento pode ser comum e pode contribuir de forma notável para a mortalidade das rainhas.”
fonte: https://www.nature.com/articles/srep33065
Entre outros aspectos, destaco a importância de ter os níveis de varroa muito baixos também na época de criação de zângãos nas nossas colónias de abelhas. Desta forma estamos a promover a esperança de vida das rainhas e a diminuir a possibilidade de transmissão vertical do VAD das rainhas às suas filhas.
Fig.1: Momento do acasalamento de uma rainha de abelhas melíferas.
Olá Eduardo
Parte I: Este é um ensaio de conclusões evidentes e verdades feitas. Apenas serve para lembrar o que toda a gente sabe ou imagina.
Imagine que perguntava aos seguidores do Blog:
– Considera ( sim ou não ) que o vírus das asas deformadas (VAD) pode ser transmitido, durante o acasalamento natural e infectar as rainhas das abelhas melíferas ?
Imagine que teria muitas opiniões e que eu me atrevia a antecipar as respostas: Uma maioria responde “sim”, uma minoria responde “não sabe”e não há ninguém insensato que responda “não”.
Então para que serviu este ensaio ? Não apresenta amostras estatísticas representativas, não define os parâmetros envolventes ( níveis de VAD altos ou baixos, sem quantificar ?).
A mim já me satisfaz saber se as colmeias têm VAD ou não.
Também são evidentes as conclusões dos outros dois ensaios: Fecundação artificial e em meio isolado com VAD baixo (?) nenhuma rainha apresentou infecções virais a nível elevado (?).
Destaca-se a importância de ter os níveis de varroa muito baixos, na época de criação de zangãos. Está certa, mas não é nova.
Saudações
Viva José Marques!
Sim às vezes a ciência parece-nos um bocado chata, lenta e até inútil, sobretudo se vem confirmar o que todos nós já sabemos ou imaginamos. Mas compreendo bem a cautela e prudência que a caracterizam. Por norma em ciência as conclusões são sustentadas em testes empíricos devidamente controlados, julgo que para evitar algumas falácias perceptivas e/ou ideológicas.
Como se lê no corpo do artigo e segundo os autores, esta era uma prova que procuravam e que faltava até agora na literatura da especialidade:
“It is known that DWV can be transmitted during artificial insemination20,21, but proof was lacking that natural mating can also transmit the virus. In our experiment with 30 queens, we found high viral titres in five spermathecae and six sperm samples collected from queens’ spermathecae, providing evidence that this virus can be transmitted through natural mating.”
No sumário não está definido o que são níveis altos e níveis baixos de VAD, podemos ver no corpo do artigo, a Fig.1, onde está quantificado o intervalo que define cada uma destas categorias.
Acerca do tamanho da amostra pode ser que algum leitor mais conhecedor dos meandros “destas coisas” nos ajude.
Olá Eduardo
Pergunto se posso continuar ?
Saudações
Olá Eduardo
O ensaio apresentado não se baseia numa amostra representativa, nem define os parâmetros de contexto. Por isso não é um ensaio estatístico e, menos ainda, um estudo científico, porque não permite a repetição em locais diferentes com comparação de resultados e conclusões. Critico o ensaio, não a apresentação.
A apresentação tem a virtude de nos lembrar que devemos prestar atenção ao vírus das asas deformadas (VAD), como um bom indicador.
O aparecimento de abelhas com asas deformadas indica-nos que há VAD e varroa.
O VAD é um vírus oportunista que aproveita o enfraquecimento provocado pela varroa para se desenvolver com grande velocidade e intensidade. Por isso curar a varroa é curar o VAD.
Entrando no modo “EU FAÇO ASSIM”:
Medidas preventivas gerais:
– usar caixas limpas e desinfectadas
– usar ceras novas e não contaminadas
– não manter colmeias doentes no apiário (curar rapidamente)
– Manter as colmeias sempre com reservas
Medidas preventivas contra a varroa e consequentemente contra o VAD:
– Tratar com químico de síntese depois da cresta (Julho)
– Tratar com químico biológico em Novembro
– Tratar com químico biológico (Fevereiro/Março), todas as colmeias, 45 dias antes do início da criação de rainhas (Março/Abril)
– Tratar, rapidamente, as colmeias que apresentarem sintomas ao longo do ano.
Melhoramento deste método:
– Ensaios e selecção de colmeias com abelhas mais higiénicas e defensivas
– Ensaios periódicos da percentagem de varroas e tratamentos adaptados
– Ensaios das percentagens de varroa, depois dos tratamentos aplicados. para verificar a eficácia conseguida.
Estou certo que haverá muitos apicultores com boas e más experiências neste domínio, que a todos os outros, interessaria conhecer.
Saudações
Boas.
Parecem estar identificados três serotipos diferentes de DWV ou VAD (como queiram), que podem ou não coexistir, parecendo no entanto que um dos serotipos inibe a proliferação dos outros.
Não parece haver correlação directa das manifestações das deformidades com a carga viral, parecendo haver sim, correlação com a forma de transmissão vectorial e menos com a transmissão vertical e horizontal.
Abraços,
Francisco Frazão
Francisco se puder e desejar envie o link. Creio que sei ao que se está a referir, mas nada como ter a certeza.
Quanto a estudo, em concreto, que opinião tem?
Obrigado.